Capítulo 8 Primeira vez

Eu estava agora no último ano da escola, no que dizia respeito aos estudos, nunca dei trabalho para a minha avó, era considerado do tipo nerd, sempre fui estudioso, como era muito fechado não tinha tantos amigos e os poucos que tinha eram como eu. Nós éramos quietos e nunca me envolvi nas bagunças, já o Rafael era diferente, mesmo sendo mais novo era do tipo mais descolado, e mesmo namorando a Melissa não tinha dificuldade nenhuma em se desenrolar com as garotas, e depois da Bruna, a maioria das meninas com quem eu fiquei foi ele quem apresentou para mim.

Porém as coisas eram diferentes, quando eu ficava com uma garota não levava nada adiante como levei com a Bruna, e buscava explicar sempre de forma sútil que não queria compromisso. Não queria compromisso, mas queria sexo, queria experimentar na verdade, principalmente após saber que o Rafael também já tinha dado esse passo com a Melissa, e mais uma vez os detalhes me encheram de curiosidade. Eu só não sabia como conseguiria isso sem me relacionar com alguém, principalmente sendo tão tímido.

- Ei Felipe, vai rolar uma festa hoje na casa do Augusto, os pais dele viajaram e nós vamos pra lá, vamos?

Rafael fez o convite e confesso que a princípio não tive o menor interesse, eu nunca ia em nenhuma das festinhas que os garotos organizavam.

- Não sei... - Respondi dessa forma para não dizer não imediatamente.

- Ah, vamos, senão minha mãe vai me encher o saco pra eu não ir, se você for ela fica mais de boa! Vai ser legal, eles chamaram um monte de garotas e o Gustavo ainda descolou as bebidas.

"Bebidas?" Pensei, o Rafael tinha 15 anos e já bebia? Eu nunca tinha sequer colocado álcool na boca.

- E a Melissa? - Perguntei por curiosidade, só para saber se além de tudo ele pretendia enganar a namorada.

- Ela vai tentar ir, os pais dela são um pouco chatos, mas ela vai mentir que vai pra casa de uma amiga.

Acabei cedendo e fomos a tal festa, eu disse para a minha avó que ia dormir na casa do Rafael e nós fomos juntos, tia Clarisse confiou em nos levar porque dissemos que seria a festa de aniversário de um amigo. Logo imaginei que isso não daria certo, porque se fosse a vovó ela entraria para falar com os pais do suposto aniversariante, mas a tia Clarisse apenas nos deixou na porta e nós seguimos. A casa estava cheia, era pequena para quantidade de adolescentes que haviam ali, notei que a grande maioria era da escola, o som estava alto e algumas pessoas dançavam ao som de funk, porém não haviam adultos, nenhum adulto, e me perguntei se os pais do tal Augusto estavam cientes dessa festa.

Melissa apareceu com a amiga que fez de álibi. Olhei ao redor e vi vários casais aos beijos, garotas dançando de forma provocativa e na cozinha várias garrafas de bebidas.

- Vamos pegar uma bebida. - Rafael sugeriu.

Ele fez uma mistura de vodka com refrigerante de limão, experimentei e pude sentir o gosto do álcool que desceu esquentando a garganta, mas ao mesmo tempo o doce do refrigerante tornava a sensação agradável. Gostei e após os primeiros copos fiquei mais animado, mais desinibido. Nunca fui um bom dançarino, mas com o grau elevado arrisquei me balançar um pouco, então uma garota se aproximou de mim.

- Minha amiga quer te conhecer.

Dei um sorriso presunçoso para ela, confiante como nunca.

- Quem é?

Ela apontou e eu fitei a moça que me apareceu bem interessante. Tinha cabelos ondulados, volumosos e negros, sua pele cor de ébano meu atraiu imediatamente, confesso que as morenas sempre foram meu ponto fraco.

- Ok. - Respondi, dando mais um gole no meu poderoso elixir da coragem.

A garota gesticulou para que a amiga se aproximasse e eu me apresentei tranquilamente, de longe, Rafael deu uma risadinha e piscou. Sem a menor habilidade chamei a garota para dançar enquanto conversávamos, ela tinha 16 anos, também era da escola, mas eu nunca tinha reparado nela por lá, outra coisa que me chamou atenção, a morena não era tímida como a Bruna, por exemplo, ou então apenas tinha bebido como eu, mas o fato é que não tive a menor dificuldade em partir para um beijo, e mais do que isso, ela dançava de forma provocante, roçando em mim e atiçando meus instintos.

- Vamos procurar um canto mais calmo? - Perguntei, tentando não insinuar que eu queria ficar sozinho com ela, mesmo sendo a intenção.

