Capítulo 2 O filho adotado

Era seu primeiro dia como filho adotado do lorde Min. Ha-jun odiara a idéia, sua mãe havia escrito para o nobre, pedindo para adotar o rapaz após sua morte próxima. A mãe de Ha-jun havia sido a mais bela jovem que Joseon inteira havia visto, todos os nobres, especialmente o senhor Min, havia proposto casamento, mas ela escolheu um rapaz por amor.

Esse homem faleceu pouco depois do nascimento de Ha-jun e, anos depois, sua mãe adoeceu. Sem dinheiro, família ou terras, com medo de que o filho fosse largado na rua, ela escrevera para um antigo pretendente, o que havia sido mais apaixonado, implorando que acolhesse o menino como seu próprio filho. Guiado por um amor cego, lorde Min atendeu prontamente o pedido no leito de morte da amada.

E ali estava ele, de frente ao seu novo pai. Prestando respeito.

"Olhando bem, acho que é uma moça!".

Ha-jun olhou para seu novo irmão Do-yun. Ele era o único filho do lorde Min, tinha 17 anos, alto e forte, mas dono de uma expressão fria e rígida. Olhando então para o pai, viu que ele estava com o rosto sério, isento de emoções. "Você se parece com sua mãe, espero que não seduza metade de Joseon, como ela!".

Com um gesto de mão, Ha-jun foi dispensado. Saiu pela porta frontal, seguindo pelo corredor, e alcançando o pátio externo. Olhou ao redor e viu o quanto imenso era aquele lugar. Várias construções de madeira circundavam o pátio largo, ao longe, um caminho pavimentado conduzia à um pavilhão sobre um lago pequeno. Tomou este caminho.

Estava distraído, em seus 13 anos, nunca vivera sob a tutela de um pai. Aquilo era novidade para ele e o deixava confuso, também. Sentia saudade da mãe e da pequena casa na qual vivia com ela.

Chegou ao pavilhão e fitou o lago, tão absorto em seus próprios pensamentos que nem ouviu passos que se aproximavam.

"Não importa o quanto eu olhe, não importa sua roupa, você ainda me parece uma mulher..." sussurrou uma voz masculina.

Se virando, Ha-jun fitou o irmão, Do-yun.

"Irmão...", abaixou a cabeça em sinal de respeito.

"Me pergunto se não está escondendo algo sob as roupas."

"A que se refere, irmão?"

Num movimento súbito, Do-yun segurou o menino pelo braço e o puxou para si. Apalpando seu peito em busca de algo mais. "Parece que não encontro nada... Mas seu rosto não é de um homem." Sussurrou, segurando o queixo do mais novo, se inclinou e colocou seus lábios sobre o dele.

"O que é isso?!", uma voz enfurecida esbravejou atrás deles. Pelo caminho que conduzia ao pavilhão, há poucos metros, estava lorde Min, com o rosto vermelho de raiva.

"Pai..", gaguejou Do-yun, pálido.

"Cale-se!", e voltando-se para Ha-jun, que permanecia calado, mais pálido do que de costume e assustado como uma gazela, "Em nome do amor que um dia senti pela sua mãe, não o mato agora. Amanhã você seguirá para treinamento militar ao norte, veremos se um ambiente masculino tira de você esse ardil feminino!". Sem dar oportunidade para o rapaz retrucar, o homem voltou pelo caminho por onde viera, sendo prontamente seguido pelo filho mais velho.

Atordoado, Ha-jun fez a única coisa que conseguiu, correu na direção oposta.

            
            

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