O meu nome é Sofia e tenho vinte e oito anos.
Durante anos, a minha vida com o Miguel parecia um conto de fadas, até que a doença da minha avó nos puxou para a dura realidade.
No dia mais sombrio da minha vida, quando a minha querida avó partiu no hospital, eu precisei desesperadamente do meu marido.
Liguei-lhe dezassete vezes. Nenhuma resposta.
A décima oitava chamada foi atendida pela Camila, a sua 'irmã' sem laços de sangue, que, com uma voz cheia de gozo mal disfarçado, me disse que o Miguel estava "ocupado a celebrar o meu aniversário".
Naquele momento, segurava a mão ainda quente da minha avó, completamente sozinha no corredor frio do hospital.
O Miguel apareceu, sim, mas já demasiado tarde. E a sua explicação foi que a festa da Camila era "importante para a carreira do meu pai".
Quando finalmente decidi que não podia mais suportar a sua indiferença e a sua inacreditável prioridade, pedi o divórcio.
Mas para a família dele – que agora também era a minha – o problema era eu.
O meu sogro, Afonso, o pai do Miguel, tratou a morte da minha avó como um inconveniente "inoportuno" para os negócios da família. A minha própria mãe, Laura, sentada à mesa de jantar, implorou-me para "não tornar as coisas piores", por ter medo de desagradar a esses homens poderosos.
E a Camila? Ela estava lá, jogando o papel de vítima, pedindo para o Miguel ficar com ela.
Senti-me perdida, cercada por uma parede de incompreensão e crueldade. Como era possível que o meu luto, a minha dor, fosse tão insignificante para as pessoas que deveriam me apoiar? O que eu tinha feito para merecer essa traição em massa?
Mas enquanto as lágrimas rolavam, uma nova e gélida determinação nasceu em mim.
Eles achavam que me tinham aniquilado? Pelo contrário.
O jogo tinha acabado. E o meu contra-ataque estava apenas a começar.