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James deu mais uma olhada no espelho.
Tudo parecia perfeito. O cabelo loiro estava penteado para trás, o traje completo, com o colete verde e o brasão de Libertas no peito, estava impecável. Tudo parecia estar como deveria estar. Exceto pela coroa, prata, encrustada com pedras de esmeralda, que estava posicionada acima da cabeceira.
Ele a segurou, sentindo como se ela fosse mais pesada do que realmente era, e, respirando fundo, a colocou sob a cabeça. Estava parecendo o príncipe perfeito que nascera para ser. E aquilo o irritava, ele estava longe de ser perfeito. Ainda se olhando no espelho, ele mexeu na coroa, para que ela ficasse levemente torta, como se isso pudesse alterar a imagem dele de alguma forma.
Saindo do prédio, ele passou por toda a faculdade, atraindo olhares por onde andava. Algumas pessoas até faziam reverencias. Sorte a dele era que já estava escuro, e a maioria das pessoas estavam em festas, bares ou em qualquer outro lugar.
Ele não sabia ao certo se Ashley tinha concordado em acompanha-lo, mas estava esperançoso de que iria encontra-la exatamente aonde marcou no bilhete.
Assim que chegou na frente do prédio de ciências, soltou o ar que não sabia que vinha prendendo. Ashley estava ali, parada, levemente desconfortável e absurdamente linda. James, que só a via na faculdade com roupas gastas, nunca a tinha visto daquele jeito. Ela usava o vestido que não tinha mangas compridas, e havia um decote aprofundado, sem ser vulgar, a saia bufante, por conta da crinolina e anáguas, a deixava com um ar majestoso. Os seus cabelos estavam presos jogados por cima de um só ombro, os cachos castanhos avermelhados caiam, sendo realçados pelo tecido escuro. Ela mantinha a cabeça erguida, e postura que somente um nobre conseguia ter. Naquele momento, estava completamente majestosa. Parecia que tinha nascido para ser rainha.
Ele se aproximou lentamente, chamando a atenção dela. A menina abriu um sorriso genuíno. O primeiro que James já tinha visto em seu rosto, seu coração pareceu dar um pulo em seu peito. E aquilo a iluminou, seus olhos azuis esverdeados brilharam enquanto o observava a se aproximar. Mas como aquela era Ashley, que não conseguia ficar parada, ela acabou com metade da distancia dos dois, indo na direção dele. Ao parar a sua frente, ela não conseguiu se segurar, e ajeitou a coroa que o príncipe havia deixado torta propositalmente.
- Você acabou com todo o meu charme de príncipe rebelde. - James disse, fingindo estar emburrado.
- Bem, se quiser realmente parecer rebelde pode jogar a gravata e as luvas fora, e trocar o paletó por uma jaqueta de couro.
James franziu o nariz ao ouvir isso.
- Jaquetas de couro não fazem muito o meu estilo, são desconfortáveis.
- Porque ternos são muito confortáveis. - Ela murmurou, ironicamente.
- Você ficou linda com o vestido. - James disse, pegando a mão dela e dando um beijo. - Realmente deslumbrante.
- Obrigada. - Ela disse, abaixando o rosto para esconder que havia corado. - Como sabia meu tamanho, afinal?
- Você tem a mesma estrutura das minhas irmãs, só é um pouco mais baixa. - Ele falou, dando de ombros. - Roubei um vestido delas do ano passado. Pensei que talvez, fosse dar a altura corretamente.
- Fico feliz. - Ela disse, com um sorriso em seu rosto. - Parcialmente. Estou um pouco abalada por ser menor que uma adolescente de quinze anos.
- Vamos, tem um carro nos esperando. Não quer que cheguemos lá atrasados, certo?
- Você é o príncipe, duvido que se importariam se chegasse três horas atrasado, montado em um burro.
- É bem pelo contrário. - Ele sussurrou, dando o braço a ela.
Os dois foram até a limusine que os esperava. Apesar de não falarem nada no percurso, aquilo era agradável, e não estranho como James pensou que poderia ser. Ele respirou aliviado ao ver que estavam chegando ao palácio, bem na hora do inicio da festa, quando recebeu uma ligação. Ele mordeu o lábio, mas atendeu mesmo assim.
- James? - Gui perguntou, antes mesmo de James conseguir falar algo. - Escute, cara, sei que deve tá ocupado e tudo mais. Mas seu irmão tá em um péssimo estado, e eu não sei ao certo o que fazer.
