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Parada no mesmo lugar, Elizabeth ficou olhando para a porta de onde sua mamãe havia saído, começando já a sentir saudades.
"Inacreditável".
Pensou ao perceber que para além de já estar com saudades da pessoa que acabava de sair, o aperto estranho em seu peito ia apenas se alastrando. Assim como uma faísca que vai se arrastando até encontrar um lugar para explodir... Não era uma sensação muito agradável.
Então pensou que seu irmão tinha mesmo razão, algumas vezes conseguia ser muito bebezona.
- Liz. - Com a voz meiga, era Clara lhe trazendo de volta para a realidade. - Estou indo tomar o café, não vem? - A moça perguntou demonstrando estar confusa em relação a alguma coisa.
- Já vou. - Desviando os olhos do corredor para encara-la, sua amiga respondeu. Ainda tinha aquela sensação estranha morando em si, e ainda não gostava dela.
- Você está bem? - Clara retornou, e dessa vez parecia preocupada, fazendo a outra estranhar a pergunta. Não havia entendido o motivo de tê-la feito até se aperceber que estava "chorando".
- Sim, é da conjuntivite. - Explicou limpando as poucas lágrimas que escorreram por seu rosto. Não era bem a "infecção" que tinha causado as lágrimas, mas não encontrou explicação melhor, então colocou a culpa no que pode. Afinal estava mesmo se recuperando de tal mal. - Pode ir na frente, já te alcanço. - Dispensando a amiga, falou indo em direção às escadas pelas quais desceu.
- Tem certeza? - A Molina inqueriu em tom receoso. Temia que a amiga estivesse com problemas e lhe escondesse, então precisou perguntar. Em concordância, Elizabeth acenou.
- Claro, não é nada. Vou só lavar o rosto e já volto. - Garantiu colocando a mão no corrimão antes de correr apressada até cima. - Mas não deixe o Theo comer toda omelete, eu vou querer também. - Berrou.
Não esperou pela resposta, e correu em direção ao seu quarto. Ficava entre o local ao qual chamavam de arrecadação, onde indelicamente jogavam as "tralhas, e o quarto dos seus progenitores.
Entrou.
Foi até ao banheiro lavar o rosto.
Secou, colocou o "remédio" nos olhos.
Saiu.
Tudo em um ritmo bem acelerado.
Também ''voo'' ao descer às escadas.
- Bom dia família linda. - Cumprimentou alegremente ao adentrar a cozinha, ou como sua mãe gostava de dizer, o espaço predileto da família. - Mais ou menos linda. - Retificou olhando para o seu irmão, que estranhamente a ignorou. Fechou o cara para aquela ato mais maduro de sua parte, caminhou até a cadeira que estava seu pai, e então o abraçou de lado.
Com um sorriso e beijo no topo da mão, o doutor saudou a filha que logo se dirigiu para a madrinha também lhe abraçando.
E então ocupou o lugar vago ao lado de Clara. Não haviam estranhos naquela mesa, ou pessoas pouco confiáveis, e isso por si só já era uma boa maneira de começar o dia.
- Como passou a noite querida? - Quebrando o silêncio momentâneo, Anderson perguntou enquanto lhe passava o prato com a omelete. Alto, de cabelo curto, quase raspado e olhos castanhos, o médico tinha um comportamento reservado e era alguém muito respeitável, mas naquela manhã sua filha notou que parecia estar triste.
Ou era apenas a sua imaginação lhe dizendo aquilo.
- Bem. - Respondeu concentrada em se servir, omitiu o fator insônia por não achar relevante. - E como foi no hospital ontem? - Devolveu. Seu pai estava com planos de abrir uma clínica, mas como ainda não dispunha de todos os recursos e permissões necessárias, continuava atuando como clínico geral no hospital local.
