Prazer, seu Príncipe
img img Prazer, seu Príncipe img Capítulo 2 Hoje é domingo
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Capítulo 6 Porque eu não choro img
Capítulo 7 Sexo, drogas e Rock'n Roll img
Capítulo 8 O do meio img
Capítulo 9 Me apaixonei img
Capítulo 10 Eu jamais me apaixonaria por você img
Capítulo 11 Stepjan Beaumont img
Capítulo 12 Beatrice img
Capítulo 13 Desfrute img
Capítulo 14 Prazer, seu príncipe img
Capítulo 15 Boa noite Cinderela img
Capítulo 16 O príncipe já era img
Capítulo 17 Eu não vou passar a coroa para ela img
Capítulo 18 Ele tem uma arma img
Capítulo 19 Boa noite, meu príncipe img
Capítulo 20 Estevan img
Capítulo 21 Quem é você, Samuel Leeter img
Capítulo 22 Bom dia img
Capítulo 23 Satini Kane img
Capítulo 24 Adeus, Avalon img
Capítulo 25 Cada vez que brincar com fogo, eu vou queimá-la img
Capítulo 26 Carinha de bebê da mamãe img
Capítulo 27 Acaba com tudo, Satini Kane img
Capítulo 28 Me faça sua, Samuel Leeter img
Capítulo 29 Princesa img
Capítulo 30 Eu odeio ela img
Capítulo 31 Diário img
Capítulo 32 Segredo de reis e rainhas img
Capítulo 33 Sean img
Capítulo 34 Nunca mais img
Capítulo 35 Festa img
Capítulo 36 Eu quero ser sequestrada img
Capítulo 37 O que foi isso img
Capítulo 38 Três encontros e... img
Capítulo 39 Eu amo você img
Capítulo 40 Capitão da guarda img
Capítulo 41 Mia img
Capítulo 42 O que deseja, Alteza img
Capítulo 43 Ele vai voltar img
Capítulo 44 Sorvete de casquinha img
Capítulo 45 Você não é homem suficiente para mim img
Capítulo 46 O rei e a princesa img
Capítulo 47 Troca de favores img
Capítulo 48 O seu guarda-costas img
Capítulo 49 Dúvida img
Capítulo 50 Eu quero morrer aqui e agora img
Capítulo 51 Me deixe explicar img
Capítulo 52 Coroa quebrada img
Capítulo 53 Minhas certezas viraram incertezas img
Capítulo 54 Eu não tenho lugar na vida do meu pai img
Capítulo 55 Um baile img
Capítulo 56 Isso serve como lição img
Capítulo 57 Um aliado img
Capítulo 58 Temos pouco tempo, Alexander img
Capítulo 59 Eu não queria amar tanto você img
Capítulo 60 Pelo tempo que conseguirmos img
Capítulo 61 Princesa devassa img
Capítulo 62 Chuva de amor img
Capítulo 63 Marcas no corpo e na alma img
Capítulo 64 É uma ordem img
Capítulo 65 O meu fim img
Capítulo 66 Princesa de Avalon img
Capítulo 67 Rainhas img
Capítulo 68 Eu vou para o inferno img
Capítulo 69 Há quanto tempo isso acontece img
Capítulo 70 O último domingo antes do baile img
Capítulo 71 Onde você pensa que vai img
Capítulo 72 Me tire daqui img
Capítulo 73 Livre das amarras img
Capítulo 74 É um prazer, princesa img
Capítulo 75 Preparação para o baile img
Capítulo 76 O baile img
Capítulo 77 O baile II img
Capítulo 78 Cumprindo o combinado img
Capítulo 79 Eu sou culpada img
Capítulo 80 Vamos para o inferno juntos img
Capítulo 81 Ele me bateu... E eu... img
Capítulo 82 Pequeno santo img
Capítulo 83 Cativeiro img
Capítulo 84 Isabella traidora img
Capítulo 85 O que te fortalece img
Capítulo 86 Vamos falar sobre exércitos img
Capítulo 87 Os Beaumont's são mentirosos img
Capítulo 88 Quando lembrar dele... img
Capítulo 89 Você tem coração img
Capítulo 90 Isabella img
Capítulo 91 O momento não é propício para isto img
Capítulo 92 Onde está o garoto tímido img
Capítulo 93 Duas bombas relógio img
Capítulo 94 O início de uma nova era img
Capítulo 95 Uma nova despedida img
Capítulo 96 Não se fazem mais príncipes como antigamente img
Capítulo 97 Quero de novo img
Capítulo 98 Invasão ao castelo de Avalon img
Capítulo 99 Eu darei a notícia img
Capítulo 100 Despedida img
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Capítulo 2 Hoje é domingo

Domingo era o dia que eu tinha que almoçar junto de meu pai. Não importava o que houvesse, naquele dia da semana nos reuníamos na sala de jantar real e fazíamos o desjejum e o almoço na companhia um do outro. Então ele fingia que se importava comigo e eu que acreditava.

