Ânsia - O Livro Proibido do Erotismo
img img Ânsia - O Livro Proibido do Erotismo img Capítulo 4 Não Estou Disposto a Continuar
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Capítulo 6 Como Prefere ser Chamado img
Capítulo 7 Você Ainda Transaria com Ele img
Capítulo 8 Assunto Urgente img
Capítulo 9 Uma Proposta para ser Repensada img
Capítulo 10 Ativando o Contrato de Urgência img
Capítulo 11 Termos e Condições img
Capítulo 12 Esse Acordo Vai Funcionar img
Capítulo 13 De Onde Vem Todo Esse Dinheiro img
Capítulo 14 Paguei Para Transar com sua Namorada img
Capítulo 15 Briga entre Irresponsáveis img
Capítulo 16 Não Queria Transar com Você. img
Capítulo 17 Contrato em Andamento img
Capítulo 18 Aproveite o Resto da Noite img
Capítulo 19 Relação Quebrada img
Capítulo 20 Aliviando a Tensão img
Capítulo 21 Um Conselho do Experiente img
Capítulo 22 Quem é Essa Mulher img
Capítulo 23 Uma Promessa que Precisa ser Cumprida img
Capítulo 24 Velhos Costumes img
Capítulo 25 Vem me Buscar img
Capítulo 26 Vamos Apenas Dormir img
Capítulo 27 Você já Participou de um Ménage img
Capítulo 28 Eu topo, Porém há Condições img
Capítulo 29 Prove!!! img
Capítulo 30 Experimentando Algo Novo img
Capítulo 31 O Motoqueiro do Delivery - Parte I img
Capítulo 32 O Motoqueiro do Delivery - Parte II img
Capítulo 33 O Motoqueiro do Delivery - Parte III img
Capítulo 34 A noite na livraria img
Capítulo 35 Sob a luz da tempestade img
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Capítulo 4 Não Estou Disposto a Continuar

Meus olhos se fixaram no relógio, implorando em silêncio para que aqueles vinte minutos restantes evaporassem.

Decidi que só falaria com o professor Quelton depois da aula. Assim, caso a resposta dele me tirasse do sério - o que era bem provável - eu não precisaria encarar seu rosto por mais tempo do que o necessário.

- Ensaio de poesia - anunciou, num tom que soava mais como ordem do que como orientação. - Setecentas e cinquenta palavras. Escolham entre os poemas listados na pasta de instruções do Blackboard.

Eu mal prestei atenção. Já havia lido o programa inteiro, e sua fala não passava de um eco redundante.

O celular vibrou sobre a mesa.

Uma mensagem de Patty, pedindo que eu ligasse "o mais rápido possível". Conhecendo o senso de urgência dela, não me dei ao trabalho de sair da sala.

Quelton consultou o relógio e concluiu:

- É só isso por hoje. Estarei por aqui se alguém precisar falar comigo.

Minha deixa.

Enquanto todos guardavam os laptops e saíam num estalar de zíperes e passos apressados, permaneci sentado, esperando que a sala esvaziasse.

Outro aluno aproveitou para perguntar se poderia escrever sobre um poema fora da lista.

- Não - respondeu o professor, sem erguer os olhos do laptop.

Eu respirava fundo, ensaiando mentalmente minhas palavras.

A concentração era tanta que nem percebi quando o outro aluno saiu, deixando-me sozinho diante dele.

- Vai falar? - perguntou, erguendo uma sobrancelha. - Ou vai continuar sentado aí, respirando alto desse jeito?

Grosseiro. Desnecessário.

Controlei o constrangimento e me levantei, aproximando-me até parar diante de sua mesa.

- Bom, professor... eu...

- Sr. - interrompeu-me, seco.

Pisquei, sem entender.

- Como é?

- Você me chamou de "Professor". Não é assim que eu quero ser chamado.

Sério? De todas as coisas que ele poderia implicar, escolheu essa.

- Certo, Sr. Quelton. - mordi a palavra, deixando que ela saísse quase com sabor de ferro. - Quero conversar sobre a nota da minha última tarefa.

- Já não discutimos isso?

- Sim, mas... não fiquei satisfeito com o resultado daquela conversa.

Ele continuou digitando, os dedos voando pelo teclado, como se minha presença fosse um ruído de fundo.

- A sua satisfação não é problema meu. Já expliquei minha decisão e ela continua a mesma.

Eu o encarei, sentindo o sangue pulsar mais rápido, e aproveitei para analisar cada detalhe de suas feições.

Ele não era de todo desprezível - alto, de ombros largos, presença firme. Os dentes brancos, perfeitamente alinhados, se destacavam contra o tom quente e profundo da pele.

Se não fosse tão arrogante... talvez eu até me deixasse perder nele.

- Eu só acho que não é o que eu mereço - tentei argumentar, controlando o tom. - Estou disposta a reenviar o...

- Não estou disposto a continuar essa conversa. - cortou, seco, mas com aquela calma perigosa. - Como disse no e-mail, recomendo que leia as instruções com atenção da próxima vez.

Só então levantou os olhos do laptop, prendendo os meus.

O olhar era direto, firme, quase desafiador. Permanecemos assim, imóveis, como se um quisesse forçar o outro a recuar primeiro. E, quando percebi que estava me afundando demais naquele silêncio carregado, desviei.

Por sorte só me restam algumas semanas aqui.

            
            

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