Capítulo 4 4

Kyra Lewis:

Nós permanecemos nos encarando até que decidi sentar ao seu lado. Ele quebrou o silêncio, dizendo:

- Vim aqui para te fazer uma proposta.

O nervosismo tomou conta de mim; só de estar perto dele, já estava inquieta, algo que nunca havia sentido, nem mesmo na presença do Alex. O que estava acontecendo comigo?

Fiz um esforço considerável e consegui me pronunciar:

- Que tipo de proposta?

- Antes de mais nada, deixe-me me apresentar. Sou Matteo Rossi, proprietário das agências de modelos Rossi.

- Eu conheço você; meu pai sempre fala sobre sua agência - respondi, quase sem voz -. Sou Kyra Lewis.

Quando ele segurou minha mão, senti uma corrente elétrica percorrer todo o meu corpo. Parecia que ele também sentiu, pois me olhou rapidamente antes de levar minha mão aos lábios e dar um delicado beijo no local.

- É um prazer conhecê-la, Kyra - ele disse, e eu gostei da forma como meu nome soou com sua voz grave e rouca. O que está acontecendo comigo?

- Então, qual é a proposta? - falei, apressando-me.

- Estou lançando uma nova coleção de roupas na agência e quero fazer algo que ninguém jamais fez. Quando vi você na clínica do Felipe, fiquei encantado com sua beleza e percebi que você seria a modelo perfeita para esse lançamento.

Fiquei em choque ao ouvir isso. Eu, modelo? Nunca havia cogitado essa possibilidade, e após o acidente, essa ideia estava longe dos meus pensamentos.

- Eu... meu Deus, você tem certeza? Deve haver modelos muito melhores na sua agência - respondi, mas ele me interrompeu.

- Mas eu quero você - disse ele, olhando nos meus olhos. Ele arregalou os olhos e continuou -. Quero você como a modelo para esse lançamento. Sei que você deve estar insegura por causa do acidente, mas não deixe isso te atrapalhar. Você é linda, e embora eu não saiba exatamente pelo que você passou, reconheço sua força por estar aqui, firme e resistente.

Sorrindo, deixei uma lágrima escapar. Ele me achou linda. Foi quando ele se aproximou mais, limpou a lágrima que escorria pela minha bochecha e olhou bem nos meus olhos enquanto acariciava o local onde me limpou. Esse gesto me arrepiou, e percebi que ele notou, pois esboçou um sorriso de canto.

Afastando-me rapidamente, perguntei:

- Você falou em lançamento de roupas. Que tipo de roupas?

- Biquínis - respondeu ele, e eu o olhei, atônita.

- Não sei se posso aceitar.

- Olha, não vou te forçar a nada, mas você precisa deixar essa insegurança de lado e mostrar a mulher forte e linda que você é. Vou te dar meu número, e você pensa melhor. Depois, me avise, tudo bem?

- Tudo bem - respondi, aceitando o cartão que ele me ofereceu. Ele se incluiu mais próximo e disse:

- Espero que você pense com carinho na minha proposta. Ficaria muito feliz se você aceitasse. - Ele me deu um beijo suave na bochecha e saiu rapidamente do escritório.

Um pequeno sorriso surgiu em meu rosto ao passar a mão onde ele me beijou, enquanto ia para o meu quarto, refletindo sobre o que ele havia dito.

Será que eu deveria aceitar?

[...]

Matteo Rossi:

Saí do escritório do Eric praticamente correndo. O que me deu na cabeça para dar aquele beijo nela? Mas ela é tão cheirosa que eu quase perdi o controle, desejando agarrá-la e levá-la para aquela mesa. Mas, ao perceber o que estava prestes a fazer, optei por apenas um beijo na bochecha antes de sair rapidamente.

- Você já vai? - perguntou Eric, com curiosidade.

- Sim, preciso ir para a agência; estou cheio de trabalho hoje - respondi, mas, na verdade, estava fugindo do desejo incontrolável que sentia por aquela garota. O cheiro dela ainda pairava no ar da casa.

- Você conseguiu falar com ela?

- Sim, ela estava meio indecisa, mas deixei meu número para que pudesse pensar e me dar uma resposta.

- Tenho certeza de que ela vai pensar com carinho na sua proposta - disse Eric.

- Assim espero. Preciso ir - abracei-o e saí.

Quando cheguei à agência, fui direto para meu escritório. Ao entrar, encontrei o Nate me esperando.

- Você está aqui há muito tempo? - perguntei.

- Não, acabei de chegar.

- Eu também cheguei agora, passei na mansão dos Lewis para falar com a Kyra.

- Como foi lá? - ele perguntou, curioso.

Contei-lhe tudo a respeito da visita, e ao final, ele ficou me encarando, em silêncio.

- O que foi? - indaguei.

- Só estou surpreso. Nunca vi você ser carinhoso com ninguém.

- Eu sou carinhoso, só não demonstro - retorqui.

- Mas você demonstrou para ela - ele sorriu. - Está gostando dela?

- Não, claro que não.

- Agora me deu uma vontade de conhecê-la - disse, e imediatamente fechei a cara.

- Fique longe dela - respondi, lançando um olhar sério.

- Olha quem está com ciúmes! Eu adoro ver o grande Matteo Rossi assim - ele riu, alto.

- Não estou com ciúmes, só não quero que você se aproxime dela. Ela ainda fica desconfortável perto de muitas pessoas.

- Sei - ele sorriu -. A Melissa estava procurando você.

- Deixa ela continuar. Hoje não quero saber dela. Só quero chegar em casa, tomar um banho e descansar - falei, já cansado.

- Você está estranho - comentou Nate.

- Como assim? - perguntei, confuso.

- Não sei se é coisa da minha cabeça, mas desde que conheceu essa garota, você está mais carinhoso, não quer sair com ninguém e parece perdido em seus pensamentos.

- Não é por causa dela. A inauguração da agência está perto, estou cheio de trabalho e sem um dia de descanso - respondi, tentando me defender.

- Vou fingir que acredito - disse ele, com uma expressão cética.

- Para de com isso. - Levantei-me, indo em direção à porta.

- Para onde você vai? - perguntou Nate.

- Se você não trabalha, eu sim. E agora preciso de uma reunião, já estou atrasado.

- Eu trabalho sim - retrucou ele, e não pude conter um sorriso.

- Se você diz. Mas agora preciso realmente ir. Estou muito atrasado.

Após três longas horas de reunião, cheguei em casa exausto e com uma dor de cabeça insuportável. Fui direto para o banheiro, tirei minhas roupas e entrei no chuveiro. Enquanto a água escorria pelo meu corpo, ela veio à minha mente, e imediatamente meu desejo por Kyra se acendeu. Comecei a me tocar, imaginando que era ela à minha volta; quando cheguei ao meu limite, gozei chamando seu nome.

Após o banho, colapsei na cama, sem roupas, e voltei a pensar nela.

Kyra, Kyra, o que você está fazendo comigo? Será que Nate está certo e, talvez, eu esteja começando a gostar dela? Não pode ser apenas atração, talvez o desejo de experimentar algo inexplorado. Quando finalmente tivermos algo, será que essa intensidade diminuirá? Assim espero.

E com esses pensamentos, acabei adormecendo...

            
            

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