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Capítulo 1: A Vida no Dormitório
Jake Thompson estava sentado em sua cama de solteiro, os livros espalhados ao seu redor, formando uma pequena fortaleza de conhecimento. Ele tinha apenas dezenove anos, mas seu olhar trazia uma maturidade precoce. Ser órfão desde os dez anos forçou Jake a crescer rapidamente, aprendendo a se virar sozinho e a valorizar cada oportunidade que surgia. A bolsa de estudos na prestigiada Universidade de Brookwood era um desses raros presentes da vida, uma chance de escapar de uma existência marcada pela carência.
O dormitório masculino era um prédio antigo, com paredes desgastadas e corredores estreitos. Jake dividia o espaço com mais três estudantes, todos filhos de famílias ricas e influentes. O contraste entre eles era gritante. Enquanto seus colegas exibiam roupas de grife e gadgets de última geração, Jake se contentava com um guarda-roupa modesto e um laptop antigo que mal dava conta do recado.
Ei, Jake, você não vai jantar de novo? - provocou Brad, um dos seus colegas de quarto, enquanto se preparava para sair. Brad era alto, musculoso, e fazia parte do time de futebol americano da universidade. Aparentemente, seu hobby favorito, além de jogar, era humilhar Jake.
Jake forçou um sorriso e balançou a cabeça.
Estou bem, Brad. Tenho que estudar para a prova de cálculo.
Claro, claro - Brad deu uma risada sarcástica. - Sempre estudando. É isso que os pobres fazem quando não têm dinheiro para se divertir?
Os outros dois colegas, Chris e Luke, riram em coro. Jake ignorou as provocações, mas sentia um nó se formar em seu estômago vazio. Ele não comia adequadamente há dias, economizando cada centavo da sua bolsa para pagar livros e outras necessidades acadêmicas. A fome era uma companhia constante, assim como a sensação de isolamento.
Quando finalmente ficou sozinho, Jake suspirou aliviado. Ele pegou um pequeno caderno e começou a anotar fórmulas e teoremas, tentando distrair sua mente do estômago roncando. Estudar era sua fuga, seu refúgio. A matemática, em particular, era um mundo onde ele se sentia no controle, onde as regras eram claras e justas, diferente da vida real.
O som de passos no corredor chamou sua atenção. Era Emily, uma estudante de biologia que morava no andar de cima. Ela era uma das poucas pessoas que tratava Jake com gentileza. Bateu levemente na porta antes de entrar.
Jake, eu... fiz alguns biscoitos. Pensei que você pudesse querer um pouco - ela disse, estendendo uma pequena caixa.
Os olhos de Jake brilharam de surpresa e gratidão.
Emily, você não precisava... - ele começou a dizer, mas a fome falou mais alto. - Obrigado, de verdade.
Ela sorriu, sentando-se na beira da cama enquanto ele devorava os biscoitos com entusiasmo.
Você precisa se cuidar, Jake. Sei que as coisas não são fáceis, mas passar fome não é a solução - disse ela, com uma preocupação genuína no olhar.
Jake assentiu, comovido pela bondade de Emily. A comida trouxe um pouco de calor ao seu corpo, e a amizade dela, um conforto inesperado.
Prometo que vou tentar - respondeu ele, sentindo-se um pouco mais humano.
Eles conversaram por um tempo, rindo de pequenas coisas e compartilhando histórias sobre as aulas. Quando Emily finalmente se levantou para sair, Jake sentiu que, talvez, ele não estivesse tão sozinho quanto pensava.
Boa noite, Jake. E não se esqueça, você pode contar comigo - disse ela antes de fechar a porta.
Jake olhou para os livros ao seu redor e para a caixa de biscoitos quase vazia. Pela primeira vez em muito tempo, ele se permitiu sentir um fio de esperança. Ele sabia que a jornada seria árdua, mas com pessoas como Emily ao seu lado, ele estava determinado a vencer, não importa o quanto fosse difícil.