No dia seguinte acordei bem cedo. O que na verdade nem fora tão difícil, em vista que nem conseguir dormir de verdade. Eu havia ficado boa parte da noite, me culpado por mágoar Enzo. Embora, soubesse que não havia nada para me culpar.
Supirando, apaguei um último pedaço de vela que ainda trêmulava na escuridão meu quarto. Vestir um penhoar por cima da camisola que usava, e vou atrás do meu irmão. Eu sinceramente estava curiosa para saber o que de tão importante, ele me tinha para falar. Um dos motivos também, por ter escolhido dormir sozinha ao invés de com Gustavi como era de costume. O pequeno sempre acordava, uma vez que sentia minha falta na cama. E pelo que tudo indicava,Tobias queria uma conversa sigilosa. Onde sua pequena presença, não pareceia ser bem-vinda.
Como irmão mais velho, o quarto de Tobias ficava no terceiro andar da casa. Ao lado do quarto de papai, por sua vez o mesmo do Edgar. Não pareceia ser muito esperto da minha parte, circular por onde papai dormia e poderia sair a qualquer hora e me surpreender. Mas Nita havia garantido, que era algo pouco provável por ele ter passado as últimas duas noites bebendo, em casa de luzes vermelhas. Os famosos bordéis.
- Não tenha pressa em fechar a porta. Deixei-a escancarada quanto quiser.
Reconheci a voz grave e bem humorada como a de Tobias. Percebi que também me distrair pensamentos, parada em frente a porta aberta. Minha mente tinha essa mania de vagar nas horas mas inapropriadas.
Sorrir sem graça e entrei de uma vez, trancando a porta. O cômodo era muito maior que o meu, ou de Gustavi. Até mesmo de Edgar. Tobias era o primogênito, não me ressentia por ele ter mais. E sim, por ter mais voz que nós outros filhos, era uma hierarquia injusta.
No meio de uma das camas do quarto a esquerda, se viam cartas espalhadas. Tobias encontrarva-se confortávelmente sentado numa ponta dela, e Edgar na outra. Eles, aparentemente haviam dado início a uma partida, em quanto me esperavam. Garotos, revirei os olhos e sentei na beirrada da cama, pegando minha própria porção de cartas. Jogavam poker.
Papai provavelmente, me repreenderia se o fizesse na sua frente. Mas os garotos, só abriam a boca para me acusar de trapaceira.
- Diga o que quer Tobias, parte de mim ainda dormer profundamente. E a outra espera voltar a dormir. - Reclamei.
- Sempre mau humorada. - Edgar retrucou, rindo.
Ele assim como eu, tinha o próprio quarto mas quase todas as noites preferia dormir com Tobias. Acho que cada um de nós, escolhido um irmão para suprir a carência de mamãe Foi a nossa maneira de seguir em frente.
- E impaciente. - Tobias completou, meio resmungando. - Queria te dizer, que eu e Edgar vamos viajar. - Ele disse tomando a carta da minhas mãos.
- E daí? Voces sempre estão viajando. Não acredito que acordei de madrugada para você me dizer isso, Tobias!
- Estressadinha. - Dessa vez, foi Edgar quem murmurou. - Iremos viajar por por algum tempo, e não estaremos presentes no seu casamento.
Me aprumei ao seu lado e abri a boca cheia de perguntas, mas Tobias fez um gesto de mãos para que eu me cala-se.
- Antes demais nada, queremos que saiba que não concordamos com isso. - Tobias continuou. - Se fosse por Edgar, ele raptaria seu noivo e o jogava do penhasco do monte. - Disse, o que me fez dar um pequeno sorriso amarelo para Edgar, mas voltei a olhar para Tobias que parecia muito compenetrado. - Mas infelizmente, não resolvemos as coisas assim. Andamos discutindo feio com papai por você, ele se irritou e nós mandou para uma negociação no Norte. Sabe, eu até acho melhor. Não conseguiria, ter ver sendo entregue alguém de índole tão duvidavél quanto esse William Whiter.
Assenti, e o abracei. Apesar de ser inútil, era bom saber que alguém brigava por mim. Que existia pessoas tão, infelizes com esse casamento quanto eu. Embora ficasse um pouco triste, por meus irmãos estarem longe num dia tão importante da minha vida; mesmo que infeliz.
