Capítulo 8 Moeda de troca

Não conseguia abrir os olhos.

Ou quando tentava estavam colados como se estivesse sido costurados, e só para garantir tivesse adicionado mais enormes blocos de pedras em cima das minhas pálpebras. Minha cabeça e qualquer parte dela estava nublada, incoerente e confusa. Também, sentia frio, muito frio e por mais que eu tenta-se encontrar calor ele não parecia querer me encontrar.

Meus sonhos era abstratos e conturbados. A maioria da vezes, eles eram sobre mim correndo com Gustavi nas intermediações da terra dos Lakes, parecia bom e feliz. Mas então o cenário mudava para uma outra eu, vestida de vermelho submergindo numa lama escura que não era mas areia molhada, mas um lago verde e estranho. E apesar da mudança, eu continuava cada vez mais indo para o fundo onde que quer fosse o ponto final daquilo. Entre gritos mudos, e desespero o rosto de Will pairava sobre mim. Rindo e apontando para meu vestido, com uma cor agora diferente; era roxo, como as veias dos meus braços.

E novamente escuridão.

É como se eu estivesse presa em um pesadelo, do qual não conseguia acorda. O tempo havia parado. Não sabia se estava presa naquilo, á um dia, dois, semanas ou anos. Mas tudo que eu sei, é que a cada vez a sensação de entorpecimento ia apaziguando até que comecei a escutar vozes. Ou o que achava, que eram vozes. Distantes, inadiáveis, no entanto tinha certeza que eram mais de uma. De primeira eram apenas murmúrios, depois palavras. E assim que comecei a distinguir e entender seu significados, escutava sempre a mesmas palavras repetidas " Desculpe, desculpe, desculpe" infinitas vezes. Até uma outra voz gritar, e a primeira voz cessar. Daí em diante, escutei trechos e mais trechos de conversas, entre o sono e semi consciência:

" Desculpe, desculpe, desculpe. Eu tentei te encontrar, mas quando voltei você não estava mais lá." A primeira voz dizia.

" Você é um idiota! ela poderia ter morrido. Sei que sofre, mas ela realmente não tem culpa de ser um empecilho na sua vida, mesmo que de forma indireta." falava outra voz, só que dessa vez mais delicada.

" Não consigo. Toda vez que olho para seu rosto, não posso, não culpa-lá. E tudo só piora, porque ela tem um gênio dos infernos" Mumurrava, a primeira voz.

" Você poderia tentar, fazer que isso desse certo. " aconselhava a voz delicada.

" Não sem amor" cortou a voz mais grave.

Então vinha o silêncio, junto com um sono profundo e sem sonhos. As vezes sentia, algo molhado na minha testa, nos meus lábios. Até gostos horríveis na boca, que na maioria da vezes me faziam engasgar. E então mais vozes:

" O pior já passou. Ela não tem mais febre, e nem se agita mais dormindo. Creio que logo acordará, enquanto isso é só esperar. Pelo menos agora, o sonho dela é tranquilo."

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Não havia mais torpor e ao tentar abrir os olhos - Eles recusaram-se um pouco emperrados, mas lentamente me obedecem.

Sentia a cabeça um tanto pesada. Mas conseguir sentei na cama que reconheci como o de meu quarto e de Will, mesmo que um pouco tonta. Um lençol grosso me cobria até a cintura. Também descobri que o vestido verde que anteriormente usava, fora substituído por uma combinação de dormir rosa clara. Ou seja, trocaram as minhas roupas. Não queria fazer minha cabeça pesar mais do que já estar - pensando em que me trocou, e me viu nua. Muito, muito constrangedor. Certo, não ia mais pensar nisso.

Por quando tempo será que dormir? um lado da varanda estar aberta e pela escuridão densa é noite alta. Lembrava-me só da chuva, e de alguém tentando falar e depois me segurar. O resto, são apenas como se eu tivesse juntado um monte de recortes e os misturados: Sonhos, e chiados sem lógica. Que talvez seja até melhor, nem tentar lembrar.

Um gritinho animado e um bater de porta me fizeram, olhar na direção. Só para ver Magda, passa por ela afobada e para garota que se sentou a minha frente, na beirada da cama.

- Graças aos deuses, você acordou! - Exclamou. - Precisa de alguma coisa? estar com fome? Ir ao banheiro, vomitar? Como se sente? - Ela me bombardeou com mais um monte de perguntas, que eu não escutei.

