Gael seguiu pelo corredor em direção ao elevador. No caminho, o garoto se deparou com Anny desligando uma chamada em seu celular. Ela estava aos prantos enquanto retirava seus óculos embaçados do rosto.
_Anny?_Gael segurou o braço da garota._O que aconteceu?
_S-Senhor Gael?_Anny se virou para trás soluçando._N-Não é nada. Obrigada por se preocupar.
A garota puxou seu braço para que Gael o soltasse, e a todo momento enxugava as lágrimas com a manga de seu terno, deixando seus olhos irritados e borrados pela máscara de cílios.
Gael não podia simplesmente largar a garota alí daquele jeito. Isso seria idiotisse da sua parte.
_Venha_chamou ele._Vou te dar um copo de água.
_M-Mas eu...
_...você precisa se acalmar antes que acabe desmaiando_Gael a interrompeu._Vai por mim, essa experiência não é nada legal.
Anny assentiu com a cabeça e Gael pegou em sua mão, levando-a para um banco de espera na recepção do prédio. A recepcionista lançou-lhes um olhar curioso para saber o que teria acontecido entre os dois, e Gael mal se importou com a presença dela.
Ajudou Anny a se sentar no banco e foi até o filtro elétrico a frente deles, pegando um copo descartável e enchendo-o com água gelada.
_Toma.
Anny pegou o copo com as mãos ainda trêmulas, bebendo toda a água em um piscar de olhos.
_Obrigada.
_Por nada... Agora, você precisa limpar esses olhos. Estão borrados de maquiagem.
A garota pegou seu celular e ligou a câmera frontal. Ela ficou espantada ao ver que seu rosto estava completamente manchado de tinta preta, como se ela tivesse acabado de fazer uma apresentação vestida de palhaça.
_Ai meu deus, como eu tô ridícula..._ela tampou o rosto com as mãos envergonhada._Acho que a senhora Teresa teve razão ao ter me dito aquelas palavras.
Gael franziu a testa e depois se lembrou das palavras ditas pela versão pirata da bruxa do setenta e um. Como havia dito, ela realmente não tinha um pingo de gentileza com ninguém além dela mesma.
_Isso não é verdade, Anny_refutou Gael._Olha, eu não posso dizer muito porque te conheci hoje. Mas em poucos minutos te observando, eu pude ver que você trabalha de forma excelente.
Gael pôde ver nos olhos de Anny que talvez não fosse somente a sua madrasta que estava incomodando a garota. Havia algum assunto a mais naquela história, e se ele pudesse ajudá-la, com toda certeza ele faria isso.
_Tem mais alguma coisa que queira me contar?
Pela expressão no rosto de Anny, podia-se ver que ela estava desconfortável ao tocar naquele assunto.
_Eu...acho melhor não falar sobre isso. Não quero que pareça que estou tentando te comover.
_Me comover?_perguntou Gael confuso.
_Sim_respondeu Anny._As pessoas daqui podem achar que eu estou tentando te comover só para fazê-lo me ajudar com os meus problemas.
Gael soltou um sorriso descontraído.
_Mesmo que isso fosse verdade, eu iria te ajudar do mesmo jeito.
Anny olhou nos olhos de Gael por alguns segundos e depois desviou seu olhar envergonhada.
_Tudo bem... Não precisa me contar se não quiser.
Gael se levantou e pôs a mão no ombro de Anny.
_Vou indo nessa então...
_Espera_Anny segurou no braço de Gael antes que ele saísse dalí._Eu vou te contar. Mas por favor, não conte a ninguém que eu te disse isso.
_Seu pedido é uma ordem_disse Gael se sentando novamente ao lado da garota.
Anny respirou fundo e olhou nos olhos de Gael, apoiando as mãos em seus joelhos.
_Eu moro sozinha com meus avós em um bairro pobre da cidade... Toda vez que venho para o trabalho, uma vizinha cuida deles até eu voltar, mas nem sempre ela tem tempo para isso.
_Então você não quer viajar para Bangkok por medo de deixá-los sozinhos?
_Sim_respondeu Anny cabisbaixa._Ouvi relatos de pessoas sendo assaltadas quase todo dia que venho para o trabalho. Tenho medo de invadirem a casa enquanto estou viajando e fazerem alguma coisa com eles.
