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De madrugada, Grof acordou com um sobressalto, suando frio. Ele teve outra visão, desta vez mais vívida e aterrorizante. Viu-se caminhando por uma floresta densa, onde as árvores sussurravam segredos antigos e sombras dançavam ao seu redor. No centro da floresta, havia um portal, pulsando com uma luz sinistra.
Sentiu uma força irresistível atraindo-o para o portal, e, antes que pudesse resistir, foi puxado para dentro. No outro lado, encontrou-se em um mundo de trevas e caos, onde criaturas horrendas rastejavam e sussurravam seu nome.
- Grof... Grof... - as vozes chamavam, cada uma mais assombrosa que a outra.
Ele acordou ofegante, o coração batendo descontrolado. Sabia que não podia ignorar essas visões. Precisava encontrar o portal e entender o que estava acontecendo.
Na manhã seguinte, Grof reuniu seus amigos mais próximos - Sira, uma jovem corajosa e habilidosa com plantas medicinais, e Dano, um rapaz forte e destemido, sempre pronto para lutar por seus amigos.
- Preciso de vocês. - disse Grof, sua voz firme. - As visões estão se tornando mais fortes e precisamos descobrir o que está acontecendo. Algo está ameaçando nossa vila, e acredito que está ligado a um portal na floresta.
Sira e Dano trocaram olhares rápidos, suas expressões mostrando preocupação, mas também determinação.
- Estamos com você, Grof. - disse Sira, sua voz cheia de convicção.
- Vamos acabar com essa ameaça juntos. - acrescentou Dano, cerrando os punhos.
Os três amigos partiram para a floresta, com Grof liderando o caminho. A floresta parecia mais densa e opressiva do que nunca, cada som amplificado pelo silêncio que os cercava. Grof sentia as visões pulsando em sua mente, guiando seus passos.
Caminharam por horas, cada um em silêncio, até que chegaram a uma clareira que parecia estranhamente familiar. No centro, um círculo de pedras antigas emanava uma energia palpável.
- É aqui. - disse Grof, sua voz quase um sussurro.
Ele sentiu uma onda de déjà vu ao se aproximar do círculo, lembrando-se da visão do portal. Sira e Dano seguiram-no, seus rostos mostrando a mesma determinação silenciosa.
- Precisamos fazer um ritual para abrir o portal. - explicou Grof, lembrando-se das palavras da bruxa.
Sira assentiu e começou a preparar ervas e outros ingredientes que havia trazido, enquanto Dano desenhava símbolos no chão com uma faca. Grof se concentrou, sentindo a energia do lugar pulsar ao seu redor.
Quando o ritual começou, o ar ao redor deles ficou pesado, como se uma força invisível estivesse pressionando contra eles. As ervas queimavam com uma chama azul, e os símbolos no chão começaram a brilhar.
De repente, o centro do círculo de pedras começou a brilhar com uma luz sinistra, e um portal se abriu diante deles. Grof sentiu uma onda de energia passar por seu corpo, uma mistura de medo e excitação.
- Está na hora. - disse ele, olhando para seus amigos. - Vamos.
Sem hesitar, eles atravessaram o portal, entrando em um mundo de sombras e caos. As visões de Grof haviam se tornado realidade, e ele sabia que o verdadeiro desafio estava apenas começando.
No outro lado do portal, o ar era frio e pesado, carregado de uma sensação de perigo iminente. As árvores eram torres retorcidas de escuridão, e o chão estava coberto de uma névoa espessa que se agarrava aos seus pés.
- Precisamos ficar juntos. - disse Grof, sua voz baixa, mas firme. - Não sabemos o que nos espera aqui.
Enquanto caminhavam, sombras se moviam ao redor deles, formas indistintas que pareciam observar cada movimento. Grof sentia uma presença constante, algo que os seguia de perto.
- Grof, olhe ali. - sussurrou Sira, apontando para uma figura ao longe.
