Capítulo 5 Na hora certa

Depois que Yanie Yales saiu, Charles Hanks afrouxou a gravata, irritado, e abriu um botão da camisa.

Em seguida, ele acendeu um cigarro e olhou pela janela. A neve já havia parado de cair. Ele permaneceu em silêncio.

Seu rosto sombrio se refletiu na janela impecavelmente limpa.

Ele não entendia como aquilo podia acontecer.

Ele havia ficado louco por ela da outra vez, mas, na noite passada, quando ele sentiu a fragrância pungente de seu perfume, seu fogo foi extinto.

Mas não havia sido assim da primeira vez.

A moça da outra noite tinha um aroma fresco e suave, que o havia deixado muito à vontade.

O que diabos estava acontecendo?

Charles pressionou o polegar entre as sobrancelhas. Ele estava com dor de cabeça, provavelmente porque estava muito cansado. E, agora, ele estava começando a elucubrar bobagens.

Ele apagou a ponta do cigarro no cinzeiro e tentou não pensar mais no assunto. Em vez disso, ele fez uma ligação: "Prepare-se, estou indo para o hospital."

...

Assim que Mia Blaine adormeceu, Shenie Yales foi lavar a louça.

"Shenie, por que você está sempre usando uma máscara?", perguntou a curiosa senhora ao lado da cama, assim que ela voltou com os pratos limpos para o quarto.

Shenie ajeitou a máscara no rosto e desviou o olhar. "Meu corpo está fraco. Para mim, é fácil ficar doente se eu passar muito tempo no hospital. Por isso, o médico sugeriu que eu usasse uma máscara."

A senhora entendeu e concordou com a cabeça.

Shenie deu um sorriso amarelo e voltou para a sala, para continuar a arrumação.

A família Yales havia proibido que Shenie e sua mãe aparecessem na cidade, mas a capital era o único lugar em que sua mãe poderia tratar sua doença.

Então, a única alternativa que lhe restava era se esconder.

Assim que Shenie guardou a louça, notou que haviam acabado os suprimentos básicos. Ela pediu à senhora ao lado que ficasse de olho em sua mãe e, em seguida, apanhou sua bolsa e desceu rapidamente para o supermercado.

O mercado ficava muito perto do hospital. Enquanto ela corria para fazer as compras, um Maserati parou na entrada do hospital.

Um homem careca, que estava parado na porta do hospital, correu em direção ao automóvel. No entanto, Shannon Gates já havia saído do carro e aberto a porta antes que o homem o fizesse.

Com uma passada larga, Charles Hanks saiu do carro.

"Diretor Hanks, realmente não é necessário que o senhor venha aqui pessoalmente. Já consegui o melhor médico para tratá-lo", disse o homem, sorrindo de orelha a orelha, como se o próprio Deus da Fortuna tivesse surgido em sua frente.

Charles deu um passo para trás, ergueu a máscara no rosto e lançou a Shannon Gates um olhar intenso.

Shannon imediatamente entendeu a mensagem e se interpôs entre Charles e o homem, separando os dois: "Gerente Wiles, você deveria falar menos."

O gerente Wiles calou-se imediatamente.

Todos na cidade sabiam que, quando Charles Hanks não queria falar, Shannon Gates seria seu porta-voz.

"Mostre-me o caminho." A voz de Charles pôde ser ouvida através de sua máscara. Fazia muito frio lá fora.

O gerente Wiles ficou com tanto medo que começou a tremer. "Diretor Hanks, por favor, venha comigo", disse ele, com a voz trêmula, mostrando o caminho para Charles.

Havia muitas pessoas no hospital. Charles Hanks não havia informado ao diretor do hospital que faria uma visita, então não havia nenhuma recepção especial preparada para ele. Como era tão alto, ele se destacou da multidão. Em virtude de sua frieza inata, as pessoas ao seu redor não ousavam se aproximar dele.

O elevador não demorou a chegar. Mantendo a cabeça baixa, as pessoas ao redor, embora tivessem receio dele, entraram juntas, com pressa, já que havia um número limitado de elevadores para atender a todos.

Shannon e o gerente Wiles protegerem rapidamente Charles da multidão.

A porta estava prestes a se fechar. De repente, o elevador parou e, após alguns segundos, a porta se abriu novamente.

Segurando duas sacolas grandes nas mãos, Shenie Yales entrou e se espremeu dentro do elevador lotado com dificuldade.

"Ufa!", suspirou aliviada. Ela estava feliz de ter conseguido pegar o elevador, pois, caso contrário, não sabia quanto tempo teria que esperar pelo próximo.

"Hoje é um dia de sorte", pensou. Mas mal sabia ela que não seria um dia de sorte, no final das contas. Aquele era apenas o começo da sua maré de azar.