E mais um detalhe sobre mim, eu tive apenas um namorado em minha vida, ele foi meu primeiro beijo, meu primeiro e único sexo. Nós terminamos porque com três anos de namoro ele queria casar, e eu disse que não abandonaria minha vó e meus estudos, essas são minhas prioridades e como não eram as mesmas que a dele decidimos que seria melhor assim. Tem dois meses que isso aconteceu, se eu sofri? Creio que não! Eu me dei bem desde nova com a ausência dos meus pais, então não é qualquer coisa que me abala. Mas não estou interessada em outros relacionamentos tenho objetivos e é nisso que estou focada.
Assim que chego no serviço vou ao banheiro me trocar, passo pela sala, viro o primeiro corredor a direita e a cena que vejo me faz deixar meu celular cair no chão.
- O que faz aqui? - ele vociferou
Com a voz trêmula e o psicológico abalado eu respondo:
- Eu... Eu... Só ia me trocar.
Ele nada fala, apenas sai com a mesma cara amarrada de ontem me dando acesso ao banheiro. Quando entro o cheiro de seu sabonete e sua colônia estão impestiados lá. É um cheiro másculo, de homem que combina exatamente com ele.
Já uniformizada passo igual um foguete pelo corredor varrendo a cena que presenciei de minha mente, eu devo ter chego na cozinha igual um trem bala, porque assim que entro Verinha pergunta:
- O que aconteceu menina? Está tudo bem?
Olho para um lado e para o outro e então cochicho:
- Você não sabe o que acabei de ver.
- Fale logo muleca...
- Cheguei e fui ao banheiro trocar a roupa, vestir o uniforme na verdade, e me deparei com seu chefe no corredor apenas com uma toalha cinza enrolada na cintura.
- Nosso chefe? E ai? O que ele fez?
- Ele? Nada! Apenas me perguntou o que eu fazia alí, eu respondi e ele saiu com a cara azeda de sempre. E por falar nisso, meu celular caiu no chão, e eu fique tão atordoada que não peguei.
- Menina, cuidado com seus passos, por favor, seja mais saiba com suas atitudes.
- Eu não fiz e nem falei nada dessa vez, o homem das cavernas que... - antes de eu completar a frase ele entra e graças a Deus a tempo de não escutar o que eu ia dizer
- Seu celular! E espero que quando disse homem das cavernas não esteja se refirindo a mim. - Engulo seco
"Merda! Ele ouviu!"
"Agora sim, serei demitida!"
- Não, claro que não, era de um ex namorado, né Verinha?
- Sim, era sim. - Vera confirma
- Desejo que a intimidade a qual se tratam seja estritamente usada somente com vocês. Ana Lúcia traga-me uma xícara de café em meu escritório.
Assim que ele sai pergunto para Verinha:
- Como ele gosta do café?
- Forte e com duas pedrinhas de açúcar.
- Ok! - respondo e vou direto preparar o café
- Abra seus olhos menina, ele está testando você. E acredite que enquanto ele não estiver satisfeito com seus serviços, não irá parar de te solicitar, ele sempre faz isso com as novatas.
Reviro os olhos pensando:
"É mesmo um babaca."
Pego a xícara de café e vou até seu escritório, chego próxima a porta que está fechada e escuto ele dizer que irá viajar amanhã, quinta-feira, e volta no sábado de manhã.
Ele ainda está ao telefone, fico em dúvida se devo ou não entrar com ele falando, mas se eu demorar o café esfria e então ele vai brigar. Logo dou duas batidas na porta.
- Entra!
Entro coloco a xícara em sua enorme mesa de madeira escura, seu escritório parece daqueles filmes de terror, chega a dá medo, dou as costas para poder sair logo dali, até porque minha mente só sabe lembrar dele de toalha.
"Que desgraça! Porque ele não é um velho caquetico? Iria facilitar muito mais a minha vida."
- Ana Lúcia, sente-se aqui, preciso lhe falar.
Com as mãos suando frio sento-me de frente para ele que dá uma golada em seu café.
- Está forte demais. Da próxima vez use menos pó.
Minha vontade é de dizer: "Não fale isso para mim seu babaca, não fui eu quem fiz."
Mas para não colocar Verinha em maus lençóis me calo.
- Certo! - falo seca
- Caso não tenha reparado, a Senhora Morgana esta ausente e ficará a semana inteira, teve um problema familiar e precisou se distanciar urgentemente do serviço até a próxima semana. Sábado receberei uns convidados aqui em minha casa, serão seis homens, peço que durma aqui e ajude a Vera nos coquetéis. Pagarei extra para isso, mas preciso que se empenhe, será um jantar de negócios.
"Tendo pagamento extra é claro que topo."
- Ok! Estarei à disposição.