- Você estar dizendo isso pelas prostitutas? Ou tem algo á mais que eu não sei. - Perguntei a Tobias que se desfez do meu abraço tossindo.
Ele ficou muito vermelho e começou a engasgar, que Edgar teve de dar um soco em suas costas.
- O que você, minha irmãzinha sabe sobre prostitutas e bordéis? - Perguntou de volta, realmente parecendo surpreso por eu saber de algo assim.
Nunca entenderia os homens. Ele verdadeiramente, devem achar nós mulheres somos seres ignorantes e estúpidos. Agindo como se a existência de prostíbulos fosse uma fraternidade estritamente secreta. Quando, seu conhecimento é tão velho quanto os tempos bíblicos.
- São lugares onde as mulheres fazem, trabalhos que digamos... mais carnais.
Edgar cobriu seus olhos escuros com as mãos, como se não aguenta-se mas ouvir ou no caso me ver dizendo nem sequer mais uma palavra. Tobias revirou seus olhos, também escuros e iguais ao resto de todos nós. Mas diferente de mim e Gustavi; ele e Edgar não tinham cabelos claros, mas espessos e escuros - Cópias mais jovens de papai.
- Acho melhor terminamos por aqui. - Disse inquieto, e me segurou pela mão, guiando-me para porta. - Só lembre-se de que se fato casar, tente ser feliz de alguma forma. Nem que seja se apegando aos mínimos detalhes agradáveis. - Abraçou-me e me beijou rapidamente na testa, antes de me enxotar do quarto.
Aquela conversa estava muito estranha. Claro, que não o podia me deixar despachar tão facilmente! Finquei o pé no batente, enfiando os ombros na porta antes que ele á fechasse. Metade de Catharina dentro, metade fora.
- Você estar me enrolando. Diga tem algo que eu não sei, não é? Tenho o direito de saber. - Meu tom foi firme, mas as expressões de Tobias e Edgar também estavam impassíveis á minha vontade.
- Sinto muito, Cath. Não podemos dizer. - Edgar balançou a cabeça. - Agora saia, precisamos nos arrumar para viagem.
Ainda permaneci no lugar, parada igual uma estatua. Até parece que eu cederia assim, sem nem uma explicação. Agora tinha certeza, que estava acontecendo algo de importante. Nada mais que direito meu saber e obrigação deles contar.
- Não vou sair daqui, enquanto não me contarem. Seja lá o que for.
De algum canto do quarto, ouvir Tobias bufar audívelmente.
- Saia. Ou terei de empurra-la.
- Você não tereia coragem. - Desafie.
- Certo. Você você quem pediu. - Ele disse com um semblante muito sério, e deixou que a porta abrir-se de uma vez.
Então em golpe rápido ele me agarrou, e começou a me fazer cosquinhas na barriga, facilmente colocando-me para fora. Xinguei tanto ele como Tobias, antes de seguir o caminho de volta ao meu quarto batendo o pé.
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Desde o jantar, William não havia mais o desprazer da sua presença. Assim como o resto do da semana que passou demoradamente. Algo bastante comum para alguém que não pode fazer nada, além de que ficar presa em casa. Edgar e Tobias, como dito viajaram naquele mesmo dia. Irritantemente pedindo deculpas, por terem de ir, mesmo eu repetindo diversas vezes que não me importava. Mas no fundo, estava mas triste que o esperado.
Como a inda, não havia conseguido descobrir que segredo e informações me escondiam. Tipo de atitude, que só me atiçava mais a minha curiosidade. As vezes tinha sensação de que Nita sabia de alguma coisa. Mas quando á interroguei, ela negou tão veementemente que fiquei na dúvida. Resolvi perguntar diretamente a papai, o que não terminou nada bem. Discutimos, ele se enfureceu e eu ganhei um tapa.
Num desses dias esbarrei com Enzo. Ele foi outro a ficar furioso, quando viu meu belo hematoma. Só que dessa vez, o objeto de ódio era inteiramente papai. Intimamente, eu também o odiva um pouco a cada dia. Sabia que nada mais seria como antes, nossa situação estava em um ponto tão, insustentável que as vezes desajava o casamento só pelo prazer de não ter de estar mais na sua presença. Mas isso, era coisas que eu guardava para mim e ninguém mais.