- O que aconteceu com ele? - James perguntou, sentindo toda sua postura ficar tensa, e o olhar de Ashley cair em cima dele.
- Ele bebeu demais, e se meteu em uma briga. Não durou muito, os seguranças logo afastaram o cara dele, mas foi o suficiente para machuca-lo. Ele está bêbado, com a boca sangrando, olho roxo e dizendo que vai até o palácio, que você estava certo.
- Não saiam de onde estão. Me manda o endereço, estou indo agora mesmo. - James falou, sentindo sua cabeça latejar levemente. Assim que desligou a ligação, e recebeu o endereço, abriu a divisória da limusine para encontrar o motorista. - Nos leve para esse endereço, por favor.
O motorista deu uma olhada rápida para o celular de James, acenando com a cabeça. James fechou a divisória novamente, voltando a se recostar no banco do carro com um suspiro.
- O que houve? - Ashley perguntou, com um olhar preocupado.
- Meu irmão se meteu em confusão, e está querendo ir até o palácio. Ele está bêbado. - James concluiu, como se isso explicasse tudo.
- Ele fica assim com frequência?
- Benjamin? - James perguntou, como se aquela fosse uma pergunta absurda. - Não. Na verdade, ele é o sensato da família. O comportamento é até estranho para ele. Beber demais, entrar em brigas... Talvez seja minha culpa.
- Como isso poderia ser sua culpa?
- Eu deveria ser um exemplo para meus irmãos. Sou o mais velho. E ao invés de incentiva-lo a seguir o caminho certo, eu tenho o arrastado constantemente para minhas brincadeiras e festas intermináveis.
- Você não é responsável pelas atitudes dele só porque é o mais velho. - Ashley falou, como se fosse algo óbvio. - Você pode aconselha-lo, mas não obrigar a seguir o caminho certo. Mesmo que você aja errado, ele não tem que fazer o mesmo. As escolhas são dele.
- É fácil dizer quando está de fora. São nove irmãos que me veem como exemplo...
- Eles são seus irmãos, não seus filhos. Você não têm que cria-los ou corrigi-los. Não é seu papel.
- Qual você acha que é o meu papel então? - A voz dele saiu um pouco cansada.
- Te ligaram dizendo que ele estava com problemas. E você está indo atrás dele, certo?
- Certo.
- Acho que isso é tudo que você tem que fazer. Ajuda-lo quando ele precisar. Meu irmão costuma dizer que ser irmão é ser o ouvido, a palavra amiga e o colo reconfortante. - Ela deu de ombros. - Seja lá o que isso significa.
Aquilo chamou a atenção de James. Ele levantou o olhar, que antes encarava o chão, e observou Ashley. Ela disse aquelas palavras com um sorriso, um sorriso que não chegava aos olhos.
- Você não se dá bem com seus irmãos? - Ele perguntou, a voz não saindo mais alta que um sussurro.
Por um minuto inteiro, ele achou que ela não tinha ouvido. Não houve mudanças em sua expressão, não houve acenos de cabeça. Ela continuava parada, olhando para James, com aqueles mesmos olhos tristes. Até que o sorriso sumiu de seu rosto.
- Não é exatamente isso. - Ela falou, parecendo interessada demais na saia de seu vestido. - Eu... Eu não sou como eles. Eu não me interesso por coisas frívolas, como comparecer a todos os bailes, saber o nome de todos os nobres, escolher os vestidos mais bonitos... Não que eu não goste de ir a bailes e dançar, ou conversar com outros nobres. É só que tem coisas mais importantes. Por isso, quando estou em casa, geralmente me tranco na biblioteca. Os livros me fazem companhia.
- Parece um pouco solitário.
- Não acho, os personagens das histórias me fazem companhia. Além do mais, os livros não me julgam.
Ele piscou os olhos, surpreso. Havia interpretado Ashley de uma forma completamente errada. Achava que ela se escondia porque não queria chamar atenção, não queria que a vissem como a filha de um barão, ou porquê ela queria desafiar seu pai ou algo do tipo. Exceto que estava claro que ela não se importava de utilizar o título. O problema era outro. Ashley não era aceita dentro de sua própria casa. Ninguém sabia como lidar com ela, somente a julgavam por ser diferente. Ela preferia se esconder do que ser julgada.
- E você? - Ela perguntou de repente. Ao ver a expressão de confusão de James, ela abriu um sorriso. - Você e seus irmãos? Como são?
