img img img Capítulo 2 Um olhar de amor
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Capítulo 6 Um olhar de amor img
Capítulo 7 Um olhar de amor img
Capítulo 8 Um olhar de amor img
Capítulo 9 Um olhar de amor img
Capítulo 10 Um olhar de amor img
Capítulo 11 Um olhar de amor img
Capítulo 12 Um olhar de amor img
Capítulo 13 Um olhar de amor img
Capítulo 14 Um olhar de amor img
Capítulo 15 Um olhar de amor img
Capítulo 16 Um olhar de amor img
Capítulo 17 Um olhar de amor img
Capítulo 18 Um olhar de amor img
Capítulo 19 Um olhar de amor img
Capítulo 20 Um olhar de amor img
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Capítulo 2 Um olhar de amor

Enquanto se perguntava por que ela não estava sentada den-

tro do carro, seca e aquecida, ligando para o serviço de emer-

gência da estrada e aguardando pelo socorro, ele parou o carro

no canto da pista e saiu para tentar ajudá-la. Ela tremia en-

quanto o observava se aproximar.

- Você está ferida?

Ela cobriu um lado do rosto com uma das mãos, mas bal-

ançou a cabeça.

- Não.

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Ele teve de se aproximar mais para escutá-la com o barulho

da água que atingia o asfalto e rapidamente estava se trans-

formando em granizo. Embora tivesse desligado os faróis, já

que seus olhos logo se acostumaram à escuridão, conseguiu ob-

servar com atenção o rosto dela.

Chase sentiu um aperto no peito.

Apesar dos longos cabelos colados ao rosto e ao peito, e "rato

molhado" fosse uma boa expressão para descrever-lhe a

aparência, a beleza da mulher o impressionou.

Em um instante, seus olhos de fotógrafo analisaram os

traços dela. A boca era um pouco grande demais; os olhos, um

pouco separados no rosto. Ela não chegava nem perto da

magreza das modelos, mas, pela maneira como a camiseta e o

jeans colavam em sua pele, ele pôde perceber que ela apro-

veitava bem suas tentadoras curvas. No escuro, não podia

adivinhar-lhe a cor exata dos cabelos, mas pareciam de seda,

perfeitamente macios e lisos no ponto em que lhe cobriam os

seios.

Foi apenas quando Chase a ouviu dizer "meu carro está bem

danificado, no entanto" que ele percebeu que perdera por

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completo a ideia do que pretendia fazer ao estacionar e ir ao en-

contro dela.

Como sabia que estivera bebendo a imagem daquela mulher

como se morresse de sede, esforçou-se para recuperar o

equilíbrio. Já podia ver que o carro dela levara a pior. Não era

necessário um mecânico como seu irmão Zach para concluir

que o horroroso carro hatch estava beirando a perda total.

Mesmo se o para-choque dianteiro não estivesse quase aos ped-

aços por ter batido na cerca branca de uma fazenda, os pneus

carecas nunca conseguiriam tração na lama. Não naquela noite,

de qualquer forma.

Se o veículo estivesse em uma situação menos precária, ele

provavelmente diria para ela permanecer dentro dele enquanto

tentaria tirá-lo de lá. Porém, um dos pneus traseiros estava

pendurado na borda da vala.

Chase fez um movimento com o polegar na direção de seu

automóvel.

- Entre no meu carro. Podemos esperar lá por um guincho.

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Teve a vaga sensação de que as palavras soaram como uma

ordem, mas o granizo começava a machucar, maldição! Os dois

precisavam sair da chuva antes que congelassem.

Porém, a mulher não se mexeu. Em vez disso, lançou-lhe um

olhar que parecia dizer que ele era completamente maluco.

- Não vou entrar no seu carro.

Ao perceber o quanto devia ser assustador, para uma mulh-

er, ficar presa e sozinha no meio de uma estrada escura, Chase

afastou-se um pouco dela. Tinha de falar alto para ela ouvi-lo

em meio ao granizo.

- Não vou atacá-la. Juro que não farei nada para machucá-

la.

Ela só faltou se encolher ao ouvir a palavra "atacá-la" e

Chase ficou alerta. Ele nunca fora um ímã para mulheres prob-

lemáticas, não era o tipo de homem que gostava de salvar pas-

sarinhos feridos. Porém, como tinha vivido com duas irmãs por

muito tempo, sempre podia adivinhar quando alguma coisa es-

tava errada.

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E alguma coisa com certeza estava errada com aquela mulh-

er, além do fato de o carro dela estar praticamente preso em

uma vala lamacenta.

Como queria fazê-la se sentir segura, ele ergueu as mãos.

- Juro pela alma do meu pai que não vou machucá-la. Pode

entrar no meu carro.

Ela não recusou imediatamente e ele aproveitou essa vant-

agem, acrescentando:

- Quero apenas ajudá-la.

E ele queria mesmo. Queria mais do que seria normal com

uma desconhecida.

- Por favor - insistiu. - Deixe-me ajudá-la.

Ela o observou por bastante tempo. O granizo caía entre

eles, ao redor deles, sobre eles. Chase percebeu que prendia a

respiração, esperando a decisão dela. Não deveria se importar

com o que ela fizesse. No entanto, por algum estranho motivo,

ele se importava.

