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Mei Ling caminhava apressada pelas ruas, sua respiração ofegante e seu coração acelerado. As imagens do pacote, a nota escrita por Sofía, tudo isso se repetia várias vezes em sua mente. Por que Jian Wei não havia lhe contado nada sobre essa mulher? A raiva a consumia por dentro.
Ela não percebeu o som dos passos atrás dela até que, ao virar uma esquina, Jian Wei a alcançou.
- Mei Ling! - exclamou ele, respirando com dificuldade. Ele havia corrido atrás dela, sem se importar com mais nada.
Mei Ling não parou. Não queria olhá-lo. A fúria era tanta que seu peito doía. Não estava disposta a ouvir suas explicações. Mas Jian Wei a pegou pelo braço, obrigando-a a parar.
- Me solta! - gritou Mei Ling, afastando-se de seu aperto.
- Não! - Jian Wei a olhou com desespero. - Mei Ling, por favor! Você tem que me ouvir.
- Ouvir você? - Mei Ling se virou para ele, seus olhos brilhando de raiva. - Para quê? Para você continuar mentindo para mim? Para me dizer que tudo isso não significa nada?
- Não é o que você pensa. - Jian Wei parecia tão frustrado quanto ela. - Por favor, me deixe te explicar.
- O que você vai me explicar? - Mei Ling o olhou com incredulidade. - Por que uma mulher que você nem conhece te manda um pacote com corações e escreve para você como se fosse mais do que uma conhecida?
O sangue de Jian Wei congelou por um momento. Não havia como Mei Ling compreender o que realmente havia acontecido sem contar-lhe tudo, embora soubesse que não seria fácil.
- Me diga agora quem ela é! - Mei Ling levantou a voz, sua voz tremendo de raiva.
- Mei Ling, me escute... - Jian Wei respirou fundo. - Sofía é alguém do meu passado, mas não o que você pensa.
Mei Ling o olhou fixamente. Não queria ouvir mais desculpas.
- Seu passado! - riu amargamente. - Isso é tudo o que você tem a dizer? Que ela faz parte do seu passado? - O sarcasmo em sua voz era evidente. - Você não percebe o que está me dizendo? Isso não é um simples "passado". Isso é algo recente. Ela continua te escrevendo, te mandando pacotes... E você me diz que não aconteceu nada!
Jian Wei sentiu seu peito apertar. Não podia perdê-la, não podia deixar que essa confusão destruísse o que ele tanto lutara para conquistar.
- Mei Ling, escute bem. Sofía não significa nada para mim. Quando estive na Espanha, conheci muitas pessoas, e ela foi uma delas. Tivemos momentos juntos, sim, mas nada mais. Não houve amor, não houve nada. Ela insistiu muito, mas eu sempre deixei claro que não estava interessado.
- Então por que ela continua te enviando coisas? - Mei Ling o interrompeu, os olhos cheios de lágrimas de raiva. - Por que ela te manda um pacote com uma nota tão... pessoal?
Jian Wei deu um passo à frente, olhando para Mei Ling com uma dor que nem ele mesmo podia esconder.
- Porque ela não entendeu que eu não queria nada com ela - suspirou, buscando as palavras certas. - Ela me mandou esse pacote para "me lembrar" do que supostamente compartilhamos, mas te juro, Mei Ling, não aconteceu nada. Nada do que ela acredita.
Mei Ling o olhou com incredulidade. Não sabia se acreditava em suas palavras, mas algo em seu tom parecia sincero.
- Então, por que você nunca me contou? - perguntou, sua voz tremendo.
Jian Wei abaixou a cabeça, envergonhado.
- Nunca pensei que teria que falar sobre ela - sua voz estava baixa, quase inaudível. - Achei que se deixasse tudo no passado, seria melhor. Não sabia que ela voltaria a aparecer dessa forma, especialmente com um pacote tão estranho.
Mei Ling o observou em silêncio, suas emoções misturadas, confusas. A dor que sentia ainda estava ali, mas as explicações de Jian Wei pareciam sinceras.
- Não sei se posso acreditar em tudo o que você está me dizendo... - sussurrou, abaixando a cabeça. - Mas... o que você quer que eu faça, Jian Wei? Que eu esqueça tudo isso?
Jian Wei deu um passo mais perto dela, a desesperança e a dor refletidas em seu rosto.
- Só te peço uma chance - estendeu a mão, na esperança de que Mei Ling a pegasse. - Acredite em mim, por favor. Não tenho nada a ver com Sofía além do que te contei. O que eu realmente quero, o que sempre quis, é estar com você.
O silêncio entre eles se fez pesado. Mei Ling olhou para sua mão estendida e, por um segundo, hesitou. Será que ela poderia confiar nele depois de tudo isso?
Finalmente, ela pegou sua mão. Não sabia o que aconteceria a seguir, mas estava disposta a ouvir.
- Eu te prometo, Mei Ling - Jian Wei a olhou nos olhos, sua voz firme. - Não há nada entre Sofía e eu. E eu não quero te perder.
Mei Ling não disse mais nada. Apenas ficou ali, em silêncio, segurando sua mão enquanto o vento frio acariciava seus rostos.