Capítulo 8 O retorno da sua melhor amiga

Lucia recusou o convite do Malcolm para se juntar a ele no chuveiro. Ela sabia que se ela tomasse banho com ele, eles provavelmente iriam transar novamente e ela iria acabar desmaiando no chuveiro. Afinal, eles acabaram de transar em cada canto desse apartamento. Eles fizeram no sofá, no peitoral da janela... 'Será que nós somos doidos?', ela se questionou.

Malcolm abaixou a cabeça, olhou dentro dos olhos dela e beijou a sua testa. Ele caminhou até o banheiro sozinho para tomar um banho e lavar o cheiro de sexo que estava por todo o seu corpo. Ele não tentou convencê-la a se juntar a ele.

Lucia observou enquanto ele entrava no banheiro. Depois, ela rapidamente se vestiu e fugiu da casa dele como uma covarde.

'Eu devo ter ficado maluca! Como eu posso ter feito sexo com ele nas duas únicas ocasiões que eu o encontrei? Além disso, como que o sexo tem ficado cada vez mais selvagem? Eu devo ser doida! Será que eu realmente estou tão necessitada de um homem assim? Eu preciso me acalmar antes que eu faça algo que eu venha a me arrepender. Eu preciso me esquecer disso e sair desse lugar', Lucia pensou consigo mesma.

Ela rapidamente desceu as escadas, chamou um táxi, e voltou para o seu apartamento pequeno, sem notar a luz que iluminou atrás dela.

Malcolm enrolou uma toalha na cintura e saiu do banheiro, com o cabelo ainda molhado. Ele ficou surpreso quando descobriu que Lucia tinha ido embora. Ele levantou as sobrancelhas, se sentindo um pouco triste. Era a segunda vez que ela fazia isso, e escapava dele. Também era a segunda vez que uma mulher fugiu da cama dele enquanto ele estava tomando banho, evitando passar a noite com ele.

Assim que Lucia voltou para o seu apartamento, ela parou por um instante na tentativa de recuperar o fôlego antes de tomar um banho. Depois disso, ela enterrou a cabeça no travesseiro e tentou dormir.

Ela esperava que não fosse ver Malcolm nunca mais. Ele era irresistível, e as coisas sempre saíam do controle quando ela estava com ele. Ela sempre tinha a sensação de que não estava em seu juízo perfeito quando estava com ele. Tudo que ele precisava fazer era sorrir, e ela ficava com ele, e a partir daí, eles fariam loucuras a noite inteira.

Ela só sabia o nome dele, e ela nem sequer tinha certeza se era o nome de verdade. Isso tudo era um pouco doido demais para Lucia, que sempre viveu uma vida comum até agora.

Lucia estava acordada quando amanheceu. O resultado da sua noite selvagem de sexo não foi um sono profundo, mas sim uma noite inteira de insônia. Ela não conseguiu parar de pensar na transa dos dois a noite toda.

Ela desistiu de dormir, rapidamente se arrumou, pegou uma comida rápida para comer de café da manhã e caminhou até o metrô antes que a hora do rush começasse. Como ainda era muito cedo, o metrô não estava lotado, tanto que ela até mesmo conseguiu achar um lugar para se sentar. Fechando os olhos, Lucia tentou descansar um pouco a caminho da empresa.

O celular dela tocou por um longo tempo até que ela percebesse que era o dela. 'Quem poderia estar me ligando tão cedo?', ela se perguntou. Abaixando a cabeça, ela pegou seu celular do bolso, e quando ela viu na tela quem era, um sorriso animado apareceu em seus lábios.

"Querida, você está acordada?" A voz agradável de uma mulher falou do outro lado da linha.

"Claro que estou! Eu estou no metrô agora. Por qual motivo você está ligando tão cedo?", Lucia perguntou com uma voz animada.

A mulher do outro lado da linha era Sophia Young, a única amiga da Lucia. As duas são amigas desde que estudaram juntas no ensino médio. A família da Sophia a mandou estudar fora depois que ela se graduou do ensino médio, mas a sua amizade com Lucia permaneceu a mesma, mesmo com a distância. Na verdade, a amizade delas ficou ainda mais forte conforme os anos se passaram.

Embora Sophia e Lucia tivessem a mesma idade, as duas tinham estilos completamente diferentes. Enquanto Lucia parecia ser madura e charmosa, Sophia parecia jovem e animada, como uma adolescente. A aparência jovial da Sophia sempre fez com que as pessoas tivessem um instinto de protegê-la.

A parte mais estranha era que apesar das duas serem completo opostas, de alguma forma, elas se davam muito bem.

