Capítulo 2 Revelações na Escuridão

Marina sentia seu coração ainda acelerado enquanto tentava processar tudo o que Adrian havia dito. Vampiros, caçadores, maldições... parecia algo saído diretamente de um livro de fantasia, e não de sua vida até então relativamente normal.

A capela abandonada onde haviam se refugiado exalava uma aura de mistério, suas paredes cobertas de musgo e suas janelas quebradas permitindo que a luz da lua desenhasse padrões intrincados no chão de pedra.

Adrian estava parado a poucos metros dela, observando-a com um olhar que misturava curiosidade e cautela. Ele parecia estar esperando que ela fizesse a próxima pergunta, que desse o próximo passo. E Marina, ainda confusa, decidiu que precisava de respostas.

- O que exatamente você quer dizer com "maldição"?

- perguntou ela, tentando manter a voz estável.

- E por que eu sou a única que pode quebrá-la?

Adrian suspirou e caminhou lentamente em direção ao altar, onde se sentou em um dos degraus. Ele parecia cansado, como se carregar o peso de séculos fosse demais até para ele.

- Há muitos anos, fui amaldiçoado por uma poderosa bruxa

- começou ele, sua voz ecoando suavemente na capela vazia.

- Ela estava furiosa porque eu rejeitei seus avanços.

Em sua raiva, ela lançou um feitiço que me condenou a viver eternamente na escuridão, incapaz de encontrar paz ou amor verdadeiro.

Marina sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A história soava como algo de um conto de fadas, mas o olhar nos olhos de Adrian era tudo menos fantasioso.

- E o que isso tem a ver comigo?- perguntou ela, sua curiosidade crescendo.

Adrian a olhou intensamente, seus olhos penetrando nos dela como se estivesse tentando alcançar sua alma.

A bruxa profetizou que a única pessoa que poderia quebrar minha maldição seria alguém com um coração puro, mas marcado pelo azar - explicou ele.

- Alguém que, apesar de todas as adversidades, ainda fosse capaz de amar incondicionalmente. Desde que te conheci, senti que você é essa pessoa, Marina.

Ela ficou em silêncio por um momento, tentando processar o que isso significava. Seu coração batia descontroladamente, mas havia uma sensação de inevitabilidade que ela não podia ignorar. Será que todo o azar que enfrentara na vida a estava preparando para este momento?

Antes que pudesse formular uma resposta, o som de passos pesados e vozes furiosas ecoou do lado de fora da capela. Os caçadores estavam se aproximando, e Marina sentiu o pânico crescer dentro de si.

Adrian se levantou rapidamente, seus sentidos aguçados percebendo o perigo iminente.

- Precisamos sair daqui, agora - disse ele, estendendo a mão para ela.

Marina pegou a mão dele sem hesitar, e juntos correram para uma porta lateral da capela. Do lado de fora, a escuridão parecia ainda mais intensa, e os sons da perseguição estavam ficando mais próximos.

- Para onde vamos? - perguntou ela, enquanto corriam pelas ruas estreitas de Vilarreal.

- Para um lugar seguro - respondeu Adrian. - Conheço um lugar onde eles não nos encontrarão.

Eles continuaram correndo, virando esquinas e passando por becos escuros até chegarem a uma antiga casa escondida entre as árvores. Adrian abriu a porta e eles entraram rapidamente, trancando-a atrás de si.

A casa era acolhedora, com móveis antigos e uma lareira acesa. Marina sentiu-se imediatamente mais segura, embora ainda estivesse cheia de perguntas.

- Aqui estaremos a salvo por enquanto - disse Adrian, guiando-a até um sofá. - E aqui poderei te contar mais sobre o que precisamos fazer para quebrar a maldição.

Marina sentou-se, ainda ofegante, e olhou para Adrian. Apesar de tudo, sentia uma estranha confiança nele. Talvez fosse a forma como ele a olhava, como se realmente se importasse, ou talvez fosse a sensação de que finalmente havia encontrado seu propósito.

- Estou pronta para ouvir - disse ela, determinada. - Me conte tudo.

Adrian sorriu levemente e começou a contar sua história, revelando segredos antigos e planos perigosos. E enquanto a noite avançava, Marina percebeu que sua vida nunca mais seria a mesma. Ela estava pronta para enfrentar seu destino, seja ele qual fosse, ao lado do misterioso vampiro que havia mudado sua vida para sempre.