O Don Que Me Escolheu: A Noiva Cega do Mafioso
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O Don Que Me Escolheu: A Noiva Cega do Mafioso

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Capítulo 1 Fernando Torrenegro

"Ela é a filha do inimigo... mas carrega nos olhos cegos a única luz capaz de me desarmar. E isso me enfurece mais do que qualquer arma apontada para minha cabeça." - Fernando Torrenegro

🖤

Medellín - Colômbia

Dias Atuais

Durante os meus trinta e sete anos nunca odiei tanto algo quanto o maldito sobrenome Castilho. Um nome poderoso, forte, mas que no fundo, só me causa escárnio e repúdio.

Por culpa do maldito patriarca dos Castilho cresci sozinho, na escuridão e distante de qualquer coisa que remete a família.

Hoje não consigo ter bons sentimentos por ninguém, me tornei um monstro como muitos me definem, e no fundo devo ser isso mesmo, até porque, sinto um vazio dentro de mim que nunca será preenchido. O vazio causado pela ausência dos meus pais, que foram brutalmente arrancados dos meus braços por culpa da ganância e falta de escrúpulos do bastardo Hernán Castilho.

Mas o momento da minha vingança está próximo. E a dor que aquele desgraçado vai sentir será mil vezes pior e mais profunda do que a sentida por uma criança de dez anos de idade ao ver seus pais brutalmente assassinados diante de seus olhos indefesos e ingênuos. Ali, naquele momento, diante dos corpos sem vida dos meus pais o maldito Castilho destruiu a minha inocência e o último resquício de humanidade que existia dentro de mim. Hoje me tornei o Don Fernando Torrenegro, um homem poderoso, respeitado e temido por toda a máfia, mas que no fundo se sente um solitário amargurado e vazio.

O nome Castilho me causa asco, nojo e cada vez que ouço sinto gosto de sangue tamanha a minha furia. Engulo seco na tentativa de tirar esse gosto horrível da minha boca, mas tudo o que consigo é intensifica-lo, aumentando o meu ódio.

Eu era apenas uma criança, com a idade de ter sonhos. Mas muito cedo eu fui obrigado a conviver com pólvora, e aprender que os Castilho eram animais nocivos que precisavam ser exterminados. Ao invés de lápis, carrinhos, eu aprendi a manusear armas, a desarmar bombas, e a fazer vendetta com sangue. E principalmente, que a justiça tinha que ser feita com as próprias mãos.

Quando fecho os olhos ainda consigo rever a cena de décadas atrás, o corpo do meu pai caído no chão com metade do rosto aberto na garagem do galpão em Valparaíso, totalmente irreconhecível. Sangue quente escorrendo pelos trilhos de óleo e os olhos fixos no teto como se ainda tentasse entender por quê. Eu não tive tempo de luto, porque poucos dias depois, naquela mesma semana, minha mãe caiu com o rosto no prato do jantar após levar um único tiro na cabeça. Fatal... limpo... e que serviu como a única pá que faltava para enterrar o homem que existia em mim.

Eu sequer chorei. Só memorizei cada detalhe daquela cena, e confirmei quem eram os meus inimigos. Até porque, já não existia sentimentos dentro de mim. Ali, sem perceber, já haviam decretado o meu destino. E ele não seria nada bonito e muito menos monumental. Mas seria justo, e era isso que me importava.

Na minha memória aguçada memorizei tudo. Os corpos, o som do disparo e o maldito silêncio que surgiu logo depois. E sobretudo o nome por trás de toda a minha desgraça: Hernán Castilho.

Ele achou que podia matar os Torrenegro como se fossemos barata. Achou que podia apagar nossa linhagem e riscar o próprio nome com ouro. Subestimou o que eu carregava nas veias. Eu era um menino quando fugi. Um fantasma entre os becos de Caracas e Medellín, com ódio nos olhos e uma faca no bolso.

Hoje, sou a porra do pesadelo que ele plantou e esqueceu de colher. E que está mais pronto do que nunca para fazer justiça ou vingança, cada pessoa interpreta da maneira que quiser. O importante é que farei o sobrenome Torrenegro ser lembrado, e principalmente, a alma dos meus pais descansarem em paz.

Aprendi que o dinheiro e o poder compram tudo. Hoje tenho rotas completas, homens de elite à minha disposição, armas e silêncio. Tenho os 'porcos'(policiais), os tribunais e até os malditos repórteres nos meus bolsos. Se eu estalar os dedos, alguém morre em menos de uma hora - e ninguém pergunta por quê.

Mas do que adianta tudo isso se não tenho paz?

Paz... Uma palavra pequena, mas que pelo visto nunca saberei o verdadeiro significado. Até porque, paz é uma invenção dos fracos. E eu não sou fraco e nunca serei. A dor me moudou e hoje sou forte o suficiente para ir até o fim e cumprir com o meu objetivo e com o juramento que fiz no túmulo de meus pais... Justiça. E neste mundo sujo, justiça é olho por olho, dente por dente, carne por carne e sangue sobre sangue.

