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Colocando sua coroa de volta

Colocando sua coroa de volta

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Sinopse

Noelle era a filha há muito perdida que sua família procurava, mas quando ela retornou, eles a tratavam com desprezo. Cansada, ela foi embora e se casou com um homem cuja influência poderia abalar o país. Prodígio da dança, campeã de corrida, compositora virtuosa, restauradora de bens culturais... Os segredos de Noelle se revelavam um após o outro, ocupando as manchetes. Os sorrisos presunçosos da sua família desapareceram. O pai voltou correndo do exterior, a mãe chorou por um abraço e os cinco irmãos se ajoelharam implorando. Sob o céu estrelado, o marido puxou Noelle para perto, sua voz cheia de ternura. "Eles não valem a pena. Vamos para casa."

Capítulo 1 Gravador de voz

"Noelle, se ajoelhe agora mesmo e peça desculpas a Willa!" Uma voz masculina ordenou, cortante e gelada, que ecoou pela ampla sala de estar.

Noelle Moss permanecia imóvel no centro do cômodo, os cílios longos abaixados, enquanto apertava discretamente o gravador de voz escondido no bolso. Seus olhos, relutantes, se ergueram lentamente até o homem sentado no sofá: Gerard Moss, seu terceiro irmão.

Ao lado dele, serena e artificialmente preocupada, estava Willa Moss - a filha adotiva da família. Ela sequer compartilhava um traço de sangue com eles.

Ainda assim, era a ela que Gerard defendia com unhas e dentes, e era por ela que ele exigia que Noelle se humilhasse.

"Você empurrou Willa escada abaixo de propósito. Como pôde ser tão cruel? Você é desprezível, Noelle! Eu me recuso a reconhecer alguém como você como minha irmã!", Gerard vociferou.

Desprezível.

A palavra martelou dentro de Noelle como uma pedra arremessada contra vidro. Os cílios dela tremularam, e ela lutou contra o peso que se acumulava no seu peito.

"Eu não..." Antes que ela terminasse a frase, Gerard agarrou um copo da mesa e o lançou na sua direção com violência.

"E ainda tem a ousadia de retrucar?"

O objeto atingiu o pé de Noelle, ricocheteou e se estilhaçou no chão, espalhando cacos por todo lado.

O ferimento foi imediato: seu pé começou a inchar e ganhar um tom avermelhado, enquanto finas lascas de vidro cortavam sua pele, fazendo o sangue brotar em fios vivos.

Noelle, no entanto, não se mexeu. Ela ficou ali, imóvel, como se isso não lhe causasse dor alguma.

Essa não era a primeira vez que Gerard gritava com ela - tampouco a primeira em que a feria.

"Gerard, por favor... não seja tão duro com Noelle. Ela não me empurrou de propósito. Não foi culpa dela, foi só um acidente. Na verdade, a culpa foi minha", Willa disse com a voz suave, carregada de falsa compaixão.

Gerard franziu o cenho, confuso por um instante, e sua expressão endurecida pareceu suavizar. "E você ainda a defende, Willa? Já pensou no que poderia ter acontecido se ficasse com alguma marca? Você é uma garota. Não pode se dar ao luxo de se machucar assim! E não pode ser negligente com sua aparência!"

"Mas Gerard..."

"Já chega. Pare de protegê-la. Venha cá, deixe eu ver se você está machucada."

"Estou bem, Gerard. Foi só um susto..."

Enquanto os dois encenavam o teatrinho costumeiro, Noelle apenas os observava em silêncio, exausta.

Era sempre o mesmo cenário: Willa como a vítima frágil e inocente, Gerard como o protetor cego. Ninguém se importava com o corte na sua perna, ninguém notava o sangue escorrendo ou a dor que ela sentia. Para eles, ela não importava. Gerard não se preocupava com a aparência dela.

Noelle havia crescido sozinha, num orfanato, aprendendo desde cedo que não podia contar com ninguém além de si mesma. Quando foi acolhida por Jeffery e Babette Hobbes, conheceu pela primeira vez o que era afeto genuíno. Eles a trataram com cuidado e nunca a fizeram se sentir um fardo.

Agora, ali diante de Gerard, observando sua preocupação exagerada com a beleza de Willa enquanto ignorava completamente sua própria irmã ensanguentada, Noelle só conseguia sentir um cansaço profundo, quase insuportável. Gerard, ao se virar novamente, deu de cara com o leve sorriso zombeteiro que se insinuava no rosto de Noelle, e isso o enfureceu ainda mais. "Está rindo de quê? Quando trouxemos você de volta há dois anos, deixamos claro que Willa foi criada nesta casa. Mesmo que não sejam do mesmo sangue, você deveria tratá-la como uma irmã de verdade. Como a mais velha, seu papel é protegê-la! Mas o que você fez desde então, Noelle?"

