Capítulo 4 Dia Seguinte

Thomas Potter era um vampiro cujo o nome ficou conhecido após ser batizado como o primeiro caçador de vampiros conhecido. Este abominava qualquer ato de crueldade realizado por um vampiro a um humano, portanto decidira acabar com qualquer um que ultrapassasse a linha da crueldade.

Esta era a história principal.

Todavia, a partir do capítulo dezasseis o rumo da história mudou completamente.

Thomas Potter era um híbrido. Um híbrido de vampiro e bruxa. Duas raças que não coexistiam.

Entre os séculos XVI e XVIII ocorreu um grande movimento de perseguição religiosa e social que se dominou caça às bruxas. Nessa altura, infelizmente, grande parte dos usuários de magia foram mortos e, atualmente, poucas são as evidencias que comprovam a sua existência no mundo atual.

Assim, após uma leitura intensa, cheguei à conclusão que existem muitos mais aspetos sobrenaturais a explorar neste mundo, bem como a importância que este livro tem para os vampiros uma vez que podem por a sua existência em causa. O mundo era vasto e tinha muito para explorar. Deste modo, assim que terminei de ler o capítulo, despedi-me do Felipe e voltei para casa, tinha muito para escrever no meu diário pessoal.

No dia seguinte, mal cheguei à universidade, olhei em volta enquanto observava bem o local. Algo estava estranho, a energia que preenchia o recinto era extremamente poderosa e assustadora.

- Algo se passa. – murmurei e semicerrei os olhos, concentrando-me ao máximo para encontrar a origem do problema. Deste modo, dirigi-me rapidamente até ao edifício principal da universidade do qual inúmeros alunos se encontravam a conversar. – Encontrei-te.

Fixei o meu olhar em direção a um homem que se encontrava a conversar com algumas alunas da minha turma. O mesmo tinha uma aparência praticamente perfeita e transbordava de energia maligna comum à dos vampiros sugadores de sangue.

Assim, sem pensar duas vezes, continuei a andar em direção ao vampiro que tinha acabado de encontrar que, por sua vez, ao encarar-me esboçou um sorriso provocador no rosto e afastou-se das minhas colegas. Posteriormente, esticou o seu braço em minha direção e fez quase como uma vénia.

- Oh! Que cavalheiro! – exclamei com um tom irónico enquanto esticava o meu braço em sua direção. Todavia, antes que ele pudesse fazer algo, agarrei o seu pulso com força e puxei-o contra mim. – Quem és tu? O que é que fazes na minha cidade?

- Finalmente encontrei a famosa caçadora de vampiros de Mar Verde. – murmurou o vampiro perto do meu ouvido, soltando uma gargalhada rouca e olhou em volta. – Não me provoques, calculo que queiras salvar estes humanos todos das minhas garras. Certo?

- Vamos sair daqui.

- Obriga-me.

Arqueei a minha sobrancelha ao ouvi-lo a provocar-me daquela forma e, após um suspiro alto e pesado, afastei-me dele e encarei-o. Todavia, antes que eu pudesse dizer algo, o Lucas Roux apareceu e, num movimento rápido, colocou-se no meio de ambos.

- Consigo sentir a vontade de matar de ambos, podem parar? – questionou calmamente o Lucas e olhou-me. – Eu trato dele.

- Não confio em ti. – respondi prontamente e cruzei os braços. – O que é que ele faz aqui? Conheces este homem?

- Só vim ver com os meus próprios olhos a grande caçadora, apenas isso. – informou o vampiro e, dando um passo atrás com um sorriso largo no rosto, arqueou a sobrancelha enquanto me observava de cima a baixo. – Chamo-me Pierre, o terceiro. Pertenço à ordem de vampiros e prometo que não farei nada de errado nesta cidade.

- O que é que alguém da ordem quer de mim? Já ouvi falar dessa maldita ordem, não consigo compreender a minha importância para vampiros tão poderosos.

Como resposta, Pierre continuo com o seu sorriso idiota no rosto e abanou a cabeça. De seguida, afastou-se lentamente, colocando-se no meio dos alunos e, num abrir e fechar de olhos, desapareceu.

- Não te preocupes. – murmurou o Lucas calmamente e cruzou os braços. – Ele é realmente da ordem. Normalmente, só vampiros poderosos pertencem à ordem e não costumam matar humanos descuidadamente. Neste momento, ele não é uma ameaça.

