- Oh, meu Anjo... Você continua sendo a mesma garota assustada de sempre. – Ele sussurrou, se aproximando. – Você escolheu esse caminho quando se envolveu com aquele idiota grego. Foi você quem trouxe essa desgraça para sua família.
Um calafrio percorreu meu corpo diante das suas palavras ameaçadoras. O que ele queria dizer com aquilo? Meu coração apertou e diversas possibilidades passaram pela minha mente.
- Otto, diga logo ou eu volto para a festa e chamo os seguranças! – Falei, tentando parecer determinada.
Seus olhos claros brilharam com o fogo do seu ódio, como se Otto pudesse me aniquilar apenas com um olhar. Um nó se formou em minha garganta e o ar pareceu faltar nos meus pulmões. Mesmo depois de tanto tempo, aquele homem ainda tinha um poder assustador sobre mim.
Otto se aproximou do meu rosto, seu sorriso diabólico se intensificando, e sussurrou com um tom ameaçador:
- Você se arrependerá se chamar os seguranças. Toda a sua família estará perdida se tomar essa decisão.
Engoli em seco, sentindo meu corpo tremer diante da sua ameaça implícita. O som do trovão ecoou no céu, fazendo-me pular de susto.
- Por favor, pelo menos vamos para um lugar coberto. Podemos ser atingidos por um raio aqui fora! - Implorei, sentindo o medo percorrer meu corpo.
Otto sorriu, dando de ombros com indiferença.
- Não importa onde vamos, desde que estejamos longe da sua família. A conversa que precisamos ter pode ser bastante desagradável. – Sua voz grave arrepia meu corpo.
Caminhamos juntos em direção ao velho celeiro do rancho, cada passo aumentando a tensão no ar. Ao abrir a porta enferrujada, me deparei com algumas cadeiras e mesas deixadas pelos funcionários da festa. Otto se sentou em uma das cadeiras e me encarou, esperando que eu fizesse o mesmo.
Eu o olhei com raiva, sentindo meu sangue ferver. O que ele queria afinal? Por que estava me perseguindo?
- O que você quer, Otto? Por que está me seguindo? – perguntei, minha voz carregada de raiva.
Ele sorriu, mas sua expressão era enigmática.
- Uma coisa de cada vez, minha querida Anna – respondeu, sua voz suave, mas cheia de malícia.
Revirei os olhos com sarcasmo.
- Ah, claro, porque você é tão paciente, não é? Já se cansou da Ester e dos joguinhos de casinha? – minha voz transbordava sarcasmo enquanto o encarava.
Otto me fitou com uma expressão séria, mas seus olhos brilhavam com fúria contida. A tensão no ar era palpável, como se estivéssemos à beira de um confronto iminente.
O ambiente escuro do celeiro parecia envolver-nos, intensificando a tensão entre mim e Otto. Seu tom sombrio cortou o ar quando ele falou:
- Ester é irrelevante, Anna. Você não precisa se preocupar com ela agora.
Meu coração deu um salto ao ouvir o tom em sua voz, como se fosse um aviso silencioso de que algo terrível acontecera com Ester. Engoli em seco, sentindo um nó se formar em minha garganta.
- O que você fez com a Ester? - minha voz saiu em um gaguejar, a preocupação transbordando em minhas palavras.
Otto deu de ombros com indiferença.
- Isso não é da sua conta, Anna. E se você for esperta, não se meterá nos meus assuntos pessoais - sua resposta foi permeada pelo sarcasmo e por um tom ameaçador, acendendo uma luz vermelha de alerta em minha mente.
Eu me ajeitei na cadeira, ficando na defensiva diante da sua atitude. Então, questionei:
- Por que você está me perseguindo, se você me traiu com a Ester e agora vocês estão noivos, esperando um filho?
Um sorriso assustador se formou nos lábios de Otto.
- Anna, você sempre será minha, não importa para onde vá ou quanto tempo passe - sua voz era possessiva, enviando calafrios pela minha coluna.
Encolhi-me na cadeira, percebendo que ficar sozinha com aquele homem possessivo não tinha sido uma boa ideia.
Em um sussurro, murmurei:
- Você é louco, Otto. Não temos mais nada.
