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Draco
Eu já fiquei desapontado com muitas pessoas.
Fui fodido e enganado. Espancado e desrespeitado. Eu vi coisas – coisas que me assombraram, transformando meus sonhos em pesadelos malignos.
Eu já vi sangue. Vi meu próprio pai cortar o braço de um homem com um motosserra em nosso porão e, apesar de toda a brutalidade que presenciei, nunca hesitei. Nunca vacilei. Nunca me importei com aquelas pessoas.
Mas isso... isso é algo que eu não poderei aceitar. Eu a sinto olhando para mim.
Eu a ouço fungando.
Não posso nem mesmo olhar para ela.
A van passa por cima de um buraco, me deslocando, mais perto dela. Ela pega minha mão. Eu me afasto.
"Draco," ela implora.
"Cale-se. Não fale," um dos putos no banco da frente ordena. Quero quebrar a porra do seu pescoço por falar dessa maneira com ela – comigo. Ele tem uma arma preta apontada para o meu rosto. Se minha cabeça não estivesse tão desorientada, meus dedos tão entorpecidos, eu iria arrancá-la dele e enfiá-la em sua maldita garganta.
"Draco," ela sussurra.
Eu mantenho meus olhos à frente, flexionando a mandíbula.
A van finalmente começa a desacelerar, e eu olho pela janela. A igreja está a poucos metros de distância, meus homens já estão alinhados, armados e esperando. Eles levantam suas armas assim que veem a van indo em sua direção, prontos para atirar se necessário.
O motorista estaciona e o homem no banco do passageiro abre a porta e sai. Com um sorriso nos lábios, ele caminha pelo lado da van, abrindo a porta de trás.
"Pegue sua cadela mal-humorada e dê o fora daqui," ele resmunga para mim quando saio.
Eu olho para ele. Frio. Severo. Seu pescoço está bem ali. Sua garganta. Apenas agarrar e apertar e poderia acabar com a porra da sua vida.
Sua garganta oscila quando ele percebe que estou olhando para ela, um claro sinal de medo, fraqueza. Eu odeio filhos da puta fracos que não podem se garantir.
"Cuidado com a porra da sua boca antes que eu soque você," Patanza fala atrás dele, apontando uma arma na parte de trás de sua cabeça.
Vários homens nas caminhonetes atrás da van se aproximam, segurando suas armas em posição, mirando em nós. Mantenho meus olhos no guarda, o hijo de puta na minha frente, e então finalmente pisco, levantando uma mão no ar, um comando silencioso para Patanza recuar.
"Ajude-a a entrar no carro," ordeno. Eu nem sequer reconheço minha própria voz. O timbre gelado, seco e rouco.
Patanza corre para Gianna, agarrando seu cotovelo, quase a arrastando para a caminhonete. Quando ela está segura, e a porta está fechada, fixo meus olhos no guarda novamente, dando um passo mais perto, olhando-o ainda mais duramente agora.
"Você pode se sentir orgulhoso agora, sobre o que acha que você e seu chefe conseguiram, mas nunca se esqueça quem diabos eu sou."
Ele se afasta, tentando rir, mas vejo o pânico em seus olhos. Ele observa suas costas enquanto volta para a van, ordenando que o motorista se apresse e vá embora.
Vejo cada veículo sair. Sei que pelo menos um deles vai demorar por aqui. Vai fingir afastar, mas esperar em algum lugar para tentar me seguir de volta para minha mansão.
Não irei deixar isso acontecer, então eu espero.
Eles continuam pela estrada, um rastro de poeira ondulando atrás deles.
Quando estalo os dedos, as botas esmagam instantaneamente no chão. Meu olhar está à frente, ainda observando as vans se afastarem.
Quatro apitos altos passam pelos meus ouvidos, disparando pelo ar como canhões.
Então há fogo.
Muito fogo.
Uma grande nuvem de fumaça se forma, da mesma forma que meus carros quando me atacaram perto das rosas azuis. É feroz e forte, como a raiva que sinto neste exato
momento. A explosão faz o sino da igreja tocar, um pequeno carrilhão ressoando profundamente em meus ossos.
Quatro furgões - todos os veículos dela - são explodidos por armas de lançamento de mísseis. Este era o meu Plano B. Se algo acontecesse com Gianna ou com quem me importasse, deixei claro que seria uma luta dos diabos.
Eu disse a ela que isso significaria guerra. E então começou.
"Eles foderam com a pessoa errada," resmungo em espanhol, virando-me para a caminhonete. "Nós vamos para casa, empacotem tanto quanto puderem e nós estaremos voando para fora daqui dentro de uma hora."
"Sí, Jefe," todos dizem em uníssono. Eu entro na caminhonete e fecho a porta, mas sinto seus olhos em mim. Não olho. Não posso olhar.
"Dirija. Agora," ordeno, e a caminhonete sai imediatamente. Nós seguimos em direção aos carros explodidos e à medida que nos aproximamos, vejo uma figura em movimento. "Pare o carro."
Exijo a um dos meus homens para me dar sua arma. Quando ele me entrega uma pistola, eu pulo para fora, dando passos lentos e medidos em direção ao hijo de puta que tinha tanta merda a dizer durante a viagem até aqui - aquele que estava tão feliz e disposto a apontar a porra da arma na minha cara.
"Você sabe o que é tão triste sobre Yessica e seus homens?" Eu engatilho minha arma e aponto para a testa dele. Ele alcança para mim com os dedos ensanguentados,
seu rosto vermelho e lábios rachados, boca cheia até a borda com sangue. "Nunca se aprende a vigiar suas malditas costas."
Atiro em sua testa, o som ecoando com o sino da igreja, alto o suficiente para ferir meus ouvidos. Tudo está quieto quando a cabeça dele bate no chão. Há apenas o crepitar das chamas, o chiado do fogo.
Presumi que isso me daria satisfação, mas não acontece. Isso só me irrita mais. Meu queixo range quando suas mãos caem. Um ataque de raiva provoca as partes mais escuras de mim - aquelas partes que nunca mais queria sentir de novo - e eu o chuto. Chuto sua cabeça repetidamente, espumando pela porra da boca, as mechas mais longas do meu cabelo batendo no rosto.
"FILHO DA PUTA!"
Eu ouço gritos. Lamentos. Não dou a mínima. Continuo chutando.
"Draco!" Gianna grita, sua mão envolvendo meu pulso. Eu giro rapidamente, apontando a arma para o centro da testa dela.
"Não me toque, porra!" Eu pressiono a arma na sua cabeça, ouvindo alguém se aproximar.
"Jefe." Eu olho e Patanza está olhando para mim, a cabeça balançando. "Precisamos ir. La policía ya viene em camino." A polícia está a caminho. "As câmeras só ficarão desligadas por mais dez minutos nesta área." Seus olhos se voltam para Gianna, que está de frente para a arma, como se ela fosse levar a bala se necessário.
"Entre na porra do carro, e não diga uma palavra," eu ordeno para Gianna.
Ela me encara com aqueles brilhantes olhos verdes, me desafiando. Está tentando me entender, mas sei que ela não pode. Ela não pode porque não quero que entenda.
Quando ela percebe, vira-se, e demonstrando tristeza entra no SUV. Eu a sigo para dentro e o motorista se afasta.
Coração ainda batendo acelerado. Corpo entorpecido.
Boca seca. Ossos doloridos.
Digo a eles, "Vou matar cada um deles. Qualquer um associado com aquela cadela traidora vai morrer, e essa é minha promessa maldita! Esa puta me lava a pagar!" Essa cadela vai pagar.