Foi por esse motivo e por Nita, que convenci Enzo não procurar papai para o socar. A antipatia entre os dois eram antiga, que um ataque direito poderia desencadear coisas horríveis. Conseguia imaginar os brutamontes de papai, fazendo coisas ruins com Enzo e até mesmo papai dispensado os serviços Nita. Algo totalmente impensável. Além de ter meu enorme carinhoso por ela, não confiava em mais ninguém para cuidar de Gustavi na minha futura ausência. Daí em diante não nos falamos mais.
A iminência desse casamento era um fato para todos da casa, e inclusive para mim mesma. Já aceitação, ela nunca viria. Chorar, também eu já não chorava mais. Uma centelha idiota de esperança de que algum milagre aconteceria, ainda queimava dentro de mim. O único que não sofria nessa história era Gustavi, alheio a tudo - por hora, meu subconsciente sempre fazia questão de perversamente lembrar. O que era outro grande problema que estava no meu colo, como contaria isso para o garoto? Não tinha coragem e nem jeito de como começar. O certo seria dizer de uma vez igual falara com Enzo. Mas eu era covarde.
- Miss James, você poderia ficar um pouco mais ereta? Se não serei obrigada ao alfinetar-la. - Avisou a costureira, de nome esnobe do qual eu já esquecerá.
Essa era última prova do vestido de noiva e apesar da minha má vontade, ele era incontestavelmente lindo.
Seu modelo tomara que caia - vinha trançando com uma renda delicada feita a mão na parte da frente do corpete. - Algo que a costureira animada contou ser de fora, encomendada na cidade vizinha. - Já na parte da saia, a ceda branca tinha o destaque. Ela descia em duas fluidas camadas, rodadas. Ajustado-se perfeitamente a cada curva do meu corpo, enaltecendo tudo que eu não tinha. E extremamente desconfortável, ou talvez a situação tornase-o assim. O fato é que eu estava agoniada por tira-lo. Aquele garota pura e angelical, vestida de princesa que o espelho apontava, não era eu.
Esse vestido, os convidados a decoração do casamento, o noivo; tudo fora escolha de papai. Eu não abrirá a boca sequer, para palpitar as flores do buquê. Claro que eu não diria nada mesmo se me perguntassem. Porém, esse descaso com meu consentimento era humilhante. Papai estava me ensinado da pior forma possível, que independentemente de tudo que eu fizesse ou sentisse, sempre seria submissa a ele e as regras da nossa província.
- Soube que seu noivo é muito bonito, e também um Whiter. Um ótimo partido. - Elogiou a costureira em tom conspiratório, me ajudando a desbotar o vestido.
Uma vez livre, inspirei aliviada. O vestido poderia ser bonito, mas era apertando na cintura. Não tinha certeza se sobreviveria até o fim do casamento, dentro dele. Seria ótimo cair asfixiada, pelo vestido de noiva mortalha no meio da igreja de preferência na hora do "sim". A cara de papai e William, seriam perfeitas para um retrato. - Seria fácil de mais, e como tudo é fácil nunca acontece.
Suspirando, virei-me frente para a costureira fofoqueira no meu pior humor. Ela por sua vez, exiba um olhar ávido por detalhes e informações sobre o casamento. Com certeza para os espalhar aos quatro ventos.
- Se gosta tanto dele, pode levar. - Respondi rudememente e por alguns segundos sua fachada alegre caiu. Mas ela desfaçou rindo como seu a tivesse contado uma piada.
- Muito espirituosa. É claro, que devia ter muitos pretendentes antes de conhecer seu noivo. - Tagarelou, ajudando-me à sair do vestido. - A Srta é muito bonita. Ele deve ter se apaixonando assim que a viu, com certeza. Soube que a sua fama antes de vim para cá não era nada boa, mas o amor transformar as pessoas. O que certamente deve ter acontecido com vocês.
Seu falatório todo me irritou muito. Essa costureira é só mas uma das tantas outras, inventado histórias sobre o nosso casamento repentino. Outro dia, Nita havia me contado que especulavam até uma possível gravidez. A mente do povoado pode ser muito imaginativa. Mas essa senhora a minha frente, ela tinha o brilho de boatos maldosos no olhar.
Eu desprezava esse tipo de gente.
- A Sra pode me fazer um favor? - Pedi com toda educação.
- Pode falar Miss James.
Ela assentiu muito solicitamente, provavelmente pensando que pediria segredo de algo.
- Só por favor, cale a boca.