/0/14600/coverbig.jpg?v=edb2dd54a00de9a7d9f476ce8ebcb505)
O olhar calmo de que estava tudo sob controle mudou no instante em que as portas do elevador tiraram Laissa do seu campo de visão. Voltou para a sala da mulher procurando dentre todas as bebidas mais forte para lhe servir e beber tudo de uma vez para ver se morria com uma única dose.
- É, não foi dessa vez. Que saco. Meu jashin, eu vou morrer não é? Me leva logo de uma vez porque não aguento mais.
Saiu dali descendo um andar para se ver dentro do seu mundo. Desviou de algumas pessoas correndo de um lado para o outro, findando campanhas e clientes que enalteceu a empresa de Laissa, bom, cada um seu trabalho. Parou na sua sala se jogando contra a cadeira, louca para começar seus afazeres... nem tanto assim.
- Mariane estou com o cast de amanhã para o desfile dos modelos. E é cada um mais bonito que o outro – Avisou para a loira depositando a pasta na mesa.
- Obrigada. Deixa aí, preciso fazer outra coisa urgente.
- Ah, entendi. Vi que nossa rainha está toda de preto hoje, aconteceu algo? – Mariane desviou da tela do computador para sua amiga.
- O que você quer saber? Não tem nada para saber porque se você pudesse resolver alguma coisa pra mim eu te contaria, mas além de tudo isso não ser da sua conta, eu não tenho cinco milhões de reais para pagar a multa do segredos daquela maluca – se calou depois de um tempo, levantou rodeando sua mesa.
Queria gritar, surtar de vez, mas apenas agarrou as pontas de seu cabelo alisando seu coque antes de voltar-se a outra que já se afastava.
- Quer saber, Sasha, você pode fazer uma coisa por mim sim. Ligue para a equipe de limpeza e mande para a sala da Laissa, por favor – a garota tratou de anotar - Peça para Jean ter o bom senso de não fofocar sobre Laissa quando trazer ela para o trabalho e também a Connie para PARAR DE ESPALHAR O RESTO DAS FOFOCAS DESSE LUGAR.
- Nossa... Calma Mariane. Estamos animados com a nova campanha. Mas toda notícia da nossa rainha lá de cima é como uma bomba aqui embaixo. Sem contar que hoje mais cedo vimos aquele cara subir aqui, já o vi na casa da Laissa. Ele era um dos empregados dela e saiu daqui muito zangado.
- Trabalhar para Laissa D. Chase não é algo fácil. E agora tenho que encontrar um novo e bom empregado para ela. – Pegou suas coisas pela sala - Não me mandem mensagem hoje. Vou atrás de uma coisa muito importante.
- Mas e a campanha nova?
- Eu não tô ligando pra essa droga agora. Me deixa em paz. – Bradou ainda mais zangada e saiu do escritório.
Desceu para seu carro e assim que se viu livre de tudo e de todos tirou um simples caderninho dourado do fundo da bolsa discando o primeiro número que achou.
- Oi, sou Mariane Dream, a assistente direta de Laissa Chase... sim, sim quanto tempo. – Sorriu se encostando no banco - Pois é, então, estou procurando um dos seus garotos... Céus qualquer um... não, não é para mim é pra Laissa... alô? Alô? Oi? Mas o que?
Discou o número outra vez e antes de começar a falar
- Não ligue mais para minha agência atrás dos meus modelos atrás desse tipo de serviço. Os últimos que mandei para essa mulher me voltaram com marcas que não puderam usar seus copos por quase dois meses. Não vou sacrificar uma pessoa.
E essa também foi a desculpa de mais seis agências que se recusaram a falar mais sobre o assunto.
Mariane baixou o celular do ouvido com ódio. Gritou dentro do carro socando o volante, o banco ao lado. Jogou sua bolsa pelos ares, o caderno e o celular.
Desceu do carro para tomar um ar e o estacionamento quente apenas a deixou ainda mais irritada. Tirou o casaco dos seus ombros tentando enrolar seu cabelo para não tocar na pele.
Laissa Chase, um nome muito conhecido na internet, mas poucos sabiam da sua vida particular, poucos daquele mundo, pois todas as agências de modelos com um longo histórico de book azul já havia riscado o número de Laissa da lista de clientes.
- O que eu vou fazer? Céus, eu vou morrer... Ainda nem quitei meu apartamento, e o meu carro? Nem casei, não, não vou casar.
Choramingou por todo lugar tentando lembrar alguma agência que podia enviar alguém sem querer esquecendo do nome de Laissa, mas isso seria um trabalho em vão.
Porém, sua cabeça lhe entregou uma luz, uma luz que se iluminou trazendo o rosto de um grande amigo e boas lembranças como uma cobrança de favores. Ah, isso seria perfeito.
