Capítulo 4 Capítulo 4

••• Ponto de vista da Christina •••

Quando abri meus olhos, a primeira coisa que vi foi um teto branco.

"Christina, você acordou", ouvi a voz aliviada de uma mulher.

Virei a cabeça e vi minha melhor amiga, Octávia, sentada em uma cadeira ao lado da minha cama.

"Octávia... onde eu tô?", perguntei com uma voz rouca.

"Você tá no hospital do bando", respondeu e me trouxe um copo de água.

"Que bando?", perguntei, preocupada.

"Meu bando, o Bando Lake", respondeu

Soltei um suspiro de alívio. Pelo menos estava em um lugar familiar.

"Quem me trouxe aqui?", perguntei após tomar um gole de água. Não lembrava de nada que havia acontecido depois de ter desmaiado perto da fronteira do Bando Black Stone.

"Por acaso o Liam me trouxe?", perguntei, lembrando-me de ter me conectado mentalmente com Liam, meu Beta.

"Sim. Depois que você se conectou mentalmente com ele, ele ficou perturbado e saiu te procurando", afirmou.

"E aí?", questionei.

"Aí ele disse que te encontrou inconsciente na beira da estrada e te trouxe aqui correndo, já que é o bando mais próximo do Bando Black Stone", Octávia explicou.

"Qual o problema comigo? Por que desmaiei?".

"Você tava com febre e machucada".

Febre? Deve ser porque eu estava encharcada e fui forçada a ficar ajoelhada no meio de uma ventania.

"Christina, o que aconteceu?", indagou.

"O que você quer dizer?", fingi não saber o que ela queria dizer.

"Por que você apareceu depois de três anos sumida?", olhou-me com seus enormes olhos, e vi a incerteza neles.

"Eu vou quebrar minha conexão de companheira com o Halens", falei com indiferença.

Para minha surpresa, ela não parecia chocada.

"É por causa do boato?", perguntou.

"Boato? Que boato?".

"O continente inteiro ouviu falar que você empurrou a Sonia Thompson de uma penhasco porque tava com ciúmes, e que ela teve um aborto espontâneo por sua causa", falou, e claramente estava envergonhada.

"O continente inteiro sabe?", ri.

"Sim, e os membros do o Bando Black Stone falaram que você não serve pra ser a Luna deles".

"Aquela c*dela é rápida", sorri.

"Como assim?", perguntou, claramente confusa.

"Você acredita nesse boato?", questionei. Faziam três anos desde que a vi pela última vez. Será que acreditaria mais num boato do que em mim?

"Claro que não, eu te conheço. Você não faria isso nem se tivesse com ciúmes. Provavelmente ia dar uns tapas no Halens por não acreditar em você", revirou os olhos.

Fiquei aliviada por pelo menos alguém ter acreditado em mim.

Contei tudo que havia acontecido aquele dia, como Sonia armou para mim, como Halens acreditou nela e pediu para que eu me ajoelhasse até admitir meu erro.

Também contei como Milanda e Sonia me tratavam como uma Ômega ao invés de uma Luna por três anos desde que entrei no Bando Black Stone, inclusive contei como Halens só estava me usando, mas gostava mais da Sonia.

"Aquelas c*delas e o maldito do Halens! Se ele não te ama, devia ter te rejeitado, não te usado assim", Octávia esbrevejou.

"A Sonia, aquela c*dela, deve ter pedido pras pessoas espalharem o boato!", continuou, furiosa.

Estava me divertindo assistindo como suas expressões e emoções mudavam rápido, de alívio para hesitante, envergonhada, confusa, e, agora, fúria.

"Você tá bem, Christina?", perguntou, preocupada.

"Tô sim, não se preocupa comigo", assegurei-a.

"Você realmente vai quebrar sua conexão de companheira com o Halens?", olhou para mim como se não acreditasse que eu o faria.

"Você não acha que eu consigo?", fingi estar chocada.

"Não é isso, é só que... eu sei como você ama o Halens. Até saiu do seu bando e deixou tudo pra trás só pra ficar com ele", admitiu, envergonhada.

"Não o amo mais", falei com indiferença.

Meu amor por ele desapareceu assim que me obrigou a ajoelhar e me ordenou a admitir meus supostos erros.

"Sério? Que bom. Ele não merece seu amor", suspirou aliviada.

"Não era pra ficar triste por mim? Eu vou cortar minha conexão de companheiro, em", provoquei-a.

"Antes só do que mal acompanhada", revirou os olhos.

Ri ao ouvir suas palavras. Ela tinha razão. Devo ter estado cega para ficar com um Maldito como o Halens por três anos enquanto ele passava mais tempo e se importava mais com outra mulher.

De repente, ouvimos alguns sussurros vindo de fora da enfermaria.

"Você ouviu falar da Luna do Bando Black Stone?", uma voz feminina perguntou.

"Ela empurrou a cunhada de um penhasco, causando um aborto espontâneo. Ela é impiedosa!", outra mulher a respondeu.

Continuaram fofocando até perderem as vozes.

"Que c*delas!", Octávia ficou de pé para ir repreendê-las, mas a segurei no lugar.

"Não faz nada", pedi.

"Por quê? Vou falar o que penso pra todo mundo, especialmente pra Sonia, aquela c*dela, e pro Halens, aquele v*gabundo". Octávia estava consumida pela raiva.

"Não faz nada", repeti calmamente.

"Vou pedir pro seu pai e pro seu irmão lidarem com eles. Eles deveriam saber que você é a próxima Alfa do Bando Count Star. Vamos ver se ainda vão ousar falar tão mal de você!", Octávia estava tão nervosa que parecia não ter me ouvido e continuava tentando arrumar as coisas.

Estava grata por tê-la em minha vida, mas não precisava que me defendesse.

"Octávia!", chamei sua atenção, fazendo com que voltasse para a realiadde.

"Eu tô brava demais. Como você tá calma assim?", perguntou para mim, sentando-se novamente.

"Não se preocupa, já preparei um presentinho pro Bando Black Stone e pro Halens", sorri diabolicamente.

"Um presentinho? Que presentinho vai dar pra eles? O que vai fazer? Me conta!", estava ansiosa para saber o que eu faria.