Capítulo 4 A espera

Paola Ávila

Enquanto Olga saia eu novamente pego o celular e o encaro, disco o número de Paola, quando ela atende percebo pela sua voz que ela já sabia da notícia. Preciso manter a calma enquanto comunico a ela sobre ser o responsável do sequestro. Eu sentia toda sua revolta enquanto ela falava e me xing4va, um nó em minha garganta se formava de saber que eu lhe causava tamanha dor, entretanto tive que me impor para que aquela conversa cessasse o quanto antes. Logo desligo mas as suas palavras e choro não me saem da mente enquanto caminho até o avião. Paola é uma mulher muito determinada, com certeza virá aqui a qualquer momento com o intuito de me prender. Ao entrar no avião o piloto já está ciente que iríamos para o cativeiro onde o Sr. Ávila se encontra, sento em uma das poltronas e a comissária já me traz minha bebida como de costume, abro o laptop e através de um programa espião já me conecto com o laptop que deixei na mesa do hall da minha casa a espera de Paola, ela aparece poucos minutos depois e mais uma vez temos uma conversa acalorada, dessa vez invisto em algumas provocações, ela fica mais desejável ainda com toda essa raiva e sede de vingança é impossível não observar cada gesto dela. Novamente desligo sem dar muita chance para que ela não tente achar uma brecha para deixar cumprir minhas instruções. Verifico o relógio e logo pousamos no local do cativeiro, ao descer do avião avisto Inácio vindo em minha direção.

- Sr. Boulevard! O prisioneiro está bem mas se recusa a comer, não precisou ser amordaçado afinal não falou uma só palavra desde que chegou.

A atitude do pai de Paola não me deixou surpreso, afinal um homem deste porte e com tamanha arrogância não iria esboçar nem ao menos tentar uma negociação com capangas e subalternos, com toda certeza ele me aguardava. Acenei com a cabeça para Inácio enquanto me direcionava para entrada do cativeiro. Era uma escadaria que saia do grande pátio onde o avião havia pousado e nos levava ao subsolo do lugar, lá dentro havia um grande galpão com alguns contêiners onde fazíamos o transporte de nossas arm4s, contrab4ndos de itens de Arte, animais, e os mais variados tipos de artefatos que eram valiosos. Em uma pequena sala de vidro foi montada toda uma estrutura para receber nosso prisioneiro. Havia uma cama confortável, frigobar, ar condicionado, televisão e até mesmo fiz questão que colocassem a mesa uma refeição digna da realeza e o whisky que ele era habituado a tomar porém ao chegar vi que ele não tocou em nada, só estava sentado na cama com um olhar imponente, ao me ver ele parecia um pouco incrédulo. Me aproximei do vidro e com um sorriso perguntei:

- Está desfrutando da estadia, Desembargador?

Pude perceber a fúria em seus olhos quando terminei minha frase.

- Quem é você? Eu não me lembro de nenhum caso envolvendo alguém tão jovem a qual tomei frente, pelo que tenho observado por aqui dinheiro não é seu interesse final ao me sequestrar, o que pretende?

- Vamos com calma, Sr. Ávila. Permita que eu me apresente... Me chamo Otto Boulevard, filho de Edgard Boulevard, o mafioso italiano que sua filha, a Delegada Paola, prendeu em uma das operações mais importantes de sua carreira.

A expressão antes cheia de raiva se tornou de um pai extremamente preocupado, o rosto dele empalideceu, percebi que tentava falar algumas palavras mas nada lhe saiu, arqueei uma de minhas sobrancelhas e indaguei:

- Está tudo bem, Senhor?

Ele levantou vagarosamente como se unisse forças para o fazer, pude perceber que apertou os lábios um contra o outro, encostou as duas mãos no vidro, a fúria tomou conta de seu olhar novamente.

- Se você está pensando em me usar para fazer algum mal a minha filha eu irei até o inf3rn0 mas o matarei com as minhas próprias mãos.

Dei uma risada quando ouvi o que ele dizia.

- Não, Sr. Ávila, o senhor não entendeu meu verdadeiro objetivo. Você é a maneira que encontrei para resgatar o meu pai da prisão. Poético, não? A troca de um pai pelo outro. Quanto a sua filha não pretendo tocar em um fio de cabelo, a não ser que seja da vontade dela...

Sorri de forma sarcástica enquanto finalizava minha frase em tom de deboche. O desembargador ficou irado e bateu as duas mãos no vidro como um animal selvagem que queria proteger sua cria de um predador.

- Isso não vai ficar assim! - Ele disse, vi que ele tentou dizer mais algumas palavras mas como eu me afastava logo se tornaram inaudíveis. Olhei novamente para o relógio e vi que as 12h de sequestro se aproximavam e novamente eu falaria com Paola para passar todas as instruções necessárias para troca ser efetuada.

