Ela era a única filha ômega de uma família de cinco filhas.
Após Amélia, vinha Viviene,19 anos, que faz faculdade de moda. Depois vinha, Verônica, 17 anos, acabou de terminar a escola e, para a surpresa da família, escolheu o curso de medicina. Por último vinha os gêmeos Taylor e Christopher, 10 anos, que são jovens demais para descobrir o gênero.
Os Bernard eram uma família bastante conhecida por serem donos de uma rede de hotéis. Mas ultimamente a companhia andava lidando com alguns processos nas costas, Giovanni Bernard vivia atolado de papéis no escritório e tinha várias reuniões com advogados e acionistas, sempre tentando achar uma solução para o problema.
Numa tarde estressante, ele estava em um dos saguões de um de seus hotéis. Tomava uma dose de whisky puro quando uma mão tocou seu ombro.
- Augusto! - Giovanni sorriu, ainda tenso, e se virou para apertar a mão do amigo de longa data.
- Como vai? - Augusto Bustamante era um homem de negócios, também vinha de uma família muito rica e tinha uma rede de resorts.
Ele e Giovanni foram criados praticamente juntos. Seus pais eram amigos, mesmo sendo concorrentes. Até porque tinha espaço para todos naquele ramo.
- Fiquei sabendo que os hotéis Bernard estão mal das pernas - Augusto disse, após receber uma dose de whisky também.
- Yeah... - Giovanni suspirou e bebeu o restante do líquido forte.
- Você sabe que eu não gosto disso, mas infelizmente, preciso de ajuda - Ele encarou o homem ao seu lado.
- Meu irmão andou desviando dinheiro dos três hotéis que fecharam e foi isso que resultou na falência deles. Além de estar metido com outras coisas, a mídia está em cima e isso não está ajudando em nada. - Desabafou.
- Desculpa, mas seu irmão sempre foi um cretino - Augusto comentou e bebeu um gole de whisky. - Mas eu posso te ajudar Giovanni.
- Como? - Bernard perguntou receoso. - Eu não quero o seu dinheiro.
- Eu sei que você é orgulhoso. - Bustamante sorriu.
- Então, vou te propor o seguinte... - tomou fôlego. - Minha filha mais velha, Alicia, está na idade de se casar. E eu sei que você tem uma filha ômega quase na mesma idade que ela.
- Alicia já é adulta? - Bernard perguntou risonho.
- Essas crianças crescem rápido demais. Ainda me lembro da pequena Alicia correndo pelada pela casa para não tomar banho - suspirou nostálgico, e Augusto sorriu das lembranças da sua filha mais velha. - Mas sim, Amélia tem 24 e está na hora de casar.
- Bom, Alicia está com 29 e acabou de voltar dos EUA após seu MBA em Harvard. Está me ajudando, mas ela pode ajudar vocês. - Augusto continuou.
- E eu acho que com um casamento entre nossos filhos, eu poderia te ajudar financeiramente ainda mais com a mente fresca da minha filha que pode te beneficiar com ideias novas que poderão te tirar da falência.
Giovanni encarou o amigo ponderando a ideia. Isso o ajudaria muito. Porém, ele amava demais sua filha para forçá-la a fazer algo que não queria. Ele também sabia que iria destruir o seu sonho de amor. Amélia sonhava com uma princesa, sonhava em se apaixonar.
Mas situações desesperadas pediam medidas mais desesperadas ainda.
- Alicia é uma boa alfa, Giovanni, se esse é o seu medo - Bustamante disse, ao fitar a expressão preocupada do amigo. - Ela nunca faria alga para machucar Amélia, eu e Carolina a criamos bem, para sempre respeitar os ômegas.
- Eu sei, Gusto, mas... - Giovanni suspirou. - Eu tenho medo de machucar minha filha forçando-a a fazer algo que não quer.
- Eu entendo - Augusto assentiu, bebendo mais um gole de whisky. - Mas pense bem e depois conversamos mais.
- Alicia está de acordo? - Bernard perguntou.
- Sim, ela está - o outro confirmou. - Alicia entende e diz que está mais do que satisfeita em ajudar. Quando conversamos sobre isso de novo, posso trazê-la e você fala com ela para ter mais certeza.
Giovanni concordou com a cabeça e os dois amigos brindaram mais uma rodada de whisky. E aquele foi uma prévia do acordo que seria selado mais para frente.