- Agitado como sempre. - Respondeu antes de dar um gole de seu café. Era puro e quase não tinha açúcar, coisa que sua filha pensava, nunca seria capaz de fazer, ou melhor, beber. - Clara querida, como tem passado? - Mudando o foco de uma para outra, questionou a menina que calmamente tomava seu copo de leite.
- Bem melhor do que esperava. - Respondeu sorridente. No entanto, seu sorriso não chegou aos seus olhos, e nem seu tom divertido foi capaz de esconder o real peso de suas palavras. Afinal todos ali sabiam o que lhe deixava triste e ansiosa.
- E dona Miranda, como está? - Desta vez foi Ana, a madrinha daqueles doces meninos de pele castanha quem perguntou. Ela tinha uma enorme simpatia pela mãe de Clara, e seus afilhados a tratavam carinhosamente por "Nana".
- Ela está bem. - Respondeu não muito animada, afinal não era totalmente verdade. Mas também não queria continuar trazendo seus dramas familiares para a mesa dos De Almeida. - Tio Anderson, quando vai deixar de fazer plantão no hospital? - Perguntou
retirando assim o foco de si e seus problemas familiares, para os colocar no pai da amiga.
Anderson havia se oferecido para trabalhar no turno da noite já faziam dois meses, e não era apenas pelo amor excessivo que tinha pela profissão ou vontade de não dormir em casa, mas o hospital de Alura estava com baixas no pessoal, e médicos insuficientes para o turno mais agitado, então ele se transferiu.
- Daqui a um mês. - Respondeu limpando com o guardanapo a mancha que pensava haver em sua boca. - É muito agitado e não estou gostando muito desse estilo de vida, mas confesso que vou sentir falta do pessoal do turno da noite. - Comentou nostálgico.
- Veja pelo lado bom, mais horas de sono garantidas e menos correria. - Theo que até aquele momento estava em silêncio, manifestou - se. Sem muito interesse, mas se manifestou.
- Tudo bem, Theo? - Ana perguntou tendo a preocupação bem visível em seu tom.
- Estou.- Respondeu e não foi nada convincente para os que a ouviram. - Se me dão licença, vou me ajeitar para levar Nana ao aeroporto. - Anunciou se retirando da mesa. Aquilo era bem estranho,Theo não costumava ficar quieto assim, a menos que algo o incomodasse.
Isso, e sem qualquer esforço, Elizabeth notou.
- Ele não está bem. - Comentou Clara assim que o moreno saiu da cozinha. Mesmo não sendo correspondida, ela mantinha uma paixonite por ele, e dizia a amiga que provavelmente nunca a esqueceria.
- Eu falo com ele depois. - Anderson garantiu. Não estava passando muito tempo em casa ultimamente, mas queria se certificar que seus filhos estavam totalmente bem. - E então Ana, ansiosa para viajar? - Perguntou alegre para a amiga que se sentava a sua esquerda.
- Ansiosa para me livrar de você, isso sim. - Ela respondeu brincalhona. - Mas vou morrer de saudades dos meus meninos. - Falou olhando para a "pequena Liz", como era chamada por seu tio. - E de Mariana, é claro. - Acrescentou por fim.
- E de mim, não vai sentir falta? - Clara perguntou manhosa.
- Claro que sim querida, você está na categoria dos meus meninos. - Nana esclareceu prontamente lhe lançando um beijo. Pensava a senhora, mesmo não sendo "membro" da família, não se podia viver uma vida em que Clara não estivesse por perto. Estavam todos demasiado habituados a ela para ter que se desabituar.
- Eu sei que sim, só queria ter certeza que algumas pessoas fiquem sabendo que você também é minha Nana. - Respondeu com ar inocente, porém em tom de impliância. Elizabeth pensou em rebater e dizer que não se importava, mas tal ato só daria mais motivos para que Clara implicasse com ela o dia todo, então para seu próprio bem, calou.
Porque pelo que parecia, ela tinha disposição para se jogar naquela empreitada, e que queria mesmo ficar com o trabalho e vocação que eram de Theo.