- Sendo ameaça ou não, assim que tiver oportunidade vou mata-lo. – disse e dirigi o meu olhar em direção ao Lucas. - Acho que tens aulas para dar. – referi mostrando-lhe o meu relógio de pulso.

Nesse instante, o vampiro aproximou-se de mim e agarrou o meu pulso com força, olhando-me nos olhos.

- E tu tens aulas para assistir. – murmurou rouco e semicerrou os seus olhos. – Qual é a tua ligação com o Felipe Gomes?

- O que é que tens a ver com isso?

Após a minha questão, o professor arregalou os olhos e abanou a cabeça. Posteriormente, afastou-se de mim num movimento rápido e aclarou a garganta enquanto ajeitava o seu cabelo.

- Realmente, não tenho nada a ver com isso.

Após as suas palavras, saiu de perto de mim e, aproveitando o momento, aproximei-me de alguns colegas da minha turma que se encontravam pelo edifício. De seguida, assim que chegou a hora, desloquei-me à sala de aula para assistir a primeira aula da manhã.

Deste modo, o longo dias de aulas passou e, assim que o relógio marcou seis horas da tarde, dirigi-me até à minha motocicleta, sentando-me na mesma enquanto colocava o capacete para dirigir até casa.

- Diana! – exclamou a Camila enquanto se aproximava de mim com um sorriso no rosto. – Não me ouviste? Vais para onde com tanta pressa?

- Vou para casa, passa-se alguma coisa?

- Hoje é sexta feira! Vamos à festa do curso de direito! Acabei de receber um convite, vai ser naquele bar ao lado da praia e as mulheres têm entrada grátis! Com direito a vodka grátis até às duas da manhã! – informou a ruiva. – Não aceito um não como resposta!

- Hoje? Oh Camila, achas que tenho vontade? Foi uma semana complicada e confusa! Além disso, tenho de estudar porque já perdi alguma matéria.

- Não quero saber! Mesmo por ter sido uma semana complicada é que precisas desta festa, sim? Por favor, queres que eu vá sozinha com um grupo de pessoas que mal conheço?

Abanei a cabeça ao ouvi-la e respirei fundo, ficando a considerar o seu pedido. Tendo em conta a situação, precisava de aproveitar o meu tempo livre para treinar e ler o livro do Thomas Potter. Todavia, sabendo que existe um vampiro tão poderoso na cidade, poderia ser perigoso deixar a minha melhor amiga sozinha.

- Tudo bem, eu posso ir. – murmurei e olhei-a. – Mas quando eu disser vamos para casa, ouviste?

- Sim, sim! – exclamou a Camila animada. – Até logo então! Encontramo-nos no bar, sim? Eu espero por ti!

Assenti com a cabeça e acenei enquanto a observava a ir embora. De seguida, comecei a conduzir em direção à minha casa e, assim que cheguei, atirei-me para o sofá e coloquei as mãos na cabeça enquanto soltava um suspiro alto e pesado.

- Um longo dia? – questionou o meu pai que se encontrava sentado no sofá a segurar um arco.

- Mais ou menos. – respondi e mordi o lábio nervosa. – Apareceu um vampiro que pertence à ordem dos vampiros na universidade! Ele disse que queria conhecer-me, foi estranho. – expliquei-lhe a situação e olhei-o. – Achas que me devo preocupar? Ele disse que não ia matar ninguém nesta cidade.

Ao ouvir-me o meu pai arregalou os olhos e foi a vez dele de soltar um suspiro alto.

- Não lutes contra esse vampiro de forma nenhuma, entendes? Não podes matar um vampiro desse escalão!

- Como assim? Achas que eu não sou suficientemente forte?

- Não é isso! Diana, promete-me que não vais mata-lo de forma nenhuma!

- Desde que ele não mate ninguém, eu posso respeitar a sua presença. – murmurei e revirei os olhos discretamente. – Enfim, que arco é esse? – apontei para as mãos do antigo caçador e esbocei um leve sorriso no rosto. – É bonito.

- É para ti.