Demorei um pouco para que eu percebe-se, que não é uma garota qualquer falando e sim: Sofia. - Seus olhos azuis, parecendo muito aliviados ao me ver. Ela vestia um vestido claro-amarrotado, e pelo seu jeito sonolento; a irmã de Will esteve aqui por um longo tempo. Com um suspiro, meio soluço, ela segurou a mão como se eu fosse cair a qualquer momento.

- Bem. Não quero nada, obrigado. - Respondi as duas primeiras perguntas, que me lembrei. - Por quanto tempo eu dormir? - Eu perguntei com uma pitada de hesitação, ao mesmo que passava a mão no cabelo. Era um tentativa quase inútil de ajeita-los, o topo da minha cabeça deveria está um emaranhado amerelo de fios embaraçados, e nóis.

Sofia apertou a minha mão com mais força, e encarou-me com muito sentimento. Fiquei comovida, afinal a gente nem se conheceu direito.

- Um dia e meio. - Disse mordendo os lábios. - Depois que Will á encontrou perto do rio, carregou você até em casa. Eu havia acabado de chegar, quando ele entrou com você inconsciente, suja e ensopada. Tremendo, igual vara verde. Magda e eu, trocamos você. - Menos mau, pensei. - Ficamos todos muito preocupados, Catharina. Você debatia muito no sono, e não acordava em nem um momento. Fiquei a maior parte do tempo de olho em você, e o idiota do Will também. Ele não quis sai do seu lado, mesmo eu tendo gritado para que fize-se. Não sei bem o que aconteceu entre vocês, mas sei que é culpa dele.

Enquanto Sofia tomava fôlego, eu suspirava aliviada por ter passado menos tempo que imaginei dormindo. Assim, como tentava não rir do seu modo enérgico de falar. Quanto a Will, não estava nada surpresa com a sua demonstração de preocupação. Isso era a pura e simples: Culpa. Qualquer chance de nós, nos ignoramos pacificamente e viver em harmonia, foi jogada por terra naquele maldito monte.

- Ufa! Pelo menos não dormi por dez anos, e vou passar o resto da minha vida em busca do que eu perdi. Enquanto ressonava, e mundo girava. - Brinquei, e Sofia deu uma risada alta que involuntariamente me fez rir, também. - Mas sério, muito obrigada por tudo Sofia. Por cuidar, perder seu sono por mim. Por sua preocupação, e por defender do seu irmão idiota.

Falei sincera e Sofia deu de ombros, como se sua atitude não tivesse sido tão boa assim. Ela podia não dar, mas eu sim. Nunca tive amigas, mas aparti de agora queria Sofia como uma. Daquelas, com quem a gente chorava e contava coisas importantes.

- Que bom, que ainda tem humor. E não precisa agradecer, você nem vomitou ou fez coisa parecida. Se fizesse talvez, eu tivesse ficado chateada. - Seu tom era brincalhão. Mas quando me olhou novamente, estava seria. O que não combinava com ela. - Agora diga, o que realmente aconteceu? Will diz que se distraiu e você acabou se perdendo. Claro que eu conheço meu irmão e não acreditei em nada, nem por um minuto.

Filho da mãe!

Já deviria ter imaginado que ele diria algo assim, e culparia outra pessoa pela sua atitude mesquinha. No caso eu a própria vitima, que com certeza se não tivesse me afastado do meu gentil esposo; não teria supostamente me perdido. Covarde. Essa poderia não ser á história que contava, mas devia ser uma bem próxima.

- Certo. Acho que essa suas bochechas vermelhas não são de timidez. O que quer dizer, que a história não foi bem assim? - Chutou Sofia, quando viu que eu continuei calada.

- Sim. Fomos até aquele monte, apelidado de Vênus. Discutimos, e eu o chamei de esnobe, ele também. Então, fui deixada para trás para teoricamente ter mais " humildade". - Fiz aspas com as mãos. - O que Will não contava, era que iria chover e eu quase morrer congelada.

- Nossa....Eu sabia! - Dessa vez, Sofia quem estava vermelha. - Esse mentiroso, sujo.

- Sim, um bastardo sujo. - Concordei. - E obrigado, mais uma vez pela solidariedade. Mas Agora, onde ele estar? - Me livrei do coberto. Não sentia mais frio, a raiva me aquecia por completo.

- Magda saiu, para mandar alguém encontra-lo. Will teve de sair com papai, alguma pendência dessa casa.

Menei a cabeça, me perguntando se o ocorrido chegou aos ouvidos da minha família. Não. Imediatamente, meus subconsciente gritou a resposta. A última coisa que o orgulho de Will permitiria, era mostrar que não era capaz de cuidar da própria esposa.