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Chloe Peterson nunca se sentira tão molhada, tão infeliz...

nem tão desesperada. Tinha corrido acima do limite de velocid-

ade pelas últimas duas horas, antes de a tempestade chegar

com força total. Havia desacelerado bastante sobre o asfalto ex-

tremamente escorregadio, mas os pneus do seu carro estavam

velhos e carecas e, antes que percebesse, o automóvel deslizara

para fora da pista.

Direto para uma vala lamacenta.

Talvez tivesse sido mais fácil (e inteligente também) ficar

sentada dentro do carro e esperar a tempestade passar. Porém,

estava agitada demais para ficar parada. Precisava continuar

em movimento ou os pensamentos que rodeavam sua mente

iriam alcançá-la; assim, jogou a mochila nos ombros e saiu para

a chuva, no momento em que começou a cair o terrível granizo.

As pedrinhas machucavam-lhe a pele, mas ela gostava do

frio, da dor, pois lhe davam algo em que prestar atenção em vez

do que lhe acontecera poucas horas antes.

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Ela não tinha certeza de onde se encontrava - ou para onde

estava indo -, mas esperava estar caminhando em direção à

cidade.

Durante toda a noite, as estradas se mantiveram estran-

hamente vazias, porém, mal havia começado a andar, percebera

luzes vindo atrás dela.

O medo a assaltou novamente quando o carro estacionou, e

ela precisou parar e se preparar para enfrentar a situação.

Estava sozinha em uma estrada de interior escura e molhada.

Não estava com o celular e, mesmo que estivesse, duvidava que

houvesse sinal suficiente no meio daquela chuva.

E, depois, um homem... Um homem grande... Havia saído de

um carro e caminhado em sua direção, dizendo-lhe para entrar

no automóvel dele.

De jeito nenhum.

Ele tentara convencê-la de que ficaria segura com ele. Tinha

dito todas as palavras certas, mas Chloe tinha muita experiên-

cia com pessoas assim, que diziam com facilidade uma coisa e,

depois, faziam outra.

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- Não o conheço - ela disse.

Ele podia ser um assassino, podia ter um machado escon-

dido no carro. Não, iria a pé. Caminharia e encontraria um

lugar para se secar mais tarde.

Pôde ver a frustração estampada no rosto dele, sabia que o

homem iria tentar convencê-la de novo quando, de repente, o

barulho de pneus derrapando chegou até os dois. Antes que en-

tendesse o que estava acontecendo, ele a estava puxando para

junto de si. Não teve tempo de pensar em lutar contra ele, nem

cogitou isso quando percebeu uma motocicleta em alta velocid-

ade quase em cima deles.

Fechou os olhos, preparando-se para o impacto, quando o

homem, sem esforço, levantou-a e pulou na vala, segurando-a

com força.

Ela abriu os olhos bem a tempo de ver o pneu traseiro da

motocicleta deslizar e finalmente parar no mesmo ponto onde

estiveram um momento antes. Seu coração, que quase tinha

parado, começou a bater rapidamente de novo, enquanto via a

moto se afastar com velocidade.

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- Você está bem?

Chloe olhou para o homem que a havia protegido do perigo

com o próprio corpo e, pela primeira vez desde que ele saíra do

carro, ficou impressionada ao perceber o quanto ele era bonito.

Não, ela admitiu em silêncio para si mesma. "Bonito" era

uma palavra insignificante para um homem como aquele.

Mesmo na escuridão, podia ver que ele faria todos os outros ho-

mens parecerem insignificantes. Tão alto quanto ela pensara no

início, mesmo na chuva fria. Ele era absolutamente

maravilhoso.

E o corpo dela estava reagindo com um calor surpreendente.

Ou, talvez, percebeu de repente, aquele calor viesse porque

ele ainda a prendia entre seus braços fortes.

A maneira como ele a havia tirado do caminho da moto-

cicleta acabara com sua desconfiança. E, em qualquer outra

noite, talvez tivesse sido o suficiente. Mas seria mesmo?

Os dois estavam salpicados de lama por terem caído no

barro. Ela se esforçou para se levantar, tentar organizar as idei-

as e, assim, chegar a algum tipo de decisão racional.

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- Espere um minuto - ele disse. - Deixe que tiro você

daqui.

Alguns momentos depois, ele a colocou na lateral da estrada.

- Não é seguro ficar aqui. Para nenhum de nós.

O bom senso lhe dizia que ele estava certo e, ainda assim,

continuava cautelosa. Inacreditavelmente cautelosa. Porém,

naquele momento, que outra escolha poderia ter?

Pensando de novo na maneira como ele a tinha salvado do

perigo, Chloe por fim concordou:

- Certo. Vou com você.

Esperava de verdade não se arrepender dessa escolha.

CAPÍTULO DOIS

Graças a Deus, pensou Chase quando ela finalmente concordou

em ir com ele. Aquela motocicleta lhe dera um susto de parar o

coração. Não tinha pensado, tinha apenas agido para salvar a

moça. Salvar os dois.