- Bom apetite, Clara. - Foi a resposta de Elizabeth para sua provocação implícita. Anderson sorriu discrero com tal ato e puderam terminar o café em harmonia.
[...]
- E então meu bebê, nos vemos na volta. - Pegando de volta para si a mala que o afilhado carregava desde que desceram do carro, Ana falou. Usava calça jeans, uma camisola rosa e tênis da mesma cor, e pelo que havia dito aos seus, iria para Roo, numa viagem beneficente com a fundação em que atuava.
- Faça uma boa viagem, Nana. - O moreno. afirmou lhe dando um rápido abraço. Analisando seu rosto e com uma expressão de compreensão, a enfermeira pegou em suas mãos lhe sorrindo de forma meiga.
- Por que está com essa cara de tristeza? - Questionou. Conhecia o afilhado muito bem, desde os seus quatro anos que viviam juntos, então o conhecia bem o bastante para saber que fosse o que fosse que o fez ficar calado durante todo caminho e ainda durante o pequeno almoço, ainda estava lhe perturbando.
- Efeitos da saudades que vou sentir da senhora. - Abrindo os braços ao mesmo tempo que dava de ombros, Theodor sorriu. Um sorriso fraco, e pouco iluminado.
Usava uma camisa xadrez na cor vermelha e preto, calça jeans e air jordans da mesma cor que a camisa. Seu cabelo estava levemente bagunçado, e estava pouco animado.
- Mas... - Incentivou a senhora prevendo algo mais do que aquilo que lhe era revelado. Tinha traços bastante delicados para uma mulher de 41 anos, e o cabelo naturalmente loiro. Era enfermeira de profissão, mas fazia anos que não exercia.
- É difícil explicar, e a senhora vai perder o avião se eu tentar. - Comentou o rapaz.
- Essa coisa tão difícil de explicar, tem relação com a viagem que a Kim vai fazer? - Esperta, a senhora devolveu. - Não fique tão ansioso querido, tudo no seu tempo. - Aconselhou recebendo uma confirmação.
- Vou tentar. - Garantiu respirando fundo. - Agora eu preciso ir no jogo com os amigos, e depois entregar o carro do papai, senão fico sem casa e oportunidade para dirigir essa máquina de novo. - Relatou seus planos de forma divertida. - Mas talvez dessista do jogo e vá passar o dia com a Kimy. - Acrescentou. Sorrindo, Ana acariciou seu rosto antes de piscar o olho.
- Está bem, preciso ir agora. Mas se lembre, cuide da sua irmã, e não aborreça os seus pais. - Erguendo o dedo de forma ameaçadora, a senhora lembrou.
Theo riu.
- E por favor, não aplique tudo o que diz o seu tio. - Na tentativa de imitar a madrinha, o jovem acrescentou.
- Seu tio é boa pessoa, mas um pouco maluco e dramático. Então fique de olho aberto. - Devolveu Ana. Em resposta o afilhado deu um passo para frente e beijou sua bochecha.
- Esse homem maluco e dramático, quer colocar um anel no seu dedo. - Lembrou voltando a se afastar. Sorriu travesso e cruzou as mãos por trás das costas.
- Mande ele esquecer isso. - Pediu a senhora. Ajustou a bolsa no ombro, pegou a mala e então marchou para dentro do aeroporto, deixando para trás um Theo alegre.
[...]
A manhã passou tranquila na casa dos De Almeida. Sem sobressaltos ou confusões, apenas na harmonia que era a vida daquela família.
E após o café, senhor Anderson ligou para casa de Clara avisando que esta, estava em sua casa, já que jovem tinha a péssima mania de não avisar aos pais quando saía para lá no meio da madrugada, e para piorar no cenário, ela sempre deixava o telefone.
Para não ser controlada. Confidenciou a amiga uma vez.
