img img img Capítulo 2 Traição
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Capítulo 6 Quer terminar comigo img
Capítulo 7 Você ama me irritar img
Capítulo 8 Aquele homem... img
Capítulo 9 Henrique img
Capítulo 10 Não me provoque img
Capítulo 11 Convencê-la img
Capítulo 12 "Namoro" img
Capítulo 13 Abstinência img
Capítulo 14 Ela tinha 19 anos img
Capítulo 15 Você não quer img
Capítulo 16 Você irá se arrepender img
Capítulo 17 Você a ama! img
Capítulo 18 4 meses depois img
Capítulo 19 Sua dor nunca vai passar img
Capítulo 20 Indelicadamente img
Capítulo 21 Destino img
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Capítulo 2 Traição

Capítulo 3- Elisabete

Foi realmente decepcionante descobrir que meu namorado e

minha amiga estavam me traindo. Por incrível que pareça, não me

importei em perder o Miguel, pois penso que lá no fundo eu só

gostava dele e não o amava. Porém, descobrir que foi traída era

algo horrível, agora estava difícil seguir sem saber em quem confiar.

Naquela noite que os peguei juntos, fiz questão de colocar tudo

para fora. Disse o que se passava pela minha cabeça e não me

arrependia de nada.

Na verdade, estava arrependida por não ter cortado o pau dele

fora e feito a vadia o comer.

Conheci ngela na faculdade e a achei muito legal na época. Eu

mal sabia que seria apunhalada pelas costas e ter que arrumar um

lugar para morar.

Tenho sorte por ter uma irmã maravilhosa, pois quando liguei

para ela, rapidamente Mariana veio ao meu socorro. Eu ficaria com

ela até achar um novo emprego, já que não bastava o meu dia ter

sido conturbado, ainda descobri que fui traída e não tinha onde

morar.

Seu apartamento não era muito grande, mas cabíamos nele.

Como minha irmã trabalha como guia turística e vive viajando, seria

perfeito para nós.

Eu achava que tudo que aconteceu naquele dia tinha sido um

aviso do Destino de que algo estava muito errado. Ainda não sabia

o quê, mas esperava que essa maré de azar não permanecesse ao

meu lado.

- Não se preocupe, Elisa, você pode ficar o quanto quiser na

minha casa. Eu mal fico aqui mesmo e quando estiver será divertido

passar o dia com a minha irmã mais velha.

Mariana era um amor de pessoa. Todos a amavam e ela sempre

foi a mais popular na nossa casa. Ela era minha irmã mais nova,

porém, depois da faculdade a garota seguiu na sua área de

atuação, muito diferente de mim que não tive tanta sorte e optei por

trabalhar para me sustentar e deixei um pouco de lado o meu

sonho. Entretanto, a minha demissão e essa nova situação em que

me encontrava, me deu oportunidade de finalmente procurar o que

desejava.

- Obrigada, irmã, você é meu anjo. - Falei a abraçando forte.

- Vou arranjar um emprego em minha área, você vai ver, não vai

demorar muito.

- Eu espero que sim. Você merece fazer o que gosta, é muito

criativa e inteligente, aposto que essas empresas estão perdendo a

oportunidade de ter alguém tão inteligente como você. - Disse indo

para a cozinha. - Mas agora vamos assistir a um filme muito

divertido. Já faz um tempo que nós não temos essa oportunidade.

Ela tinha razão, no meu antigo trabalho eu não tinha

oportunidade de sair e me divertir muito. Era trabalho e mais

trabalho, sem tempo para folga. Mariana vivia no emprego dos

sonhos, ela viajava para o litoral com os turistas nas praias mais

lindas de Pernambuco. Outras vezes, ela trabalhava em sítios

arqueológicos.

Enquanto ela fazia a pipoca, liguei a televisão e procurei algo

decente para assistirmos. Querendo ou não, a minha cabeça ainda

questionava muitas coisas sobre Miguel e a traiçoeira que eu

chamava de amiga.

- Acha que eles estavam juntos há muito tempo e só eu que era

idiota nessa história? - A perguntei.

Eu queria parar de pensar nessa situação, no entanto, talvez a

raiva estivesse trazendo tudo à tona em minha cabeça e comecei a

questionar vários momentos da nossa vida.

- Eu não sei, mas nunca gostei daquela mulher. Na verdade,

nunca pensei que o Miguel faria tal coisa com você, achei que ele te

amava. - Disse em um tom triste.

