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A garota da foto

E.J.L Spiekovski
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Capítulo 1 1º Capítulo

A casa de Marina para Luana era sua verdadeira fortaleza, era ali que ela se sentia bem e livre para falar o que quisesse, vestir o que quisesse e rir sem ter medo que alguém fosse lhe maliciar por isso, porém nem sempre tinha sido assim, quando Luana era pequena ela teve uma casa de verdade, uma que ela costumava chamar de lar, mas isso é claro já fazia muito tempo, na verdade isso tinha sido antes de seu pai falecer.

Ela, o pai e sua mãe moravam naquela casa, era uma boa casa, em um bom bairro, porém seu pai adoeceu e as coisas se complicaram, sua mãe costumava dizer:

- Papai só está cansado querida, amanhã ele estará melhor e brincará com você...

Mas esse dia nunca chegou, o pai de Luana faleceu meses depois disso de câncer no pâncreas, lembrava-se de ouvir sua mãe falar com a voz embargada pela bebida forte.

- "Ele foi morar com Deus"...

Ela não conseguia entender quem era esse tal de "Deus", mas sua vida virou um inferno depois disso, sua mãe começou a beber cada vez mais e Luana teve que começar a se virar sozinha, foi então que o pior aconteceu, sua mãe conheceu Jhony, um alcoólatra como ela que ainda por cima era viciado em jogos, o tempo passou e ele acabou perdendo a casa de vocês para uma dívida de jogo, as duas acabaram tendo que ir morar na casa dele, uma casa pequena e muito velha, caindo aos pedaços em um péssimo bairro, a porta estava sempre quebrada, o próprio Jhony era quem a quebrava, toda vez que chegava bêbado ou quando perdia a chave, Luana cresceu desconfortável sendo perseguida pelos avanços do homem que insistia em passar a mão em seu corpo, ela pediu ajuda da mãe inúmeras vezes, porém a mãe estava sempre na maioria do tempo fora de si por conta das bebidas, então o jeito era fugir e se trancar em seu quarto até que ele desistisse dela e a deixasse em paz.

Sua mãe não acreditava que Jhony pudesse lhe fazer mal, para ela ele era um homem bom e as tinha acolhido por amor, cega por ele desacreditava toda vez que a filha falava dele.

- Mãe, ele já tentou me tocar!

- Deixe disso Luana, Jhony nunca encostaria um dedo em você, ele não é seu pai de sangue, porém lhe ama como se você fosse filha de verdade dele.

Luana suspirava e engolia suas lágrimas, Marina era sua única amiga e também a única que sabia de toda a sua dor.

- Nós podíamos ir para a balada hoje...

Disse ela empolgada, Luana apenas sorriu.

- Sabe que eu não posso, meu padrasto me mataria, e tem mais, eu não tenho dinheiro...

- Seu padrasto é muito ruim para você! Por que não pede para sua mãe?

- Ela não me ouviria, têm bebido muito nos últimos dias, eles tiveram uma briga na semana passada e isso só fez piorar o vicio dela.

- Que horror, quanto ao dinheiro sabe que não precisa se preocupar com isso, eu jamais te cobraria um centavo por sair comigo.

Marina era estudante de Fotografia e morava a pelo menos seis anos na cidade, porém estava desempregada e isso preocupava Luana, pois se ela não conseguisse um emprego, logo teria que voltar para a casa de seus pais.

- Conseguiu algum emprego?

- Nada! Estava querendo alguma coisa no ramo da fotografia, porém todas as vagas disponíveis requerem experiência, como eu vou ter experiência se ninguém me dá a primeira oportunidade?

- Talvez devesse dizer isso nas suas entrevistas de emprego, vai que dá certo...

Marina suspirou.

- Seria uma boa tentativa.

Ela ficou em silencio por um tempo e logo deu um salto.

- É isso! – Disse saltando como se tivesse tido uma ideia. – Vou tirar fotos suas para o concurso da Lyne Models, assinarei como sua fotógrafa pessoal, você é escolhida e se torna modelo deles e de quebra me arrasta junto! Seremos um sucesso!

- Lyne Models? O que é isso? Ficou doida? Eu nem modelo sou!

- Não é, mas pode ser... Olha só para você, você é linda! Tem ideia de como as ruivas são raras e procuradas dentro do mundo da moda? E tem mais o concurso para ser o novo rosto da Lyne Models está aberto e não custa nada à gente tentar!

- E se meu padrasto descobrir?

- Ele não irá descobrir! Vamos amiga, por favor, você é minha melhor aposta!

Luana mordeu o lábio nervosa, isso não estava cheirando bem, ela nunca tinha se imaginado como modelo, porém queria poder ajudar Marina e não custava nada dar essa forcinha.

- Tudo bem, eu topo... O que eu preciso fazer?

Ela comemorou entusiasmada.

- Vou olhar agora mesmo quando que enceram as inscrições...

Ela abriu a internet e pareceu ficar apavorada com algo.

- Droga! Termina hoje... – Ela me olhou de cima a baixo. – Ok! Não criamos pânico, eu te empresto uma roupa e vamos agora mesmo fotografar em frente a Lyne Models!

- Hoje? Quer dizer, agora? E por que em frente a Lyne?

- Sim, agora! Não temos muito tempo e vamos até lá por que tem um belo jardim em frente, as fotos ficaram perfeitas!

