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img img Romance img Senhor King

Sinopse

Claire, uma jovem alegre e inteligente, busca seu lugar no mundo dos negócios. Mas vê seu mundo ruir repentinamente após presenciar uma cena que destruiu seu coração - e seus sonhos. Como se não bastasse, precisou pedir demissão do emprego em que estava há pouco tempo. Entre currículos, inseguranças e crises de ansiedade, ela tenta se reerguer. Até que surge uma entrevista em uma empresa antiga e de renome. Ela só não esperava que o destino fosse brincar com ela. Sr. King é um engenheiro brilhante, conhecido mundialmente por seus projetos - e por seu temperamento difícil. Ele tem tudo o que o sucesso pode oferecer, mas carrega o peso de um passado mal resolvido e a dificuldade de se aproximar de quem realmente importa. Dois mundos diferentes, marcados por decepções e desafios, se chocam de forma inesperada. E, quando o destino decide cruzar seus caminhos, o que começa como um embate profissional pode se transformar na chance mais improvável - e verdadeira - de recomeçar.

Capítulo 1 Eu preciso de um emprego!

- Eu não aguento mais!

A frase escapa antes que eu perceba, quebrando o silêncio do apartamento. Minhas mãos estão frias e úmidas, mesmo que eu esteja imóvel há mais de uma hora.

Meus olhos continuam fixos na tela do laptop, mas tudo o que vejo são as mesmas coisas: e-mails ignorados, respostas negativas e vagas já preenchidas.

- Não é possível! - bufo, mais irritada comigo mesma do que com as empresas que sequer se deram ao trabalho de responder.

Eu me formei em Administração há mais de um ano. Levei meses para conseguir o primeiro emprego... e apenas quatro meses para me demitir dele.

Não sou o tipo de pessoa que desiste fácil, mas quando envolve uma esposa neurótica e um chefe omisso... minha reputação estava em jogo. Não poderia continuar nem um segundo sequer naquele lugar.

Tamborilo os dedos no braço do sofá, tentando sufocar o pânico que começa a tomar conta de mim. Meus olhos correm pela tela, mas a visão fica turva. Inclino a cabeça para trás, inspiro fundo e conto até cinco.

Respira, Claire... só respira...

Não adianta. Meu coração ainda martela no peito, e a insegurança cresce cada vez mais. Faz um mês que saí do meu primeiro – e último – emprego, e quanto mais o tempo passa, mais eu me sinto uma fraude.

- Nada ainda? - a voz de Amber vem da cozinha, junto com o barulho de portas e gavetas sendo abertas e fechadas.

- Tem bastante spam aqui, caso você queira comprar alguma coisa inútil na internet - respondo, tentando disfarçar o desânimo.

Minha amiga Amber - Amber White, como ela gosta de se apresentar - está com o quadril apoiado na mesa, comendo salgadinhos. Ela me olha cheia de expectativas enquanto mastiga e apoia o pé direito no joelho esquerdo.

Nós nos conhecemos na faculdade. Ela cursava Direito, mas nosso círculo social era praticamente o mesmo. Assim que se formou, foi trabalhar com o pai.

Sorte a dela ter um pai...

Mas Amber não queria depender dele para tudo. Por isso, decidimos alugar este pequeno, modesto e confortável apartamento. Dividimos o aluguel, mas, ultimamente, ela passa mais tempo na casa do "novo investimento" - é assim que chama os homens com quem inicia qualquer coisa que pareça um relacionamento - do que aqui.

- Você enviou seu currículo para quantas empresas? - pergunta.

- Sei lá... dentre grandes e pequenas, acho que umas dez. Quatro já responderam com um lindo e educado "Não estamos precisando de pessoas para esta vaga no momento" - imito a voz anasalada da última ligação que recebi. - As outras... parecem ignorar o e-mail.

- Claire, vou ser muito sincera com você, assim como você é terrivelmente sincera comigo quase sempre - diz ela, fazendo uma expressão de desagrado. - Apesar de estar formada há mais de um ano e já ter alguma experiência, mesmo que tenham sido só quatro meses... - Ela franze o cenho. -

Para a maioria das empresas, você ainda é uma recém-formada.