- Você conheceu o Ben. Charlie e Julie me veem como o irmão superprotetor. Talvez eu seja um pouco. E os outros... Bem, eles são pequenos demais, mas...
A voz dele morreu. Sim, eles eram bem mais novos. Mas mesmo assim, toda vez que os trigêmeos se reuniam, chamavam James para participar de seus planos. Sophie sempre contava a ele as fofocas que ouvia. Kathelyn, com apenas oito anos, já conseguia convence-lo a fazer as vontades dela, somente piscando os adoráveis olhos azuis cristalinos na direção dele. E Liam... bem, Liam era Liam. Toda vez que os pais não estavam em casa e Kathelyn não conseguia acalma-lo, ele ia até James para se sentir protegido dos pesadelos.
- Eles são maravilhosos. - James concluiu, um sorriso aparecendo em seu rosto. - Todos eles. Eu não conseguiria imaginar minha vida sem meus irmãos.
- Isso, parece ser bom. - Ela falou, com um sorriso fraco.
- Acho que você vai repensar isso quando Benjamin chegar aqui vomitando. - James falou, ao ver que o carro parou. - Vou pega-lo, espere aqui.
James saiu do carro e não precisou ir muito longe para encontrar Benjamin. Assim como ele esperava, o seu irmão estava sentado em uma mureta, vomitando em um arbusto. Gui estava ao lado dele, passando as mãos nas costas do príncipe, gentilmente. James se aproximou, tentando segurar a vontade que tinha de fazer uma careta.
- Ben, eu vim lhe buscar. - James falou, abrindo um sorriso forçado para os dois.
- Que bom que você chegou, cara. - Gui falou, se colocando de pé. - Ele estava querendo ir ao baile, e está nesse estado.
- Eu vou leva-lo para casa. - James disse, e ao ver o olhar de Gui, ele balançou a cabeça. - Pelas portas dos fundos.
- James! - Benjamin exclamou, parecendo só perceber a presença do mais velho naquele segundo. - Você estava certo, cara! Eu tenho que ir no aniversário de nossos irmãos. Nenhuma garota vale isso.
A fala dele estava arrastada, e levemente embolada. Mas mesmo assim, James o entendeu perfeitamente. Ele tinha ido naquela festa por causa de uma garota. O mais velho olhou para Gui, que fez um gesto de rendição.
- Eu não sabia de nada até hoje. - Gui se explicou. - Quando eu vi, ele estava beijando ela e do nada veio o cara dando um soco no seu irmão. Quando os seguranças o afastaram e ele viu que era o príncipe... não preciso dizer nada, certo? Implorou o perdão. Estava assustado, mas Benjamin mal deu atenção para ele, depois disso, ele se afogou nas bebidas e não conseguimos fazer ele parar.
- Está tudo bem. - James disse, pegando o braço do irmão e passando por cima de seus ombros. - Obrigada por cuidar dele.
- Você sabe que não precisa agradecer. - Gui disse, com um sorriso largo no rosto.
Benjamin era mais alto que James, o que dificultou um pouco o trajeto até o carro, mas não o tornou impossível. Assim que ele acomodou Benjamin do lado de dentro, o entregou uma sacola, e pediu para o motorista ir ao palácio, e parar no estacionamento dos funcionários.
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Não foi uma viagem particularmente boa. Benjamin vomitou mais duas vezes, e parecia completamente devastado. James não sabia o que dizer, porque nada do que ele dissesse faria diferença, porque, além dele estar bêbado, ninguém cura uma desilusão com apenas palavras.
Assim que eles chegaram ao palácio, James saiu apoiando Benjamin em seus ombros. Ashley vinha do outro lado, como se pudesse ajudar caso ele caísse. Assim que o príncipe entrou na cozinha, pediu o máximo de descrição de todos, e que enviassem gelo, café, sanduiches naturais e muita água para o quarto do príncipe Benjamin.
Para não ser visto, James abriu uma das passagens secretas, que conectavam os dormitórios da ala real a cozinha, com o intuito de que se houvesse uma invasão, eles poderiam fugir pela área dos funcionários. Foi um pouco difícil subir as escadas estreitas, mas Benjamin estava andando surpreendentemente bem para um bêbado com o olho machucado.
Quando enfim conseguiram colocar Ben na cama, e fizeram ele beber uma xícara de café, comer, beber água e colocar o gelo no olho, James e Ashley sentiram que podiam descansar.
