Capítulo 2 A chegada

Minha playlist tocava 93 Million Miles - Jason Mraz, quando a comissária chegou para nos acordar. Eu já estava acordada havia algum tempo, enquanto Ninna ainda dormia.

- Senhoritas Cavallari, já estamos em processo de descida e o comandante pediu que as senhoritas fossem para as poltronas.

Passamos a viagem dormindo, como Ninna planejou. O bom de ser de uma família rica é que temos tudo a nossa disposição e a comodidade de voar no nosso jatinho nos permite escolher o horário que queremos, além de viajar numa cama confortável, já que o nosso jatinho é Gulfstream G550. A cabine dele combina requinte com um conforto extraordinário. Ela conta com quatro ambientes distintos e um grande número de soluções de comunicação, como máquina de fax, impressora, rede local Wi-Fi e telefone via satélite. Possui um sistema de entretenimento abrangente, além de um quarto privativo, com uma cama superconfortável.

Quando pousamos na área privativa do aeroporto, nosso carro já estava à espera. Uma Range Rover preta, blindada, estava com a porta aberta no final da escada do jatinho. Atrás havia uma SUV preta também, com vidros pretos e dois seguranças do lado de fora olhando pra nós. Claro que papai colocaria esses brutamontes, não se esperaria o contrário. Ninna desceu as escadas correndo, ao encontro do homem que estava encostado ao nosso carro, o Sr. Foster, e o abraçou, toda feliz. Ryan Foster, um senhor com seus 60 e tantos anos, cabelos grisalhos, alto, forte, simpático, com os olhos arredondados na cor de mel. Está na nossa família tem uns 35 anos, assim como a Dona Dory. Como eu tenho 23 anos e Ninna tem 22, significa que conhecemos ele nossa vida toda.

- Senhoritas Cavallari, que alegria recebê-las aqui! Seu pai acabou de ligar e já passou todas as recomendações.

Claro que meu pai tinha passado as recomendações. Meu pai é empresário do ramo hoteleiro. Possui mais de 500 hotéis por toda a Itália, onde fica a sede da administração e, por isso, moramos lá. Já que somos de família italiana, foi lá que tudo começou. Existem também hotéis espalhados pelos EUA e no Canadá e por isso mantemos uma residência aqui, nos Estados Unidos, onde meu pai tem muita influência e muitos amigos.

- Bom dia, Sr. Foster. - Digo lhe dando um abraço também e escuto minha irmã gritar do banco de trás do carro:

- Vem logo, Bella, vamos pra casa. Não quero perder tempo! Estamos aqui pra aproveitar. Olho para o nosso motorista, que está sorrindo, todos conhecem o jeito agoniado da minha irmã. Devolvo o sorriso e entro no carro, sentando-me ao lado dela. O dia estava nublado, então não sairíamos à tarde, com aquele tempo; seria maravilhoso ficar um pouco em casa. Eu amo nossa casa daqui. Coloco meu fone e volto para minha playlist que, no momento, não está das mais animadas. Começa a tocar Love Story, da Taylor Swift. Ninna está com o celular na mão, já falando com todos os nossos amigos daqui e fazendo milhões de planos. Como sempre viemos pra New York com nossos pais, conhecemos todos os seus amigos e, como andamos juntos, os filhos deles se tornaram nossos amigos também; desde pequenas temos a nossa turma. Não muito grande, mas somos o suficiente pra fazer uma festa superanimada. Antes de chegar em casa, percebi que Ninna já tinha combinado muita coisa; por mais que minha vontade fosse ficar em casa, nesse tempinho de chuva, sabia que isso não iria acontecer! Ninna ama New York, o programa preferido é fazer compras e passear no Central Park.

Quando estamos por aqui, nossa turma se reúne toda noite na casa de um, ou vamos a alguma boate, ou restaurante, não importa o que seja, toda noite tem uma reunião nada light e superanimada. Respirei fundo, imaginando 30 dias incansáveis. E como o objetivo dela era me animar, sei que ela não me largaria em casa e sairia sozinha.

            
            

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