- Como está? Tem quase uma semana que não te vejo.- fala sentando no sofá e colocando as coisas sobre a mesinha de centro.
- Estou bem e você como anda a faculdade? - Pergunto me sentando no sofá de frente a ela e já pegando um pedaço de bolo.- Droga! Mordi o bolo antes de beber o café, agora vai ficar sem doce.
Quem nunca fez isso?Ela ri.
- A faculdade anda a mesma merda de sempre, peço todos os dias paciência para sobreviver aquilo.- fala se deitando.- Quando você estava na faculdade se sentia assim também?
Louise fazia faculdade de Odontologia na Universidade de NY, estava no sétimo período.
Respiro fundo na hora.
- Er.... Foi uma boa época no geral. - ela me encara como quem quer perguntar algo, mas desisti.
- Minha mãe esta namorando.- fala baixinho.- Não que eu esteja incomodada, não é isso, estou muito feliz por ela, eu só não quero ver ela sofrer. - Fala e vejo seus olhos marejados.- Eu não quero vê-la do mesmo modo que a vi quando meu pai morreu, minha mãe ficou destruída.
Eu entendo totalmente o que ela quis dizer, e por um segundo eu tive inveja. Por um segundo queria que alguém se preocupasse comigo dessa maneira.
- Eu entendo você.- falo, e ela me da espaço para sentar ao seu lado.- Todos nos estamos fadados a nos machucar, infelizmente, então temos que nos permitir ser feliz. Sua mãe merece, e se ela se machucar, ela tem você, e a mim também, com todo amor e carinho. Não podemos prever o que pode acontecer, mas independente de qualquer coisa, estaremos aqui.
Ela me abraça.
- Muito obrigada Ellie, muito mesmo, não sei o que seria de mim sem você.
- Não quero nem pensar.- rimos juntas
- E os garotos? Algum pretendente?- cutuco ela enquanto dou um sorriso cumplice.
- Quem me dera.- dá um suspiro frustrado. - Nem tento mais, os garotos da faculdade são uns idiotas .
- Mas eu sei que você vai achar alguém. É como se eu sentisse.
Ela ri desacreditada.
- Falo serio! - ela ri mais ainda.
- Acho que não acredito nisso, talvez por não querer passar pelo que vi minha mãe passar.
- Bem, eu só quero que você seja feliz.- falo sinceramente.
Não queria que ela estivesse destinado a infelicidade como eu. Sem viver uma amor e bloqueando sentimentos.
Eu bloqueava muito meus sentimentos, depois percebi que precisamos deles para nós tornarmos mais humanos. Talvez fosse isso que faltava na minha família.
E eu tento ser o mais diferente deles, faço o possível.
Não, claro que não precisamos de um relacionamento para sermos felizes. Mas precisamos do amor, para alcançar pelo menos uma parte da felicidade, e vejo que as vezes ela bloqueia seus sentimentos e não se permite sentir.
Meu celular vibra.
Sr. Edgar
Olá minha filha! Espero que esteja tudo bem, gostaria de lhe pedir um favor.
Bom dia sr. Edgar! Esta tudo sim e com o senhor? Claro, pode pedir.
Eu estou bem, então, Lucy está muito indisposta hoje, e o precisávamos acompanhar o Dan em um jantar muito importante. Você poderia ir em nosso nome?
Dan.....? Ah sim! o Mancini.
Me desanimo na hora.
Claro! Lucy está bem? tem algo que eu possa fazer?
Ela vai ficar filha, te enviarei no e-mail o necessário. Muito obrigada!
Melhoras para Lucy.
É, tenho um jantar com Dan Mancini. Que empolgante.
Animação 0.
Era o que eu estava sentindo ao me olhar no espelho, estava usando um vestido lilás de alças finas, era justo até abaixo do busto e depois ia se soltando, uma maquiagem leve, e pego o primeiro salto que vi pela frente e uma bolsa com o necessário.
De acordo com seu Edgar, o sr. Mancini, ou melhor, Dan iria passar as 19:00 e ponto para me buscar. Então fui descendo já que estava faltando apenas 2 minutos. E como dito e certo, assim que saio do prédio, tem um carro, que nem seu trabalhasse minha vida toda conseguiria comprar e ao lado da porta está Dan Mancini, em um terno preto.
Realmente uma perdição.
Ele estava como aqueles pecados que você deseja, perfeito e perigoso.
Aqueles que avisavam quem o risco de se apaixonar, era a mesma porcentagem para se machucar. E disso eu corria e passo bem longe.
Assim que ele me vê ele me olha do pés a cabeça, lentamente. Parece até que estou nua, e sinto que vou cair quando me encaram, ele não fala nada, estou até achando que tá passando mal.
- Você está linda! - fala depois de alguns segundos, e em seguida limpa a garganta.
Assim que ele fala sinto um arrepio.
- Obrigada! Você é...... também.- falo meio embolada pelo nervosismo.
Ele ri e abre a porta para mim.
- Obrigada!
O carro é muito confortável, ele dá a volta, entra no carro e segue em direção ao nosso destino.
- É muito longe? - pergunto depois que um silêncio desconcertante se instala.
- Não muito.- ele me olha de lado e fala.- Quero te dizer antes de chegarmos lá que eu falei para o nosso convidado que você era minha noiva.
É o que?
Acho que ele viu meu rosto chocado. Ele ri.
- Calma, falei isso porque quem vamos encontrar é conhecido por ser bastante pervertido.
Fico quieta.
- Tudo bem para você? Edgar falou que tudo bem por ele.
- Ok. - falo sem querer prolongar o assunto. Se o sr. Edgar concordou, ele sabe o que é melhor.
Sinto seu olhar em mim durante o caminho quase todo, e ao invés de eu ficar preocupada, sinto meu corpo quente, pegando fogo, apenas com seu olhar.
É pelo visto hoje ia ser uma longa noite.
"Algumas pessoas querem tudo
Mas eu não quero nada
Se não for você querido"