Arregalei os olhos ao ouvi-lo e estiquei os meus braços para apanhar o arco e, consequentemente, senti-lo. O mesmo era simétrico e curvado que permitia um maior alcance para a sua precisão. Além disso, a madeira de freixo era leve e prática dando uma certa facilidade para o manusear.

- Tentei refazer o teu antigo arco e fiz algumas melhorias. – explicou o meu pai e sorriu levemente. – Gostas?

- Claro que gosto pai! – exclamei e, colocando o arco de lado, abracei o meu pai com toda a força que consegui no momento. – Obrigada!

Como resposta, o meu pai retribuiu o meu abraço e, após um momento de silêncio, juntamos as nossas testas e sorrimos um para o outro. De seguida, levantei-me e posicionei o arco para o ataque.

- É leve, gostei dele. Vou leva-lo comigo hoje à noite!

- Hoje?

- Sim, a Camila convenceu-me a ir a uma festa e eu aceitei tendo em conta que se encontram alguns vampiros fortes pela cidade. Não quero perder mais uma amiga, espero que compreendas. – disse calmamente e respirei fundo. – Eu levo o arco, coloco-o escondido no porta malas e, caso seja necessário, utilizo-o. Pode ser?

- Não te quero proibir de sair e divertires-te com os teus amigos. – murmurou o meu pai um pouco receoso e olhou-me. – Mas promete-me que não vais lutar contra aquele vampiro da ordem.

- Prometo!

Com um sorriso largo no rosto, subi para o meu quarto e fechei-me no mesmo para aproveitar o tempo que me restava para ler mais um capítulo do livro de Thomas Potter.

Algumas horas depois, olhei-me ao espelho e observei-me. Já me encontrava despachada para a festa e, para tal, tinha vestido umas calças pretas de cintura subida com um cropped preto com lantejoulas. Estava a utilizar sapatos de plataforma e apanhei o meu cabelo num rabo de cavalo alto, maquilhando-me levemente para tapar um pouco as minhas olheiras derivadas pelas noites mal dormidas. Posteriormente, desci as escadas e observei o meu pai junto à porta de casa, à minha espera.

- Filha, não queres boleia? – questionou o meu pai enquanto vestia o seu casaco. – Eu vou sair.

- Não preciso, obrigada. Mas vais a onde? Não sabia que ias sair. – perguntei-lhe enquanto me aproximava do meu arco, colocando-o na minha mochila de caçadora. Normalmente, esta ficava no porta de malas do meu veículo de forma a ser utilizada caso fosse necessário.

- Vou encontrar-me com alguns amigos, apenas isso. – informou o antigo caçador, colocando as mãos nos bolsos. O mesmo parecia receoso e apreensivo.

- Tudo bem, espero que te divirtas! – exclamei e aproximei-me do mesmo, beijando a sua bochecha. – Prometo não chegar tarde e, caso precises de algo, liga-me. Sim? Agora tenho que ir que a Camila não me para de ligar!

- Faço as tuas palavras das minhas. – referiu o meu pai e, saindo à minha frente, entrou no seu carro ficando alguns segundos parado a olhar para o seu volante.

Deste modo, observei o seu comportamento enquanto me aproximava da minha motocicleta e coloquei capacete, acenando para o meu pai. Posteriormente, dirigi-me até ao local da festa e, assim que cheguei, estacionei e tranquei com cuidado o meu porta malas. De seguida, aproximei-me do bar e olhei em volta à procura da Camila. No entanto, a fila estava enorme e, ao olhar para o telemóvel, apercebi-me que a minha melhor amiga já tinha entrado sem mim para o local da festa.

- Oh boa! – resmunguei em voz alta e respirei fundo, colocando-me no fundo da fila. – Resta-me esperar.

- Hey! Ela está comigo! – exclamou uma voz masculina conhecida e, ao olhar em frente, consegui ver o Felipe Gomes ao lado do segurança e a apontar para mim. – Anda Diana, entra comigo.

- Felipe? – questionei um pouco confusa devido à sua presença e aproximei-me dele. – O que fazes aqui?

- Devias ter dito que vinhas assim tinha te dado logo uma pulseira VIP para não esperares na fila. – informou o loiro calmamente e colocou o seu braço à volta do meu pescoço. – Anda, vamos entrar.