Seu instinto de cavalheiro o fez estender a mão para pegar a

mochila dela.

Ela logo deu um pulo para trás.

- Por favor, não. - Disfarçou aquele rápido ataque de medo

e moderou a voz: - Eu posso carregar minha mochila,

obrigada.

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A maneira como ela havia saltado para longe do alcance dele

poderia ferir o ego de um homem. Ao mesmo tempo, Chase

sabia que era apenas bom senso uma mulher manter a guarda

diante de um cara estranho em uma situação como aquela.

Infelizmente, enquanto ela andava até o carro, não con-

seguiu desviar os olhos das suas doces curvas. Porém, qualquer

homem com irmãs mais novas, em especial duas meninas bon-

itas que se metiam em mais encrencas do que ele gostava de

lembrar, presta muita atenção no modo como tratar as mul-

heres. Ele e os irmãos podiam gostar de se divertir - e muito

-, mas nenhum deles agarraria uma mulher à força. Não,

preferiam que as mulheres implorassem por eles.

E não era o momento de pensar em sexo. Não quando tinha

uma mulher semiafogada nos braços... bem, no seu carro pelo

menos, já que ele prometera que suas mãos não chegariam nem

perto dela.

Mesmo sabendo que os bancos de couro nunca mais seriam

os mesmos depois de ficarem cheios de água e lama, Chase ab-

riu a porta do lado do motorista e deslizou para dentro. O vapor

subiu das roupas deles e condensou-se nas janelas, deixando o

carro com um clima ainda mais íntimo. Chase não pôde deixar

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de notar que a passageira-surpresa tinha um aroma muito bom,

como o de chuva e flores recém-abertas.

- Para onde estava indo? - ele perguntou.

Em vez de responder a pergunta, ela pediu:

- Se você pudesse me levar até o motel mais próximo, seria

ótimo. - Fez uma pausa e, depois, acrescentou: - Um lugar

barato seria melhor.

Ao ver seus planos para aquela noite serem levados pela

chuva minuto a minuto - e também ao tentar reprimir a forma

como o aroma dela estava deixando seus sentidos malucos -,

Chase acabou oferecendo, com uma voz mais áspera que de

costume:

- Olha, tenho um lugar grátis para você passar a noite.

Poderemos ligar para o serviço de emergência da estrada de lá.

Seria melhor esperar até que ela estivesse seca e aquecida

para dar a notícia de que, mesmo que o serviço de emergência

da estrada pudesse tirar o carro dela da vala, era provável que

não conseguisse fazê-lo funcionar de novo.

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- Obrigada pela oferta - ela respondeu, ainda com um tom

de cautela, mas firme. - Um motel está ótimo, de verdade. -

Encolheu os ombros, era uma sombra em movimento no interi-

or escuro do carro. - E não se preocupe em ligar para o serviço

de emergência. A esta altura, eu devia deixar meu carro na vala.

A exaustão expressa na voz dela parecia brigar com uma in-

crível disposição interior. Embora fosse óbvio que não tinha

dinheiro para lidar com a situação, não ficou se lastimando.

Chase sabia que deveria apenas levá-la a um motel, ela já

tinha pedido isso mais de uma vez até aquele momento. No ent-

anto, não iria deixá-la em um motel sujo, de jeito nenhum. Não

se quisesse poder olhar para si mesmo no espelho pela manhã

sem ver a palavra canalha escrita na testa. Além disso, seus in-

stintos lhe diziam que ela precisava de mais ajuda do que uma

carona até um motel.

Chase aprendera cedo com a mãe e as irmãs que não deveria

contrariar as vontades de uma mulher. Ele não tinha dúvidas, a

moça ia ficar furiosa com o que estava prestes a fazer.

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Mas nada disso, nem as sirenes de alerta que soavam em sua

mente, foi suficiente para demovê-lo da ideia de que precisava

ajudá-la de alguma maneira.

Girou a chave no contato e, enquanto voltava com cuidado

para a estrada, deu-se conta de que não sabia o nome dela. Já

que a estava levando para o calor e o conforto da grande casa de

hóspedes do vinhedo do irmão (quisesse ela ou não), pensou

que algumas formalidades não seriam má ideia.

- Meu nome é Chase Sullivan.

Nenhum som veio do banco do passageiro e, inexplicavel-

mente, ele se viu tentando conter um sorriso malicioso. Quando

fora a última vez que uma mulher não havia se jogado nos seus

braços? Mas aquela não tinha lhe dado nem uma informação

sequer, tinha? Nem seu nome, nem para onde estava indo.

Algo grave com certeza estava acontecendo. Seria muito mel-

hor se deixasse para lá e levasse a mulher a um motel para

poder ter sua noite de sexo vazio com Ellen no vinhedo. Então,

por que não fazia isso?

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E por que sentia-se estranhamente atraído por essa com-

pleta estranha?

Deixou o silêncio pairar entre os dois, sabendo que ela só re-

sponderia se estivesse confortável o suficiente com ele para

fazê-lo.

Por fim, ouviu-a falar:

- Meu nome é Chloe.

            
            

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