Ele segurou meus pulsos na mesa, puxando-me para frente da cadeira. Seus olhos me perfuraram enquanto ele declarava:
- Não deixarei você ficar com esses homens, Anna. Você me pertence.
Um calafrio percorreu todo o meu corpo, enquanto eu lutava para me libertar da sua aderência, percebendo que estava presa com esse lunático em um lugar distante onde ninguém iria me procurar.
- Otto, me solte! Você está me machucando! – Minha voz saiu chorosa, meus pulsos tremiam em suas mãos.
Percebendo o impacto do seu comportamento, seus olhos se arregalaram e por alguns segundos pareceram voltar ao normal. Otto finalmente liberou meus pulsos, e eu os massageei, sentindo a dor latejante em meus músculos.
Encarei minha pele, onde as marcas arroxeadas de suas mãos estavam gravadas em meus pulsos. Um nó se formou em minha garganta, enquanto o medo se apoderava de mim.
- Anna, eu... Eu não queria te machucar. – Sua voz agora soava envergonhada. – Peço desculpas e...
- Não importa. – O interrompi, minha voz estava fria. – Apenas me diga logo quais são suas intenções ou irei embora!
Otto pareceu ficar um pouco desconcertado, seus olhos inquietos, suas mãos trêmulas. Ele passou a mão pelo cabelo molhado, bagunçando-o ainda mais.
- Eu... Eu realmente não queria machucar você, my angel. – Ele murmurou, envergonhado. – Droga, não consigo me controlar quando estou perto de você.
Permaneci em silêncio, observando sua súbita mudança de humor e personalidade. Temia que Otto tivesse recorrido às drogas novamente, seu comportamento estava demasiadamente imprevisível, evocando lembranças desagradáveis.
- Otto, você usou alguma coisa? – Perguntei, encarando seu rosto pálido. – Não minta para mim.
Sua risada incrédula ecoou pelo celeiro, seus olhos me analisaram em silêncio por alguns segundos.
- Sempre tão perspicaz, my angel! – Otto respondeu, dando de ombros. – Mas isso não é relevante.
Sua resposta atingiu-me como um soco no estômago. Depois de todo o esforço que eu investira, todas as noites em claro, todas as vezes que o vi à beira da morte... Agora ele simplesmente havia desistido de se manter limpo e voltara a usar drogas?
- Sabe de uma coisa? Não importa! – Levantei as mãos em sinal de rendição. – Eu fiz tudo o que pude por você. Agora, se você quer arruinar sua vida com a Ester, tudo bem.
Seus olhos marejados me observaram por alguns instantes, e por um breve momento, vi o verdadeiro Otto, o homem que conheci anos atrás.
Inclinei-me para a frente, socando a mesa, o que o fez recuar, surpreso.
- Mas pelo menos tenha a decência de deixar o filho de vocês fora disso! – Minha voz soou como um rosnado, impregnada de raiva e desespero.
Otto permanece em silêncio, seu rosto exibindo uma expressão de tristeza profunda, enquanto seus olhos marejados se perdem em seus próprios pensamentos.
- Só você, my angel... Só você consegue me salvar do meu próprio caos. – Ele murmura, sua voz tingida de melancolia, seu sotaque britânico mais acentuado. – Por isso, você sempre foi my angel... Você me salvou e sempre irá me salvar.
- Otto, você não vê? Não adianta tentar salvar alguém que não quer ser salvo! – Ri sem humor, recostando-me novamente na cadeira. – Você é incorrigível, sempre acabará retornando aos mesmos erros e tentando me usar como uma escada para sair do abismo onde você mesmo se colocou.
- Anna... Não é assim! – Sua voz se desvanece no ar.
- Estou cansada, Otto. Deixe-me em paz! – Meu apelo é quase um sussurro. – Não destrua a vida da minha família como fez com a minha.
Seu olhar muda, tornando-se frio novamente. Otto retira uma pasta de dentro de seu sobretudo, algo que me deixa confusa.
- Tudo dependerá de você, my angel. – Um sorriso diabólico se insinua em seu rosto. – Se sua doce e bela família ficará bem.
Tento alcançar a pasta, mas Otto a puxa para mais perto.
- Otto, estou cansada de joguinhos! Fale de uma vez! – Minha voz transborda impaciência.
- Case-se comigo, Anna. – Sua voz diabólica ecoa pelo celeiro.