- Só decidi que vinha hoje. – informei-o e comecei a andar do seu lado, tentando ignorar alguns olhares irritados por ter passado à frente de muitos. – Mas Felipe, peço desculpa pela minha pergunta, mas o que fazes aqui?

- Não me julgues, preciso disto para me distrair. – murmurou o Felipe perto do meu ouvido, começando a abanar-se ao ouvir a música da festa. Era visível que o mesmo já tinha começado a beber há algum tempo. – Vamos dançar!

Respirei fundo ao ver o seu estado e, sem pensar muito, assenti com a cabeça e aproximei-me dele da pista de dança, começando a dançar ao seu lado. Todavia, a mão do loiro puxou a minha cintura e, sentindo os nossos corpos a tocarem-se, arregalei os olhos e coloquei a minha mão no seu peito para o afastar.

- Calma! – disse em voz alta para que ele me ouvisse e abanei a cabeça. – Vou buscar uma bebida, sim?

Como resposta, o loiro assentiu com a cabeça enquanto abanava a cabeça ao som da música, aproximando-se de outras pessoas que se encontravam juntos de nós. Deste modo, comecei a andar até ao bartender e pedi uma vodka vermelha com coca cola. Ao mesmo tempo, olhei em volta à procura da Camila.

- A onde é que te meteste? – questionei em voz alta e abanei a cabeça. – Ah, obrigada! – agradeci a bebida e, assim que apanhei o copo, dei um gole valente, seguido de outros mais controlados.

- Amiga! Finalmente! – exclamou a Camila ao ver-me e abraçou-me com força. – Acabei por entrar sem ti, desculpa! Vamos dançar!

- Confesso que me safei porque o Felipe disse que eu estava com ele. – avisei-a prontamente e suspirei. – Sim, vamos dançar!

Esboçando um leve sorriso no rosto por já não estar num território completamente desconhecido, aproximei-me da pista de dança com a minha melhor amiga e comecei a dançar com a mesma. Ao mesmo tempo, o Felipe colocou-se à minha frente para dançar comigo enquanto fumava.

- Queres? – questionou o Felipe perto do meu ouvido e, ao mesmo tempo, agarrou a minha cintura com força.

Arregalei os olhos ao ouvi-lo e, surpreendida com a sua questão e receosa, desviei o meu olhar acabando por ver o Lucas Roux a dançar com uma mulher. Nesse instante, senti um aperto forte no meu coração que piorou ao presenciar o beijo do vampiro com a humana que se encontrava com ele. Deste modo, engolindo a seco, centrei a minha atenção novamente no Felipe e assenti com a cabeça.

- Pode ser.

- Tudo bem, experimenta.

Assenti com a cabeça novamente e peguei no seu cigarro, dando um bafo no mesmo, acabando por não conseguir trancar o fumo e, consequentemente, engasguei-me com o mesmo. Assim, com os olhos lacrimejantes, o Felipe soltou uma gargalhada ao observar-me, colocando o cigarro novamente na sua boca, de forma a ensinar-me. Todavia, antes que eu pudesse repetir o processo, o loiro colocou o cigarro no alto e puxou-me mais para ele, soltando o fumo para cima de mim. Posteriormente, colou os nossos lábios e iniciou um beijo que, inicialmente, foi prolongando por mim.

Todavia, algo dentro de mim estava errado.

Muito errado.

- Não!

Exclamei após separar os nossos lábios e, consequentemente, empurra-lo para longe de mim. De seguida, dei um gole no resto da minha bebida e afastei-me da pista de dança, caminhando em direção a um corredor que estava mais vazio.

Porém, para piorar a minha situação, acabei por dar de caras com o Lucas Roux. Nesse instante, cerrei o meu punho e, sentindo o meu corpo a queimar quase como se tivesse com febre, aproximei-me do mais velho e fixei o meu olhar frio na mulher que se encontrava a acompanha-lo.

- Pobrezinha. – disse em voz alta e, voltando a olhar para o Lucas, dei-lhe um estalo. – Só não te atiro com a minha bebida para cima porque já acabei com ela! – exclamei um pouco desajeitada e, percebendo aquilo que tinha acabado de fazer, senti as minhas bochechas a queimar de vergonha e abaixei a cabeça. – Esquece isto! Idiota! – continuei a falar, desta vez enquanto me afastava do casal.