As lágrimas que já haviam se secado no rosto de Anny, voltaram a descer freneticamente.
_Eles são a única família que eu tenho, senhor Gael. Não posso deixá-los sozinhos em casa como você mesmo disse... Seria uma tremenda sacanagem da minha parte.
Gael a abraçou tentando confortá-la.
_Tá tudo bem, Anny. Sei como você se sente... Eles devem ser tão importantes quanto o seu trabalho, não é?
A garota novamente balançou a cabeça concordando. Gael a ergueu e passou o dedo onde as lágrimas que escorriam.
_Se estiver disposta a aceitar minha oferta, não vai precisar se preocupar com eles.
_Oferta?_perguntou ela fungando o nariz.
Gael colocou uma de suas mãos sobre as de Anny.
_Eu acho que você tem muito potencial como assistente, ou até em um cargo ainda mais alto. Queria muito que fosse comigo para Bangkok para ser minha assistente. Então... Vou pedir para uma amiga cuidar deles para você enquanto estivermos fora.
_Senhor Gael...eu não posso aceitar_disse Anny retirando as mãos debaixo das de Gael._Seria interesse da minha parte se aceitasse essa oferta.
_Claro que não_disse Gael em um tom despreocupante._Estou te ajudando porque realmente quero lhe ajudar. E porque a minha madrasta não tinha o direito de te tratar daquela forma.
Anny ficou pensativa por vários segundos. Gael podia ver em seus olhos que ela realmente estava dizendo a verdade, ou pelo menos queria acreditar que fosse.
_Eu agradeço a oferta, senhor Gael..._Anny se levantou da cadeira._Se você puder me passar o número dessa sua amiga... Preciso explicar algumas coisas a ela antes de viajar com você.
Por um breve momento, Gael pensou que a garota iria negar a sua oferta. Ele se alegrou ao ouvir as palavras da garota, dando um belo sorriso.
_Obrigado por aceitar, Anny.
A garota também respondeu com um sorriso tímido. Observando com atenção Gael mexer em seu celular.
_Deixa eu ver aqui...pronto, é esse daqui de cima_Gael apontou o dedo na tela enquanto Anny o salvava em seu celular.
_Ok_Anny se levantou mais confiante._Preciso voltar ao trabalho agora. Tenho que organizar algumas papeladas para o senhor Ulices antes da viagem e projetar a sua agenda para amanhã.
_Tem certeza de que vai ficar bem?_perguntou Gael.
_Vou sim, não precisa se preocupar mais. Você já me ajudou bastante por hoje.
_Tudo bem então_Gael se levantou da cadeira._Tem lenços umedecidos na recepção se você quiser limpar o seu rosto.
_Ah sim, obrigada.
_Vejo você amanhã.
Gael deixou Anny alí parada, observando-o ir embora do prédio. Ela parecia uma árvore com cara de palhaço plantada no meio da recepção. Assim que olhou para a recepcionista, a mesma desviou o olhar como se nem tivesse prestado atenção nos dois alí, lixando as unhas de forma distraída.
Mesmo assim, Anny percebeu que ela os observava desde que chegaram a recepção, indo até a mesma para pegar seus lenços umedecidos.
_Carol?
_Ah, oi Anny_respondeu a recepcionista.
Carol observou a cara de Anny manchada de tinta preta e se espantou.
_Meu Deus, gata! Você tá pior que o palhaço do Terrifier 2... O que aconteceu?
_Nada, não precisa se preocupar. Só vim pegar alguns lenços umedecidos.
_Hum..._bufou a recepcionista desconfiada._Aqui.
_Obrigada_disse Anny pegando o pacote._Daqui a pouco eu te devolvo.
_Anny_chamou Carol antes que a garota saísse de sua visão.
A garota rapidamente se virou para trás.
_Se precisar de alguém para desabafar, eu tô aqui tá bom?
Anny concordou e saiu da recepção. Carol ficou furiosa por não conseguir nenhuma informação com ela. A garota sabia muito bem quando sua colega de trabalho jogava um verde para tentar colher maduro.
***
Dentro de seu carro, Gael retirou o elástico que prendia seu cabelo e o deixou solto novamente. Retirou o celular do bolso de sua bermuda e ligou para o número de seu amigo.