- É, eu também, entretanto, eu não gostava mesmo muito dele,

talvez fosse apenas comodismo. - Pensei em voz alta. - Quer

saber, é melhor esquecermos isso. O Miguel não vale um minuto

dos meus pensamentos mais.

Mariana volta com a pipoca e resolvemos assistir uma comédia

para rir muito e esquecermos os problemas. Tinha que focar agora

em achar um emprego e ter o meu próprio lugar. Não deveria mais

deixar que ninguém me atrapalhasse, esse era o meu futuro e não

podia deixá-lo para trás por causa de momentos ruins ou pessoas

que não valiam a pena.

***

Não fiquei parada em casa lamentando pela vida medíocre que

tive durante esses três anos. Saí e entreguei os currículos nas

empresas que eram do meu ramo.

Minha irmã saiu para trabalhar, me deixando sozinha. Como não

tinha muitos amigos, fui obrigada a esperar em casa, entediada.

Rezei para todos os santos e deuses existentes no mundo para

que eu tivesse uma resposta rápida, pois não queria continuar

parada, não suportava ficar em casa sem fazer nada o dia inteiro.

Quem me olhasse diria que eu estava em um romance com o

meu celular, pois passei o dia inteiro ao seu lado esperando que ele

tocasse.

Quando vim para recife, foquei tanto em estudar e arrumar um

emprego que não tive a oportunidade de sair e conhecer tudo o que

deveria, por isso não tinha tantos amigos, e justo a que arrumei, me

traiu. Claro que isso trouxe um pouquinho de desconfiança, e seria

difícil acreditar em mais alguém no futuro.

Meus pais moram no interior, bem distante. Eles vivem de forma

humilde e nos criaram com poucas coisas, mas nem por isso nos

deixaram negligenciadas, nos ensinaram que não precisamos de

muito para sermos felizes, apenas de pessoas que valham a pena.

Quando a minha irmã também veio para cá, eu já não precisava

ficar mais só. Ela estudava e morava comigo, e podíamos sair para

nos divertir.

Conheci o Miguel quando trabalhava em uma lanchonete, ele

também estudava na mesma faculdade que eu, no curso de física.

Gostei dele, pois era inteligente e muito bonito. Mas pensando bem,

agora, Mariana tinha razão, ele foi sempre meio esnobe e se achava

melhor que todo mundo. Sempre que eu falava sobre o meu sonho

quando estávamos juntos, ele fazia questão de me colocar para

baixo, dizendo que isso seria impossível para mim.

Antes de vir para cá, passei muito tempo sem ninguém, as

pessoas sempre pensavam que eu tinha algum problema, porém, só

queria focar no meu objetivo. No entanto, se você não seguir

conforme a dança, as pessoas começam a falar e isso sempre foi

um problema para minha mãe.

Mas que se dane!

Ninguém deveria viver baseado no que as pessoas vão achar ou

não. Era a nossa vida, e somos nós que escolhemos o que

queremos ser ou não, caso contrário sempre iremos viver infelizes,

pois nem sempre o que as pessoas desejam para nós, era o que

realmente nos faria feliz.

Agora mesmo, tinha que me concentrar no que eu queria, e ao

ouvir o celular tocar, quase tive um ataque de pânico.

Olhei na tela e era um número desconhecido. Poderia ser

qualquer um, mas mantive o meu pensamento positivo.

- Alô. - Disse ao atender.

Eu estava tentando disfarçar a minha ansiedade, porém, estava

ficando difícil.

- Alô, Elisabete? - Perguntou a voz feminina do outro lado.

- Sim, sou eu. - Respondo ainda eufórica. Tentei a todo custo

me acalmar, mas era a primeira vez em muito tempo que uma

empresa me respondia.

- Eu sou a Judi, trabalho para a empresa ART Vilella e gostaria

de saber se você ainda está à procura da vaga?

Assim que ela havia acabado de falar, afastei um pouco o

telefone do ouvido, para que a mulher não ouvisse a minha histeria.

Já fazia um tempo que eu desejava fazer uma entrevista nessa

empresa, mas as vagas eram muito disputadas.

- Claro que sim. - Respondi ainda me abanando.

- Ótimo, estou agendando sua entrevista para amanhã, ok? -

Falou a mulher que mais parecia um anjo.

- Ok, estarei aí. - Respondi.

Antes de desligar, Judi me passou os detalhes sobre a

entrevista. Eu sabia que não seria a única a ir até lá, mas eu faria de

tudo para ser a melhor de todas.