Mas não era de forma alguma como se seus pais não soubessem onde ela costumava se esconder. Um quarteirão os separava dos d'Almeida, e uma montanha de vergonha também.
Quem atendeu o telefone da residência foi sua mãe, a professora Miranda, e pela descrição que Anderson deu para as meninas, desta vez estava desapontada com a atitude da filha.
Afinal haviam conversado, como uma família, o que não faziam já a algum tempo, e embora Miranda não tivesse gostado da conclusão que tiraram dali, esperava que a filha não corresse logo para se refugiar na casa dos vizinhos.
- Não deveria ter saído sem avisar seus pais, Clara. Sabe que é bem-vinda aqui, e pode aparecer quando quiser, mas quantas vezes já falamos sobre não deixar seus pais preocupados? - Anderson a reprendeu assim que desligando o telefone, deu por encerrada a chamada. - Eles ficaram preocupados por não saber exatamente onde você estava. - Acrescentou adotando um tom mais brando.
- Não avisei, mas eles sabiam bem onde estava. - Rebateu. Anderson a olhou atravessado. - Sinto muito. - Pediu Clara de cabeça baixa. Havia percebido o que lhe foi dito apenas naquele instante. - Não queria deixar mamãe preocupada, eu só queria sair um pouco e respirar da fumaça que se tornou minha casa, e imaginei que ela saberia que vim para cá. - Falou expressando arrependimento. - Sinto muito senhor Anderson, não queria causar transtornos ou envergonhar minha mãe. - Pediu constrangida.
- Não precisa se preocupar querida, você nunca incomoda, apenas não saía sem avisar seus pais novamente, sim. - O médico falou pousando sua mão sobre a cabeça da menina. Sentada sobre os últimos degraus da escada, Elizabeth observava a interação dos dois, e sentia mais como se Clara fosse sua irmã, e menos sua amiga. - E por favor, não pegue "emprestado" o carro dos seus pais novamente. - Ma escada, Elizabeth precisou rir, e tentando se concentrar para não a acompanhar, Clara assentiu com a cabeça. - Você ainda não tem a habilitação de motorista, pode ser perigoso. - A repreensão retornou ao seu tom de voz.
- Pode deixar tio, eu não volto a preocupar minha mãe desse jeito. E já não volto a emprestar o carro de meu Pai. - Clara afirmou. Havia adotado um tom mais alegre, e já não se mostrava cabisbaixa. Havia pensado melhor, e decidiu que não lamentaria mais pelo que ocorria em sua casa.
E lá estavam os três, dentro de casa e distraídos no que faziam, sem sentir o vento calmo acariciar suas faces, ou o sol agradável tocar sua pele. No entanto, o dia continuava calmo.
Elizabeth sabia que o irmão iria deixar a madrinha no aeroporto, iria ter com os amigos, faria uma visita rápida a namorada e só depois voltaria para casa.
Ela não os conhecia, não sabia quem eram os novos amigos do basketball, mas se o animassem, ela agradecia.
Então no momento, sua única diversão era o telefone, que para seu desgosto, estava ficando sem carga. O carregador estava em seu quarto, e nao lhe apetecia nada subir as escadas.
- Desgraça. - Resmunguou assim que o telefone se desligou. O jogou em algum canto e voltou a deitar confortavelmente sobre o sofá quando ouviu pela enésima vez naquela manhã, Clara reclamar que havia perdido outro jogo.
- Só mais um jogo. - Suplicou. Estava jogando com seu pai, e ele provavelmente já havia se cansado de ganhar dela. - Dessa vez eu ganho. - A menina pediu esperançosa fazendo cara de mimo.
Clara era uma boa jogadora.
Ela estava sempre ganhando da amiga, mas não chegava perto de ganhar o pai desta. Ou talvez, Elizabeth que era péssima em jogos de tabuleiro, principalmente no xadrez.
