Com pouca coisa na mesa que pudesse comer, Rosalyn foi para a cozinha e preparou macarrão para si mesma.
Durante a refeição, Saul descascava camarões para Norene, mergulhando-os no molho, sem querer que ela fizesse isso sozinha.
Rosalyn lembrou-se do primeiro ano juntos, quando saíram com amigos.
Ela havia pedido brincando para Saul descascar camarões para ela, mas ele respondeu friamente: "Se não quer descascar, não coma."
Camarão era o único fruto do mar ao qual Rosalyn não era alérgica.
Depois disso, ela nunca mais os comeu.
Quando criança, seu pai costumava descascá-los para ela. Como adulta, sem ninguém disposto a fazer isso, simplesmente parou.
Agora ela entendia. Não era que Saul não pudesse descascar camarões. Ele simplesmente não queria fazer isso por ela.
Após o jantar, Rosalyn começou a subir as escadas, mas Norene a interrompeu, insistindo em preparar café para todos.
Enquanto Norene carregava um pote de água fervente, ela tropeçou, e o líquido escaldante espirrou em direção a Rosalyn.
Saul estava bem ao lado delas.
Naquele momento crítico, ele puxou Norene para seus braços, seus olhos cheios de preocupação inconfundível. "Norene, você se queimou?"
Os olhos de Norene se encheram de lágrimas enquanto ela apontava para seu braço levemente avermelhado. "Meus dedos foram salpicados."
A expressão de pânico cruzou o rosto de Saul. Ele pegou Norene nos braços e correu para levá-la ao hospital.
Enquanto isso, Rosalyn ficou sentada no chão, seu braço e coxa cobertos de bolhas e queimaduras causadas pela água fervente.
Ela era sua esposa. Era ela quem precisava de um hospital. Mas Saul não se importou.
Mais tarde, Rosalyn cuidou sozinha de suas feridas em casa.
Ela disse a si mesma para lembrar daquela dor. Só uma dor tão intensa lhe ensinaria uma lição.
À uma da manhã, Saul voltou com Norene. Ela foi até o quarto de Rosalyn sozinha.
"Rosalyn, vim ver como você está", disse Norene.
Sem esperar permissão, ela empurrou a porta. "Rosalyn, sinto muito por esta noite. Suas feridas estão bem? Deixe-me ver."
Rosalyn já estava com dor e de mau humor. Agora, interrompida enquanto tentava dormir, ela retrucou: "Norene, estamos só nós duas aqui. Pare de fingir. Não está cansada? Melhores amigas, hein? Nunca pensei que seria você a me apunhalar pelas costas."
Quando a família de Norene enfrentou a falência anos atrás, Rosalyn implorou ao pai para ajudá-los a sobreviver.
Nunca imaginou que havia salvo uma cobra ingrata.
Vendo que Rosalyn sabia a verdade, Norene abandonou o ato, sua voz cheia de arrogância. "Rosalyn, nós não somos iguais. Você só tem um pai rico. Eu não dependo de homem nenhum. Eles são apenas degraus para mim. Quanto a Saul, é ele quem está atrás de mim. Se você não consegue manter seu marido, isso é problema seu. Não jogue tudo em cima de mim."
Rosalyn achou a desfaçatez de Norene espantosa, vestindo sua traição como algo nobre.
Antes que Rosalyn pudesse responder, Norene se aproximou, provocando. "Também sei que você liga para Saul todas as noites às dez. Quer saber por que ele não atendeu este último mês? Ele estava na minha cama."
Suas unhas roçaram o queixo de Rosalyn enquanto ela sorria. "Ouvi dizer que você destruiu o robô que eu dei a ele? Obrigada por isso. Se não o tivesse feito, ele não teria corrido para mim no exterior. Meu divórcio não teria acontecido tão rápido."
Os olhos de Rosalyn se arregalaram em choque.
Aquele robô era um presente de Norene? Eles eram repugnantes ao extremo.
Vendo a expressão furiosa de Rosalyn, Norene riu com satisfação. "Não há necessidade daquele robô agora. Estou de volta. Você teve o título de Sra. Wright por três anos. Hora de abrir espaço."
O olhar de Rosalyn tornou-se gélido. Ela deu um tapa forte em Norene, sua voz cortante. "Norene, você nunca aprendeu a ter decência?"
Norene ficou espantada. "Você ousa me bater?"
"Bater em você? Não preciso escolher um dia especial para isso. Para uma destruidora de lares como você, um tapa é pouco."
Antes que Rosalyn pudesse dizer mais, Saul entrou, seu rosto escurecendo. "Norene nunca foi a outra. Se alguém aqui é a outra, é você."