Assim que a ligação foi encerrada, eu praticamente saltitei de

tanta alegria.

***

Ao chegar na frente do prédio alto e moderno, fiquei

impressionada com a sua beleza. Era realmente luxuoso. Eu nem

sabia que existia edifícios tão modernos em Olinda, pois a cidade

era conhecida pelas casas e prédios antigos.

Sem perder tempo, adentrei o lugar. A ART Vilella ocupava os

três últimos andares, e ao chegar perto do elevador, três mulheres já

o esperavam. Não sabia se elas já trabalhavam aqui ou não, mas

dava para ver que não vieram para brincadeira, elas estavam lindas.

Se elas fossem minhas concorrentes e essa fosse uma disputa

de moda, eu estaria ferrada. Saí de casa com um traje formal. Uma

saia lápis e uma blusa de manga longa, solta.

Assim que saímos no andar onde seria a entrevista, tive a

confirmação de que essas mulheres eram realmente minhas

concorrentes. Mas não me preocupei, já que eu era muito bem

qualificada, apesar de ainda não ter trabalhado fixamente no ramo.

Judi, que era a secretária do todo-poderoso, apareceu para nos

indicar onde seria a entrevista.

Eu estava bem nervosa e precisava de um pouco de água para

que me acalmasse.

Pedi informação a ela, que me indicou uma sala que servia de

copa para alguns funcionários comer e beber água.

Fui até a sala e bebi um pouco de água. O lugar não era muito

pequeno e tinha muitas coisas para os funcionários. Respirei fundo

ao sair da sala, mas meu corpo se chocou contra uma parede de

músculos que fez com que eu recuasse um pouco e quase caí.

- Meu deus, desculpa, eu não...

Meus olhos procuraram a vítima da minha desatenção e senti

que meus pulmões quase pararam de funcionar. Ele era alto, tinha

ombros largos, olhos verdes intensos e uma barba rala que me fez

arrepiar. Suas mãos seguravam minha cintura para que eu não

fosse ao chão.

Mantive minhas mãos em seu peitoral largo, ainda boba pela sua

imagem perfeita.

- Você deveria olhar para onde anda. - Ele disse com sua voz

grossa e arrogante.

A magia acabou no mesmo instante que seu olhar se tornou frio.

Pisquei duas vezes raciocinando sobre todo o ocorrido.

- Desculpe-me, mas o senhor também teve culpa. - Falei me

defendendo.

- Como posso ter culpa nisso se foi você quem esbarrou em

mim? - Me questionou cerrando os olhos.

Era inegável que esse homem era lindo e charmoso, mas tudo

isso não ofuscava a ignorância e a rispidez que destruía a bela obra

de Deus.

O olhando atentamente, o bonitão de olhos verdes parecia um

modelo de capas de revista chique. Podia apostar que esse babaca

era um arquiteto ou engenheiro. Mesmo tendo muita gente legal,

essas áreas eram cheias de homens e mulheres egocêntricos.

- Foi você que apareceu de repente. - Falei convicta. - Quer

saber, não posso ficar aqui, tenho o que fazer. Tenha um bom dia.

Afastei-me dele e comecei a caminhar para longe, no entanto,

seus longos dedos impediram que eu me afastasse bastante.

O simples toque de suas mãos fazia com que meu corpo

perdesse a compostura. Olhei novamente para seus olhos e pude

ver um brilho que não vi antes.

- Como se chama? - Perguntou curioso, franzindo o cenho.

- Isso não interessa a você. - Respondi ainda chateada.

Sem dar espaço para mais questionamentos, saí. Na verdade,

eu estava fugindo. Ficar poucos minutos ao lado desse homem me

fez sentir coisas que nunca senti com Miguel, e isso era estranho.

Capítulo 4 - Henrique

Prezo por duas coisas quando estou trabalhando: concentração

e dedicação, porém, já faz dois dias que minha mente estava

distraída, e por quê? Pelo simples fato de ter esbarrado em uma

mulher de cabelos escuros e olhos castanhos que tinha uma boca

incrível e uma língua solta.

Não sei quem era ela ou o seu nome, no entanto, não consegui

parar de pensar naquela ocasionalidade. Resolvi que já era hora de

expulsar aquela estranha da minha cabeça e me concentrar no

trabalho. Finalmente achamos uma pessoa que possa trabalhar

comigo. Serena não disse muito sobre a mulher, só que ela era

perfeita para o cargo, pois sua personalidade batia com a minha

- Ela começa amanhã, mas Henrique, não faça com que a

mulher queira se demitir no mesmo dia, por favor. - Pediu com um

sorrisinho no rosto. - Ela é bonita e inteligente. Tem desejo de

crescer, e com certeza poderá resistir por um tempo ao seu lado.

