Entro em uma cafeteria e peço uma fatia de torta de abóbora, eu amo esse doce. De bebida peço um café gelado.
ㅡ Obrigado ㅡ falo ao pegar meu pedido
Começo a comer o doce e percebo que tá ventando muito lá fora, as árvores balançam e o vento faz um barulho sinistro, se fosse a noite certeza que eu corria pensando ser uma assombração.
Morro de medo de ver espíritos, se eu ver eu desmaio com certeza ou tenho um AVC.
Bebo um belo gole do café geladinho e tomo um susto quando um jornal gruda no vidro bem de frente a onde estou sentado.
ㅡ Nossa que susto da merda ㅡ coloco a mão no peito e volto a respirar com calma ㅡ O que é isso?
Anúncio de vaga para cuidador e acompanhante de cadeirante.
Me levanto e corro pro lado de fora e pego o jornal pra ler melhor, nele diz todas informações e não vou mentir que o salário foi o que mais me chamou atenção.
ㅡ Dez mil dólares, cristo eu preciso desse emprego ㅡ tiro uma foto do anúncio e jogo o jornal fora
Volto pra dentro e termino de comer, depois de pagar eu saio e vou até o ponto onde pego o ônibus e vou pra casa.
[... ]
Ao chegar em casa eu arrumei meus documentos pro dia seguinte e liguei pro número do anúncio.
ㅡ Olá boa tarde, eu vi o anúncio no jornal e gostaria de saber se ainda está vaga ㅡ pergunto enquanto mordisco meu dedo em pura ansiedade
ㅡ Com quem eu falo?
ㅡ Ah me chamo Park Hyeon
ㅡ Bom eu sou a Dolores a governanta da casa, a vaga está disponível ainda, quem veio não passou ou saiu logo depois de ser contratado
Isso é estranho, mas eu preciso do dinheiro e preciso arriscar.
Passo mais de meia hora conversando com a senhora que parece ser super legal e marco pra amanhã às sete e quarenta da manhã. Ela me passou o endereço e nunca vi, coloco no google e a rua é privada.
Faço o que tenho que fazer em casa e vou dormir cedinho, na manhã seguinte estou de pé às seis da manhã comendo minhas torradas com ovos fritos enquanto vejo as notícias na tv.
Em menos de uma hora estou pronto e peço um carro de aplicativo já que não sei onde fica esse bendito endereço, não posso arriscar ir de ônibus e me perder. Saio de casa às sete e o trajeto é longo, chego em cima da hora no local indicado.
Depois de pagar o motorista eu me viro pra encarar a propriedade e puta merda nunca vi casa maior que essa em minha vida, ela parece um shopping de tão grande.
Empurro o grande portão e vou caminhando até a casa mais ao fundo, a casa em si não é grande mas o terreno é enorme, chego na porta e aperto a campanhia duas vezes e espero uns segundos até tocar novamente.
ㅡ Já vai... Olá, o senhor é Park Hyeon não é isso? ㅡ a senhora de meia idade pergunta rindo em minha direção, seus cabelos branquinhos, as bochechas cheinhas a deixa bem fofa pra falar a verdade
ㅡ Oh sim sou eu mesmo ㅡ estendo a mão e ela aperta enquanto me puxa pra dentro da casa, olho as grandes escadas de madeira escura, a decoração meio antiga mas com alguns móveis modernos
Tudo é tão lindo e tão bem limpinhos. Um dia quero ter uma casa assim.
ㅡ Vejo que gostou da mansão ㅡ encaro a senhora e fico corado ㅡ Não precisa envergonhar-se menino, eu também a acho muito bela
ㅡ Ela é linda, o jardim lá foram então
ㅡ Essa casa tem mais de duzentos anos, está na família Jeon desde sempre. Eu moro aqui desde pequena minha mãe trabalhava aqui no cargo que eu ocupo agora
ㅡ Oh que de mais interessante a senhora poderia me falar? ㅡ caminhamos lado a lado até a enorme cozinha onde ele me serve café e depois pega uma xícara também ㅡ Como é meu patrão? Ele é velho
ㅡ Não meu jovem ele é tudo menos velho, preciso dizer que amei seu cabelo rosa ㅡ ela toca nele e depois rir
ㅡ Obrigado
Ela me contou que o patrão tem trinta e três anos e também que sofreu um acidente a três anos, e desde então vive trancado no quarto em cima de uma cadeira de rodas, todos os empregados foram embora e só ela ficou. Os pais do senhor Jeon morreram ainda quando ele era adolescente.
Mostrei meus documentos e depois de ler bastante ela se levantou e me estendeu a mão
ㅡ Está contratado meu jovem, o emprego é todo seu parabéns
ㅡ Ahhhhhhhh ㅡ grito enquanto dou pulos e socos no ar ㅡ Desculpa eu fiquei muito empolgado senhora Dolores
ㅡ Nada meu filho vem vou te mostrar a casa toda ㅡ vou seguindo ele enquanto ela mostra e explica cada cômodo
A casa tem sete banheiros, seis quartos, dois escritórios, biblioteca, cinema, três salas, cozinha, a parte de fora tem uma enorme piscina com cachoeira e é linda, toda cheia de detalhes e flores cercando o lugar.
Por mais que esteja morta e a casa esteja muito escura, tenho certeza que é mais linda ainda se tiver mais cuidado.
ㅡ Por último a garagem ㅡ entramos na garagem subterrânea e conto seis carros cobertos ㅡ Eu cobri já que o patrão não pode mais dirigir... Mais todos funcionam eu só deixei aquele alí do canto pra eu poder sair pra pagar as contas e fazer as compras que preciso
ㅡ Nossa são tantos carros
ㅡ Sim senhor Jeon amava carros esportivos e luxuosos assim como motos
ㅡ Eu quero que esse emprego dê certo, eu quero fazer ele voltar a viver como se deve... Eu sinto que essa será minha jornada ㅡ olho pro jardim e volto a encarar a dona Dolores
ㅡ Eu vou rezar pra isso menino, você tem muita energia e alegria tudo que o menino Jeon precisa novamente pra viver de verdade ㅡ suas mãos se juntam as minhas e rimos um pro outro ㅡ Agora vamos entrar e comer uma fatia de bolo de chocolate que fiz, depois eu assino sua carteira de trabalho e falamos de horários e tudo mais
ㅡ Amo bolos e chocolate é meu favorito... A senhora já me ganhou ㅡ a acompanho até a cozinha onde comemos e discutimos o horário de tudo assim como o enorme salário que vou receber, nunca vi tanto dinheiro junto
Saí da casa perto das onze da manhã, enquanto eu esperava meu carro de aplicativo eu senti que estava sendo observado então procurei ao redor até parar meu olhar na janela de cima, alguém me encarava pelas cortinas, não dava pra ver seu rosto mais o que encantou foi seus olhos.
Parecia que sua alma chamava a minha, um arrepio subiu por todo meu corpo só saio do transe com a buzina do carro.
ㅡ Eu prometo que te farei ser feliz novamente senhor Jeon... E eu nunca quebro uma promessa