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### Capítulo 2: A Máscara do Heroísmo
A música pulsava, vibrando pelo ar como um mantra festivo, enquanto Lia se movia entre os convidados da gala. A opulência era quase sufocante. O brilho dos cristais e o luxo das roupas despertavam um sentimento de ansiedade no estômago dela, um lembrete constante de tudo o que estava em jogo. Ela não podia se permitir esquecer que aquelas pessoas, que dançavam e sorriam, estavam distantes da realidade das ruas.
Artur havia se desvanecido em meio à multidão, e enquanto Lia se afastava do silêncio do telhado, sua identidade como uma membro da rebelião se camuflava sob uma máscara de desenfreada celebração. Ela puxou o vestido elegante que tinha encontrado naquela manhã. Não era sua escolha habitual, mas tinha certeza de que passaria despercebida. O espelho próximo refletiu uma versão de si mesma que ela quase não reconhecia, uma imagem que desejava destruir. Mas naquele momento, precisava da fachada para alcançar seu objetivo.
Ela se dirigiu ao bar, onde os coquetéis reluziam em taças de cristal. Contou até três e então abordou o bartender, forçando um sorriso. "Um drinque, por favor." Enquanto o barman preparava a bebida, Lia observava ao redor, analisando os rostos alegres e as conversas despreocupadas. Sabia que por trás daquela fachada de felicidade, a verdade era um eco de dor e opressão.
Murmúrios a fizeram virar a cabeça: Captain Virtue havia começado seu discurso. Ele estava em um pedestal, iluminado por holofotes, suas palavras carregadas de bravura e coragem, e a plateia o aplaudia como se ele fosse um deus. Mas para Lia, cada palavra era mais um fio na rede de mentiras que prendia as pessoas à sua adoração.
"... e juntos, podemos construir um futuro onde todos estejam seguros!", ele bradou, o sorriso sincero nascendo em seu rosto. Um grito de "Viva!" ecoou na multidão, e Lia sentiu um nó se formar em sua garganta.
Em meio ao discurso, ela percebeu uma porta lateral sendo aberta. Uma figura em um vestido longo e ousado, Lady Vex, entrou, atraindo a atenção instantânea dos presentes. Seus olhos brilhavam com uma intensidade ameaçadora, e as pessoas pareciam magneticamente atraídas por ela. Lia sentiu um arrepio na espinha. A vilã era conhecida por sua habilidade de manipular mentes e corações. Ali, ela não era apenas uma presença, mas um símbolo palpável da corrupção que infestava a heroica fachada.
"É hora", Lia murmurou para si mesma. Ela não poderia deixar que um hype em torno de super-heróis impedisse sua missão. Com a determinação renovada, foi em direção ao local onde o sistema de segurança estava instalado, um pequeno escritório que ficava estrategicamente perto da saída principal.
Ao entrar naquela área, um computador de controle estava a poucos metros. Com sua habilidade de manipulação de metal, Lia poderia criar uma conexão com a tecnologia e desativar os alarmes, mas precisava ser rápida. As luzes brancas e frias daquela sala mostravam um ambiente onde todos os segredos da gala estavam prestes a ser revelados e observados.
Ela se aproximou do computador, seus dedos dançando sobre o teclado enquanto hackeava os sistemas com facilidade. O batimento cardíaco ecoava em sua cabeça e, enquanto a tela começava a exibir informações, uma notificação de segurança piscou. Alguém havia acionado um alerta, e o próprio Captain Virtue estava prestes a entrar naquela sala.
"Droga!" Lia murmurou, olhando rapidamente ao redor em busca de uma saída. O desespero subiu em seu peito enquanto a adrenalina pulsava em suas veias. Com um movimento rápido, ela fechou a tela e começou a se esconder atrás da mesa.
A porta se abriu devagar, revelando Captain Virtue. Ele estava expressando uma aura de confiança e poder, mas os olhos dele percorreram a sala com uma intensidade predadora. Lia sentiu o suor escorrendo pela sua testa, sua mente girando a mil por hora. O que a ligação dele com esse lugar significava?
"Eu sei que você está aqui", disse Captain Virtue, sua voz grave ecoando. A atmosfera da sala se tornava opressiva. "Você não pode esconder-se para sempre."
Lia prendeu a respiração, a sua mente fervilhando com dúvidas e planos de fuga. Se ele descobrisse sua presença, todo o planejamento poderia desmoronar.
"É hora de você se revelar", ele continuou, dando um passo à frente, sua postura de poder emanando uma certeza que ressoava por toda a sala.
Quando Lia olhou para a janela, uma oportunidade se formou: ela poderia usar sua habilidade para criar uma distração e sair rapidamente, mas isso poderia comprometer tudo. Qualquer escolha errada poderia não só revelar sua localização, mas também expor a sua causa.
"Eu não sou a única que esconde segredos", Lia sussurrou para si mesma, lembrando do motivo que a havia trazido até ali. Uma nova determinação tomou forma, a revolução precisava começar naquele momento. Por trás do glamour, por trás das máscaras, a verdade precisava vencer.
Com o plano alinhado em sua mente, ela se preparou para fazer sua jogada. O eco das chamas da rebelião estava prestes a se intensificar, e Lia "Ferro" Campos estava pronta para fazer a primeira faísca surgir.