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VITTORIO
- Já era hora. - disse Thomás ao meu lado.
O homem de 23 anos, era meu segundo em comando e o bastardo mais sem coração que alguém poderia conhecer. E eu o amava por isso. Ele me mantinha alerta quando eu estava escorregando.
- Eu sabia que aquele filho da puta do Thiago ia querer fazer algo assim. O que você acha que ele está planejando, hein? - perguntou Thomás.
Dei de ombros enquanto atravessava.
- Não sei, Thomás. Mas temos que ter cuidado para não falar sobre isso até conhecê-lo. Estamos no território dele, e as paredes têm ouvidos. - apontei.
Thomás sorriu enquanto enrolava a camisa para exibir os músculos. Revirei os olhos mentalmente com tamanha infantilidade.
Bem quando eu estava prestes a virar uma esquina, notei que Pietro, um dos subchefes do Thiago, estava prestes a atingir uma beldade. Ela estava tão deslumbrante enquanto se encolhia de medo. Ao me aproximar, vi que a braguilha de Pietro estava parcialmente aberta. Uma carranca repuxou meus lábios. Esse era um dos motivos pelos quais eu não queria honrar o convite daquelas pessoas. Eles se comportavam como animais!
O desgraçado puxou o cinto de repente, e eu me movi sem hesitar, parando-o ali mesmo.
- Mestre. - ele gemeu em choque.
Afastei suas mãos enquanto olhava diretamente para a beldade que tremia no chão. Seus longos cabelos vermelhos prenderam minha alma. Eu nunca tinha visto nada parecido em toda a minha vida. Era lindo. Incapaz de resistir, agachei-me diante dela, acariciando seu rosto. Ela tentou evitar meu olhar enquanto eu acariciava suas bochechas macias.
- Bella. - eu disse.
- Chefe. - Thomás disse baixinho enquanto se inclinava perto dos meus ouvidos. - Ainda estamos em território inimigo.
Gemi de frustração. Ele estava certo. Eu não podia fazer nada que pudesse levar Thiago a ter uma ideia errada. Levantei-me calmamente, sem olhar para a garota enquanto entrava na mansão.
Thiago estava parado no meio da mansão como se soubesse que eu estava por perto, com uma garrafa de tequila nas mãos. Seu aparelho dourado era visível enquanto ele sorria para mim. Porra! O homem era mais feio pessoalmente.
- Não imaginei que você honraria meu convite. - disse ele.
Olhei para Thomás, e ele rapidamente me ajudou a tirar o casaco.
- Eu não poderia recusar um chefão como você. - Respondi falsamente.
Thiago riu, obviamente satisfeito com o elogio.
- Vamos lá, eu não sou nada em comparação a você. Você é o chefe da máfia em todos os sentidos do mundo.
Sorri educadamente.
- Você vai continuar me elogiando ou vai me oferecer um assento?
- Ah, por favor, perdoe meus maus modos! - Dei de ombros. - Por favor, venha por aqui.
Torci o nariz para deixar Thomás ainda mais alerta. Éramos só dois, e tudo poderia dar errado. Se houvesse um tiroteio, eu precisava estar preparado.
Mantendo a cara de pôquer, sigo Thiago pela sala de estar até um pequeno escritório ao lado. O ar-condicionado frio soprava forte do ambiente enquanto fotos de estrelas pornôs se alinhavam na parede. Bati na lateral da minha camisa, adorando a sensação da minha arma contra a pele.
- Fique fora. - Ordenei ao Thomás.
- Mas...
- Faça isso. - Repeti.
Ele fez uma reverência, mas era evidente que não gostava. No entanto, eu sabia o que estava fazendo. Ele operaria o mundo exterior enquanto eu lidava com os problemas aqui. Seria o melhor, e não haveria mais estresse, pelo menos da minha parte.
Thiago foi até sua cadeira de couro sintético enquanto eu me sentava do outro lado da mesa. Cumprimentamos um ao outro antes de nos sentarmos. Eu sabia que havia guardas por perto que eu não conseguia ver. Thiago era astuto, mas não descuidado.
- Como eu disse, Vittorio... - disse ele enquanto servia a tequila em dois copos. - Que bom que você pôde vir à minha casa.
Dei um sorriso irônico.
- Deve haver um motivo para eu ter sido chamado para cá, Thiago.
- Sim. - disse ele. - Mas beba primeiro.
Assenti enquanto pegava o copo dele e fingia estar bebendo, mesmo com ele observando.
- Já fiz isso. - disse eu enquanto deixava o copo.
Thiago se remexeu na cadeira e então colocou as duas mãos na mesa, olhando para mim.
- Estou pensando nisso há algum tempo e acho que é a hora certa de desabafar. Você é um traficante e tem o cartel mais famoso da Espanha. Eu, por outro lado, sou traficante sexual. Nós dois podemos fazer muito dinheiro se trabalharmos juntos. No meu ramo, preciso de homens que anseiam pela companhia das garotas que eu lhes dou. Enquanto você precisa de pessoas que possam comprar drogas facilmente. Essas vadias querem ficar chapadas, e meus clientes também precisam da emoção das drogas e do sexo. Entendeu o que eu quero dizer, Capone?
Cerrei os dentes com força.
- Eu nunca disse que queria entrar no seu ramo. Somos de mundos diferentes, que devem continuar assim.
Thiago me lançou um sorriso frio.
- Não, Capone. - disse ele calmamente.
- O que você quer dizer com "não"?
- Não somos tão diferentes um do outro. Somos ambos pecadores e podemos nos beneficiar bastante se jogarmos bem as cartas. Pense em todos os benefícios que teríamos se nos uníssemos. Cada um dos bastardos que nos odeiam morreria de medo ao nos ver. - murmurou.
Recostei-me na cadeira, agindo como se estivesse interessado nas palavras dele, mas por dentro eu estava fervendo. O homem não estava conseguindo nada com aquela conversa, e se eu recusasse terminantemente, seria um problema para mim e para o Thomás. Estávamos sozinhos.
Com um sorriso malicioso, disse:
- Você tem razão, e eu farei bem em pensar no que você disse.
Ele sorriu para mim enquanto se levantava.
- Maravilhoso!
Levantei-me também.
- Ainda não aceitei. - apontei.
Ele tomou um gole da bebida.
- Eu sei, mas você vai aceitar. - disse confiante.
Deixei passar.
- Preciso ir embora.
Thiago se aproximou, dando-me um tapa no ombro.
- Tenho que te mostrar os carros caros na garagem, Capone. É o meu truque para fazer você concordar rapidamente.
- Eu não...
- Por favor... - ele reclamou.
Respirei fundo.
- Claro, mas o Thomás vem com a gente.
- Como deveria ser. - disse ele, rindo.
Segui-o e fiz sinal para Thomás vir comigo, enquanto tirava os olhos dele para ver se havia algo suspeito. Thiago andava como se tivéssemos o dia todo, mas fiquei feliz quando finalmente saímos.
A mesma garota e Pietro estavam no mesmo ponto em que os deixei, mas, desta vez, ela estava de cabeça baixa. Tentei afastar meu pensamento dela, mas, em vez disso, dei um passo em sua direção.
- Bella, qual é o seu nome? - perguntei friamente.
Pietro riu disso.
- Mestre, se interessar por essa cadela já é um castigo por si só. Ela é um problema para lidar.
- Não estou falando com você. - respondi rispidamente.
Ela se virou para mim imediatamente.
- Ester. - disse ela lentamente, com uma voz que soou como música para os meus ouvidos.