Mas a morte de Hernán Castilho, aquele "Hijueputa", seria fácil e rápido demais. Sem sofrimento é algo inútil pra mim. Eu quero que ele apodreça em vida, que mastigue a própria ruína até não restar dente na boca e que implore pelo seu fim, mas que ele nunca chegue.

Por isso, escolhi Luna. A filha dele.

Luna é uma jovem cega e que servirá perfeitamente para a minha vingança.

Poesia cruel do destino, não?

A filha que não enxerga. A flor que cresceu entre espinhos podres e que é frágil aos olhos do mundo. Mas eu sei - ela é a chave. O símbolo. A última coisa pura que aquele verme ainda protege.

E eu vou esmagá-la, mas com calma, lentamente, assim como o maldito pai dela fez com a minha alma.

Batidas na porta me fazem voltar a si.

- Senhor Torrenegro. - Mateo, meu homem de confiança, entra com o envelope da corte civil. - O juiz assinou. Está feito. A certidão sai amanhã nos jornais.

- Perfeito. - dou o último gole no meu Whisky e assino sem ler.

Foda-se!

Tudo foi arquitetado com antecedência e os votos foram escritos por uma assessora. Se trata de uma cerimônia simbólica roteirizada, sem nenhuma emoção ou vacilo. É só estratégia e ponto final.

Eu não quero amor, toque ou qualquer tipo de sentimentalismo. Eu quero apenas o poder, e assim destruir definitivamente o causador de todo o meu ódio.

Largo a caneta e ao olhar através da janela de vidro espelhado o horizonte de Medellín me chama a atenção. A cidade parece respirar tranquilamente, diferente de mim, que apenas existo, mas eu vejo o submundo por trás das luzes, a selva real - onde só sobrevive quem mata.

E amanhã, quando Luna Castilho vestir branco - o vestido que escolhi, o véu que mandei bordar e os sapatos de cristal que paguei - e caminhar na minha direção com passos guiados porque não enxerga... será o começo do fim.

O meu golpe final.

Finalmente terei a minha "venganza".

Já imaginei esse momento. Fantasiei, até. O tecido marcando o corpo e os lábios tremendo sem saber o que vem. Ela não vai me ver, mas vai me sentir, e saber, sem dúvida, que está diante do homem que destruiu tudo o que ela conheceu.

Eu sou o predador.

Ela é o cordeiro no altar dos meus mortos.

Mas tem algo que ainda me fere. Algo que me atormenta à noite. Algo que me enoja, porque não deveria existir.

Foi a voz dela.

Suave, sem medo e sem súplica. Apenas... verdade.

- Por quê?

Ela perguntou com calma ao sentir o anel de noivado deslizando no seu dedo anelar direito. Como se já soubesse a resposta, mas quisesse ouvir da minha boca. E eu... calei. Não porque não sabia. Mas porque sabia demais.

Com essa recordação jogo o corpo na poltrona do escritório, um couro frio, mas não tão gélido quanto a lembrança do perfume dela que me assalta como uma maldição - jasmim e mel. Simples, inocente e inaceitável.

Ela usava um vestido azul quando nos vimos. Simples, de algodão. As mãos pousadas no colo, como se estivesse à espera de um julgamento. Disseram que foi educada e que confiava no pai.

Coitada. Pelo que parece ela não sabe quem é o pai, e muito menos tudo o que ele era capaz de fazer unicamente pela ganância. A confiança é a arma dos tolos. E Luna... ainda é tola. Mas ela vai aprender. Vai sentir o mundo com os dedos, com o olfato e com a pele. Vai aprender o que é viver com o medo sussurrando no ouvido. E talvez - talvez - aprenda a me reconhecer antes de ser tarde demais.

Porque eu não sou herói. Estou longe disso e não faço a menor questão de ser. Eu sou o monstro que ela nunca teve chance de evitar.

Meu telefone vibra e me trás de volta.

Era Mateo: "A garota chegou à casa de campo e está instalada."

Levanto.

Amanhã é o casamento civil. Depois, o teatro para os jornais. E finalmente... a noite. Onde ela vai deixar de ser Castilho. E vai se tornar minha. A Minha noiva e a moeda de vingança.

Com a sua beleza e inocência poderia ser a minha ruína - se eu deixasse. Mas ainda não é o momento disso. Preciso ser cauteloso e frio até conseguir o que desejo. E quem sabe depois posso usufruir o que será meu por direito.

Mas, agora é hora de descer, vê-la de novo e de lembrar a mim mesmo que não existe espaço para fraqueza.

Luna Castilho pode viver num mundo sem luz, mas vai aprender a ver com os sentidos, e quando sentir o que habita em mim - o ódio, o luto e a fome de vingança - talvez, bem no fim ou não, descubra que o monstro que a rodeia... já começou a sangrar por ela.

            
            

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