- Sendo assim não precisará vir trabalhar nem quinta-feira e sexta-feira, já que não terá ninguém aqui. - ele fala seco
- Tudo bem.
Estou adorando isso, folga, descansar e passar mais tempo com minha avó.
- Avise tudo isso a Vera.
- Sim...
- Agora pode ir. - ele fala me inspecionando de cima abaixo
Me levanto e saio, entro no banheiro para fazer xixi e lá está a toalha cinza pendurada. Corto o xixi e vou para a cozinha, preciso limpar minha mente, esses dois dias sem ver ele me ajudarão com isso. Assim espero.
O resto do dia foi tranquilo, sem mais reclamações, hoje ele estava educado, e conseguimos manter assim até o final do expediente.
Vou para casa feliz da vida por saber que terei dois dias de folga...
- Bença minha vó! - entro falando sem vê-la ainda
- Deus te abençoe minha filha. - pelo eco sei que ela está no banheiro
Entro pro meu quarto para esperar minha vó sair do banheiro para que eu possa tomar o meu banho.
- Vozinha? Vamos tomar um sorvete? - pergunto assim que saio do banho
- Mais e a janta minha filha?
- Não se preocupe, a gente come algo na rua.
E assim nós fomos a sorveteria nova que abriu dois quarteirões de nossa casa.
- Como foi seu dia hoje? - ela pergunta
- Um pouco incomum... - falo lembrando da cena do senhor babaca de toalha
- É mesmo? E o que quer dizer incomum?
- Nada de muito importante. - minto
Jamais direi a minha vózinha que vi o meu chefe somente com uma toalha.
Tomamos nosso sorvete, demos boas risadas, ela me perguntou do Júnior e eu disse que ele deve está bem, e que eu não sinto nada mais por ele, que já passou. Minto outra vez. Mas não me dói, eu até lembro dele, mas é só lembranças. Um homem que não aceita minha vó, não merece me ter
Já em casa deito ao lado de minha vó.
- Vou ter que dormir no serviço sábado, mas vou ganhar um extra por isso. - falo
- É? E porque?
- Segundo o chefe ele terá um jantar de negócios importante, e a governanta está ausente por problemas pessoais, sendo assim sobrou para mim.
- Mais você irá dormir sozinha com ele? - ela pergunta assustada
- Não vó, Dona Verinha também irá...
- Vá com a camisola espanta namorado hein. - ela fala rindo e seu corpo se sacode ao efeito do riso
Dou uma risada cúmplice à ela, mas eu jamais iria com aquela camisola, não que eu tenha intenção de aparecer para alguém, mais pelo amor de Deus, ela é para usar em casa e só. Se bem que do jeito que aquele homem é ranzinza e seco, acredito que tanto faz uma camisola de seda como uma de freira, para ele dará no mesmo. Mas isso pouco me importa, estou lá para trabalhar e não ficar observando àquele iceberg em forma de homem. Ele lá e eu cá. E ponto final.
[...]
Sexta eu acordo cedo e saio, vou até a lojinha da Vila para poder comprar um pijama, nada muito sexy, apenas apresentável.
O resto do dia passei em casa com minha avó, antes de dormir ajeitei minha bolsa, coloquei o pijama, duas calcinhas, dois soutien uma roupa extra e o uniforme. Dei um beijo na testa de minha vó e fui dormir.
Sábado chego no serviço e sou a primeira a chegar, à não ser por Otávio que está sempre lá. Penso se ele não mora aqui, porque qualquer horário que você chegue nessa casa, ele está sempre a postos.
- Bom Dia mocinha. - ele fala me abraçando
- Bom dia Otávio! - lhe dou um abraço e ele fica meio sem jeito
- O Senhor Fizterra já chegou e disse que assim que você chegasse era para ir ao escritório dele.
- Tudo bem. Já comecou cedo. - reviro os olhos
Vou até seu escritório, mas o encontro na sala.
- Bom dia! - digo sem muito empolgamento
- Bom dia! Sente-se que preciso lhe dar algumas instruções.
Me sento de frente para ele e fico o agurdando falar.
- Preciso de sua sinceridade. Vera caiu hoje vindo para o serviço, quebrou o pé e ficará ausente por alguns dias. O serviço da cozinha hoje será somente seu. Então seja sincera comigo; Você dá conta?
Arregalo meus olhos, não de medo do serviço e sim depreocupação por causa da Vera, e no calor do momento pergunto.
- A Verinha está bem? - Curto e muito grosso ele me responde
- Não foi isso que te perguntei Ana Lúcia. Vou perguntar mais uma vez. Você dá conta do serviço?
Bufo de raiva e sinto meu rosto queimar.