♥️
O olhar fechado daquele garoto assustaria até mesmo as criaturas horrendas dos filmes de terror. Seus lábios se uniram um no outro antes que vomitasse e fechou a porta daquele banheiro correndo dali. Saiu no bar tirando as luvas e jogou tudo em cima do balcão assustando o irmão do outro lado.
- O que tá fazendo garoto? Volta ao trabalho.
- Jason, eu não vou limpar aquilo. Você tá maluco?
- O único maluco que eu vejo aqui é você. Quem acha que é pra falar alguma coisa? – Mason suspirou ainda mais revoltado vendo o outro sair de trás do balcão e parar diante de si - O papai te mandou pra minha casa porque agora virou um rebelde sem causa largou o futebol, sabe o que isso vai te custar? Uma faculdade.
- Ainda tem outras – Tentou falar.
- Eu não quero saber. – Gritou de volta - Você não vai morar na minha casa de graça, nem comer de graça. Vai trabalhar no meu bar até a faculdade e isso se você chegar em uma. E se chegar, vai precisar de dinheiro, não é? Limpe o chão, lave a louça e o banheiro. – O outro apenas virou a cara - Eu não sou o seu pai.
- Claro que não.
Antes que Jason voltasse a falar alguma coisa, escutaram o sino rústico no lugar tocar, era cedo demais para clientes entrarem, mas não o suficiente para Liam atravessar as portas. Jason cruzou os braços indo para o lado do irmão.
- Você fez mais alguma coisa que não fiquei sabendo? Mason eu vou te matar.
- Só tem uma semana que fui expulso de casa, ainda não deu tempo de eu fazer uma besteira – Sussurrou de volta vendo o outro se aproximar.
- Oi Liam. Que bom que veio me visitar. – Jason se colocou em frente ao irmão - Fazia alguns meses.
- Não vim por sua causa – Declarou e Itachi muito a contragosto se afastou dando a Liam a visão do filho mais novo.
O olhou dos pés à cabeça, diferente dos tênis brancos e lavados que Mason costumava usar, agora em seus pés havia uma bota velha seguido de um avental sujo por cima de uma camiseta fina e um short qualquer.
- Oi, pai. Eu espero que tenha vindo me levar pra casa. A minha mãe sent- – sua frase ficou no ar quando a mão de Liam preencheu seu rosto numa tapa estalada lhe jogando para trás. Se apoiou no balcão voltando a olhar para o pai - Você tá maluco?
Liam ergueu sua mão livre mostrando uma carta, e Mason rapidamente reconheceu sendo de uma faculdade. No entanto o mais velho a amassou antes de rasgar em quatro partes e jogar diante de Mason, que, prontamente se ajoelhou catando os pedaços.
- Desde que você saiu do futebol, nenhuma faculdade esportiva te quis, no entanto, achei que havia se inscrito para muitas outras. – Mason juntou as partes apenas para ler que não foi aceito - Para descobrir que você não fez nada e não entrou em lugar nenhum.
- Liam... – Jason o impediu que avançasse mais - Para com isso. Deixa o meu irmão em paz.
- Vocês defendem ele com tanto vigor. Que cuidem dele agora, porque não tem mais mesada, não tem escola paga, não tem mais nada. – Brigou com o outro e deu as costas aos filhos saindo da mesma forma que entrou.
Jason fechou os olhos devagar pensando um pouco mais em tudo que escutou antes de abri-los e virar para Mason ainda ajoelhado no chão. Problemas, Mason era um poço de problemas e agora está no seu quintal.
Agachou em sua frente tentando sorrir, mas isso não faria seu irmão feliz.
- Sinto muito pela faculdade.
- Eu saí do futebol porque escutei ele falar sobre não poder mais pagar as aulas e os cursos dessa droga. Achei que isso deixaria todo mundo mais feliz.
- Não posso dizer se fez certo ou não. Mas me diz, o que merda tem agora? – Mason o olhou - Falta quantos meses pra você terminar o colegial? E a mensalidade dessa escola é quanto? Caralho Mason você veio cheio de dívidas pro meu lado?
- Vai me expulsar também? – Levantou rápido e Jason mais rápido ainda, no entanto, não conseguiria crescer para cima do seu irmão mais novo este tendo quase dois metros de altura.
- Não. Vou te mandar terminar o seu trabalho. Limpe o chão, o banheiro, a louça e ainda vai servir como garçom durante todas as noites para pagar o resto da sua escola, e talvez uma boa faculdade.
- Jason... – Lamuriou apertando ainda mais a carta em suas mãos e deu as costas.
- Oh moleque que só me dá trabalho. – Outra vez o sino soou naquele lugar - AINDA TÁ FECHADO. – Gritou irritado virando para encontrar Mariane, que abriu um largo sorriso. - Céus, mais problemas?