Capítulo 4 BOM DIA

-"bom dia,sra. Black " Martty me cumprimenta.

-"bom dia" murmuro. Uma brisa esbranquiçada sai da minha boca enquanto eu falo, sinal de que está muito frio.

Apresso meus passos para dentro do prédio, mas sou impedida de entrar quando vejo um cão ao lado da porta.

Ele está magro como se não visse um alimento á dias. Seu pêlo está sujo e como um todo, está deplorável.

Meu coração se aperta. Como posso deixá-lo aqui...sem ajuda? Seria desumano! Com o frio, o cachorro se encolhe e enrola seu corpo para fugir da brisa gélida.

-"Lough" eu o chamo. No mesmo instante, o homem está respeitosamente ao meu lado.

-"sim, sra. Black " ele responde. Eu abro a minha bolsa e pesco uma nota de cem dólares.

-"compre alguma comida para este cão, por favor" peço indicando com o dedo.

-"sim, senhora" ele murmura confuso, mas não questiona, provavelmente foi instruído para não o fazer. Eu lhe entrego a cédula e adentro no prédio sem mais preâmbulos. Mesmo aquecida pela roupa, ainda sinto frio e não consigo deixar de pensar em como o pobre cachorro se sente.

O meu expediente passa rapidamente. Faço relatórios e preencho fixas em quantidade absurda. É glorioso que a hora do almoço já tenha chegado, estou com calos nos dedos da mão.

Alguém bate duas vezes na porta.

-"entre" digo distraidamente. A porta se abre, revelando ao Lough com um sacola de um restaurante Tailandês.

-"seu almoço, sra. Black " ele diz erguendo a sacola.

-"obrigada. Deixe sobre a mesa" respondo. Enquanto ele faz seu caminho até a mesa, me vem a curiosidade sobre o cachorro. Será que ele comeu? Já seria lucro caso ele estivesse vivo, com o frio, eu não acho que ele vá sobreviver muito tempo.

-"Lough, sobre o cão...ele comeu?" Pergunto. Ele deixa a sacola sobre a mesa e olha diretamente para mim, talvez intrigado com a minha preocupação com o cão.

-"sim, senhora" responde. Aceno com a cabeça e assim, ele sai da sala.

Não nego que a vontade de levar o cão comigo é enorme,mas eu preciso consultar ao cinquenta. De qualquer forma, eu sou mais corajosa por e-mail ou mensagem.

Pego meu BlackBerry que está em cima da mesa, eu o estava usando há poucos minutos, então está com fácil acesso.

"Você gosta de animais?" Clico sobre o botão 'enviar'. Não demora muito e a resposta já é recebida.

"O que? Por que isso agora?" Não é bem a resposta que eu queria, mas não significa um início desagradável.

"Curiosidade" respondo de forma indiferente.

"Acho que eu não gostaria de ter um animal, mas não os odeio" sua mensagem me diz que ele já foi alertado sobre o cão. Merda de seguranças que não sabem deixar um assunto trivial passar! Eles são mais parecidos com um cão do que um animal quadrúpede.

"Bom que não os odeie" finjo indiferença com o assunto.

"Você quer um animal? Um cão? "

"Um cão? Por que você acha que eu quero um cão? "

"Lough me ligou dizendo que você o pediu para alimentar um cão de rua"

Assim que termino de ler a mensagem, confirmo minhas suspeitas. Eu, francamente, tenho motivos para odiar segurança pessoal.

"Oh, sim, eu o fiz" envio a mensagem de forma sincera. Eu poderia dizer 'não' e tentar o convencer em casa, mas o cão não irá sobreviver até a boa vontade do Daniel.

"Responda, você quer o cão? " abro a caixa de mensagens e leio. Não é como se a resposta significasse a minha condenação, mas eu quero o cão e quero que o Daniel queira.

"Sim" digito uma resposta rápida.

"Minha resposta é não" a mensagem chega quase que imediatamente, é como se ele já tivesse digitado e esperasse a minha resposta para enviar. Bastardo!

O que ele pensa que está fazendo? Ele não mora sozinho e, consequentemente, não decide coisas como esta de forma unilateral

Aqui vai a sua resposta, Black !

Pego meu BlackBerry e procuro o número do Dude na minha agenda. Quando o encontro, clico em "chamar"

-"sra. Black " ele saúda.

-"Dude, estou com uma terrível dor de cabeça e gostaria de ir para o Escala" digo de forma rápida. Gosto do Dude pelo mesmos motivo que o Daniel, ele não se surpreende com pedidos e nem faz questionamentos.

-"sim, senhora. Demorarei dez ou quinze minutos" ele murmura.

-"okay, obrigada" falo e desligo.

Pego minha bolsa e sacola com o almoço e saio da sala. Do lado de fora, Lough está em pé ao lado da porta. Eu não precisaria de um cão,caso fosse de guarda, já tenho dois armários insuportáveis me acompanhando!

-"sra. Black , algo errado?" Pergunta Lough. Caralho! Eu não gosto dele, e menos agora!

-"bem, o cão do qual você comprou comida ainda está lá fora?" Ignoro sua pergunta anterior e sou direta ao questionar.

-"eu creio que sim, senhora" ele responde. Não temos nenhum tipo de intimidade, mas não precisa adicionar "senhora" ao fim de toda e qualquer frase.

-"enrole ele no meu casaco, nós iremos o levar conosco" eu digo firme e de forma inconfundível, é uma ordem. Lough não nega, porém seus olhos carregam certa hesitação. Ele quer dizer algo, mas suas instruções não dizem para me contradizer, e ele não deveria o fazer.

-"sim" responde. Pego um casaco fino dentro da minha bolsa e entrego ao Lough, que o pega.

Meu BlackBerry vibra dentro da bolsa. Certamente é o Daniel, e eu não quero atender uma chamada sua.

Bom, ele não sabe sobre a minha adoção, e quando souber, irá se irritar. Não será unilateral, até porque eu também estou fodendo de raiva!

Ignoro completamente sua ligação e rumo ao elevador.

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Faço meu caminho até a cozinha. Em meus braços, eu carrego o Alff, foi esse o nome escolhido. Ele não está muito aromatizado e limpo, então terei que pedir a Gail que lhe dê um banho.

A sra. Jones está limpando o balcão da cozinha, que sustenta uma taça suja com vinho.

Puta merda! Ele está em casa! Quem mais poderia ter usado a taça?

Suspiro e continuo a andar com o cão em direção a Gail.

-"olá" saúdo baixo para não a assustar, já que ela está distraída. Sra. Jones ergue o olhar e sabiamente, não diz nada sobre o filhote que tenho em mãos.

-"Line" murmura. Sua voz está um oitavo acima. Seu sistema já deve ter sido abalado por um Cinquenta puto.

-"hum...poderia colocar água e ração para este cão? A ração está com o Lough. E caso não esteja muito atarefada, dê um banho nele, também" falo tudo de uma vez. Gail olha para o Alff e sorri fraco.

-"sim,eu posso fazer tudo isso" ela diz compreensiva.

-"muito obrigada" agradeço.

Volto com o Alff para a sala e ao adentrar no recinto, me deparo com a visão que vem me amedrontando à minutos.

Daniel!