"Por qual motivo você saiu para trabalhar tão cedo? O seu chefe deve ser muito cruel para fazer com que você chegue no escritório tão cedo!" A surpresa de Sophia era bastante óbvia.

"Eu não consegui dormir noite passada, então eu decidi vir trabalhar mais cedo para evitar a hora do rush."

"Tudo bem, você por acaso consegue adivinhar onde eu estou agora?", Sophia perguntou com uma risada animada.

"Até onde eu sei, você pode estar em qualquer lugar! Você vive viajando pelo mundo tal qual uma hippie!", Lucia disse sem saber a resposta.

"Oh minha querida Lucia, eu estou na China. Na verdade, eu estou na Cidade S neste momento! Que tal se sairmos hoje a noite para jantar?" A voz da Sophia estava cheia de alegria. Parecia que ela finalmente tinha achado felicidade depois de um longo tempo.

"É sério? Está bem, eu vou te encontrar no nosso lugar de sempre! Já se passaram quase dois anos desde a última vez que nos encontramos, né?", Lucia gritou de alegria. Felizmente para ela, não haviam muitas pessoas dentro do metrô, ou eles iriam achar que ela era incômoda.

"Está bem! Eu tenho que ir fazer as malas agora, mas eu te vejo hoje à noite. Eu ficarei esperando por você no seu escritório para quando você sair do trabalho. Se cuide!" Com um sorriso, Sophia desligou a ligação.

Uma felicidade inesperada invadiu a vida da Lucia logo quando ela estava começando a sentir que tudo ao seu redor havia se tornado caótico.

Embora Sophia parecesse uma boneca, ela se formou em arqueologia, e isso surpreendeu a todos. Ela só se interessava em coisas misteriosas que não podiam ser explicadas somente através da ciência. Ela sempre acreditou que existiam forças que ainda não se podiam ter uma explicação científica. Ela amava a sua profissão, sempre viajou para países diferentes com alguns dos melhores arqueologistas do mundo. Ela na verdade já foi ousada o suficiente para ficar sozinha em lugares desertos por meses.

Já que ela havia partido por dois anos, Lucia imaginou que ela deveria ter descoberto algo interessante que ela estaria investigando a respeito. Sophia ocasionalmente enviava emails. Uma vez, ela estava na Cidade X, antes que ela pudesse se mudar para Nepal por alguns meses. Depois, ela foi para o Tibete, e outras vezes, ela ficava na Europa. Até mesmo quando Sophia estava na China, elas nem sequer tinham a chance de se encontrar.

E já que elas finalmente tiveram a chance de se encontrar, Lucia sabia que a investigação arqueológica que Sophia estava trabalhando deveria ter sido finalizada. Agora, elas finalmente iriam ter a chance de se sentar e colocar o assunto em dia.

Como esperado, Lucia foi a primeira a chegar no escritório. Ela limpou a sua mesa, e fez um copo de café, ligou o computador e checou todo o trabalho que ela precisava concluir naquele dia.

Afinal, ela teria que adiantar o trabalho para se juntar a sua melhor amiga para o jantar. E pouco antes do horário de expediente acabar, ela conseguiu terminar todo o trabalho do dia. Depois de pegar as suas coisas, ela se preparou para descer e esperar por Sophia.

"Lucia, você vai a um encontro com o homem misterioso que conhecemos ontem? É a primeira vez na vida que eu vejo você saindo mais cedo do trabalho. Uau! Parece que você está se divertindo muito!", Chester perguntou quando viu que Lucia tinha pegado suas coisas e estava pronta para ir embora.

"Vai se ferrar! Eu vou virar uma lésbica. Você gostaria de se juntar a mim?", Lucia zombou.

No momento em que ela ouviu ele mencionar Malcolm, ela ficou um pouco triste. Eles não se falaram desde que ela fugiu da casa dele na noite anterior. E para piorar, eles nem sequer teriam como entrar em contato um com o outro, já que eles não tinham o número de telefone do outro. Eles só se encontraram duas vezes e transaram nessas duas ocasiões. Agora, eles precisavam parar. Balançando a cabeça, Lucia decidiu que não iria pensar nele ou no que eles haviam feito juntos mais.

Assim que o elevador chegou no andar dela, ela se despediu dos colegas e desceu para o térreo. Ela viu o carro da Sophia esperando por ela na entrada assim que ela passou pelo portão. Esticando a cabeça pela janela, Sophia a recebeu com um sorriso.

Lucia sorriu de volta e correu em direção ao carro. Ela não conseguia entender como uma mulher tão pequena como Sophia, que só tinha 1, 60 metros de altura, conseguia dirigir um carro tão masculino quanto uma SUV. Então Sophia havia contado para ela que o carro tinha suspensões, e por isso tinha uma visão melhor do que os outros carros.

