VIÚVO VINGATIVO: Em busca da virgem
img img VIÚVO VINGATIVO: Em busca da virgem img Capítulo 5 4
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Capítulo 5 4

Alice Giordano

Ainda não era tão tarde quando chegamos ao apartamento de Julia. Assim que cruzamos a porta, ela fez questão de me mostrar cada cômodo - a cozinha compacta, mas moderna, a sala com um sofá aconchegante e algumas plantas que davam vida ao ambiente, e o banheiro de azulejos claros. Ao final, apontou para o seu quarto e disse, com um sorriso leve, mas firme:

- Pode se sentir em casa, mexa em tudo que precisar... menos aqui. - disse, referindo-se ao próprio quarto.

Era compreensível. Um limite que eu respeitaria sem questionar.

Enquanto caminhava pelo apartamento, ainda tentava acreditar que tudo aquilo estava mesmo acontecendo comigo. Londres. Eu, em Londres. Nunca imaginei que estaria nessa cidade, prestes a cursar Literatura, com a possibilidade real de construir uma vida aqui - desde que conseguisse um emprego fixo. Era esse o caminho que eu precisava seguir.

Voltar para a Polônia? Nunca mais. E muito menos para Alessandria. Meu pai havia tirado de mim qualquer chance de retorno. Depois do que Sara me revelou, o medo que eu sentia dele se multiplicou. Um homem que fora capaz de matar uma família inteira e, ainda por cima, vender a própria filha para um desconhecido... era capaz de qualquer atrocidade.

Minha consciência martelava em minha mente, me lembrando que minha tia continuava próxima daquele monstro. E esse pensamento me fazia apertar o peito.

Assim que me sentei na cama do quarto que Julia havia reservado para mim, liguei para ela. A mala, largada no canto, seria desfeita depois. Julia tinha saído para comprar alguma coisa que não entendi muito bem o que era - talvez um produto de limpeza ou algum item de cozinha - e, até seu retorno, eu estava sozinha.

A viagem, embora não tão longa, me deixara exausta. O cansaço se misturava à ansiedade e ao medo, embaralhando minha tranquilidade. Queria ouvir a voz da minha tia, torcendo para que isso me acalmasse.

O telefone chamou três vezes antes de ser atendido. Quando ouvi sua voz, percebi o quanto ela estava apreensiva. A respiração de alívio do outro lado da linha quase me fez chorar.

- Estava preocupada, menina! - disse, com a voz tensa. - Minha amiga comentou que você ainda não havia chegado, e eu sabia que seu voo chegou no horário.

Um peso caiu sobre mim. Senti culpa por tê-la deixado apreensiva, ainda mais sabendo que nem estava onde ela imaginava.

- Me desculpa, tia... - falei, hesitante. - Mas eu não fui para a casa da sua amiga.

A pausa dela foi imediata. Meu coração acelerou. Continuei, tentando conter a voz trêmula:

- Antes que me dê uma bronca, eu só queria agradecer. De verdade. Tudo que a senhora fez por mim foi incrível, e um dia, juro que vou retribuir. Mas pensei melhor... ficar na casa da sua amiga seria fácil demais para Luca me encontrar.

O silêncio que seguiu foi ensurdecedor. Eu sabia que ela ficaria preocupada por não saber exatamente onde eu estava, mas também sabia que, com vinte anos, eu já podia - e precisava - me virar sozinha.

Depois de um suspiro audível, ela respondeu com serenidade:

- Você é uma menina inteligente, Alice.

Havia orgulho em sua voz.

- Seu pai ficou descontrolado quando contei da sua fuga. Mas eu não fui burra. Inventei que você estava apaixonada por um francês e que tinha escondido o relacionamento até de mim.

A maneira como ela soltou um leve riso me arrancou um sorriso, mesmo que tímido. Minha tia sempre foi boa em inventar histórias, quase tão boa quanto a própria Julia.

- Quem não gostou nada disso foi Oton. Ele apareceu aqui exigindo o dinheiro de volta, como se você fosse uma encomenda que nunca chegou.

A raiva me queimou por dentro. Odiava aquele homem tanto quanto odiava meu pai. Só de lembrar do jeito como ele me olhava, um calafrio me percorria a espinha. Não era só nojo - era medo.

- Quero que esses dois vão para... o inferno. - resmunguei, contendo o palavrão mais pesado que me veio à mente. Meus anos no convento ainda deixavam suas marcas. Eu não era nenhuma santa, mas também não conseguia deixar de lado certos ensinamentos da casa de Deus.

- Só espero que nada aconteça com a senhora. Eu não me perdoaria.

- Não se preocupe, querida. Luca pode ser o diabo em pessoa, mas morre de medo de ser deportado para a Itália. Se fizer algo contra mim, não terá para onde correr. - A convicção dela me trouxe algum alívio.

E eu realmente precisava acreditar nisso. Sabia que ele vivia preso àquela cidade por conveniência e medo. Se fosse pego, seria detido imediatamente. Mas preferi não contar com sorte. Precaução era minha melhor amiga agora.

- Não precisa se preocupar comigo - continuei, tentando parecer confiante. - Vou ligar todos os dias. Estou em um lugar confortável, e amanhã começo a procurar um emprego. Já me sinto melhor depois de falar com você.

De fato, aquela ligação me deu ânimo. Menos medo. Mais determinação.

- Amanhã vou à Universidade de Londres me apresentar. Depois disso, tudo vai melhorar.

- Vai sim, meu amor. Tenho certeza.

Ao desligar, tentei me conter. Quis ser forte. Mas foi inútil. As lágrimas escorreram silenciosas. Estar longe da única família que eu tinha me partia o coração. Mas tudo isso era necessário. Por ela, por mim, por um futuro diferente. E eu faria o possível - e o impossível - para trazê-la para cá um dia. Quando estivesse firme. Quando fosse, finalmente, livre.

                         

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