Vendida ao bilionário cruel
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Capítulo 3 Capitulo 03

Os dias se arrastavam enquanto eu passava a maioria do tempo trancada no quarto. O único rosto familiar que eu via era o de Samantha, que aparecia às vezes ao dia para trazer meu alimento. Outras vezes, uma empregada mais nova vinha em seu lugar, mas ela não dizia nada e nem sequer olhava em meus olhos. Entrava, deixava a comida posta sobre a mesa e saía em seguida.

Os hematomas em meu rosto estavam quase sarados, o que me deixava bastante apreensiva. Eu presumia que, assim que eu melhorasse, Gregory entraria por aquela porta e exigiria que eu cumprisse meu papel de esposa.

Eu ainda considerava a atitude dele em não me procurar mais bastante estranha. Desde aquela noite em que ele me pegou em fuga, nunca mais o encontrei.

Em algumas noites, eu ouvia sua voz e seus passos descendo as escadas. Depois, eu ia para a janela e o via entrar em um carro e sair às pressas. Às vezes, Gregory voltava de madrugada ou apenas no dia seguinte. A vida daquele homem era um mistério para mim. Porém, de nada eu deveria me queixar, ele permanecia longe, como se eu não existisse naquela casa.

Mas parecia que minha paz estava perto do seu fim.

Ouvi passos vindo em minha direção quando a porta se abriu e Gregory apareceu no meu quarto. Fiquei na defensiva, fui incapaz de olhar nos olhos dele novamente. Não suportaria vê-lo me olhar com desprezo e desdém.

- Arrume-se e desça para almoçar – Ergui o rosto imediatamente ou ouvi-lo dizer essas palavras.

O que ele pretendia com aquele pedido? Havia passado dias sem trocar nenhuma palavra comigo e, de repente, aparece exigindo que eu almoçasse com ele?

- Não estou me sentindo bem – eu disse, dessa vez olhando em seus olhos. Me arrependi quase que imediatamente – eu prefiro almoçar no quarto, como tenho feito por todos esses dias.

- Não deve questionar minhas ordens, Emma – a voz arrogante e o olhar gélido me alcançaram – vista-se com uma roupa apresentável, meus avós estão vindo para conhecê-la.

E congelei e não consegui reagir àquela revelação. Na mesma velocidade em que Gregory entrou no meu quarto, ele saiu. Fiquei apenas com o aroma do perfume dele impregnado em minhas narinas, enquanto Samantha me segurava pelo braço, me arrastando para que eu me vestisse imediatamente.

Eu estava apavorada. Não fazia ideia do tipo de pessoas que eu enfrentaria naquele dia. Se os avós de Gregory fossem tão arrogantes e cruéis como ele, eu estaria perdida. Bufei baixinho enquanto Samantha colocava diante de mim um vestido casual, branco, para que eu pudesse vestir. Não questionei sua escolha, embora depois me considerasse um pouco mais velha vestindo aquela roupa.

- Você está ótima, Emma – ela alargou o sorriso. Parecia a única animada ali.

- Como pode dizer isso? – eu me sentei sobre a cama, sentindo como se meu corpo desmoronasse – não sabe como estou me sentindo por dentro. Estou com medo, Samantha. Me jogaram dentro dessa casa, selaram o meu destino sem que eu pudesse ao menos conhecer as pessoas com quem estou lidando."

- Você vai gostar de conhecê-los, Emma – Samantha colocou ambas as mãos sobre os meus ombros e os sacudiu como se quisesse injetar em mim um pouco de ânimo, – eles não são cruéis como você julga ser o senhor Gregory.

Olhei para ela com um enorme desespero e coloquei minhas duas mãos sobre o rosto, me lamentando.

Se minha amada mãe não tivesse partido tão nova, certamente eu não estaria vivendo essa situação. Eu chorava todas as noites com saudades dela, triste pela maneira trágica como ela morreu. Por outro lado, sentia um alívio, a morte da minha mãe trouxe sobre mim a liberdade de viver longe de Masson.

Havia coisa pior do que viver com o Masson?