Paola Ávila

Enquanto eu aguardava ansiosamente pela ligação de Otto com as instruções da troca, o Sr. Medeiros cuidou de todos os trâmites para que pudessem transportar Edgard Boulevard em segurança e sem possíveis surpresas. Por algumas vezes vi o Sr. Medeiros em ligações e seu olhar estava apreensivo, como se algo o incomodasse porém eu estava tão ansiosa que não me preocupei em conversar com ele nesse momento. Estava sentada na minha mesa com os braços sobre ela minhas mãos unidas com os dedos entrelaçados, não havia conseguido comer, dormir, apenas estava ali esperando a ligação enquanto recapitulava o dia insano que estava tendo, por inúmeras vezes a imagem de Otto aparecia na minha cabeça e aquele arrepio, aquela sensação gostosa tomava conta de mim por mais que eu lutasse contra ela. Enquanto estava mergulhada em meus pensamentos, meu celular começou a tocar, prontamente o peguei me levantei e gesticulei para o Sr. Medeiros apontado para o telefone com o intuito de dizer que era a ligação de Otto, a delegacia toda foi tomada pelo silêncio os técnicos se puseram a postos para a ligação ser gravada na tentativa de conseguirmos localizar de onde vinha.

- Alô.

- Boa noite, Delegada Paola? Ou posso chamar só de Paola já que sinto que estamos nos tornando íntimos.

Otto falou enquanto deu uma risada, sua voz e cada palavra sua parecia entrar dentro do meu corpo fazendo com que um misto de emoções acontecesse em mim.

- Eu não estou com tempo para suas brincadeiras!

Falei de uma maneira agitada e ríspida.

- Ora, é uma pena... Mas tudo bem! Esteja com meu pai no endereço e horário que encaminhei para seu celular. Ouça com atenção o que eu falarei: Não quero ninguém da sua equipe, quero somente você e meu pai no local da troca, se essas regras não forem cumpridas você não irá ver seu pai mais. Fui claro?

- Sim! Bastante claro.

Quando eu tentei falar algo mais ele desligou o telefone, os técnicos bateram a mão na mesa num sinal de raiva pela ligação ter acabado antes de conseguirem pegar a localização, olhei para o Sr. Medeiros ele engolia seco, fui até ele e quase que em um sussurro falei:

- Padrinho, está tudo bem?

Eu não gostava de me referir a ele desta forma no ambiente de trabalho mas vi necessidade de acordo com o momento ruim que estávamos passando.

- Está sim, menina... Só estou preocupado com você ter que ir sozinha fazer essa troca.

Ele falou, mas não consegui acreditar muito em suas palavras porém ignorei por achar que minha ansiedade estava atrapalhando meu bom juízo naquela situação.

- Vai dar tudo certo, não vai acontecer nada de ruim, pelo que estudei sobre a família Boulevard eles cumprem o que prometem. Vai ser mais difícil prende-los depois disso mas o que eles fizeram ao meu pai será minha motivação para realizar essa prisão.

Sr. Medeiros me olhou com ternura e deu um sorriso, tocou duas vezes no meu ombro, respirou fundo e disse.

- Certo, então vamos nos preparar para fazer a troca. Edgard Boulevard já está a caminho, o carro que você vai está preparado vamos colocar um localizador somente por precaução e principalmente para sua segurança.

Acenei com a cabeça e fui me arrumar. Me dirigi até o vestiário da delegacia para tomar um banho, me banhei, me troquei; Agora como já estava mais frio coloquei uma calça jeans, uma blusa fina de manga longa porém bem colada ao corpo, vesti minha jaqueta de couro por cima e mantive a mesma bota que estava usando. Ao sair do vestiário pude ver que Edgard já estava no hall da delegacia aguardando, quando ele me viu deu um sorriso largo e esticou suas mãos algemadas em minha direção como se me saudasse:

- Delegada Paola! Que prazer revê-la, quem diria que nós nos encontraríamos novamente, ainda mais em circunstâncias digamos... Tão extraordinárias não é mesmo?

Olhei para aquele v3lho homem desprezível, e dei um sorriso sarcástico.

- Sim, Sr. Edgard, quem diria. Mas essa situação só vai me deixar mais atenta para efetuar a prisão de vocês, e quando eu fizer será de pai e filho, juntos!

Ele me olhou com um ar de deboche e apenas gargalhou, também não dei muito tempo para a conversa se delongar pois o horário para fazermos a troca já se aproximava e o local era um pouco distante. Segurei em seu braço, pegamos o elevador com mais alguns membros da equipe para irmos até o carro, ao chegar na garagem o Sr. Medeiros que nos acompanhou durante o percurso segurou minha mão e disse:

- Menina, se mantenha a salvo tenha muito cuidado.

Aquele olhar preocupado e apreensivo que eu havia notado mais cedo tomou conta dele novamente. Apertei o seu punho, dei um sorriso acenando a cabeça para ele

- Não se preocupe, dará tudo certo!

Ao finalizar minha fala me afastei dele e coloquei o Sr. Edgard algemado no banco de trás do carro em que iríamos, entrei no carro acenei para o pessoal da equipe e comecei a dirigir saindo da garagem rumo ao local que Otto havia enviado.

Oii, queridas Leitoras!

Espero que estejam gostando, comentem muuuito para o próximo capítulo!

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