Era um homem, ou pelo menos parecia ser. Ele estava sentado em uma mesa, escrevendo freneticamente, exatamente como Grof havia visto em sua visão. Quando se aproximaram, perceberam que era Arthur Loomb.
Arthur levantou os olhos, sua expressão uma mistura de surpresa e reconhecimento.
- Vocês... como chegaram aqui? - perguntou ele, sua voz trêmula.
- Visões. - respondeu Grof. - Fui guiado até você. Precisamos de sua ajuda.
Arthur assentiu, compreendendo rapidamente a gravidade da situação.
- Há algo terrível acontecendo aqui. - disse ele. - Estamos presos em um ciclo de sombras e medo. Precisamos quebrar essa maldição.
Grof sentiu a verdade nas palavras de Arthur. Sabia que as visões eram apenas o começo de algo muito maior, algo que ameaçava não apenas sua vila, mas todo o equilíbrio entre os mundos.
- O que precisamos fazer? - perguntou Dano, sua voz cheia de determinação.
Arthur olhou para eles, seus olhos brilhando com uma mistura de esperança e desespero.
- Precisamos encontrar o coração das trevas e destruí-lo. Só assim poderemos acabar com essa maldição e restaurar o equilíbrio.
Grof sabia que a jornada à frente seria perigosa e cheia de desafios, mas não havia volta. Com seus amigos ao seu lado e a coragem em seus corações, estavam prontos para enfrentar qualquer coisa que viesse em seu caminho.
E assim, começaram a caminhar mais fundo nas sombras, cada passo os levando mais perto do coração das trevas e da verdade que tanto procuravam.
Enquanto avançavam pela escuridão, o silêncio era interrompido apenas pelo som de seus passos na névoa densa. Grof liderava o grupo, seus sentidos em alerta máximo. Ele podia sentir a energia ao seu redor, uma presença pulsante e maligna que parecia se intensificar a cada passo.
De repente, a floresta se abriu em uma vasta clareira. No centro, uma estrutura antiga e decrépita se erguia, suas paredes cobertas de vinhas escuras que pareciam pulsar com uma vida própria. A construção exalava uma sensação de perigo iminente, como se guardasse segredos antigos e mortais.
- Este é o lugar. - disse Arthur, sua voz um sussurro cheio de reverência e medo. - O coração das trevas está lá dentro.
Grof sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele sabia que entrar naquele lugar seria arriscar tudo, mas não havia outra opção. Com um aceno para seus amigos, ele avançou em direção à entrada da estrutura.
Quando entraram, foram envolvidos por uma escuridão ainda mais densa, quase tangível. O ar estava pesado, cheirando a mofo e decadência. As paredes eram cobertas de símbolos antigos, cada um parecendo pulsar com uma energia malévola.
No centro da sala principal, um pedestal de pedra se erguia, e sobre ele repousava um objeto que emanava uma luz sombria. Era um cristal negro, brilhando com uma luz que parecia absorver qualquer luminosidade ao seu redor. Grof sabia instintivamente que aquele era o coração das trevas.
- Precisamos destruir isso. - disse Dano, aproximando-se do pedestal.
- Espere! - Sira interveio, sua voz tensa. - Não sabemos o que acontecerá se tocarmos nele. Pode haver armadilhas ou proteções mágicas.
Grof fechou os olhos por um momento, buscando orientação nas visões. Instantaneamente, ele foi transportado para uma nova cena. Estava de volta à cela, onde Arthur e Rosely discutiam, mas desta vez, a visão era mais clara.
- Arthur, você precisa entender. - dizia Rosely, sua voz desesperada. - Esse cristal é a chave para tudo. Se destruí-lo sem precauções, pode liberar algo ainda mais perigoso.
Arthur assentiu, entendendo a gravidade da situação.
- Então, precisamos de um plano. - respondeu ele. - Algo que nos permita destruir o cristal sem desencadear o caos.
A visão dissipou-se, e Grof abriu os olhos, a determinação renovada.
