Estávamos todos sentados à mesa da cozinha, se minha mãe estivesse aqui, estaríamos na sala de jantar, com uma formalidade maior. Como seria só Ninna e eu, Dory sabe que não fazemos questões de certas etiquetas e gostamos das coisas mais informais. Claro que existem momentos que exigem um pouco mais de formalidade, o que não era o caso. - Qual o superacontecimento que conseguiu trazê-las pra cá por um mês? - Chris quebrou o silêncio na mesa. Eu me apressei pra lhe dar uma resposta antes que...
- Ah, Bella terminou o namoro dela com o enjoadinho italiano e estava precisando de novos ares, festas e muita diversão. Ninna continuou falando de todos os planos que tinha feito para animar o meu tão "sofrido término de namoro". Eu não me sentia tão triste assim, mas ela enfatizava bem isso. Eu e Lucca namoramos por 5 anos, nunca foi um namoro cheio de paixão, mas sempre nos demos muito bem. Ele era apenas 2 anos mais velho e era filho de um dos conhecidos do meu pai, não tínhamos muito contato anteriormente ao namoro, nossas famílias não eram próximas, apenas se conheciam. Não foi um término sofrido, nós não estávamos dando certo, como eu disse, não tinha aquele amor todo. E tínhamos pensamentos muito diferentes sobre vários assuntos, então nós achamos melhor assim. É claro que em todo término existe uma perda, e eu senti um pouco isso. Mas não tão exagerado como Ninna gostava de enfatizar! Ninna não gostava muito dele, dizia que a gente não combinava, ele era estilo riquinho, mimado e cheio de manias. Mas era lindo e muito educado. Um verdadeiro cavalheiro. E nós tivemos muitos momentos bons juntos. Fico olhando para o meu prato, colocando a torta de frango na boca, enquanto ela ainda fala sobre os planos de me animar. E então, tudo paralisa quando eu escuto meu nome sair da boca dele: - Então você acabou o namoro, Bella? E está solteira em New York? Eu estava gelada, Ninna tinha falado sobre todos os planos, festas, viagens de carro e tudo que ele lembra é a parte do "Bella tá solteira." Levanto o rosto para responder olhando pra ele e encontro aqueles olhos azuis hipnotizantes olhando pra mim, sinto minhas bochechas ficando vermelhas com o calor que sobe pelo meu corpo. Fico olhando pra ele muda, paralisada e encantada com aquele olhar e aí percebo que passei tempo demais encarando-o, quando escuto a voz da Mia: - E aí, Bella? Acho que esse mês vai ser muito bom mesmo, estou adorando que vou fazer todos esses planos com vocês. Como Ninna me avisou que só vinham vocês duas, avisei a mamãe que irei passar o mês aqui também. - Ela disse com um enorme sorriso no rosto e continuou: "o que você pretende fazer primeiro?" - Nada demais, não estou planejando muito, vou fazendo o que der vontade. Ninna fez a lista de atividades e aí a cada dia escolhemos algo pra fazer. Vai ser muito bom ter você aqui. Essa casa fica muito vazia só com a gente. - Eu disse e Ninna concordou. Então eu continuei... - Quero marcar pra rever toda nossa turma de antes. Algo aqui em casa, podemos fazer na piscina, ou combinar um filme, caso esse tempo não venha a melhorar. Mas quero ver todos. Nossa turma daqui não era uma turma grande, mas nós éramos os mais animados. Havia a Ninna, Mia, eu, Chris e ainda a Peggie, o Leo e o Mike. Éramos nós 7 e era perfeito. Chris deu um sorriso e falou: - Acho que podemos combinar com eles de irmos todos pro iate em um final de semana. Ancoramos em algum lugar próximo à costa e fazemos uma festinha à noite. Ninna arregalou os olhos e concordou na hora. Lógico que ela concordaria com essa ideia maravilhosa. Até eu gostei disso! - Claro que vamos! Vi as fotos de vocês nos novos jet-skis, eu já estou louca pra testar aquelas belezuras. Era a nossa cara essas coisas, não vou negar que adoro essas coisas também. E com nossa turma toda, não tinha como não ser só diversão. Mia e Ninna estavam conversando sobre o dia no iate, combinando já milhões de coisas para a festa. Eu fico olhando pra elas e brigando comigo mesma para não olhar pro Chris. - E aí pequena, gostou da ideia?! Me viro e vejo que a cadeira dele afastou e ele está muito mais próximo de mim. Como as meninas estão combinando compras olhando os sites no celular, ele aproveitou pra vir falar comigo desse jeito. Mantenho o controle o máximo que consigo e respondo como se nada estivesse acontecendo: - Acho que vai ser muito divertido mesmo. - Digo e pego meu copo com água para fingir naturalidade. - Vou aproveitar pra ensinar umas manobras novas que aprendi no jet-ski. - Ele diz, sorrindo. E olho para ele com um sorriso também. - Acho que eu é que vou ensinar manobras pra você, não é? Esqueceu-se de que na Itália moramos à frente do lago e quase todos os dias estamos nos jet-skis? Ele pisca o olho para mim e diz apenas: - Eu vou adorar aprender. E vai voltando sua cadeira pro lugar novamente. Dona Dory aparece com uma torta de morango com chocolate branco crocante, maravilhosa. - Desculpa atrapalhar a conversa, crianças, essa ficou pronta agora e como sei que vocês têm uma preferência maior por ela eu resolvi trazer. Ela é maravilhosa, não podia existir funcionária melhor. Sempre quis levar Dorinha pra Itália, mas ela não gosta nem de pensar em entrar em um avião. Então, deixamos ela aqui. Ela sabe todos os nossos gostos. Ninna pega logo um pedaço e Chris a segue também. Eu ia pegar um, mas na hora meu celular começou a tocar. Eu pedi licença a eles e me levantei pra atender a ligação. Eu fui pra sala para poder falar mais à vontade. Era minha mãe ao telefone, querendo saber como eu estava, se tínhamos comido, essas coisas de mãe. Ela já sabia todas essas respostas, acho que ligou mais pra falar mesmo. Eu fico olhando a cidade pela enorme vidraça da sala enquanto ela vai falando. Desligo a ligação e continuo observando os enormes prédios. Sinto uma mão me abraçar pela cintura e escuto um sussurro no meu ouvido: - Estou muito feliz que você vai passar um mês aqui, pequena. Ele termina a frase colocando a mão no meu rosto e o virando pra ele. Em fração de segundos, sinto seus lábios colados ao meu. Não foram mais de dois segundos, quando ele me soltou e falou alto olhando pra cozinha: - Até mais tarde, meninas, tenho que resolver umas coisas da empresa. E foi em direção ao elevador. Eu fiquei em choque, paralisada, olhando pra ele, e antes que as portas se fechassem ele sorri e dá uma piscadinha de olho em minha direção. E foi embora.