Tomei um longo banho e procurei algo para vestir. Iniciar a manhã no desjejum com meu pai era sempre um pouco tenso. Eu tinha que estar impecável. Não que durante os outros dias eu não tivesse cuidado com minha aparência, afinal, eu era a princesa de Avalon. Mas se ele visse qualquer coisa que não estivesse de acordo com o que esperava de mim, eu era punida. A punição não era física, mas com aulas e qualquer coisa que ocupasse ainda mais o meu tempo para aperfeiçoar o que ele julgasse que não estava perfeito.

Enquanto eu olhava para minhas centenas de roupas penduradas no closet completamente iluminado, Mia apareceu:

- Alteza! – ela disse se curvando.

Olhei-a confusa:

- O que significa isso?

- Esqueceu que hoje é domingo, Satini? Estou treinando para quando ficarmos próximas de seu pai.

- Como esquecer que hoje é domingo, não é mesmo? O pior dia da semana.

- Não fale isso! Seja grata por ele vê-la pelo menos um dia na semana. – disse Léia entrando no closet e pegando no cabide um vestido justo de tweed com um casaqueto da mesma tonalidade: preto e branco. Sapatos altos preto foram entregues em minhas mãos.

- Obrigada, Léia. Eu já disse que amo você? – perguntei com um sorriso largo no meu rosto.

- Acho que você diz isso mais que minha própria filha. – ela disse olhando para Mia.

Mia, por sua vez, suspirou:

- Quer me deixar mal com minha mãe, não é mesmo princesa?

Eu ri e saí do closet com as roupas nas mãos, colocando tudo sobre a cama.

- Dúvidas com relação a mais alguma coisa? – perguntou Léia.

- Não... Tudo certo agora que você veio me ajudar.

- Nos encontramos às 8 horas em ponto na sala de jantar real. Não se atrase.

- Estarei exatamente no horário. Quando me atrasei? – reclamei.

Ela sorriu e saiu, fechando a porta.

- Precisa de ajuda? – perguntou Mia.

- Claro que não. Não sou aleijada nem nada, Mia. – reclamei.

- Mas você sabe que é minha função... Às vezes fico um pouco chateada quando você não me deixa fazer nada.

- Mia, você é como uma irmã para mim.

- Isso não significa que eu não tenha minhas obrigações, Satini. Eu sou paga para servir você.

- Você é paga para estar comigo, Mia... Eu só preciso da sua companhia.

- Minha companhia jamais seria cobrada de você, Satini. Sabe o quanto eu amo você.

Eu a abracei com carinho.

- Hum, o que você tem hoje? – ela me perguntou.

Tirei meu roupão e comecei a vestir minha roupa, escolhida por Léia.

- Mia, você sabe que o dia está se aproximando, não é mesmo?

Ela suspirou:

- Sim... Eu sei. Queria não contar, mas não consigo.

- Eu... Estou tão nervosa com isso tudo.

- Imagino, minha amiga. – ela disse me auxiliando a fechar o vestido.

- Casar com um homem que eu nunca vi na minha vida... Isso me arrepia. E você sabe que poucas coisas me dão medo.

- Pensa pelo lado bom, é difícil um príncipe feio.

Eu ri:

- Você só pode estar de brincadeira! Nem sei se a aparência realmente me preocupa. Mas penso em dividir a cama com um homem que eu nunca vi em toda a minha vida. Isso me deixa tensa.

- Talvez ele seja lindo, cheiroso e tenha um corpo escultural. Afinal, ele não é tão mais velho do que você. É um jovem príncipe.

- Me assusta o fato de eu nem saber de onde ele é.

- Eu sei... Mas já procuramos por todos os poucos príncipes ainda existentes no mundo. E nenhum era tão horrível a ponto de fazer você fugir.

- Como eu já disse, aparência é o que menos me importa.

Sentei na penteadeira e comecei a fazer minha maquiagem enquanto ela arrumava meus cabelos.

- Eu tive uma ideia. – falei.

- Você, com uma ideia? – ela riu. – Você sempre tem muitas ideias, Satini.

- Esta é um tanto quanto... Ousada, digamos.

- O que você vai aprontar?

- Você verá no café da manhã com o rei.

Ela parou de me pentear, com a escova em punho e disse preocupada:

- Não se atreva a afrontar o rei Stepjan. Você sabe muito bem que isso é perigoso. Minha mãe já conversou conosco sobre isso.