Noelle sorriu amargamente. Seus lábios, delicadamente rosados, tremiam levemente.

Dois anos atrás, quando a família Moss a procurou e a reconheceu como filha, Noelle acreditou ter finalmente encontrado seu lugar no mundo. Jeffery e Babette já haviam partido, e ela não tinha mais ninguém. Quando Levi Martin, amigo de longa data de Jeffery, lhe ofereceu abrigo, ela recusou, pois tudo o que queria era conviver com sua verdadeira família.

Durante todo esse tempo, ela tentou se adaptar. Foi paciente e silenciosa, cedeu a Willa tudo o que tinha de melhor e se contentou com as sobras.

Ela se apagou aos poucos, acreditando que, se fosse boa o bastante, um dia eles a aceitariam. Que seus pais e irmãos, aos poucos, a reconheceriam como parte da família.

Mas o que recebeu em troca foi apenas culpa, desprezo e exaltação cega à figura de Willa.

Até que, certa vez, ela ouviu uma frase que a quebrou por dentro. "Se ao menos Noelle tivesse morrido, estaríamos livres desse fardo."

A própria família desejava que ela estivesse morta.

As palavras se alojaram no seu peito como farpas. Ela ficou paralisada, sem conseguir respirar.

Por quê? Por que eles a odiavam tanto? O que havia feito para merecer tanto desprezo? Por que a queriam morta, mesmo depois de terem feito questão de trazê-la de volta?

Noelle fechou os olhos. Dentro de si, tudo havia se tornado silêncio. Um lago calmo, vazio, sem qualquer resquício de emoção.

Chega. Ela não queria mais insistir. Não queria mais se apegar a pessoas que só a viam como um erro.

Quando Gerard a encarou novamente, o semblante de Noelle estava irreconhecível. Não havia dor nem tristeza, apenas uma serenidade inquietante, como se algo finalmente tivesse se rompido. Isso o deixou perturbado.

Ele levantou a mão, pronto para esbofeteá-la. "Se você não se ajoelhar agora e pedir desculpas a Willa, eu vou te ensinar uma lição da pior forma!"

Mas antes que ele pudesse tocar nela, uma mão firme segurou seu pulso no ar.

Era Noelle.

Ela havia o parado.

"Você...", Gerard murmurou, atônito. Durante dois anos, ela nunca havia reagido. Ela sempre aceitava os castigos sem questionar. Mas agora ela o desafiava?

Vendo a expressão de choque no rosto do irmão, Noelle soltou uma risada seca, quase debochada. Seu rosto, belo e iluminado, exalava uma confiança nova enquanto ela afirmava: "Eu disse que não empurrei Willa."

Gerard piscou, sem acreditar no que ouvia. "Ainda tem coragem de mentir? Inacreditável!"

"Se eu puder provar que estou dizendo a verdade, então você e Willa vão se ajoelhar e me pedir perdão", ela exigiu, com a voz firme e olhar gélido.

"O que foi que disse?" Por um instante, ele achou que tivesse escutado errado, mas a indignação explodiu em seguida.

"Você quer que eu me ajoelhe para você? Que ousadia é essa, sua insolente!"

Para ele, era inconcebível reconhecer uma pessoa tão vergonhosa como parte da família.

Willa, por sua vez, observava tudo com atenção, saboreando a humilhação iminente de Noelle. Estava certa de que Gerard a colocaria no seu devido lugar. Mas quando ouviu o que Noelle dissera, algo reluziu nos seus olhos.

Provas? Que tipo de provas ela poderia ter?

Ainda assim, ela não deixou transparecer, então adotou um semblante gentil e se levantou com doçura encenada. "Gerard, não vale a pena... por favor, não fique mais bravo. Deixe para lá."

Gerard gritou: "Pare de defendê-la! Quero ver essa prova que ela diz ter!"

Sem dizer nada, Noelle enfiou a mão no bolso e tirou um pequeno dispositivo elegante.

Willa arregalou os olhos. Seu coração disparou quando ela se deu conta de que se tratava de um gravador de voz. Como Noelle havia feito isso? Quando ela conseguira um gravador de voz?

Noelle, em silêncio, apertou o botão de reprodução.

Houve um breve chiado de estática e, em seguida, a sala foi preenchida com uma voz doce e cuidadosamente modulada: "Noelle, o que você acha deste lugar?"

Gerard reconheceu de imediato: era a voz de Willa.

Depois, veio outra voz - leve, calma, sem agressividade: "Willa, por que está parada no topo da escada?"

Gerard sabia que esta era a voz de Noelle.

Em seguida, a voz melíflua de Willa soou mais uma vez, mas, agora, havia veneno escondido nas suas palavras: "Noelle, se eu disser a Gerard que você me empurrou escada abaixo... como acha que ele vai te punir?"

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