Reviro os olhos. Não entendo porque meu irmão a contratou, se temos uma equipe ótima. Espero não ter problemas com ela, não tenho tempo a perder com funcionários incompetentes.
Olho no relógio e vejo que a tal funcionária está vinte minutos atrasada. Começando bem.
Começo a estudar alguns relatórios quando uma leve batida na porta chama minha atenção.
-Entre! -Digo sem desviar o olhar do contrato em minhas mãos.
-Com licença, senhor Scott, desculpe o atraso. O trânsito estava infernal e não consegui chegar a tempo.
Respiro profundamente. Típico. Por que não estou surpreso com essa estúpida justificativa? Balanço a cabeça.
-Da próxima vez, venha a pé. Aqui é uma empresa, não uma casa de caridade. Somos profissionais. -Murmuro, escutando ela respirar fundo.
-Olha aqui, eu não me atrasei porque eu quis, ok?! Não precisa ser rude.
Ela dá um passo à frente e sinto um aroma inconfundível. Ergo meus olhos encontrando duas grandes esmeraldas.
Vejo a cor drenando do seu rosto lentamente. Ela abre e fecha a boca sem conseguir pronunciar nenhuma palavra. Resolvo jogar com essa pequena atrevida. Cruzo os braços, arqueando uma sobrancelha.
-A senhorita, dizia? -Ela balança a cabeça negando.
-Desculpe, senhor Scott. Isso não irá se repetir. -Concordo olhando seu currículo em cima da minha mesa.
-Abigail Heart. Bom, Abigail, suponho que não preciso explicar como funciona a empresa, onde fica sua sala, não é mesmo? -A encaro e a vejo engolir em seco.
Aproveito seu nervosismo para checá-la. Com um vestido azul royal, colado em seu belo corpo. Decote canoa, deixando uma leve polegada do topo dos seus seios à mostra. Passo a lingua sobre os lábios me lembrando da sensação de como é tocá-la.
Abigail parece desconfortável com o meu olhar e isso me satisfaz. Sinal que tenho algum efeito sobre ela.
-Não, senhor. O senhor Theodoro já me colocou a par de tudo. -Responde sem me encarar.
Recosto-me em minha cadeira a olhando dos pés à cabeça.
-Bom, então pode começar a trabalhar.
Seus olhos me fitam por alguns segundos antes dela se pronunciar.
-Sim, senhor Scott. -Assente, caminhando em direção a porta.
Quando alcança a maçaneta a interrompo.
-Seja bem-vinda, senhorita Heart. -Ela se vira com uma expressão indecifrável.
-Obrigada, senhor Scott.
Observo Abigail sair, com um sorriso vitorioso nos lábios. Que mundo pequeno. Estive pensando nela o tempo todo, e o destino a serve de bandeja para mim.
-Viu passarinho verde, irmão? -Theo pergunta entrando em minha sala.
Cruzo os braços, observando ele se sentar e desabotoar os três primeiros botões do seu terno preto.
Balanço a cabeça negando.
-Porque acha isso? -Ele semicerra seus olhos em minha direção, como se me analisasse.
-Pelo simples fato de vê-lo sorrir, não faz isso com frequência.
-Para tudo tem uma primeira vez. -Respondo, pensando que meu humor mudará nos próximos meses. Abigail Heart. Isso será interessante. -Então. -Empertigo-me em minha cadeira, com uma certa curiosidade. -A nova funcionária... De onde surgiu? Vocês se conhecem? Observo um sorriso de canto aparecer na face do meu irmão, o que desperta em mim uma certa irritação.
-Digamos que foi o destino que a trouxe para mim.
Ergo uma sobrancelha, o encarando.
-Vocês...
-Não! -Responde rápido. -Abby é uma mulher linda, eu me sentiria lisonjeado se ela olhasse para mim dessa forma. -Murmura alheio.
Aperto minhas mãos em punho. Não sei porque ouvir meu irmão falar assim, está me afetando.
-E, porque pensaria isso? Que ela não olharia? -Indago, querendo checar a fundo essa questão.
-Eu não sei... apenas sinto.
-Hum... -Assinto.
-Conheceu ela? -Concordo com um leve aceno. -E? -Ergo os braços, impaciente. -James, não a tratou mal, não é?
-Théo, só aviso que não passarei a mão na cabeça de ninguém. Não se esqueça que ela é uma funcionária como outra qualquer.
Ele revira os olhos.
-Sei disso, só não quero que seja imbecil com ela.
-Ok! -Espalmo as mãos sobre a mesa. -Algo mais? -Pergunto, sarcástico.
Ele se levanta abotoando os botões do seu terno com um meio sorriso.
-Sempre simpático. -Zomba, me atirando algumas canetas.
Théo sai me deixando atordoado com alguns pensamentos. Será que ele está interessado pela Abby?
Balanço a cabeça.
Não posso participar de uma disputa com meu irmão, odiaria fazê-lo sofrer. Pois, Abigail Heart se tornou minha obsessão e não há maneiras que faca eu desistir de tê-la em meus braços.
A hora do almoço chega e me apresso na esperança de ver uma certa loira. Abro um sorriso quando a vejo saindo da sua sala.
-Senhorita Heart, vai a algum lugar? -Ela se aproxima com certa hesitação.
-Hum... Sim, estou indo almoçar com a Lilian. -Aponta para a minha secretária à sua espera.
Toco levemente seu pulso com um sorriso de canto.
-Posso me juntar a vocês? -Abigail arregala os olhos ficando em silêncio.
-Abby, acabei de me lembrar que não posso ir almoçar agora. Pode ir com o senhor Scott.
Ela lança um olhar para Lilian, corando em seguida.
-Então, vamos senhorita Heart. -Coloco minha mão esquerda na base da sua coluna a guiando para o elevador.
Aperto alguns números no painel e o elevador começa a descer, ficamos em um silêncio ensurdecedor até Abigail se pronunciar.
-É impressão minha ou você está ignorando o fato que nós nos conhecemos naquela noite? -Respira fundo, me encarando com as mãos na cintura.
Me aproximo dela lentamente a encurralando, com uma mão de cada lado do seu corpo no elevador. Me inclino o suficiente para sentir o aroma adocicado da sua pele.
-Não Abigail. Esquecer uma mulher como você é impossivel. -Sussurro, vendo-a estremecer. -Só estava tentando ser profissional. Afinal, lembrar de como nos conectamos naquela noite, nos colocaria em sérios problemas, não acha? Ainda sinto o gosto dos seus lábios nos meus.
Ela ofega, passando a língua sobre os lábios. Esse simples movimento envia uma descarga de excitação para meu pau que endurece instantaneamente.
Agarro sua nuca, fazendo com que nossos olhares se encontrem.
-Você não sabe a vontade que estou de terminar o que começamos Abby. Basta dizer sim.
Ela solta um suspiro e me aproximo ainda mais. Quando avanço para a sua boca deliciosa o elevador para, nos tirando do nosso transe.
Praguejo mentalmente por essa interrupção. Estava tão perto de provar dos seus lábios novamente.
Serei paciente. Abigail Heart ainda se renderá a mim, James Scott.