A garota concordou sem problemas e nós saímos, caminhamos um pouco pelo quintal da casa, aparentemente ela também não conhecia o local e achamos um cantinho sem movimento de pessoas, era um corredor mais nos fundos, alguns outros casais pareciam ter tido a mesma ideia, mas eles estavam tão distraídos quanto eu pretendia estar, e então me encostei na parede e a puxei para perto. Nós nos beijamos, porém não foi um beijo qualquer, havia uma certa intensidade que eu jamais havia experimentado antes, ousei pressionar o corpo dela contra o meu e a morena não se incomodou quando deslizei uma mão boba.

Eu estava enlouquecendo naquele momento, já tinha tido curiosidade, já tinha sentido atração por outras garotas, até mesmo pela Bruna, mas nunca como estava acontecendo ali, talvez porque nenhuma delas me deu tanta liberdade e eu não era do tipo que insistia ou arriscava passar dos limites. Eu não tinha nenhum tipo de relacionamento com ela, nada sentimental, mal a conhecia, e no entanto ela parecia tão interessada quanto eu no que estava por vir, era a deixa que eu precisava, e o próximo passo deveria partir de mim, mas não sabia como.

- Vamos mais para o fundo. - Sugeri imaginando que haveria um local ainda mais reservado.

A morena concordou imediatamente e nós seguimos. Havia uma porta ao fim do corredor, nós abrimos para ver onde daria e acabamos na área de serviço, entramos sem hesitar e fechei a porta atrás de nós, estava escuro e isso me deixou um pouco mais à vontade, ela estava de vestido e eu o ergui, mas logo lembrei que não tinha preservativos e pausei bruscamente.

- O que foi? - Ela perguntou sussurrando em meu ouvido.

- Camisinha, preciso pegar... - Respondi ainda inseguro, sem ter certeza se estava indo rápido demais, imaginando coisas demais, mas a garota concordou, então ela queria tanto quanto eu e essa era a oportunidade que tanto esperei.

- Você quer me esperar aqui? Ou quer ir comigo?

- Espero!

Entrei novamente na casa por uma outra porta que dava praticamente para a cozinha, estava ansioso, com a respiração pesada e imaginando que quando eu voltasse a garota teria fugido. Obviamente eu não tinha camisinha, mas não diria isso para ela, então fui atrás do Rafael, mesmo envergonhado, ele era o único que poderia me salvar.

- Você tem camisinha? - Perguntei no ouvido dele quando o encontrei.

- Aqui não, mas vem comigo...

Meu primo sequer perguntou por que eu queria, acho que o único bobo ali era eu, ele falou com os amigos e rapidinho me passaram o preservativo, nenhum deles questionou nada ou parecia impressionado, então apenas agradeci, feliz por não ter que dar mais explicações e voltei para a garota. Senti um imenso alívio quando vi que ela ainda estava lá, eu não fazia a menor ideia do que tinha que fazer na prática, só via por vídeos então simplesmente repeti e foi mais fácil do que pensei, foi instintivo, foi incrível.

Voltei para casa naquele dia sorrindo à toa, por sorte o efeito da bebida já tinha passado, nem eu e nem o Rafael demonstramos qualquer sinal de alteração, tia Clarisse fez perguntas habituais sobre a festa, respondemos como convinha e somente quando já estávamos prontos para dormir, Rafael me questionou.

- Deu certo?

Confirmei timidamente. Ele apenas sorriu e foi se deitar, não se importou com os detalhes.

Então a partir daquele dia passei a me interessar mais pelas festas, não apenas isso, passei a andar prevenido. A garota me cumprimentava normalmente quando passava por mim na escola, mas nunca me cobrou nada, era como se nada tivesse acontecido, assim entendi como conseguiria sexo sem ter um relacionamento, bastava encontrar mulheres que pensavam como eu.

Eu não perdia mais nenhuma festa, estava em todas em que era convidado, com ou sem o Rafael. Devido a isso, acabei me enturmando com os garotos mais descolados da minha turma, com o tempo perdi um pouco daquela timidez e já me arriscava em investir nas garotas que eram do meu interesse, não me preocupava com o não e aproveitava os sins.

Então finalmente finalizei o ensino médio, a maioria dos meus amigos já tinha um plano do que fariam a seguir, eu tinha o desejo oculto de fazer a faculdade de engenharia civil, quando era criança sonhava em trabalhar um dia com o meu pai, mas todo o ressentimento que eu guardava por ele me fizeram pensar em desistir, não queria ser como ele.

Nesses quase 8 anos que haviam se passado desde o dia da morte da minha mãe, eu nunca mais havia visto meu pai, me recusei a atender qualquer telefonema e o proibi de falar com a minha irmã, obviamente que se ele quisesse até mesmo levá-la embora, poderia, eu faria 18 anos em janeiro e estaria livre, mas Fernanda ainda era uma criança e eu sentia pavor apenas por cogitar a ideia.