Luana suspirou se sentindo amedrontada, já tinha se arrependido por ter concordado com isso, mas no fundo queria poder ajudar Marina, afinal ela já a tinha ajudado tanto.

Marina lhe emprestou um vestido bonito e a maquiou, olhou-se no espelho sem acreditar na própria aparência.

- Nossa você fez um verdadeiro milagre aqui!

- Deixe disso! Você é linda, veja só esse corpo, esses cabelos vermelhos e esses olhos azuis, quer ser mais perfeita como?

- Para! Eu não sou tão bonita assim...

- Tem razão, não é bonita, é linda! Agora vamos, que eu ainda tenho que editar sua foto para participar do concurso.

- Ok!

Eu a segui, pegamos um Táxi que nos deixou em frente a Lyne, eu subi as escadas e fiz pose para ela que estava com o celular em mãos, Marina tirava tantas fotos que eu já estava ficando zonza, o vento bateu no meu vestido e tentou erguê-lo nesse instante eu me assustei e na tentativa frustrada de segurar o a barra da saia comecei a rir sozinha, Marina se aproveitou do momento e bateu a foto, antes porém que eu pudesse me recuperar de tudo, alguém bateu forte contra o meu ombro e me derrubou no chão.

O homem bem vestido que esbarrara em mim, porém, nem se importou com isso, seguiu seu caminho como se nada tivesse acontecido, irritada joguei uma pedra nele que acabou acertando sua nuca o fazendo se virar.

- Hei você! Não olha por onde anda não?

Ele se virou para mim com o olhar mais frio e duro que eu poderia receber, me senti congelada instantaneamente ao o ver vindo na minha direção.

- Por acaso sabe com quem está falando?

Eu ri alto sem dar plateia para o show dele.

- Ah coitado! Ele tem amnesia, não se lembra de quem é!

Ele sorriu umedecendo os lábios e coçou os olhos de um jeito que fez com que eu me arrepiasse dos pés a cabeça, arrogante, estúpido, porém, muito, mas muito belo...

- Tudo bem, o que você quer?

- O que eu quero? Você esbarrou em mim! Derrubou-me e ainda estragou minha foto!

Ele me olhou fixo sem sorrir e então fez um sinal para Marina.

- Você... Envie-me a foto dela! – Ele disse abrindo a carteira e tirando duas notas de cem dólares e me alcançando.

- O que é isso?

- Dinheiro, oras... Acabei de comprar sua foto! Agora, me deixe em paz!

Eu abri e fechei a boca incrédula com a arrogância dele, quem ele pensava que era para me tratar dessa forma, ele me deu as costas e eu teria ido atrás dele se Marina não tivesse me segurado pelo braço e me impedido.

- Para Luana!

- Parar? Você viu a arrogância daquele estupido? Eu vou é quebrar a cara dele!

- Não vai não! Ficou maluca? Têm ideia de quem ele é?

Eu olhei para o homem que entrava no carro de luxo e se retirava.

- E que diferença faz? Vai saber quem ele é!

- Ele é Aaron Lyne! Dono da Lyne Models! Você acabou de insultar o dono da agência para a qual pretende entrar!

Meu queixo voltou a cair e eu cobri a boca agora mais apavorada ainda, se eu não tinha nenhuma chance antes, agora com certeza elas estavam zeradas.

- Meu Deus! Por que você não mandou eu me calar?

- Eu tentei, mas você nem olhou para mim!

Sentei na escadaria desanimada.

- Droga! Joguei nossa oportunidade de mudar de vida no lixo, ele nunca que vai me dar uma chance dentro da agência dele!

Marina se sentou ao meu lado me consolando.

- Vai saber, ele comprou sua fotografia, numa dessas talvez ele decide pensar com o coração e te dar uma chance.

Eu olhei para ela incrédula.

- E aquilo lá, tem coração por acaso?

É isso era uma boa colocação a se fazer, já que era de conhecimento geral que Aaron Lyne era um homem extremamente frio e calculista quando se tratava dos negócios.

Aaron abriu a foto de Luana dentro do carro admirando a beleza da moça, Max olhou para a foto no celular do amigo.

- Comprou mesmo a foto dessa moça?

- Comprei, ué... É bonita.

- Verdade, muito bonita, aliás, ela tem de fato uma beleza exótica e muito distinta.

Aaron enviou a foto para o amigo.

- Enviei para você, descubra tudo sobre ela, nome, endereço, telefone... Tudo... Quero essa garota na minha cobertura.

Max piscou como se não tivesse acreditado no amigo.

- Não pode estar falando sério...

- É claro que estou, qual é o problema?

- Olhe para ela, ela não é como as garotas que está acostumado, veja bem, o que te faz crer que a mesma garota que te atacou e insultou minutos atrás irá aceitar jantar com você?

Aaron estreitou os olhos.

- Todas tem um preço, descubra o dela e eu o pagarei.

Max arqueou a sobrancelha, sentindo pena do amigo.

- Nem todas... Escute, eu acho que...

- Não é pago para achar nada! Encontre a garota e a traga até mim! Apenas isso!

Max suspirou, não adiantava discutir, Aaron era obstinado, quando colocava uma ideia na cabeça ele não desistia e quando queria conquistar uma mulher ele sem dúvidas a tinha, era implacável, com essa doce e ingênua menina não seria diferente, Max só esperava que ela não saísse machucada com isso, pois não parecia o tipo de garota que Aaron estava acostumado a iludir.

            
            

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