- Terá sua vingança outra hora Clara, agora preciso dormir um pouco. - Anderson falou afegando seu cabelo. Era uma mania da esposa, e nem havia percebido que havia pegado para si. - Até mais meninas. - Despediu-se indo de encontro a escada.
- Até papai. - Elizabeth respondeu acompanhado-o com os olhos até sumir no fim da escada.
- Nunca consigo ganhar de seu pai. - Clara reclamou sentando-se no sofá que ficava de frente ao que estava a outra. - Quando conseguirei? - De forma dramática lançou a pergunta para o vento.
- Que tal: Nunca. - Elizabeth brincou, ainda deitada ganhou uma almofada na cara. - Se continuar se esforçando, algum dia vai conseguir. - Encorajou um tempo depois.
- Tem razão. - Clara concordou esboçando um sorriso. - Mas caso não funcione vou recorrer a trapaça. - De forma séria, ela decidiu. As duas riram.
Deixando a posição relaxada em que estava, Elizabeth voltou a se sentar. Se ficasse mais tempo deitada assim, seria capaz de dormir ali mesmo. E aquilo não seria justo, principalmente com o seu pescoço.
Ela mesma pensou.
- Lembrei. - Clara exclamou repentinamente, estalando os dedos fez a amiga se perder em relação a lembrança. - Yara, nos convidou para sua festa no final de semana. - Esclareceu o motivo de sua agitação repentina. Yara, assim como ela, era uma mulher de intensos olhos azuis e cabelo loiro, estava cursando o segundo ano em enfermagem, e daria uma festa para comemorar um novo estágio.
Ela e Clara, eram primas por parte de mãe.
- Não gosto de festas. - Elizabeth resmunguou. Já haviam lhe perguntando tantas vezes porquê não, e a resposta continuava sendo a mesma: Não tinha qualquer motivo em particular, apenas não gostava e nem queria começar a gostar.
- Nem eu. - Rebateu a outra. Internamente, Elizabeth revirou as orbes castanhas, porque não era como se eu não soubesse de tal detalhe. - Mas, nós vamos mesmo assim. - Disse de forma animada. Se sentindo confusa, Elizabeth pensou que talvez a amiga estivesse muito estranha, ou apenas ficando louca. - Nós vamos para nos reunirmos uma última vez com todos os nossos colegas antes da faculdade. Yara convidou Alura inteira. - Esclareceu, e a situação passou a fazer mais sentido. - Vai ser bom. - Falou se erguendo de onde estava para ir se sentar ao seu lado.
- Não precisa tentar me convencer. Se for para passar algum tempo com aqueles desajuizados da nossa antiga turma, eu vou. - Elizabeth afirmou se sentindo estranhamente animada para a festa. Pensou que uma festa não faria mal a sua vida, além de que tinha bons amigos, e queria levar para a vida. E aquela era a única razão para sua animação repentina.
- Ainda não é antiga turma. - Clara resmungou revirando os olhos.
- Ainda não, mas daqui a três meses vai ser. - Rebateu a outra. Clara bufou alto e então virou o rosto. - Aconteceu alguma coisa para você ter "fugido" de casa? - Perguntou. Não queria quebrar o encanto, mas não saber o que afligia Clara, estava lhe deixando desnorteada.
E principalmente porque ela era sempre tão atenciosa e a ajudava com suas coisas, mesmo quando ela achasse que não queria.
No entanto, seus olhos perderam o brilho instantaneamente á pergunta feita.
Lá estava a tristeza que viu mais cedo.
Imediatamente, se arrependeu de ter perguntado. Ansiosa, pensou no que poderia fazer para desconversar
- Esqueça, já perdi o interesse. - Falou tentando não entrar num assunto que evidentemente era delicado. - Já pensou em como vai ser na Universidade daqui a alguns meses? - Perguntou, desta vez tentando mudar o foco da conversa.
Não funcionou.
Viu Clara esboçar um fraco sorriso antes de falar.
- Meus pais vão se divorciar. - Despejou com pesar.