- Eu sei que não foi isso que me perguntou, mas eu me preocupo com as pessoas que eu gosto, por isso perguntei primeiro sobre Vera. E a questão de eu dar conta, claro que sim, apenas me diga o que queres servir aos seus "amiguinhos" que eu o farei. - aquele velho tom autoritário que me acompanha mais uma vez falou por mim
Ele arqueia uma sombracelha, alisa sua barba que está por crescer e se eu não me engano vejo uma leve curva em seus lábios que desaparece muito rápido também.
- Para entrada quero canapés, um ceviche de camarão, e se você souber fazer quero uma feijoada de frutos do mar como prato principal. Você consegue Ana Lúcia?
"Feijoada de frutos do mar?"
"Nunca nem ouvi falar."
"Mas nunca abriria o bico dizendo isso para ele. Seria o mesmo que confirmar o que ele tanto afirma, que não passo de uma menina."
- Claro que sim! - digo não muito convicta
Mas jamais direi que não sei, nada que uma passeada pela internet me mostre uma receita e eu possa segui-la.
- Ótimo! Escreva tudo que irá precisar e dê ao Otávio que ele comprará.
- Ok! Algo mais? - não sei o que devo usar, mas vamos lá
- Pode ir se trocar e ir para a cozinha, e hoje não irei almoçar em casa, então terá o dia todo livre para poder planejar o jantar.
- Tudo bem .
Visto meu uniforme, faço uma busca na internet, passo os ingredientes necessários para Otávio, e enquanto ele vai ao mercado eu fico estudando a receita e qual tipo de vinho irá combinar.
O poderoso chefão vestido de MIB homens de preto, entra na cozinha e diz:
- Estou saindo, esse cartão ficará com vocês para caso seja necessário comprar alguma coisa. A senha é 11070...
Olho para ele por cima dos olhos e digo:
- Ok! Vai demorar à voltar? - pergunto para saber se conseguirei ligar uma musiquinha para relaxar
- Saber meu horário de chegada e saída não é algo que está incluso no seu contrato senhorita Ana Lúcia. Você precisa apenas absorver informações que eu te passo, essa é desnecessária, eu estarei aqui quando for a hora.
Novamente aquela palpitação e a fobia. E ele parece esperar pela minha resposta, pois encosta no batente e fica a me olhar.
- Não me interesso mesmo pela sua vida pessoal, só queria saber para poder manter em ordem a cozinha. Mas como isso não faz parte da minha contratação, eu não perguntarei novamente. E agora com sua licença vou focar no que realmente importa aqui...
Ele franze a testa, me encara, chega a abrir a boca, mas logo a fecha e sai.
Pedi para Otávio comprar um pouco a mais do que vou precisar para que eu faça o teste primeiro. E acreditem... Eu consegui! Pelo menos ao meu gosto ficou bom, não sei se irá agradar o Senhor das Trevas.
Ele marcou o jantar às oito horas da noite. Exatamente às dezenove horas estava tudo pronto. Sentei um pouco para descansar e o ditador aparece.
- Vista esse uniforme, creio que servirá em você.
- Posso tomar um banho?
- Deve! - ele fala e sai
"Argh! Que babaca!" - bufo de raiva
Vou ao banheiro tomo um banho e só depois que estou de banho tomado que vejo a roupa. Se trata de uma calça preta social e uma blusa social preta lisa de botões. Ele é bom em visualizar corpos e adivinhar o tamanho, pois acertou o meu. A roupa ficou justinha. Eu gostei! Faço um rabo de cavalo no cabelo, passo um brilho labial que eu trouxe e tá ótimo. Em seguida retorno para a cozinha.
Ele entra silencioso e eu não vejo, começo a cantar enquanto arrumo os canapés.
- "Foi o seu olhar o que me encantou, quero um pouco mais desse amor."
- Espero que você não cozinhe como canta. - ele fala aspero
Dou um pulo de susto.
- Aí que susto! - coloco a mão no peito
- Pode arrumar à mesa, dentro de quinze minutos eles chegarão, e eu preciso de ter algo à oferecer.
- Ok!
- Já selecionou o vinho?
-Sim! Um Château Bolaire bordeaux, francês.
- Ótima escolha!
Coloco os canapés na mesa, um balde com gelo e o vinho dentro, pois esse se bebe gelado.
Me retiro e volto para a cozinha. Fico batendo papo com Otávio até ser solicitada. Aos poucos os convidados foram chegando, a maioria deles são homens mais velhos do que o chefão babaca, que me dão olhares estranhos nas horas que passo pela mesa.
Estou agora na cozinha mexendo em meu celular e me lembro de um fato muito importante, se Verinha não vai dormir aqui, significa que dormiremos nessa casa só Santiago e eu.
Será que devo me preocupar com isso?
(....)
Continua...
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