- Ainda temos um baile a comparecer. - James falou, se virando para a menina.
- Eu já estou exausta. - Ela comentou, abrindo um sorriso. - Mas acho que posso dançar uma música ou outra.
- Então vamos. - James disse, saindo do quarto.
Ele só parou para que pedisse que o mordomo de Benjamin viesse ao quarto, e tentasse trazer tudo o que ele quisesse, mas de jeito nenhum, o deixasse ir para o baile. Os dois foram até o salão principal, e de lá foram ao salão de baile, com a intenção de parecer que haviam chego da rua. Quando chegou a porta do salão, viu que estavam anunciando os nomes na entrada, para a infelicidade de James, todos veriam que ele chegou atrasado. Pensou em dar meia volta e entrar pela entrada dos funcionários, quando viu sua mãe indo em sua direção.
Tarde demais, ele pensou.
- James, você está atrasado! - Ela disse, em um tom acusatório. - Seu pai está louco, estava achando que você não vinha mais e... - A voz dela parou aos seus olhos caírem em Ashley. - Oh! Lady Ashley! A senhorita finalmente nos agraciou com sua presença, é uma honra.
- Seu filho insistiu muito, Vossa Majestade. - Ashley disse, com um sorriso radiante. - Foi impossível dizer não.
- Fico feliz. De fato, a senhorita é tão bonita quanto seu irmão disse que era.
- Ele disse isso? - Ashley perguntou, parecendo completamente surpresa.
- Disse. Ele e seu pai vivem repetindo como é linda, e a mais inteligente da família, sem sobras de dúvidas.
- Oh! Eu não sabia.
- Agora os dois, para dentro do salão. Já estão muito atrasados.
James a conduziu para o lado de dentro, principalmente por Ashley parecer extasiada demais para fazer isso sozinha. A surpresa estava visível em seu semblante, mas quando eles pararam para dizer o nome dela, e anunciaram o príncipe da coroa, e lady Ashley, ela se recompôs imediatamente. Ou pelo menos, fingiu bem o suficiente.
Enquanto eles desciam as escadas do salão de baile, James não pode deixar de pensar que aquilo parecia certo. Como se durante toda a sua vida ele tivesse entrado em salões de bailes da forma completamente errada, e somente agora ele estivesse fazendo corretamente. Com Ashley ao seu lado. Aquilo o maravilhava, e incomodava de certa forma.
Ele não esperou para falar com ninguém, simplesmente a conduziu para a pista de dança e puxou Ashley para uma valsa. Ela era mais baixa que ele, de modo que, o topo de sua cabeça batia no queixo dele. James conseguia sentir o cheiro dela, de cereja e frutas vermelhas, conseguia sentir o calor que irradiava de sua pele, conseguia sentir o formigamento aonde a pele deles se encontravam.
- Sinto muito. - James acabou dizendo a ela.
- Pelo o que? - Ashley parecia verdadeiramente confusa.
- Por ter te arrastado até o outro lado da cidade, ter te feito ajudar a cuidar do meu irmão...
- Você não precisa se desculpar, James. - Ela abriu um sorriso, que o encheu de felicidade. - Eu o ajudei, porque quis. Poderia ter ido embora, mas estava claro que você precisava de ajuda. Nem que fosse um apoio moral.
- Obrigado, de qualquer forma.
Ele deixou o silencio recair sobre eles, e somente aproveitou o momento. Aproveitou a proximidade, aproveitou a felicidade que o invadia por estar junto a ela. Não pensou que fosse se sentir assim dançando com ela, não pensou que ela fosse trazer aquela paz. O coração dele disparou, e James teve que respirar fundo para controlar seus batimentos cardíacos.
Assim que a música acabou, e os dois saíram da pista de dança, o rei veio na direção deles. Ashley se curvou em uma reverencia perfeita, mas James não fez nada. Somente se preparou para a bronca que sabia que viria.
- Lady Ashley é um prazer vê-la. - Ele falou, abrindo um sorriso falso. - Poderia dar um instante com meu filho?
Aquilo não era um pedido. Estava implícito na forma como o rei dizia as palavras. Então, Ashley, sem escolha, soltou o braço de James e se afastou. Mas não tanto assim, queria ouvir o que o rei ia dizer ao seu filho, sua curiosidade falava mais alto que qualquer coisa.