- Quem é aquela estranha? Ela é idiota? – questionou a mulher que se encontrava com o vampiro.

Realmente, eu tinha sido uma idiota e o meu comportamento foi infantil. Deste modo, aproximei-me da porta da saída de urgência e abri a mesma, conseguindo sair do bar pelas traseiras do mesmo. Assim, encostei-me à parede do estabelecimento e coloquei as mãos à frente dos olhos enquanto tentava controlar a minha respiração.

Todavia, há medida que controlava a minha respiração, conseguia sentir outra junto a mim. Portanto, lentamente, afastei as minhas mãos da frente dos meus olhos, sendo surpreendida com o Lucas Roux parado à minha frente com os seus braços esticados contra a parede, não me permitindo fugir.

- Lucas? – murmurei com os olhos arregalados e de coração acelerado.

- Repete.

- Repito?

- Sim, o meu nome.

- Lucas?

- Gosto quando me chamas apenas pelo o meu nome. – informou o vampiro com a sua voz rouca que o tornava mais sensual que correspondia completamente com a sua aparência perfeita, os vampiros eram criaturas lindas.

- O que é que fazes aqui?

- Vim ver o que é meu.

Ao ouvi-lo, fiquei de boquiaberta e, sendo apanhada de surpresa, voltei a arregalar os meus olhos. Todavia, voltando para a realidade, abanei a cabeça e desviei o meu olhar para o chão.

- Eu não sou tua.

Como resposta, o mais velho colocou o seu polegar no meu queixo e fez com que nos olhássemos nos olhos. Nesse instante, não conseguindo aguentar mais a tensão que existia entre nós, aproximei os meus lábios dos dele e iniciei um beijo calmo. – de certa forma, queria compreender os meus sentimentos por ele.

Com o meu beijo a ser correspondido pelo vampiro da mesma forma, coloquei uma das minhas mãos na sua bochecha e fiz com que os nossos lábios fossem separados lentamente, olhando-o nos olhos.

- Não sei o que se passa comigo. – informei-o com a voz trémula. – O meu ódio por ti deveria sobressair, Lucas. – acrescentei e, soltando-me dos seus braços, comecei a andar em direção ao parque do estacionamento da praia.

Na verdade, o meu corpo estava estranho, era como se o ódio e amor estivessem a lutar dentro de mim. Por um lado, a minha vontade de matar era enorme, no entanto, a de amar era assustadoramente intensa e mais forte.

- Consigo sentir a tua vontade de matar. – respondeu o vampiro, soltando um suspiro alto. – De matar-me.

- Não o quero fazer por enquanto. – murmurei, olhando-o por breves momentos e esbocei um leve sorriso no rosto. – Irritaste-me.

- Confesso que utilizei uma humana para me abstrair de uma certa pessoa. Confesso que também fui ridículo.

Ao ouvi-lo, senti um enorme aperto no coração quase como se a minha vontade de voltar para junto dele tivesse a ganhar cada vez mais força, no entanto, antes que eu pudesse fazer algo, a energia poderosa e mortífera que tinha sentido na universidade tinha voltado a preencher o local que me encontrava.

- É ele! – exclamei prontamente e comecei a correr em direção ao meu veículo para apanhar o meu arco. Eu sabia que não o podia matar, porém, o meu instinto estava a controlar-me cada vez mais.

- Não! Não! Diana! – gritou o Lucas Roux, seguindo-me com a sua velocidade e, antes que eu pudesse tirar o arco da minha mochila, agarrou o meu pulso com força. – Não podes mata-lo. Controla a tua ira! Não sejas como nós! Não és uma vampira! És humana e consegues ser muito mais racional! Acredita na tua humanidade!

Ao ouvir as palavras do Lucas, arregalei os olhos devido às lembranças que, inevitavelmente, acabaram por aparecer na minha mente.

" – Não! Ela não pode ser treinada desta forma! – exclamou a minha mãe da sala. Pela terceira vez na semana, assistia do andar de cima mais uma discussão dos meus pais. – Ela só tem cinco anos. Eu quero que ela acredite na sua humanidade! Eu quero que ela seja uma humana normal que pense de forma racional, entendes? Vamos treina-la como uma caçadora de vampiros, tal como nós! "

- O que é que disseste?

