O quinto Elemento - Sopro
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Capítulo 3 3º capitulo

Peguei a jarra de água em minhas mãos. Logo ela começou a vibrar em uma intensidade grande demais para que eu pudesse segurá-la e sua água passou a se mexer dentro dela, saltando para fora. Soltei a jarra me assustando e ela caiu no chão e quebrou, fazendo cacos por todos os lados da caverna.

- Sinto muito, eu não sei como pude deixar cair, eu...

- Tudo bem, eu não estava com sede. Na verdade, apenas pedi que me alcançasse à água porque queria fazer um teste com você.

- Teste?

- Um teste de magia. Apenas aqueles que têm a magia no sangue conseguem dar vida aos elementos, e você tem. Isso faz de você uma bruxa.

- Ok, eu não estou ficando louca, eu não estou...

- Você é uma delas...

Pronto pensei, tudo que ele tinha de lindo ele tinha de louco.

- Uma delas? Do que está falando?

- É uma Rasmus, não é?

Parei para observá-lo. Ele sabia meu sobrenome, ele me conhecia, sabia quem eu era, isso fazia dele um pouco menos louco.

- Sim, como sabe que eu...

- Por que conheci sua mãe. Demorei em reconhecer os traços, o cheiro, a energia, mas agora posso ver que não estou enganado sobre você. Desde que atravessou a barreira e veio parar aqui, as coisas na floresta ganharam mais brilho, magia, luz, foi você quem trouxe tudo isso. Não sabe como esse povo vem esperando por esse momento; depois que Hely morreu, acreditávamos que nunca voltaríamos a lutar novamente.

Meu coração disparou e parou de funcionar por alguns segundos quando ele disse o nome de minha mãe. Sim, ele me conhecia muito melhor do que eu mesma, ele era a outra parte da minha família que eu não sabia que existia.

- Conheceu minha mãe?

- Sim, tanto sua mãe quanto sua avó; sua avó lutou comigo e foi quem me lacrou aqui. Sua mãe já me conheceu lacrado e não consegui convencê-la a tempo de me libertar, mas você é uma Rasmus, você pode me soltar.

- Isso não faz sentido algum, minha vó não... – Nessa hora eu me lembrei que minha avó não era quem eu pensava que eu era, lembrei que minha mãe tinha sido adotada e que provavelmente eu nunca tinha conhecido minha avó de verdade. – Desculpe, na verdade eu acho que não conheci a minha avó... – Olhei para o punhal que ele tinha cravado no peito. - E por que eu deveria soltá-lo? Se Tiina o prendeu aí é porque certamente fez algo contra ela; e se minha mãe não o soltou, talvez seja porque deve permanecer preso.

Novamente aquele sorriso de tirar o fôlego.

- Tem toda razão, vejo que é mais esperta do que eu pensava. Mas prometo lhe contar toda a história, se me soltar... – Ele parou de falar e olhou para a fenda: – Rápido! Se esconda, eles não podem vê-la aqui. Corra rápido!

Olhei para os lados, procurei algum lugar nas sombras para que pudesse me esconder e me coloquei atrás de uma rocha. Não demorou muito para que dois guardas entrassem na caverna.

- Parece que a magia da floresta também te atingiu Kaarl; vejo que está mais forte hoje do que nos últimos dias.

Dessa vez, ele não sorriu.

- São os bons ares desse lugar, meu corpo tem se acostumado à escuridão.

- Ou será que é por que uma energia muito grande foi libertada hoje, mais cedo?

- Não sei do que estão falando.

- A rainha sentiu essa energia, viemos averiguar. Tem certeza de que não sabe de nada?

Kaarl sorriu a contragosto.

- Estou preso aqui há 60 anos, como posso saber de alguma coisa?

Os dois guardas se olharam e um deles desferiu um golpe contra o estômago de Kaarl.

- Não subestime nossa inteligência, sabe muito bem que não tem poderes aqui e que se quiséssemos já poderíamos ter acabado com você há muito tempo.

Kaarl abaixou o rosto. Os dois correram os olhos pela caverna e se retiraram.

Esperei um tempo para ter certeza de que tinham ido embora e voltei para junto de Kaarl.

- Eles bateram em você, meu Deus! Está bem?

Dessa vez, ele sorriu.

- Vou sobreviver.

Porém, o punhal sangrava um pouco agora, manchando a camisa branca.

- Está sangrando.

- Acontece às vezes, não vou morrer por conta disso. Mas agora, sobre o que conversávamos? Vai me soltar ou não?

- Se eu soltar, você vai me contar sobre minha mãe e me ajudar a voltar para casa?

Vi um brilho se formar nos olhos dele.

- Sim, eu prometo, vou lhe contar tudo e, de quebra, te ajudar a ir para casa.

Aproximei-me com cuidado... Eu não deveria estar fazendo isso, mas ele era minha única esperança, tinha sido legal comigo e eu tinha que retribuir. Eu não sabia se estava fazendo certo ou não, mas eu não queria ficar naquela terra, eu queria minha família louca de volta.

Segurei o punhal com força entre os dedos e o senti vibrar. Kaarl me olhou e entreabriu os lábios, Deus, como podia ser tão belo?

Sem fazer muito esforço, removi o punhal que o prendia. A parede então tremeu e uma onda de calor dominou todo o espaço, me deixando tonta. Vi uma luz brilhar no peito de Kaarl e o corte onde o punhal havia estado antes começou a se fechar como em um passe de mágica. A luz, porém, não era clara como as outras que eu tinha visto antes, era em um tom vermelho alaranjado; meus olhos se fixaram naquela luz e mais uma vez eu fui apagando.

- Anna? Anna? - disse ele com um tom preocupado. Eu devia estar com uma cara estranha, porque ele me segurava pelo rosto e dava tapinhas na minha face. Meus olhos se fecharam lentamente e tudo escureceu.

            
            

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