_Alô, Cristian?
_O que foi dessa vez Gael?_perguntou uma voz impaciente.
_Calma cara, respira um pouco.
_Respirar? Você só me liga quando é para pedir alguma coisa!
_Ei! Isso não é verdade tá bom?!
_Será mesmo?... Anda, fala logo o que você quer.
_Quer sair para beber hoje? Eu, você e a Flávia?
_Humm. Tenho que ver na minha agenda primeiro...
_É por minha conta.
_Já tô me arrumando, tchau.
_Cristian...
O garoto desligou a chamada na cara de Gael, e a reação do garoto fora simplesmente suspirar por já esperar aquele comportamento do amigo.
Digitou outra vez em seu celular, e foi sua amiga Flávia quem atendeu.
_Alô, Flávia?
_Gael? Que surpresa você ligar tão cedo.
_Ah....cedo? Mas já são quase duas da tarde.
_Sério?_perguntou Flávia envergonhada._Acabei de acordar e nem percebi o horário.
Os dois deram risadas.
_Aqui, deixa eu te perguntar...
_Hum?
_Quer sair para beber comigo e com o Cristian? Vai ser por minha conta hoje.
_Ué, mas é claro que eu quero!_respondeu Flávia animada._Até parece que eu vou perder bebida de graça.
_Maravilha... Quer que eu te pegue na sua casa ou você espera junto com o Cristian na casa dele?
_Eu te espero junto com o Cristian.
_Ok então. Até daqui a pouco.
_Até.
Gael desligou a chamada com seu sorriso se esvaindo do rosto. Ele não sabia como contar aos amigos que não poderia vê-los pessoalmente por um longo tempo. Talvez aquilo seria demais tanto para ele quanto para os dois.
Cristian e Flávia eram os únicos amigos que ele tinha desde que entrou para o Ensino Médio, ou pelo menos os amigos que realmente se importavam com ele.
O garoto escorou sua cabeça no banco do carro com os pensamentos se acumulando cada vez mais em sua mente. A sensação era tão estranha, que ele sentiu uma forte pressão atrás da cabeça, uma que não podia ser explicada com palavras. Seu coração começou a aumentar a velocidade de seus batimentos, mas antes que tudo aquilo piorasse, Gael segurou em seu colar de concha e respirou fundo, soltando o ar até que tudo voltasse ao normal.
Ele já parecia lidar bem com esses tipos de surtos ansiosos, mas não significava que deixou de tê-los em seu dia a dia. A tensão e essa sensação de pressão na parte de trás da cabeça, o acompanhavam nos momentos em que mais se sentia frustado, nervoso e ansioso com algo.
_Vai ficar tudo bem Gael_disse para sí mesmo._Apenas respire e conte a verdade.
***
Após ter passado no portão da casa de Cristian e o ter buscado junto a Flávia, os três seguiram no carro de Gael em direção a um bar na beira da praia.
Eles escolheram um lugar e se sentaram em uma das mesas que estava sobre um deck de madeira acima das águas do mar. A vista era extremamente magnífica, com as decorações todas trabalhadas para se harmonizar em com o ambiente marinho.
Flávia exibia seu lindo cabelo castanho e cacheado, quase tão perfeito que os cachos pareciam ser moldados um por um com as próprias mãos da garota. Usava um blusão cinza de mangas pretas por cima de um moletom cinza, com uma calça cargo e um Jordan na cor preta. Não podia se esquecer do boné, também preto, com a aba virada para trás, e um anel de côco acompanhado por uma pulseira de olho grego.
Cristian tinha o cabelo um pouco bagunçado no estilo skatista. Usava um moletom azul ciano e uma calça jogger bege acompanhada por um All Stars preto. Um look bem simples se comparado aos de Gael e Flávia.
E por falar do mesmo, Gael vestia uma jaqueta jeans por cima de um moletom branco, com uma calça jeans rasgada acompanhada por um vans preto e branco. Prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo e deixou apenas uma fina mecha de cabelo de cada lado do rosto.
O garoto logo percebeu que Cristian não tirava seus olhos dele.
_Por que tá me olhando desse jeito?
Cristian sorriu.
_Agora tá explicado por que você demorou mais de uma hora para nós buscar lá em casa... Você e a Flávia podem dar as mãos um para o outro quando se trata de só sair bem arrumado de casa.
