Em frente a uma casa de luxo, dentro de um condomínio de alto padrão em Ulares.
Helena estava sentada no banco de trás de um carro , observando em silêncio o marido - que estava se encontrando com outra mulher.
A moça era bem jovem, vestia um vestido branco ,pura e encantadora.
Eles andavam de mãos dadas, como se fossem um casal apaixonado.
O rosto de Marcos estava cheio de ternura.
A garota, com voz manhosa, disse enquanto balançava a bolsa:
- "Meus pés estão doloridos, Marcos, me carrega!"
Helena achava que Marcos nunca faria isso.
Ele sempre foi um homem orgulhoso, conhecido por ser reservado e de temperamento difícil. Mesmo que tivesse uma nova paixão, ela acreditava que ele jamais se rebaixaria a esse tipo de coisa.
Mas, no segundo seguinte, Helena levou um duro golpe de realidade.
Seu marido se abaixou e carregou a jovem em seus braços com delicadeza.
Segurava a moça nos braços com cuidado, o olhar cheio de carinho.
A jovem se apoiava nele, o rosto colado ao peito de Marcos, com um sorriso satisfeito - como se fosse a dona do mundo.
Helena observava tudo de dentro do carro, o coração apertado e os olhos marejados.
Ela nunca imaginou que o homem com quem dormia todas as noites teria outra mulher - e ainda a trataria com tanta ternura.
Naquele momento, ela percebeu que o amor deles já não existia mais.
O que restava era apenas aparência, uma vida de fachada.
Helena respirou fundo, tentando conter a dor que subia pelo peito.
Mas por dentro, ela sentia como se tudo estivesse desmoronando.
O toque do homem era cheio de desejo, mas também de ternura. Logo, ele envolveu a cintura da moça e a puxou para si.
A jovem, com as mãos delicadas e brancas, colocou-as naturalmente no pescoço forte do homem, encostando o rosto contra ele. Seus cabelos negros escorriam, e ela o acariciava suavemente.
No pescoço de Marcos havia uma pequena marca vermelha. Ao vê-la, Helena lembrou-se daquelas vezes em que estavam juntos... quando sem querer tocou essa marca ,ele a segurou com força, o olhar intenso, quase selvagem....
Mas agora, marcos estava ali, abraçando outra mulher com a mesma paixão.
Helena fechou os olhos, incapaz de continuar olhando.
Ela nunca o tinha visto agir assim - tão louco de amor - e doía perceber que não era mais por ela.
Quando abriu os olhos novamente, o olhar de Helena já estava vazio, sem amor, sem ódio.
Helena para se casar com Marcos, abandonou a arte o que tanto amava para se tornar uma CEO do Grupo Duarte.
Quando o amor acaba, só resta falar de dinheiro.
Marcos e a amante se encontravam às escondidas, em uma mansão de luxo.
Que era o patrimônio comum do casal.
Helena não queria deixar a traição de Marcos impune , então perguntou à secretária sentada no banco da frente, Neia:
- "Nesses três meses, Marcos esteve sempre com ela?"
Neia respondeu rapidamente:
- "A moça se chama Beatriz Baldi , é como uma amiga de infância do senhor Marcos vem de uma familia infliênte . Há três meses, o senhor Marcos a colocou como estagiaria na empresa , e tem cuidado muito bem dela."
Um dossiê foi entregue a Helena .
Ela folheou calmamente e sentiu que poderia, enfim, se libertar.
A condição era que Marcos aceitasse dividir o patrimônio do casal. Helena pegaria o dinheiro e as ações, e sairia da vida dele de uma vez por todas.
Lá fora, o outono tingia tudo de dourado.
O pôr do sol espalhava um brilho quente e ofuscante.
Helena respirou fundo, acalmou-se e ligou para Marcos.
Ele provavelmente estava ocupado com sua amante.
Depois de alguns toques, ele finalmente atendeu.
A voz dele soou fria, distante:
- O que foi?
Helena piscou os olhos, tentando
soar leve:
- Hoje é meu aniversário. Você vai voltar pra jantar comigo?
Do outro lado, Marcos ficou em silêncio por um instante.
Um homem que não quer voltar pra casa sempre encontra uma desculpa - e o silêncio dele foi a mais clara de todas.
Mas Helena pôde ouvir, ao fundo, a voz suave de uma mulher chamando-o:
- Marcos, está tudo bem?...
Marcos hesitou por um momento. Depois, com o mesmo tom calmo e firme de sempre, respondeu:
- Se não for importante, vou desligar.
E a ligação caiu.
Era o jeito dele - direto, sem explicações, sem espaço para discussões.
Neia , ao ver Helena parada ali, indignou-se:
- Ele passou dos limites, dona Helena! Se esqueceu completamente da senhora!
Helena ficou imóvel por um segundo, sem dizer nada.
Mas dentro dela, o silêncio pesava mais que qualquer palavra.
Helena chegou a pensar: sinto muito atrapalhar o encontro de amor de Marcos com sua amante.
Mas logo afastou o pensamento com um leve sorriso irônico.
- Ele não esqueceu - ele simplesmente não se importa.
- Neia , entre em contato com a empresa de água e luz e peça para suspender os serviços desse imovel . Assim ele logo vai se lembrar de voltar para casa.
Neia suspirou, balançando a cabeça:
- A senhora é mesmo esperta, dona Helena.
Helena não respondeu. Apenas virou o rosto para a janela, observando em silêncio o brilho do entardecer que tingia o céu de dourado.
O reflexo do pôr do sol se espalhava pela parede, como uma ferida antiga que nunca cicatrizava.
Ela se lembrou de anos atrás - de uma noite parecida com aquela.
O céu também estava dourado, recém-casada seu marido , prometeu que nada nem ninguém os separaria.
"Você é o mais importante pra mim, Helena", ele dissera.
Mas agora... agora ele a fazia sentir que, para ele, o amor só valia enquanto fosse conveniente.
Que bastava ter dinheiro - e o resto, não importava mais.
Uma lágrima escorreu lentamente pelo canto dos olhos de Helena.