Meus Milhões, Sua Família Parasita
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Capítulo 4

Eu pagava a hipoteca mensal de duzentos e vinte e cinco mil reais desta mansão. Minha mansão.

Eu pagava pela comida que eles comiam, pelos vinhos finos que bebiam, pela eletricidade que usavam sem pensar duas vezes. Eu empregava a equipe de governantas e jardineiros que mantinha este lugar funcionando.

Eu não era uma esposa ou uma nora. Eu era um caixa eletrônico ambulante.

Minha clínica, minha prática cirúrgica, era a base de todo o mundo deles. Meu nome, respeitado globalmente, dava a eles um prestígio que não conquistavam há gerações. Eu trabalhava oitenta horas por semana, realizando cirurgias complexas que salvavam vidas, para que eles pudessem viver no luxo ocioso.

E eles tratavam a mulher que os abandonou melhor do que me tratavam.

Dália se desvencilhou de Beatriz e deslizou em minha direção. Um sorriso presunçoso e piedoso brincava em seus lábios. Ela usava um vestido que eu sabia que custava pelo menos cinquenta mil reais. Mais do que Caio ganhava em um mês.

"Juliana", disse ela, sua voz como mel misturado com veneno. "Sinto muito pela confusão com a viagem. Me sinto péssima."

Ela colocou uma mão delicada no peito. "Eu disse ao Caio que poderia voar de comercial, mas ele se recusou terminantemente. Ele insistiu tanto que eu ficasse confortável. Você sabe como ele é."

Karina riu atrás dela. "O Caio sabe que a Dália é delicada. Diferente de você, Ju. Você é praticamente indestrutível."

Dália sorriu para Karina, um momento compartilhado de zombaria às minhas custas. Elas estavam rindo de mim.

As peças se encaixaram com uma clareza horrível. Eles sabiam que a rota era perigosa. Eles sabiam e não se importavam. Talvez até esperassem que algo acontecesse comigo.

Caio deve ter visto a expressão no meu rosto, porque ele deu um passo à frente, pegando sua carteira. Era uma carteira que eu havia comprado para ele.

Ele tirou um cartão de crédito. Meu cartão de crédito.

"Toma", disse ele, tentando forçá-lo em minha mão. "Compre algo legal para você quando chegar em Noronha. Um presentinho pelo seu incômodo."

Eu encarei o cartão, depois o rosto dele. A audácia pura e absoluta de tudo aquilo.

Eu afastei a mão dele.

"Se você quer comprar meu perdão", eu disse, minha voz fria como um túmulo, "vai custar muito mais do que isso."

Ele parecia confuso. "Do que você está falando?"

"Cinco milhões de reais", eu disse secamente. "Transfira cinco milhões de reais para minha conta pessoal. Agora mesmo. Pelo meu 'incômodo'."

Caio me encarou, com a boca aberta. "Cinco milhões? Você enlouqueceu? Onde eu vou arranjar cinco milhões de reais?"

Ele soltou uma risada curta e aguda. "Você devia ser grata por eu deixar você gastar seu próprio dinheiro, Juliana. Não se esqueça de quem protege esta família."

                         

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