Gael e Flávia se olharam por alguns segundos e depois voltaram a encarar Cristian.
_Você também não pode dizer muita coisa_respondeu Flávia._Eu e o Gael pelo menos arrumamos o cabelo quando saímos. Você parece que levou uma descarga elétrica.
_É claro que eu arrumo meu cabelo!_Cristian ficou irritado._É um estilo bem famoso no Tik Tok, sabiam?!
Gael e Flávia se olharam novamente e começaram a rir.
_Ei! Isso não tem graça!.
_Olá pessoal, boa tarde_disse uma garçonete se aproximando._Gostariam de pedir algo?
_Ahm..._Gael pegou o cardápio e leu com atenção._Vou querer um Negroni e um Sex on the beach.
_Ok...alguma comida para acompanhar?
_Pode ser uma lagosta com cogumelo, por favor.
A garçonete anotava o pedido em seu bloco de notas e trocava alguns olhares com Gael.
_E vocês dois?
_Quero dois corotes de morango e um x-bacon.
_Eu quero um copo de gin com limão, por favor... Mas acho que ficaria bem melhor se você estivesse aqui do meu lado bebendo comigo, hein?
A garçonete deu um sorriso tão falso que até a pessoa mais lerda do mundo entenderia que aquilo era um belo não.
_É só aguardar, por favor_disse a garçonete indo embora logo em seguida.
Gael olhou para Cristian com uma cara de pena, colocando sua mão nas costas do amigo para confortá-lo.
_Sinto muito amigão...não foi dessa vez.
_Hunf... Ela também não era lá aquelas coisas_disse Cristian confiante._Eu sou areia demais para o caminhãozinho dela.
_Deve ser por causa dessa mesma areia que você não fica com ninguém á séculos_implicou Flávia.
_Ai garota, vê se me erra_bufou Cristian com a cara emburrada.
Depois de um tempo esperando e conversando assuntos completamente aleatórios, a mesma garçonete trouxe os pedidos dos garotos com o auxílio de um garçom. Os drinks pareciam estar deliciosos ao julgar pela aparência magnífica de cada um.
_Aqui está..._disse a garçonete colocando as bebidas na mesa._Dois corotes, um copo de gin com limão, um Negroni e um Sex on the Beach. E aqui estão os pratos que pediram.
A garçonete olhou maliciosamente nos olhos de Gael.
_Eu deixei o meu número junto com a comanda... Se por acaso você quiser beber comigo algum dia.
Gael ficou completamente sem jeito de responder a mulher, mas infelizmente, ele teria que dar um fim naquela situação embaraçosa.
_Eu agradeço, mas não estou interessado...me desculpe.
Cristian e Flávia se engasgaram com as próprias bebidas que tomavam, encarando o garoto com o olhar de "você ficou maluco?!". A garçonete ficou emburrada e saiu dali, indo limpar as mesas bagunçadas do outro lado do bar.
_Cara... O que foi que você fez?!_murmurou Flávia desesperada._Ela tava na sua mão e você não aproveitou a chance?!
_Eu...
_Esse é me amigão!_disse Cristian dando palmadas nas costas de Gael._Que bom que pensou no seu amigo aqui. Seria sacanagem da sua parte se fizesse algo assim...
_Eu vou embora de Ilhabela!_exclamou ele de repente._Por isso eu não posso fazer uma coisa dessas... E porque sei que você também ficaria bolado comigo, Cristian.
Cristian e Flávia pareciam dois robôs com a pilha fraca, tentando absorver a frase que Gael havia acabado de dizer.
_Você...disse o que?_perguntou Flávia.
_Isso é algum tipo de pegadinha, né?_perguntou Cristian.
_Não, não é_respondeu Gael segurando o choro._Eu, meu pai e minha madrasta vamos viajar amanhã de manhã para a Tailândia. Sem data para poder voltar.
_E quando foi que isso aconteceu?_perguntou Cristian, tomando um gole de seu gin com limão.
_Hoje de manhã. Uns minutos antes de ligar para vocês.
Flávia esfregou o rosto com as mãos.
_Então foi por isso que você nos chamou aqui?... Para se despedir da gente.