- Amiga, você precisa começar por algo menor - diz Amber, mastigando salgadinhos como se isso fosse a solução para todos os meus problemas. - Você não tem experiência suficiente para os cargos que está tentando.

- Mas eu não quero começar de novo - digo, a voz quase falhando. - Eu já fiz isso uma vez. Aceitei uma vaga qualquer, me dediquei, fiz o trabalho de três pessoas... e nada disso valeu a pena.

Um silêncio paira no ar. Amber me encara com aquela expressão que diz "você sabe que estou certa".

Eu também sei. Todos os currículos que enviei eram para vagas que dificilmente aceitariam uma recém-formada ou alguém com pouca experiência, como eu.

- Você tem razão... - suspiro frustrada. - Acho que preciso colocar os pés no chão e começar a subir um degrau de cada vez.

Amber me olha surpresa por eu ter cedido tão rápido.

- Vou procurar outras vagas, mas em empresas que ofereçam oportunidades de crescimento para os funcionários. Não quero ficar estagnada num cargo pequeno para sempre. Eu não me matei de estudar para isso! - digo com mais determinação.

- Você é a pessoa mais inteligente, responsável, focada e organizada que eu conheço, Claire! Sem contar que é mais teimosa que uma mula - diz Amber, enfiando mais salgadinhos na boca.

Ela caminha pelo curto espaço entre a cozinha e a sala. São exatamente duas da tarde, e ela ainda está de pijama, com um coque no topo da cabeça. Tudo bem. Hoje é sábado.

Ela se senta ao meu lado e me oferece o pacote de salgadinhos. Enfio a mão dentro e pego o que sobrou.

- Urgh... não sei como você consegue comer essa coisa picante! - reclamo.

- Quem tem gastrite é você - ela dá de ombros.

- Mas, voltando ao assunto principal... você tem tudo o que precisa para trabalhar em qualquer cargo. Para ser diretora, líder de conselho, líder de projetos... blá, blá, blá. Mas a gente sempre começa por baixo.

Ergo a sobrancelha e encaro minha amiga sentada ao meu lado.

- Você não começou por baixo - digo, num tom bem-humorado.

Ela vira pra frente e estica as pernas sobre a mesa de centro.

- Há exceções - dá de ombros com um sorrisinho no rosto.

- Ok! - digo em tom de desistência. - Amanhã eu vou procurar novas vagas.

Fecho o laptop e o coloco sobre a mesa de centro.

- Eu realmente preciso de um emprego, Amber - digo, frustrada. - Já faz um mês desde que saí da Harper & Co. Minhas economias estão acabando, e eu não sei se esse seu novo "investimento" vai decolar ou não. E se você casar? Preciso de dinheiro para pagar minhas contas, meus remédios e o aluguel.

- Não seja tão dramática! - ela se levanta do sofá e limpa o farelo do pijama. - Eu ajudaria você mesmo se estivesse casada e morando em outro estado - Amber solta um suspiro pesado. - Mas acho que você está complicando demais as coisas. Você vai conseguir algo, Claire! Só não pode ficar na frente desse laptop esperando o cargo dos seus sonhos cair do céu!

- Você vai limpar isso - digo, apontando para o sofá e para o chão.

- Sim, senhora! - responde ela, revirando os olhos.

Ela faz uma pausa e então solta:

- Você vive me dando sermão sobre meus investimentos amorosos... mas ainda está presa ao passado e deixando que o que aquele babaca fez com você acabe com a sua autoconfiança... sua autoestima.

A voz dela carrega um tom de frustração.

- Você precisa seguir em frente e viver. Feridas cicatrizam, Claire! É só você parar de insistir em tirar a casca.

Ela cruza os braços e conclui:

- E se você parasse de ter medo de recomeçar? Você tem que parar de agir como se aquele... aquele... - ela bufa irritada. - Ainda tivesse algum controle sobre a sua vida.

O nome que ela não disse ecoa na minha mente como se tivesse sido gritado. Meu estômago se revira. Eu me afasto da conversa, me agarrando ao que me resta de orgulho.

Seguir em frente... Parece tão simples quando não é você quem precisa fazer isso.

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