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A manhã seguinte chegou com um céu nublado e uma leve névoa cobrindo Marina Azul. Lara estava ansiosa enquanto se preparava para a escola, pensando no convite inesperado de Noah para explorar o farol abandonado. Ele parecia tão solitário e misterioso, mas também havia algo nele que a atraía, algo que ela não conseguia explicar. Talvez fosse a maneira como ele via o mundo, ou talvez fosse a sensação de que ele entendia o que era se sentir deslocado.
Na escola, a primeira aula do dia era de Fotografia, uma disciplina eletiva que Lara escolherá sem muita expectativa, mas que agora parecia mais interessante, especialmente por causa de Noah. A sala de aula era espaçosa, com grandes janelas que deixavam entrar a luz natural, e havia vários computadores e câmeras dispostas nas mesas.
O professor, Sr. Duarte, era um homem de meia-idade com um entusiasmo evidente por fotografia. Ele começou a aula explicando os princípios básicos da composição de fotos, a importância da luz e da sombra, e como uma boa fotografia pode contar uma história sem palavras.
"Hoje, vamos praticar o uso da luz natural", disse o Sr. Duarte. "Eu quero que vocês saiam e capturem algo que vocês acham que os representa. Pode ser qualquer coisa. Pensem fora da caixa. Vocês terão uma hora."
Lara pegou uma câmera da mesa e saiu para o pátio da escola, ainda pensativa sobre o que deveria fotografar. Enquanto caminhava, viu Noah parado perto de uma árvore, observando atentamente algo no chão. Ele segurava sua câmera com a facilidade de quem sabia exatamente como ela funcionava, como uma extensão de si mesmo.
Lara se aproximou de Noah com um sorriso hesitante. "Oi Noah. Alguma ideia do que vai fotografar?"
Ele levantou olhos, e por um momento, seus rostos focaram tão próximos que ela pôde ver cada detalhe dos olhos dele, que eram de um verde intenso, como o mar em um dia de tempestade. "Não sei ainda. Estou esperando algo me chamar a atenção", respondeu ele, com um tom tranquilo.
Lara hesitou por um momento, mas depois sugeriu: "Você se importa se eu te acompanhar?Eu ainda estou aprendendo sobre fotografia, e parece que você sabe muito sobre isso."
Noah olhou para ela, estudando-a como se estivesse decidindo se permitiria que ela entrasse em seu mundo. "Tudo bem. Mas você precisa aprender a ver, não apenas olhar."
Eles caminhavam juntos em silêncio pelo pátio, até chegarem a um pequeno jardim atrás da escola. Havia uma árvore velha ali, suas raízes retorcidas se estendendo pelo chão como dedos esqueléticos. Noah parou e ergueu a câmera, focando nas raízes e na maneira como a luz filtrava pelas folhas, criando um jogo de sombras intrigado no solo.
Lara observou Noah enquanto ele tirava a foto. Havia uma intensidade em sua expressão, uma concentração que a fascinava. Ele parecia ver o mundo de uma maneira que ninguém mais via. Ela tentou imitar seu olhar, focando em um pequeno detalhe - uma folha caída, meio enterrada na terra - e tirou uma foto.
"Por que você escolheu as raízes?", perguntou Lara, curiosa.
Noah abaixou a câmera e olhou para ela. "As raízes são a parte da árvore que ninguém vê, mas são o que a mantém de pé. Elas são fortes, mas também escondidas, como muitas coisas na vida. Às vezes, o que é mais importante é o que está escondido."
Lara sorriu, sentindo que estava começando a entender um pouco mais sobre ele. "Eu acho que você está certo. Às vezes, as coisas mais importantes são as que ninguém vê."