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– tá fazendo o que aqui fora?_ me analisou.
– respirando ar puro_ falei simples e ela arquiou a sobrancelha como se esperasse que eu confessasse algum crime_ podemos ir?_ falei pra fugir de seu olhar, e pelo menos funcionou.
– vamos lá_ caminhamos até o carro e segundos depois já estávamos saindo do estacionamento.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que mamãe decidiu quebrar o silêncio.
– o que você acha do Matt?_ me olhou por breves segundos.
– a senhora não vai querer saber o que eu acho dele_ falei sem muita importância.
– Cal, porquê você é tão fechada assim filha?_ falou indignada_ você já acha mal do garoto que mal conhece_ argumentou.
– é mãe, eu mal conheço ele e já vamos partilhar o teto, não é irónico?_ retruquei.
– ele é só um adolescente, vai ser bom pra você se relacionar com alguém da sua idade, pelo menos 1 vez.
– eu vou morar no mesmo lugar que ele, mas isso não quer dizer que eu vou virar amiga dele ou seja lá o que a senhora esteja pensando_ revirei os olhos.
– você é impossível Cal_ reclamou.
– eu não entendo porquê a senhora insiste nessas coisas_ reclamei.
– porquê nem sempre eu estarei aqui com você, você precisa de ter alguém na sua vida que possa te apoiar e te mostrar coisas novas, alguém que irá te conhecer e te proteger, assim como você a protegerá_ falou baixo.
– eu não preciso disso mãe, as pessoas são más e traem umas às outras, eu não quero me apegar a ninguém que possa vir a me magoar, eu já estou bem sendo a garota que machuca todos que tentam se aproximar_ cruzei os braços.
– eu quero muito estar viva pra ver quando você começar a confiar em alguém_ sorriu.
– primeiro pode parar de ficar falando de morte? E segundo pode já ir tirando seu cavalinho da chuva que isso não vai acontecer_ falei indignada.
– aham sei_ debochou.
– vamos mudar de assunto, não acha não? Esse papo já deu_ ela riu e fomos o caminho falando sobre outro monte de coisas, até ela estacionar o carro na garagem.
Dentro de casa, mamãe já foi arrumar o quarto que fica bem do lado do meu, pra que o garoto pudesse ficar, eu depois de ter me trocado, fui até o mesmo quarto para poder ajudar, e ficamos arrumando as coisas em seus devidos lugares.
– sabe_ mamãe começou chamando minha atenção_ quando eu tinha 10 anos, eu era a segunda filha de um total de 6 irmãos_ suspirou_ nós não tínhamos condições financeiras boas então meu irmão mais velho que na altura tinha 12 anos e eu, tinhamos que fazer alguns trabalhos, em troca de alguns trocados pra poder ajudar com as despesas de casa_ falava sem olhar para mim_ certo dia, quando voltamos do colégio, tinha um homem de terno sentado em nossa sala e assim que viram nós entrando, meu pai olhou para mim e então minha mãe me chamou dizendo que precisava falar comigo, então nós fomos para a cozinha e ela me contou que eu precisava trabalhar por algum tempo para aquele senhor pois ele pagaria pelo tratamento do meu irmão mais novo e também de algumas despesas, e em três semanas eu poderia voltar para casa_ se sentou na cadeira que tinha ali_ eu não queria ir, eu estava com medo, mas eu precisava fazer aquilo, eu tinha que fazer aquilo pelo Donnie que precisava de tratamento, pelo Adrien, a Luci, a Sara e o Phil que precisavam se alimentar, e como eu era mais velha que eles, exceto que o Adrien, eu tive que ir_ baixou seu rosto_ uma hora depois que eu fui embora, o homem me contou que eu havia sido vendida pelos meus pais, que eu nunca voltaria para casa e que passaria minha vida em um laboratório sendo cobaia, no início eu achei que fosse brincadeira, mas assim que chegamos em um prédio onde tinham muitas pessoas caminhando para todos os lados com jalecos e pranchetas, eu comecei a considerar que ele estivesse falando sério, sobre eu ter sido vendida_ suspirou_ nos minutos que se seguiram, eu fui jogada em uma sala com mais outras 4 garotas, elas estavam em situações bem parecidas com a minha, e estávamos todas assustadas com tudo aquilo. Por anos nós fomos usadas para testar vários líquidos e injeções, passamos pelas mais variadas experiências e algumas outras crianças que estavam em outras alas estavam morrendo_ mamãe falou com enorme pesar_ era tão doloroso, que eu não via a hora de morrer, eu rezava todos os dias pra que aquele sofrimento acabasse e das vezes que eu e as meninas da minha ala tentamos fugir, fomos torturadas por um mês inteiro, até que quando eu fiz 17 anos, eles vendo que seus esforços de criar seja lá o que fosse, não estavam resultando, decidiram optar por outra coisa, eles decidiram fazer um cruzamento entre nós e outros caras que estavam lá servindo de cobaias também_ limpou algumas lágrimas enquanto eu tentava me Controlar para não chorar_ eles nos colocaram em salas abertas e como se fossemos animais, eles comandaram para que tudo acontecesse, eles nos obrigaram a fazer sexo para ver se o bebê que surgisse não teria poderes sobre humanos, mas quando depois de 1 mês, nenhuma de nós demostrou sinais de que estava grávida, eles decidiram que estava na hora de começar com novas experiências e que tinham que se livrar de nós para evitar que informações sobre aquela experiência fossem vazadas_ riu com escárnio_ o homem que foi designado para nos matar, junto com seus comparsas, nos estupraram e nos soltaram na floresta para que fôssemos caçadas como animais na mata_ limpou suas lágrimas_ eu e as meninas nos separamos e então com uma flecha na perna eu consegui fugir deles, eu corri o mais rápido que eu podia e só assim consegui sobreviver, sem ter mais notícias das outras garotas e sem saber se elas haviam resistido e sobrevivido a aquela perseguição_ suspirou_ uma semana depois, eu descobri que estava grávida e depois você já conhece a história_ me olhou do outro lado do quarto.
Eu me afastei da parede em que eu estava encostada e fui até ela para abraçá-la.
– eu sinto muito mamãe, eu não sabia que passou por isso tudo_ falei em meio ao abraço_ por favor me perdoe por insistir tanto nesse assunto_ chorei.
– você não tem que se desculpar meu amor_ me olhou sorrindo dócil_ você precisava saber a verdadeira história da sua origem para poder entender de onde esses seus poderes estão vindo_ limpou minhas lágrimas_ eu te amo meu bem_ me abraçou de novo.
– eu também te amo mãe_ a apertei forte em meus braços.
– vai me sufocar Calve_ falou rindo.
– a senhora reclama que não te dou amor, mas quando dou também reclama_ ri junto.
– é a convivência com a Cal reclamona que me faz reclamar tanto_ apertou minha bochecha e então voltamos a arrumação do quarto.
Deixamos todo o quarto bem arejado e então fomos assistir Cruella de vil até adormecer.