Eu esperava que a resposta fosse não.

Vi Samantha sair do quarto e voltar em seguida, com os olhos arregalados. Segurou pela minha mão, me erguendo.

- Vamos, Emma, os avós de Gregory já chegaram.

Ela virou o meu rosto, certificando-se de que a maquiagem havia coberto todos os hematomas e, quando finalmente percebeu que eu estava pronta, me arrastou para fora. Só assim para que eu pudesse sair daquele quarto, arrastada.

Samantha me fez apressar o passo, que quase tropecei naqueles saltos enquanto descia as escadas. Forcei um sorriso educado quando parei em frente aos dois senhores. A mulher tinha os cabelos brancos e um sorriso simpático no rosto, mas o homem ao seu lado olhou para o seu relógio caro e bufou.

- Tenho uma teleconferência com o escritório de Londres em uma hora – eu olhava para o bigode que se mexia junto aos seus lábios e mal o percebi erguer o olhar e me analisar minunciosamente.

- Não sei porque o senhor ainda insiste em trabalhar – disse Gregory, mas a carranca perpétua do homem parado à minha frente permanecia. Era como se ele fosse desnudar minha alma, – já posso assumir os negócios, fiz o que o senhor tanto almejou. Consegui uma esposa.

Quando desviei o olhar, vi um sorriso radiante nos lábios de Gregory. Ele se aproximou e, em um impulso inesperado, agarrou minha mão entrelaçando nossos dedos, fingindo como era feliz ao meu lado.

Foi o calor do toque dele que me deixou atordoada.

- Onde você encontrou essa mulher? – Fui obrigada a tirar meus olhos de Gregory e olhar para o velho parado à minha frente. Ele me desdenhava com o seu olhar subjugador – ela não é uma prostituta que você alugou para fingir ser sua esposa, não é Gregory.

Meus lábios se entreabriram em uma surpresa infernal. Aquele velho estava me chamando de prostituta.

- Ela parece uma prostituta que está doente – eu nunca havia sido tão ofendida em toda minha vida, – ela está magra, pálida e tem hematomas no rosto. Diga-me Gregory, você não está me enganando só para assumir os negócios da família.

Eu podia deixar o Gregory se resolver com o avô maldito dele, mas quando o olhei e o vi desesperado, consegui até mesmo sentir compaixão dele. Eu não deveria, mas eu quis ajudá-lo.

- O meu nome é Emma Scott, filha de um velho fazendeiro da região norte. Infelizmente, sou órfã. Meu pai morreu há muitos anos e minha mãe faleceu há quatro dias.

Senti o olhar quente de Gregory sobre mim, como se não acreditasse no que eu estava prestes a fazer.

- Não sou nenhuma prostituta, senhor – forcei um sorriso, embora sentisse uma imensa vontade de ofender aquele velho maldito, – e estou magra e fraca porque Gregory me salvou dos maltrato do meu padrasto. Ele é um verdadeiro herói, casando-se comigo e me dando uma vida digna.

- Então não há amor nesse casamento? – insistiu em suas provocações, – o que prova que estou correto, que meu neto só se casou com você para herdar minha fortuna.

- Está enganado novamente, senhor – alarguei o sorriso e agarrei corajosamente o braço de Gregory com afeto.– Nunca encontrei amor verdadeiro como encontrei em Gregory. Nos amamos.

Gregory pigarreou e eu senti seu corpo tornar-se rígido. Depois que tudo aquilo acabasse, e ele me questionaria e até me castigaria por tamanha ousadia, eu assumi o controle do jogo e decidi tirar vantagem da situação. Gregory não sabia, mas eu o ajudando, ajudaria também a mim.

Mal percebi que o velho ficara alguns minutos analisando a situação, o que havia deixado Gregory impaciente.

- Veremos então se o que diz é verdade, senhorita Scott – ele disse, ajeitando o paletó caro que vestia. – A herança só será dada a Gregory quando vocês me derem um bisneto. É hora de provar todo esse amor.

Um bisneto? Agora, sim, eu estava perdida.

            
            

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