Continuei desenhando o esboço do nosso último projeto

enquanto a ouvia. Serena, apesar de ser uma ótima profissional, era

muito tagarela. A conheci na faculdade e agora ela trabalhava para

mim.

- Que bom, só espero não a odiar também. - Falei dando de

ombros.

- Às vezes penso que você é um daqueles protótipos robóticos

que se parece com ser humano, mas que não tem sentimentos. -

Ela disse se levantando abruptamente, parecendo chateada.

- Se eu fosse, vocês estariam ferrados. - Brinquei e a ouvi rir.

- Olha, você tem senso de humor. - Ironizou antes de sair. -

Mas falo sério quando digo que você tem que pegar mais leve com

as pessoas.

Quando finalmente fiquei só, continuei o meu projeto, sempre

amei fazer isso. Minha família estava no ramo de arquitetura há

muito tempo, porém, isso nunca foi uma obrigação para mim, pois

sempre gostei de desenhar e projetar coisas.

Já ganhei diversos prêmios no ramo, e quando meu pai quase

arruinou a empresa, fui eu que assumi e fiz com que ela fosse

reconhecida no país.

Devido a diversos fatores, meu pai e eu não tínhamos uma boa

relação, mas sabia que ele estava satisfeito com o meu trabalho.

***

O dia não havia começado muito bem. Cheguei tarde, ontem.

Mal consegui dormir e hoje perdi a hora. Isso nunca tinha

acontecido.

Não tomei café antes de sair de casa. Sabia que encontraria um

trânsito caótico, pois dirigir de Recife para Olinda não era tarefa

fácil, já que as cidades não suportavam a quantidade de veículo nas

ruas.

Fiquei mais tranquilo quando cheguei ao escritório, depois de

passar quase uma eternidade no trânsito. Não queria falar com

ninguém tão cedo, mas sabia que assim que colocasse os pés na

empresa, os problemas apareceriam. Pedi um café forte a Judi que

me seguia, batendo seus saltos no piso.

Antes de entrar na minha sala, parei no corredor em frente a sala

da minha nova assistente. Sabia que ela começava hoje, e a

silhueta perfeita que estava vendo, era bastante curioso. Apesar de

estar em uma posição provocante, ela estava formal.

Algo naquela mulher de cabelos escuros me dava uma sensação

estranha e familiar. Ela vestia uma saia preta e blusa branca solta. O

movimento que fazia ao colocar os seus cabelos longos para trás,

me deixou encantado.

Quando ouvi a voz da minha secretária, tive que voltar ao mundo

real e caminhar para o meu escritório.

- É a sua nova assistente. O nome dela é Elisabete Medeiros,

achei ela uma ótima pessoa. - Falou a mulher baixinha de cabelos

cacheados.

Ainda pensava na silhueta sexy que havia visto, mas isso não

mudou o meu humor. Sabia que até o fim do dia ficaria com dor de

cabeça.

Depois que ela me serviu o café forte, pude enfim começar o

meu dia. Pedi que ela mandasse a nova assistente entrar para

começarmos a trabalhar. Sabia que eu não poderia assustar a bela

jovem com o meu mau humor assim de cara, então respirei fundo e

encostei-me na cadeira.

Recebi uma ligação e tive que atender. Enquanto falava ao

telefone, vi o rosto conhecido entrar no meu escritório e tive que me

concentrar para não surtar.

Dava para ver que ela também havia ficado surpresa. Continuei

a minha ligação observando cada movimento da mulher que se

sentou à minha frente, ainda tentando entender o que estava

acontecendo. Assim que desliguei o telefone, nos observamos por

um instante antes que eu começasse a falar.

- Claro, você seria a assistente perfeita para mim, não é? -

Perguntei ironicamente.

- Acho que cometi um pecado muito bárbaro nas minhas vidas

passadas. - Comentou a mulher.

Não sabia se era o destino ou só coincidência mesmo. Mas ter

esta mulher como minha assistente era a forma do universo me

punir por tudo que já fiz. Ela era linda e atraente, mas da última vez

que nos encontramos foi muito mal-educada me culpando por

esbarrar nela.

O pior era que a mulher não saiu da minha cabeça desde aquele

dia e agora ela estava aqui, parada em minha frente e iria trabalhar

comigo.

            
            

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