- Se a caçadora quer matar-me, vamos deixa-la fazê-lo. – referiu o Pierre que apareceu atrás de nós. – Caso contrário, confesso que sempre quis provar o sangue de uma...

- Cala-te! – exclamou o Lucas prontamente, empurrando o Pierre em direção à praia que se encontrava vazia, ficando com os seus olhos vermelhos. – Diana, vai para casa e não te deixes descontrolar! Ele está a jogar com as tuas emoções! Não oiças as suas provocações!

Abanei a cabeça ao ouvir o Lucas e coloquei o meu arco às costas, colocando as minhas flechas a jeito. Posteriormente, comecei a correr em direção à praia sem pensar nas futuras consequências. – eu precisava de matar aquele Pierre. Ele era um perigo para a humanidade, bem como a maldita ordem dos vampiros.

- Isso, vem! Mostra-me tudo o que tens! – exclamou o Pierre com um sorriso malicioso no rosto, soltando as suas garras e mostrando as suas presas. – Quero ver como é que uma caçadora de vampiros do teu valor costuma lutar!

- Cala-te! – gritei e comecei a correr em sua direção, atirando uma flecha em sua direção. Ao mesmo tempo, mudei de direção uma vez que calculava que o mesmo ia usar a sua velocidade como vantagem. Assim, atirei outras flechas em diversas direções, conseguindo acertar uma no braço do vampiro.

- Sabes que isto não chega. – informou o vampiro enquanto partia a flecha e deu de ombros. – Mas confesso, és rápida e sabes lutar. Foste bem treinada. Agora entendo como é que já mataste mais de seiscentos e trinta vampiros desde dos teus catorze anos, és um prodígio.

- Pierre! Para com isto! Ela vai matar-te! – avisou o Lucas, aproximando-se do vampiro e semicerrou os olhos.

- Estás mortinho para ajuda-la, não estás? A tua família vai ficar desiludida ao saber que o grande Lucas Roux está do lado de uma caçadora de vampiros nojenta! Vai ser divertido voltar para Itália, confesso.

- Não vais voltar! – continuei a gritar ao ouvi-lo e encarei-o firmemente, semicerrando os meus olhos.

- Sai. – voltou a avisar o Lucas, colocando uma mão sobre o ombro do Pierre. – Não imaginas a força que ela tem.

Nesse instante, senti uma força enorme dentro de mim que, como consequência, fez com que eu ficasse parada a encarar o Pierre. Consequentemente, o Lucas colocou-se atrás do vampiro, agarrando o pescoço do mesmo com força.

- Diana, vai-te embora. Não o faças! – suplicou o professor realmente preocupado com a situação. – Eu mato-o! Não queiras arranjar problemas com os da ordem!

- Não! Não! Não! – continuei a gritar e posicionei a minha última flecha no arco. Nesse instante, os dois membros superiores do Pierre começaram a queimar e, consequentemente, um sorriso foi desenhado nos meus lábios. – Os justos serão queimados. – murmurei.

- Não me consigo mexer! – gritou o Pierre com os seus olhos arregalados. – Os olhos dela! Os olhos dela são piores do que os nossos!

- A primeira flecha que te acertou tinha veneno, idiota. – avisei-o calmamente com um sorriso malicioso preso nos lábios.

- Merda! – referiu o Lucas surpreendido e, num movimento rápido, afastou-se do Pierre, aparecendo ao meu lado. – Não! Não o faças! Mantém a calma, não acabes com este idiota!

Sem pensar duas vezes e, ignorando completamente o pedido do professor, soltei a minha flecha que perfurou o coração do vampiro e, queimando por dentro, em poucos segundos, aquele pedaço de merda tornou-se num monte de cinzas que, devido ao vento, se misturou rapidamente com a areia da praia. Ao mesmo tempo, caí de joelhos e observei as minhas mãos. De seguida, dirigi o meu olhar para o lado e encarei o Lucas Roux.

- O que é que acabou de acontecer? – questionei e coloquei a minha mão direita na cabeça, a mesma tremia como se eu tivesse a ter um ataque de pânico.

- Acabaste de declarar guerra com a ordem. – informou o vampiro com um tom de voz nervoso e, aproximando-se de mim, colocou a sua mão no meu ombro. – Mar Verde vai deixar de ser seguro.

            
            

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