- É um prazer finalmente te conhecer, Samantha! - a mulher disse com uma voz melodiosa, carregada de animação. - Eu sou Viviane.
Hana, surpresa pela recepção calorosa, retribuiu o abraço, sentindo-se momentaneamente desconcertada com tanta proximidade.
- O prazer é meu, Viviane - respondeu Hana, sorrindo com um toque de timidez. - Mas pode me chamar de Hana - acrescentou, tentando suavizar a formalidade do encontro com um sorriso gentil.
Viviane soltou uma risadinha leve, claramente à vontade.
- Ah, claro, Hana! - disse ela, o nome fluindo naturalmente. - Seja muito bem-vinda! Espero que você se sinta em casa. O Rafa vai te mostrar seu quarto. Seu pai mandou decorá-lo do jeito que você gosta, mas, se quiser mudar alguma coisa depois, sinta-se à vontade.
- Muito obrigada. - Hana olhou ao redor, seus olhos absorvendo a grandiosidade do lugar. Cada detalhe da mansão parecia cuidadosamente planejado para impressionar. - E o meu pai? Ele vai demorar a chegar? _ Ela perguntou ansiosa pela chegada do pai .
Viviane lançou um olhar rápido para o relógio em seu pulso, ainda com um sorriso tranquilo no rosto.
- Ele já está a caminho - respondeu, animada. - Está ansioso para te ver. Falou de você o dia inteiro.
Hana sorriu, sentindo um calor familiar ao pensar no pai , a saudade era tanta que mal via a hora de encontra-lo novamente .
- Eu também estou ansiosa para vê-lo - disse, sua voz carregada de nostalgia.
Rafael, que até então observava a interação com um leve sorriso, deu um passo à frente, interrompendo o breve momento de silêncio.
- Vamos? - ele disse com suavidade, chamando a atenção de Hana.
O mordomo, que estava próximo, se aproximou discretamente e pegou uma das malas, pronto para ajudar. Rafael pegou o restante das malas e indicou a escadaria de mármore que levava ao andar superior. Hana o seguiu em silêncio, ainda digerindo a magnitude da mansão. As paredes eram adornadas com obras de arte e os corredores cheiravam a madeira polida e flores frescas.
Quando chegaram ao quarto, Rafael colocou a última mala no chão com um suspiro de alívio. O quarto era espaçoso e decorado com tons suaves de creme e azul, com uma grande janela que oferecia uma vista deslumbrante dos jardins.
- Obrigada, Rafa - disse Hana, com um sorriso suave enquanto se sentava na cama. Seus dedos deslizaram pela colcha macia, e ela observou o ambiente ao redor com um olhar distante.
Rafael, percebendo a mudança de humor, se aproximou um pouco mais, sem saber ao certo como ajudá-la naquele momento.
- Não precisa agradecer - respondeu ele, mas seu tom indicava que estava preocupado com o estado introspectivo dela.
Hana suspirou profundamente e deixou seu olhar vagar pelos cantos do quarto. Cada detalhe parecia evocar memórias antigas, algumas boas, outras não tão agradáveis.
- Esse quarto me traz boas e más lembranças - confessou ela, sua voz baixa e pensativa.
Rafael, percebendo o peso nas palavras dela, se sentou ao lado de Hana na cama. Ele observava o rosto dela com atenção, tentando captar o que ela estava sentindo.
- Como assim? - ele perguntou com suavidade, inclinando-se um pouco mais para ela.
Hana desviou o olhar, seus olhos começando a brilhar com as lágrimas que se formavam.
- Quando eu era pequena, esse também era meu quarto... - começou ela, com a voz embargada. - O quarto dos meus pais era ao lado, e todas as noites eu ouvia eles brigando... - Sua voz falhou e as primeiras lágrimas rolaram pelo rosto. - Eu chorava muito... Me escondia debaixo da cama para não ouvir.
Ela se calou por um momento, enquanto as lembranças dolorosas a consumiam. Rafael, sem saber exatamente o que dizer, apenas observou em silêncio. Sua respiração ficou mais pesada ao ver as lágrimas escorrendo pelo rosto de Hana. Sem pensar muito, ele se aproximou dela e a envolveu em um abraço firme, mas gentil.
Hana hesitou por um segundo, mas logo se deixou levar pelo conforto que o abraço oferecia. O toque de Rafael era surpreendentemente reconfortante. Ela podia sentir o coração dele acelerado, e isso de alguma forma fez com que ela se sentisse menos sozinha naquele momento.
- Não fica assim... - murmurou ele, com a voz baixa e suave. - Isso já passou, e agora as coisas são diferentes. Você está segura aqui. - Enquanto falava, ele acariciava os cabelos dela, num gesto carinhoso que parecia natural para ele.
Hana se afastou lentamente, ainda sentindo o peso das emoções, mas forçando um pequeno sorriso. Ela enxugou as lágrimas com as mãos, tentando recuperar a compostura.
- É verdade... - disse, respirando fundo e forçando uma leve risada. - Eu só... às vezes, é difícil não lembrar.
Rafael assentiu, respeitando o momento dela, mas tentando trazê-la de volta ao presente.
- Acho que você deveria tomar um banho e relaxar um pouco. Isso sempre ajuda - sugeriu, levantando-se junto com ela. - E quem sabe comer algo? Estou morrendo de fome, e o jantar deve estar quase pronto.
Hana soltou uma risadinha, apreciando o esforço de Rafael para animá-la.
- Você está certo. Acho que um banho vai me fazer bem... e comida também - respondeu com um sorriso mais genuíno.
- Te vejo no jantar, então? - Rafael perguntou, abrindo a porta do quarto para sair.
- Claro, te vejo lá - confirmou Hana, o sorriso ainda presente no rosto, embora mais suave.
- Até mais tarde, Hana - disse ele com um último olhar e um sorriso leve antes de fechar a porta atrás de si, deixando Hana sozinha no quarto, cercada pelas memórias e pelos novos começos que aquele lugar representava.