_Pode ter certeza de que não queria isso tanto quanto vocês_disse Gael enxugando as lágrimas.
_Por que vai com eles então?_perguntou Cristian indignado._É só fazer como das últimas vezes que te chamaram e negar o pedido.
_Não dá para fazer isso dessa vez_Gael encarou o copo de Negroni e suspirou._Meu pai quer que eu faça minha faculdade fora do país para ter um melhor aprendizado. E talvez lá eu possa...
_Caralho Gael, você realmente se esqueceu , não é?!_perguntou Cristian._A gente prometeu que faría a faculdade juntos!
_Eu sei disso, Cristian. Mas eu infelizmente tenho que assumir a empresa do meu um dia... Não vou poder fazer isso se negar todos os pedidos que ele me faz.
Flávia de repente se levantou da cadeira e se aproximou de Gael, dando-lhe um abraço bem apertado.
_Eu realmente queria te prender bem aqui para você não ir. Mas eu não posso te impedir de seguir o seu sonho.
Cristian observou a atitude da amiga e revirou os olhos.
_Você vai mesmo ficar do lado desse traidor?! Mas que tipo de amiga você...?
_Para de falar e abraça logo o nosso amigo_Flávia o interrompeu.
Cristian bufou e se aproximou deles com os braços cruzados, mas não durou muito até ceder ao abraço em trio de Gael e Flávia.
Os três derramaram lágrimas enquanto se apertavam o mais forte que podiam. Eles se afastaram do abraço e enxugaram as lágrimas com as mangas de seus moletons.
_Bom...o dia ainda não acabou_disse Gael tentando animar seus amigos._Ainda temos tempo de sobra para beber o quanto quisermos.
Flávia e Cristian sorriram.
_Então..._Cristian pegou seu drink e ergueu o copo._Vamos fazer um brinde...
Gael e Flávia pegaram seus drinks e também ergueram seus copos.
_Ao nosso futuro amigo médico e dono da SallesCorp!_gritou Cristian.
Os três brindaram juntos e festejaram o quanto puderam no restaurante pelo resto da tarde.
***
Logo o pôr do sol se passou, e a noite veio a tona no céu de Ilhabela.
Cristian e Gael tiveram que carregar Flávia até o carro por estar bêbada demais. Gael e Cristian também estavam um pouco alterados pelo álcool, mas nada que atrapalhasse Gael a dirigir de volta para a casa.
Os três entraram no carro e Gael deixou levou os amigos de volta ao portão da casa de Cristian. Ele desceu do carro e ajudou Cristian a carregar Flávia para fora.
Assim que conseguiram apoiar sua amiga nos braços de Cristian, Gael se afastou um pouco e sorriu.
_Obrigado Cristian. Por você e Flávia sempre estarem comigo quando eu preciso...Não sei o que faria sem vocês na minha vida.
_Não a de quê, garotão_disse Cristian._Ainda não suporto a ideia de não te ver mais pessoalmente. Mas sei que é importante para você estudar lá do outro lado do mundo. Então..
Cristian não se conteve e começou a chorar.
_Vê se não esquece da gente quando fizer novos amigos por lá.
_Obrigado por compreender_respondeu Gael, colocando sua mão no ombro de seu amigo._E é óbvio que eu nunca vou me esquecer de vocês... Sempre vão ser como uma família para mim.
Cristian sorriu e abraçou seu amigo uma última vez.
_Nos ligue e mande mensagem assim puder...doutor Gael.
_Pode deixar... Sempre que tiver um tempo dos estudos, pode ter certeza que eu vou te ligar.
Gael viu que Flávia estava dormindo de pé apoiada em Cristian, se aproximando da garota e beijando sua testa.
_Cuida bem dela.
Cristian assentiu e Gael caminhou de volta para o seu carro. Seu corpo se recusava a colocar o cinto e dar partida no carro, então, ele finalmente tomou coragem e partiu com o carro em direção a sua casa.
A parte mais difícil da vida de todo ser humano, talvez seja a despedida. Você mal percebe quando ela chega de forma drástica em sua vida, levando alguém que talvez não tivesse tempo de contar tudo o que queria antes de partir.
Você se sente culpado, com um peso em seu coração que talvez nunca possa ser aliviado, apenas preenchido pela mais torturante saudade.