- Sofia você pode me ajudar a levantar? Queria tomar um banho, e vestir roupas decentes. - Toquei as roupas que vestia, com uma careta.

- Muito justo. - Ela sorriu. - Você estar parecendo um espantalho. - Disse numa sonora gargalhada e por mais que tentasse ficar brava; não conseguir.

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Horas mais tarde, me sentia eu mesma outra vez. Havia tomando um banho digno com a água morna que Magda gentilmente trouxera. O que segundo ela ia viraria um hábito nas semanas seguites, pois o inverno estava chegando e água congelava, literalmente.

Vesti um vestidinho branco e simples, por insistência de Sofia que dizia combinar com o tom da pele. Ela também me contou que passaria as próximas semanas conosco, um pedido do próprio Will para que eu não me sentisse sozinha. Não sei porque o sozinha dela, significou distraída para mim e livre para o idiota do seu irmão dar suas escapadas.

Mas voltando à Sofia, fui intimada á tomar até a última colherada de sopa que ela pessoalmente fez. Depois com muito custo, consegui convencê-la á descansar. Ela foi, mas não antes que me ordena-se que ficasse na cama até que dissesse o contrário. Segurei o riso, mas não discordei como obedeci a todas as suas prescrições. Sem sua presença animada, tive que encontrar minha própria distração. Já havia lido umas trinta páginas de " Orgulho e preconceito" que trouxera nas minhas bagagens, quando ele entrou.

Seu cabelo estava revolto, e metada da sua blusa estava aberta. Toda sua postura emanava exaustão, e dessa vez não era a exaustão satisfeita. Quando os seus olhos se prenderam nos meus, tinha arrependimento alí. Mas eu não me deixei enganar. Will era um dissimulado, estúpido.

- Catharina... - Começou e se aproximou da cama e sentou ao meu lado igual á Sofia. Segurou as minhas mãos, e eu deixei que o fizesse. Estava curiosa com a próxima mentira, que iria dizer. - Fiquei tão precupado, eu... Me desculpe, não deveria ter agido como um idiota. Juro, que tinha intenção de voltar. Só queria assusta-lá, você me irritou tanto... - Ele aproximou a mão para tocar meu rosto, mas eu o afastei com força.

Will pareceu um pouco supreso, com a brutalidade do meu gesto mas não disse nada. Por um momento seu, olhar focou tudo menos o meu rosto.

- Não me toque. - Disse com uma raiva desconhecida, até para mim. - Seu corvade medíocre. Tenho certeza que é muito fácil se sentir arrependido, depois que deixou a Deus dará para trás. Mentiu para todo mundo... disse que eu, eu! me perdi.

Como ele tinha coragem de me pedir desculpas assim? Como se simplesmente tivesse me empurrando no chão, eu tivesse ralado o joelho. Ele havia, me deixado para trás num lugar completamente desconhecido. Apesar de não te visto ninguém, um louco poderia ter aparecido, bichos... Bandidos... as possibilidades eram ínfimas.

- Eu sei, fui estupido, covarde, o que quiser. Mas também estou aqui, tentando te pedir desculpas. - Will rebateu, com sua postura arrogante de volta. - E o que você faz? só gritar e me criticar !

- Então a culpa é minha? - Soltei uma risada histérica. - Você faz tudo que fez, quase me mata e ainda, a culpa é minha!

Estava com tanta raiva, e sentimentos ruins só em apenas olhar para o rosto de Will. Que se nesse exato momento, eu tivesse o poder entre salva-lo, e o deixar morrer. Acho que ele iria ter um pase direto para o além.

- Estou sincero! Iria mesmo voltar. Mas eu não podia imaginar que choveria, e que você se afastaria tanto do ponto incial. Muito menos que com esse gênio de cão, tivesse uma saúde tão frágil. - Will se afastou de mim, e passou a mão no cabelo frustrado.

Ele verdadeiramente acreditava que me convenceria com seu falso surto de culpa. Aí eu diria que tudo bem, e que da próxima vez me jogasse no meio do deserto. Finalizando, com tapinhas de incentivo nas suas costas. Se eu realmente tivesse escolha, nem olharia mais na sua cara.

- Tá na cara, que você não estar acostumado a pedir desculpas. Aposto que isso deve estar sendo de mais para seu grande Orgulho. Desista.

- Quer saber? que se dane. Garota insuportável! Já era de se esperar, que seu papai estivesse louco para se livrar de você.