- O que eu já lhe disse sobre atrasos? - O rei perguntou entredentes.
- Que são imperdoáveis. - James respondeu, com a voz firme e cabeça erguida.
- Então me diga, por que se atrasou para o aniversário de seus irmãos? Sabia que eles estão perguntando por você?
- Eu me distrai. - James mentiu, sem hesitar. - Com meus amigos.
- Eu sempre disse, eles não são boas influencias para você. - O rei disse, com um sorriso amargo. - A partir de hoje, você não dorme mais no dormitório. Quero ver você todos os dias aqui, e só vai sair para alguma dessas festas novamente quando souber se portar como um príncipe.
A mandíbula de James ficou tensa quando ele cerrou os dentes, mas não ousou discutir com o rei.
- Sim, senhor.
- Desculpe, Vossa Majestade. - Ashley disse, se aproximando, apesar do olhar de aviso que James deu a ela. - A culpa é minha, eu que o atrasei, ele só disse isso para não...
- Fico feliz de ver que meu filho esteja se dando bem com uma jovem respeitável. E que vocês deixaram suas diferenças para trás. Mas isso não muda nada, ele sabe das obrigações dele, Lady Ashley. Agora, vá falar com seus irmãos, James.
Ele se afastou, fazendo com que James soltasse uma grande lufada de ar. O príncipe balançou a cabeça, como se isso pudesse reorganizar os pensamentos que passavam em sua cabeça. De repente, ele sentiu a mão de Ashley no rosto dele. Mesmo com a luva, era possível sentir o calor dela passando para a pele dele, era possível sentir uma queimação. Ele só conseguia pensar se ela sentia aquilo também. A menina virou o rosto dele, na direção do dela. Os grandes olhos azuis piscavam em sua direção, ela abriu a boca, querendo dizer algo, mas parecia sem saber o que dizer. Ela não fazia a mínima ideia, que só de estar ali, olhando para ele, tão próximo de James, mudava tudo. Era como se o mundo dele tivesse virado de cabeça para cima, e de repente ele percebeu que durante todo aquele tempo, ele viveu de cabeça para baixo.
- James, eu sinto muito. - Ela falou depois de muito tempo.
- A culpa não é sua. - Ele simplesmente respondeu, sem conseguir parar de encarar aqueles olhos que o hipnotizavam.
- Por que não falou que foi buscar o Ben? Ele não teria ficado irritado por isso.
- Teria ficado irritado com o Ben. Eu não podia fazer isso com ele.
Ela se aproximou um pouco mais. Estava tão perto, que agora ele poderia colocar as mãos em seu rosto e puxa-la para um beijo. Ele se pegou pensando em que gosto seus lábios teriam, se o beijo seria tão bom quanto ele imaginava que seria.
Já não importava que eles estavam em um salão cheio de gente, não importava que um beijo com o príncipe herdeiro no meio de um salão cheio de nobres, poderia ser um escândalo. Não importava que o pai e o irmão mais velho dela estavam ali, há poucos metros, e que a qualquer momento, poderiam vê-los naquele momento intimo. Nada importava. Somente Ashley.
Ele se inclinou.
- James! James! Você veio. - Ele ouviu a voz de Mason gritando, o retirando de um transe.
Os dois se afastaram como se o toque os queimasse. James recuou, decidindo que deveria ser melhor criar espaço entre os dois. Então se virou para seu irmão, que corria em sua direção, e se abaixou para abraça-lo.
- Claro que eu vim. - James respondeu, assim que ele chegou e abraçou o irmão mais velho. - Você achou que eu não viria?
- Eu não. Mas Eric sim. - Mason falou, abrindo um sorriso, depois de se afastar de James. - Agora ele me deve dinheiro.
- Vocês apostaram se eu viria ou não? - James perguntou, levemente horrorizado.
- Mais ou menos. - Mason assumiu, dando de ombros. - Kevin apostou que você viria e chegaria na hora, eu apostei que você viria, mas chegaria atrasado. Eric disse que você nem mandaria um presente.
James tinha achado estranho que Mason tinha vindo até ele tão animado, agora, na verdade, a animação fazia mais sentido. Ele deveria saber, afinal, conhecia os seus irmãos.
Assim que os outros vieram, ele passou um bom tempo conversando com eles, o que foi bom, pois o ajudou a se distrair de Ashley que estava perto deles. Ele precisava da distancia. Sabia que se a deixasse se aproximar demais de novo, não teria tanto controle.