O filho secreto do bilionário
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Capítulo 4 Capitulo 004

Dominique a abraçou quando percebeu Antonela desmoronar em um choro interminável. A vida dela já estava difícil de suportar, agora, descobrindo que estava grávida, se tornaria um inferno.

- Precisa contar ao Benjamim a verdade – a sugestão de Dominique fez Antonela recuar, como uma ameaça de vida – ele tem a obrigação de cuidar desse filho depois de tudo o que fez você passar.

- Você está louca se acha que vou fazer uma coisa dessa – disse, enquanto pegava o copo com a urina e descartava no lixo – aquele homem nem sequer se desculpou com a minha família pela vergonha que nos fez passar. Acha que ele aceitará ter um filho comigo?

Dominique percebeu que as argumentações de Antonela faziam todo o sentido.

- E o que vai fazer então? – parecia impaciente, sem perceber que seus questionamentos só pioravam as coisas – porque a única solução depois dessa, é abortar essa criança.

Antonela se assustou com as palavras. Jamais pensaria naquela possibilidade. Um aborto estava fora de questão, ainda que o pai daquela criança fosse um irresponsável.

- Eu jamais faria uma coisa parecida com isso – reprovou imediatamente a sugestão – essa criança é a menos culpada dessa tragedia toda.

Pegou sua bolsa, sentindo a ansiedade sufocar sua garganta. Antonela mal conseguia respirar diante daquela situação. Milhares de questionamentos surgiam em sua mente ao mesmo tempo. Como esconderia a gravidez? Como criaria aquela criança? Como seguiria sua vida sem apoio nenhum.

- Henrico vai rejeitar uma filha solteira gravida na casa dele – de repente, os pensamentos criaram vida, escapulindo dos seus lábios – preciso arrumar um emprego e ir embora dessa cidade.

- Você não está falando sério – Dominique arregalou os olhos para ela – vai mesmo seguir em frente com essa gravidez, sabendo que isso pode arruinar a sua vida?

- Não seja tão cruel, Dominique – a recriminou – e esse será o nosso segredo. Ninguém pode saber que essa criança existe.

Pelo que parecia, Antonela já havia tomado sua decisão e, conhecendo bem, ninguém a faria mudar de ideia. Se assustaram quando o dono da farmácia bateu na porta de metal, exigindo que elas desocupassem o banheiro imediatamente. Elas estavam tão imersas no problema, que haviam esquecido onde estavam e o tempo em que permaneciam ali.

Agora no carro, Dominique parecia confusa sobre como proceder. A angústia de Antonela deixava-a vulnerável.

- O que faço agora? – olhou pelo para-brisa com o olhar perdido – te levo de volta para a entrevista ou te ajudo a fugir da cidade?

- Eu me candidatei a uma vaga de emprego fora da cidade há alguns dias – ela revelou – a entrevista foi marcada para daqui a dois dias. Se eu me esforçar um pouquinho, talvez consiga trabalhar como garçonete.

Dominique a encarou com o coração partido quando imaginou se despedindo de Antonela.

- Eu queria ter a metade da coragem que você tem – disse, enquanto levava a mão até a dela e a apertava carinhosamente – eu, no seu lugar, já teria enlouquecido.

Aquilo fez Antonela rir por alguns segundos, mas logo a angústia invadiu seu coração novamente.

- Pelo menos dessa vez, o Henrico não vai brigar comigo por faltar à entrevista pela segunda vez – comentou, divertidamente, por enganar o pai – ninguém sabia que eu iria tentar essa vaga por desespero.

- Então, você está mesmo disposta a ir embora?

- Eu não tenho outra alternativa – disse com os olhos marejados e o rosto vermelho de dor – preciso comandar a minha própria vida a partir de agora, e esse filho era o que eu precisava para tomar essa decisão.

Uma lagrima escorreu pelos olhos de Dominique quando ela se inclinou para abraçá-la. Ficaram assim por alguns minutos.

- E quando vai embora? – disse com a voz embargada, limpando o rosto encharcado pelas lágrimas.

- Hoje de madrugada – disse – tenho um dinheiro guardado, que venho economizando desde a adolescência. Acho que é o suficiente para me manter por alguns dias.

Dominique inclinou o corpo, pegando a bolsa que estava no banco de trás e retirou algumas notas de dinheiro e entregou a Antonela. A princípio, ela se recusou a aceitar, por ser uma quantia alta demais, mas acabou sendo convencida.

- É o mínimo que posso fazer por você – disse, quando Antonela pegou o dinheiro de suas mãos - mas precisa me prometer que voltará ao menos para me visitar. Quero conhecer o meu sobrinho.

Ela sorriu, prometendo, embora soubesse que seria difícil cumprir com sua palavra. Antonela partiria daquela cidade para nunca mais voltar. Chegou em casa silenciosamente e encarou os olhos furiosos de Henrico e, antes de ele começar a falar qualquer coisa, ela lhe disse.

- Eu conseguir um emprego, pai – ele arregalou os olhos surpresos para ela, mas havia traços de descrença - começo amanhã e depois disso o senhor nunca mais terá que se preocupar comigo.

Olhou para ele pela última vez e subiu as escadas. Passou a tarde arrumando suas coisas para partir. Chorava com as lembranças e se lamentava por sua vida ter tomado um rumo tão imprevisível. Passou a mão sobre levemente a barriga, prometendo que seu filho seria o mais amado de todos, tanto que ele nem sentiria falta de um pai.

Quando anoiteceu, ela desceu para realizar o último jantar em família. Ironicamente, Henrico não estava em casa. A ausência dela traria um peso menor sobre aquele momento. Observou, Francesca prepara o seu prato favorito, enquanto Alessia se distraia com o celular, ignorando completamente a presença de Antonela.

Certamente a única pessoa a qual Antonela sentiria falta naquela casa seria de sua mãe. Francesca foi a única que sempre demonstrou amor por ela e Antonela lamentava profundamente ter que decepcioná-la.

- Seu pai me disse que você conseguiu um emprego – ela vibrou de felicidade, sem imaginar que aqueles eram seus últimos momentos com Antonela.

- Já era tempo, né, mãe – comentou maldosamente Alessia – Antonela não faz nada nessa casa, além de procurar emprego. É uma completa inútil.

O sangue de Antonela ferveu para dar a Alessia uma resposta à altura, mas ela não o fez, apenas disse.

- A minha inutilidade não vai ser mais um problema para você, Alessia – disse – aliás, vai desfrutar de todos os privilégios sozinha a partir de hoje.

- Não diga uma coisa dessa Antonela – Francesca tinha o semblante pesado, tristonho – parece até mesmo que está se despedindo.

E era realmente uma despedida. Após lavarem a louça juntas, ela abraçou a mãe e se despediu, dizendo precisar dormir cedo devido ao trabalho. Mas Antonela não dormiu aquela noite. Na hora combinada, ela desceu as escadas que rangiam como se denunciasse a sua fuga e entrou no carro de Dominique. Uma hora depois, pararam na rodoviária da cidade.

- Não conte para onde vou nem sob tortura – Antonela fez ela prometer – manteremos o contato.

- Se cuida – a abraçou chorando mais uma vez – sentirei sua falta.

Ela também sentiria. Entrou no ônibus acenando pela última vez para Dominique. Segurou o choro até onde conseguiu quando finalmente entendeu que agora estava sozinha. Iria para uma cidade desconhecida para ter o seu filho longe de todo mundo.

            
            

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