- Eu não vou afrontá-lo, Mia. Vou lhe fazer uma proposta.

- O quê?

- Você vai saber durante o desjejum.

- Satini... Não faça besteiras.

- Não vou. O não eu já tenho, não é mesmo? Não custa tentar.

- Se não quer me falar antes sobre o que é, pelo menos fale para minha mãe.

- Não. Léia não me deixaria pedir nada ao meu pai, com medo do que ele pudesse me dizer ou fazer.

- Por isso mesmo, consulte-a antes, Satini.

- Não...

- Mas...

- Mia, ele é meu pai, não é um monstro.

- Me desculpe... Não foi minha intenção ofendê-la.

- Não precisa se desculpar. Mas às vezes vocês o tratam de uma forma que eu fico até com medo... Eu não o vejo como um ótimo pai, mas também não é tão horrível assim. Ele não é um pai normal, como outro qualquer... Ele é o rei. Eu sei que ele precisa ser duro comigo algumas vezes.

- Por favor, não me diga que acha que ele faz isso pelo seu bem.

- Não... Eu não quis dizer isso. Mas me vejo no lugar dele daqui a alguns anos e penso se eu não agiria da mesma forma.

- Autoritária?

Eu suspirei:

- Ok, vamos acabar a conversa por aqui.

- Desculpe, Alteza.

- Você está sendo irônica comigo.

- Não estou. – ela disse secamente.

Eu conhecia Mia só de olhar para ela e sabia que ela ficou chateada comigo.

- Precisa de um tempo sozinha, para se preparar? – ela perguntou.

- Sim, obrigada, Mia.

Ela saiu e fechou a porta e eu levante e respirei fundo. Os domingos ao lado do meu pai eram sempre uma caixinha de surpresas. Eu nunca sabia sobre o que conversaríamos, exceto sobre meu casamento, que era um assunto constante em nossas conversas. Eu era prometida em casamento ao príncipe desde que nasci. Acordo entre os poucos reinos que ainda existiam nos arredores (às vezes nem tão arredores). Sim, no século XXI ainda existia casamento arranjado, especialmente na realeza, em especial quando as monarquias estavam cada vez mais extintas ao redor do mundo. Laços e uniões eram imprescindíveis para manter o pouco que ainda havia de reinado por aí. Eu não sabia sequer o nome do meu futuro marido, muito menos o lugar de onde ele vinha. Claro, tudo isso para minha... Segurança. E dele, é claro.

Ninguém conhecia o meu rosto em Avalon. Desde que nasci, eu fui protegida da mídia nacional. Meu pai dizia que era para minha proteção. O povo conheceria a princesa de Avalon, Satini Beaumont, no dia do meu casamento, quer seria também a minha coroação.

Sempre me pareceu que o casamento era algo distante. E realmente era. Mas agora faltavam seis meses. E quando este tempo passasse, eu seria a esposa de um homem que eu não conhecia e isso passou a me assustar um pouco. Se me passou pela cabeça fugir ou questionar sobre isso? Não. Eu sabia que sempre foi e talvez sempre seria desta forma entre a realeza. Claro que eu soube de princesas que fugiram e tentaram ser felizes no amor. Mas eu não sabia de nenhum caso que deu certo. Se que queria ter nascido na realeza? Sinceramente eu não sei. Mas eu era grata por estar viva.

Minha mãe teve seis abortos antes de me ter. E morreu no meu parto. Acho que ela não podia ter filhos, mas insistiu muito até conseguir. Léia me disse que meu pai nunca quis uma filha mulher. Claro que aquilo me magoava profundamente, embora ele nunca tenha me dito com aquelas palavras. Mas eu sentia o quanto ele queria ter tido um filho homem para assumir Avalon. Por isso eu me achava um milagre da vida e não contestava ter nascido uma princesa, cheia de deveres e obrigações. Eu sabia que amava a vida. E acho que amaria da mesma forma se eu fosse uma rebelde da Coroa Quebrada, vivendo fora do castelo. Eu gostava de ter sangue correndo entre as minhas veias, das sensações que meu corpo produzia, de poder ver as cores da natureza e sentir a água banhando meu corpo.

E de tudo que eu conhecia da vida, que era bem pouco, uma coisa eu tinha certeza: eu não queria casar virgem. Não havia nenhuma cláusula que dizia que a princesa deveria ter relações pela primeira vez com o príncipe, seu marido. E mesmo que tivesse, acho que eu iria infringir esta cláusula. Por quê? Imagine se eu não gostasse de dormir com ele? Jamais poderia saber se com outro era melhor. Claro que eu não falei isso com Mia, pois ela iria me achar a pessoa mais louca do mundo e me daria um sermão. Mas era meu pensamento e pronto. E eu não precisava compartilhá-lo com ninguém. Por sorte isso eu podia fazer: pensar sem precisar contar. Então quando minha mente falava sozinha eu podia dizer e sentir tudo que meu corpo não sentisse e minha boca não falasse.