- Sira está certa. Não podemos simplesmente destruir o cristal. Precisamos de um plano. - disse ele, explicando rapidamente sua visão aos outros.
- Então, o que faremos? - perguntou Dano, olhando para Grof em busca de orientação.
Grof pensou por um momento antes de falar.
- Precisamos enfraquecer o poder do cristal primeiro. Esses símbolos nas paredes... talvez sejam a chave. Devemos tentar neutralizá-los antes de lidar com o cristal.
Arthur assentiu, reconhecendo a sabedoria no plano de Grof.
- Concordo. Vamos fazer isso.
Eles se espalharam pela sala, examinando os símbolos nas paredes. Cada um começou a traçar padrões de destruição, usando a faca de Dano e as ervas de Sira. À medida que os símbolos eram desativados, a sala parecia vibrar com uma energia crescente, como se a própria estrutura estivesse reagindo.
- Estamos quase lá. - disse Arthur, sua voz carregada de urgência.
De repente, um rugido profundo ecoou pela sala, e a estrutura começou a tremer violentamente. Grof sentiu a adrenalina disparar, sabendo que o tempo estava se esgotando.
- Rápido! Todos para o cristal! - gritou ele.
Eles se reuniram ao redor do pedestal, suas mãos prontas para a etapa final. Com um último esforço conjunto, começaram a canalizar suas energias para o cristal, tentando romper sua conexão com o coração das trevas.
O cristal brilhou intensamente, uma luz cegante que forçou todos a fecharem os olhos. O rugido cresceu, atingindo um clímax ensurdecedor. E então, com um estrondo, o cristal se despedaçou, liberando uma onda de energia que varreu a sala.
Quando a luz finalmente desapareceu, Grof abriu os olhos. A estrutura estava desmoronando ao seu redor, mas o coração das trevas havia sido destruído. Sentiu uma paz repentina, como se uma enorme carga tivesse sido removida de seus ombros.
- Conseguimos. - disse ele, sua voz cheia de alívio.
Arthur, Sira e Dano se aproximaram, todos exaustos, mas aliviados.
- Mas o que acontece agora? - perguntou Sira, olhando ao redor.
Grof olhou para Arthur, que parecia pensativo.
- Agora, precisamos voltar à vila e garantir que a maldição foi realmente quebrada. - respondeu ele. - Mas acredito que demos um grande passo para restaurar o equilíbrio.
Enquanto saíam da estrutura em ruínas, Grof sentiu uma nova determinação crescer dentro dele. Sabia que a jornada estava longe de terminar, mas tinha a confiança de que, com seus amigos ao seu lado, poderiam enfrentar qualquer coisa.
A caminhada de volta à vila foi marcada por um silêncio contemplativo. Grof sentia as sombras recuando, a malevolência diminuindo, mas sabia que ainda havia muito a ser feito.
Ao chegarem à vila, foram recebidos com olhares de alívio e gratidão. O menino que haviam resgatado estava acordado, seus olhos brilhando com uma nova vida.
- Vocês conseguiram. - disse o avô de Grof, abraçando-o com força. - Estamos livres da maldição.
Grof sorriu, sentindo uma paz interior que não experimentava há muito tempo. Mas ele sabia que esta era apenas uma vitória em uma batalha maior.
- Temos muito a aprender e entender. - disse ele, olhando para seus amigos. - Mas juntos, enfrentaremos o que vier.
A noite caiu sobre a vila, mas desta vez, havia uma sensação de esperança no ar. Grof, Sira, Dano e Arthur sabiam que o caminho à frente seria desafiador, mas estavam prontos para enfrentá-lo juntos, unidos por um propósito comum.
E assim, a jornada de Grof e seus amigos continuava, uma busca incessante pela verdade e pela proteção de seu lar. O silêncio e a fúria que antes os assombravam agora se transformavam em coragem e determinação, forjando um novo destino nas sombras da noite.