Arfei com as suas palavras disparadas de maneira cruel, onde o único objetivo era me atingir. Bam. Ele acertou o alvo em cheio, direto no coração. Meu calcanhar de Aquiles. Abrindo á compota de uma miríade de sentimentos contraditórios, e saudades. Da minha casa, dos meus irmão e que também, eu não tinha mais nada disso por perto. De repente, estava com uma vontade ridícula de chorar. O odiava por isso.

- Ai estar o verdadeiro Will. Desprezível, grosso e estúpido. - Tentei manter uma expressão impassível igual a sua. Ele parecia ser mestre nisso. - Agora que estamos sendo sinceros, e eu sou tão intratável, diga-me: porque se casou comigo?

Minha pergunta, pareceu o alegrar. Will agora em pé, tinha um sorriso maldoso. Que logo me arrependi de só não ter, o expulsado de uma vez do quarto. Mas uma parte de mim, temia e ansiava sua resposta. Essa era uma das questões que constantemente me atormentava.

- Primeiro porque seu pai á ofereceu ao meu. Ele vinha fazendo a proposta á mais de um ano, querendo associar seus negócios aos do meu pai. Não sei se sabe, mas seu pai precisava disso. Tem muitas dividas de jogo. - Contou, e eu fique li naquele estado de inércia. Ainda tentando achar que não era comigo. Não queria acreditar, que meu próprio pai havia me usado como moeda de troca. - lógico que em uma situação normal, nunca casaria com você. - Disse com total desprezo. - Mas fui obrigado, como deve saber, não sou nem um príncipe encantado. Eu morava em Paris, e tinha uma rotina boa e satisfatória. O que o meu pai dizia ser boêmia. - Nesse exato momento, ele me olhou com tanta raiva. Que era como se a culpa fosse toda minha. - Uma vida, pessoa importantes que adiquir. E tive de lagar para trás, por quê papai queria ajudar um amigo e aproveitar a oportunidade para me torna um homem de família.

Se fez uma pausa, como se ele espera-se que eu disse algo. Nada. Eram como se tivesse esquecido, todo o abecedário. Me sentia traída, confusa. Descobrir que meu casamento, ia muito além do desejo de um pai em querer me tornar uma moça de família e cordata. Eu era um objeto, com o qual ele pagava suas as dívidas e como bônus se livrou da minha presença indesejada. Esse era o segredo, que tentei por dias saber, agora vomitando sem qualquer sutileza. Uma história, onde Will poderia ser uma vítima, assim como eu. Mas no entanto, ele resolveu me culpar, odiar. O que era recíproco, mas por motivos totalmente diferentes.

- Muito experto. Papai, me deu duas opções: Uma esposa insossa, que só olhava para o chão e corava a cada palavra; e você. - Continuou soando infeliz, pela primeira vez ele demonstrava ter algum sentimento. - Embora, respondona e impertinente, você era bonita e mais jovem. Escolha mas que óbvia. As duas opções eram só, para eu ter a idéia de livre arbítrio. No entanto, ao escolher você. A impetuosidade que achei que tornaria nosso convívio divertido, Irrita-me profundamente. Agora sua vez, querida esposa. Diga-me, o que acha da nossa história de amor?

Mas sarcasmo e ironia, outra vez recheando suas palavras. Pelo visto, havíamos encontrado nosso meio de comunicação. Só eu sabia como, me interior estava abalado e destruido. Mas parecer fraca não era uma opção. Minhas lágrimas, parecem fortificar Will. Precisava agir da sua mesma forma debochada.

- Mesquinha, e abominável muito parecida com você; adorado esposo. - Disse suavemente, o que trouxe surpresa para os olhos de Will. Ele bem pensava que iria me fazer chorar, machucar, destruir, estava enganado. Se eu cai-se, fazia questão de que fosse de braços dados com ele.- Agora por favor, saia e feche a porta. Preciso descansar, como deve saber estou meio convalescente.

Will saiu a passos largos, sem me dirigir sequer um olhar. Então ai sim, me permitir chorar até cansar.

Ele vinha fazendo a proposta á mais de um ano, querendo associar seus negócios aos do meu pai. Não sei se sabe, mas seu pai precisava disso. Tem muitas dividas de jogo. " dissera Will.

Há mais de um ano planejando pelas minhas costas, baganhando-me como uma égua. Mentiroso, egoísta. Me jogou para o diabo, para salvar o próprio traseiro. Que grande idiota eu era, bem lá no fundo sempre me achando culpada por não ser uma boa filha, quando ele nunca foi um bom pai. Soquei o travesseiro, chorando mas desssa vez, eram lágrimas de raiva. O que só parei de fazer, quando cai dormindo completamente exausta

            
            

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