Já não bastava toda a vida que eu tinha com uma rotina dura, cheia de pessoas ao meu redor, observando tudo que eu fazia. Pouquíssimas pessoas moravam dentro do castelo comigo e meu pai. Quem circulava por ali eram pessoas de extrema confiança dele. E ninguém ousava fazer qualquer coisa que pudesse causar a ira do rei Stepjan Beaumont.

Léia me criou desde que nasci. Pegou-me dos braços de minha mãe quando ela morreu comigo aninhada em seu corpo e me deu todo amor que eu tive o prazer de conhecer. Ela não me tratava diferente dos seus filhos. Por isso eu tinha tanto afeto por Mia. E um pouco por Alexander também. Embora nos déssemos muito bem quando éramos crianças, conforme fomos crescendo eu e Alexander nos afastamos um pouco e agora mais brigávamos do que nos entendíamos. Meu primeiro beijo foi com ele. Quase o peguei a força. Mas eu já tinha quatorze anos e se ele era o único garoto que eu conhecia.

Eu não estudava fora do castelo. Tinha professores que vinham me dar aula. E Alexander e Mia me acompanhavam. Então os professores nunca sabiam qual de nós duas realmente era a princesa, pois não podíamos revelar. Penso como pude me acostumar àquilo desde criança: você é a princesa, herdeira de tudo, um dia comandará este reino, mas ninguém pode saber que você é você.

Voltando aos beijos, depois eu aperfeiçoei meus beijos e acho que hoje eu já posso me considerar uma expert. Como eu fiz isso? Os guardas reais, claro. Fora da nossa bolha dentro do castelo, os guardas não tinham certeza se eu ou Mia era a princesa. Enquanto isso eu beijava umas bocas para quando eu encontrasse o meu marido não fizesse feio. Nunca me apaixonei por nenhum deles. Acho até que eles fugiam um pouco de mim e me achavam louca e pervertida. Certamente pensavam que Mia era a princesa: dócil, recatada e educada. Eu não me importava o que pensavam sobre mim. Eu ria sozinha quando imaginava a reação deles quando soubessem um dia que eu era a princesa. Poderiam se gabar por aí dizendo que beijaram a princesa nos corredores estreitos e frios do castelo de Avalon.

Meu pai havia acordado que se fosse de minha vontade e aceitação de meu marido que eu fizesse uma faculdade depois do casamento, assim o faria. Mas fora de Avalon. Dentro do meu reino era proibido. Por quê? Para minha segurança novamente, já que todos saberiam que eu era a princesa.

Por que se preocupavam tanto com minha segurança? Eu não sabia. Mas uma vez, há muitos anos atrás, enquanto brigávamos, Alexander me disse que todos odiavam meu pai. E por isso me matariam se me vissem na rua. Na época eu era tão nova e dei de ombros. Achei que ele falou só para me magoar. Mas agora eu me pegava pensando naquilo de vez em quanto. Seria verdade? Talvez. Mas eu havia saído tão poucas vezes de dentro do castelo que não tinha como saber. E das vezes que saí, nunca foi num carro real, com brasão, muito menos aparentando ser uma pessoa da realeza. Conheci algumas lojas caras próximas do castelo. Só isso.

Olhei-me no espelho e estava impecável. Hora de enfrentar Stepjan Beaumont, o temido rei de Avalon... E para mim, simplesmente meu pai frio e distante.

Mia estava me esperando na porta. Não havia guardas no corredor onde dormíamos. E os que faziam vigia nos aposentos mais familiares eram os de extrema confiança do meu pai. Saindo da zona de convivência diária, nenhum deles sabia exatamente quem eu era. Por isso Mia dormia próxima dos nossos aposentos, junto de sua mãe. Léia ocupava aquele corredor porque sempre me cuidou, então acho que meu pai não arriscaria me mandar para a ala dos empregados com a governanta do castelo e sua mais fiel criada. Cresci junto de Mia e conforme fomos ficando amigas inseparáveis, a nomeei minha dama de companhia, pois eu não conseguia ficar longe dela. Era a minha única e melhor amiga e pensar em perdê-la era algo que não passava pela minha cabeça. Meu pai concordou. Acho até que ele nunca a deixaria sair do castelo, em função de nossas idades serem próximas e a confusão que ele gostava de causar em todo mundo sobre minha identidade.

            
            

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