Juntas, elas foram até o Restaurante Pastasweet.

O restaurante tinha uma energia meio mediterrânea, e era decorado com varias tonalidades de azul e branco. Barcos à vela, salva-vidas e portas em formato de arco faziam parte da estética do restaurante. Na entrada, havia um sino em formato de concha, pendurado na porta de arco. Quando os convidados chegavam, um garçom os recebia indicando qual era a sua mesa.

Era um restaurante com ótimo ambiente e comida. No entanto, era um lugar que não aceitava reservas e só abria entre meio dia e duas horas da tarde, e novamente as cinco e meia até as dez horas da noite. Mas era um restaurante que fazia muito sucesso. Sempre havia uma longa fila de espera do lado de fora.

Era dia de semana e o escritório da Lucia não ficava longe do restaurante, então elas chegaram um tanto quanto cedo, e para a surpresa delas, conseguiram achar uma mesa vazia perto da janela.

Assim que elas se sentaram, fizeram seus pedidos. Depois disso, começaram a conversar e nem sequer parecia que elas não se viam há dois anos. Na verdade, parecia até que elas haviam se conhecido há um dia. Era assim o quão próximas as mulheres são com as suas amizades.

"Lucia, cada dia que passa você está ficando cada vez mais bonita. Você está namorando?", Sophia brincou olhando para a amiga.

Era verdade que haviam algumas mudanças em Lucia. Ela não parecia tão depressiva quanto ela estava quando terminou o namoro com Jonah. Na verdade, havia um brilho em seu rosto, indicando que ela estava feliz agora. Estava parecendo até que o Deus do amor a tivesse abençoado, fazendo com que ela ficasse ainda mais bonita. Seus olhos estavam tão brilhantes e cintilantes.

"Eu não estou apaixonada, mas eu encontrei um homem duas vezes e transei nas duas ocasiões", Lucia disse como se não quisesse esconder nada da amiga.

"Ai meu Deus! Bem, a sua vida ficou selvagem então!", Sophia disse surpresa. Ela era o tipo de pessoa que passava a maior parte do tempo estudando cadáveres, então nos olhos dela, a vida da Lucia parecia ser extremamente interessante.

"A essa altura, eu tenho quase certeza de que enlouqueci. E nem me pergunte sobre ele, pois eu não sei nada a respeito exceto pelo nome. E para piorar, eu nem tenho certeza se é o nome de verdade dele", Lucia disse antes que Sophia começasse a fazer perguntas.

Elas já eram amigas há tanto tempo, que uma praticamente conseguia ler os pensamentos da outra, só de olhar no seu rosto.

"E você? Que tipo de mistério você está estudando dessa vez? Você demorou tanto para voltar mas parece que está muito feliz!", Lucia perguntou curiosa.

"Bem, o que eu estou trabalhando atualmente não é sobre arqueologia. Eu acidentalmente fiquei sabendo dele quando conversava com o meu chefe. Tem uma família de bruxos numa vila pequena na Cidade X. De início eu estava só curiosa, afinal, você me conhece. Eu amo coisas relacionadas a fantasmas. Mas quando eu começei a investigar mais a respeito, eu descobri algo muito interessante, e é por isso que eu fiquei obcecada. No entanto, eu não consegui encontrar nenhuma informação sólida deles nos últimos dois anos."

Havia um toque de relutância na voz da Sophia.

"Foi mágico?" A curiosidade da Lucia só aumentou.

"Sim. Você quer saber mais a respeito? Se você quiser, você pode visitar o campo de estudos quando você tiver um tempo. É um lugar legal, e você pode pensar nisso como sendo férias!", Sophia sugeriu animada.

"Essa é uma ótima idéia mesmo! Talvez eu não esteja interessada em bruxas, mas eu definitivamente estou interessada em viajar. Assim que o caso que eu estou trabalhando agora finalizar, eu vou tirar uma semana de férias e vou até lá!", Lucia disse com um sorriso.

"Isso seria legal!", Sophia concordou com entusiasmo.

Por uma noite inteira, as duas conversaram sobre a vida e todas as coisas doidas que elas encontraram nos últimos dois anos. O tempo passou rápido, mas elas estavam felizes. Sophia ia deixar a Cidade S no dia seguinte para vagar pelo mundo, como ela sempre fazia. E Lucia não tinha ideia de quando iria ver ela de novo.

Bons amigos se animavam com a vida do outro nos seus corações, e mesmo que não conversassem o tempo todo, elas ainda se importavam uma com a outra.