A mão de Sophie doía sob o aperto de Eleanor. As palavras desbloquearam uma enxurrada de memórias.
Cenas de sua vida passada surgiram.
Quando Sophie entrou pela primeira vez na família Carter, Eleanor segurou sua mão, sorrindo, chamando-a de nova dama da casa, apenas para mais tarde instruir a governanta a trancar as chaves do depósito.
Quando Sophie quis substituir uma empregada desonesta, Eleanor rejeitou, dizendo: "Quem já está na casa é mais confiável."
Mesmo no leito de morte de Sophie, Eleanor reclamou para Daniel: "Sophie estava ansiosa demais para assumir o controle, mal era uma dama refinada."
Eleanor se apegou ao poder durante toda a sua vida, tratando Sophie como uma estranha para se proteger. No entanto, agora, para reconquistar seu filho, ela se rebaixava tanto.
Sophie olhou para a mão envelhecida de Eleanor, inchada pelo soro noturno.
"As pessoas escolhem seus próprios caminhos," disse Sophie, seu olhar desviando-se para uma árvore do lado de fora da janela. "Daniel fez sua escolha, e ele enfrentará as consequências. Quanto ao amor..."
Ela fez uma pausa. "Quem pode prever o futuro? Vamos deixar nas mãos do destino."
Eleanor estudou o perfil de Sophie, a luz do sol suavizando seu belo rosto, mas fazendo-a parecer distante.
Eleanor abriu a boca, mas suas súplicas e promessas preparadas ficaram presas na garganta.
Pela primeira vez, ela percebeu que essa garota, que ela viu crescer, estava escapando do controle dos Carter.
Depois que Eleanor adormeceu, Sophie ajeitou o cobertor ao redor dela e fechou a porta silenciosamente.
Ao sair do prédio do hospital, avistou Lily Harvey de pé sob a sombra de uma árvore.
Lily parecia estar esperando há algum tempo, o rosto marcado por lágrimas secas. Ao ver Sophie, ela se apressou.
"Senhorita Wilson," disse Lily timidamente, "podemos... podemos conversar em particular? Tenho algo a dizer."
Sophie olhou para ela em silêncio, acenando em concordância.
Elas chegaram ao telhado.
Prédios altos se erguiam à distância, o telhado vermelho do hospital próximo, o ar pesado de desinfetante e luz do sol.
Sophie sentiu uma irritação inexplicável.
"Senhorita Wilson," Lily começou, lágrimas caindo novamente, "sei que você me despreza, acha que sou apenas uma garota do interior, indigna de Daniel. Mas eu... eu realmente o amo."
Seus olhos brilharam. "Cresci com minha avó em um barco de pesca, vivendo do mar, suportando dificuldades que você não pode imaginar. Nunca tive as roupas bonitas que as outras meninas usavam. Foi Daniel quem me fez sentir desejada, como se eu não fosse invisível."
Ela caiu de joelhos com um baque. "Senhorita Wilson, você tem uma boa família, beleza, talento-você merece alguém melhor. Mas Daniel é tudo o que tenho. Por favor, deixe-nos em paz. Deixe-o, deixe esta cidade. Prometo que cuidarei dele, cuidarei de Eleanor e nunca causarei problemas para você..."
Sophie ficou parada, observando-a.
Ela observou a performance lacrimosa de Lily.
Lily falou longamente, mas o olhar calmo e imperturbável de Sophie a fez sentir-se uma tola.
Seu rosto escureceu, seus olhos secos, incapazes de invocar mais lágrimas.
"O que você quer?" A voz de Lily se aguçou. "Disse tudo isso, e você não se comoveu nem um pouco? Está decidida a nos levar à ruína?"
Sophie finalmente levantou os olhos, seu tom plano. "Terminou?"
Essas palavras perfuraram o orgulho frágil de Lily.
Ela se levantou de um salto, encarando a postura serena de Sophie, sua raiva irrompendo.
Um tapa estrondoso ressoou no telhado.